domingo, 26 de setembro de 2021

Originais de Tintin mostrados pela primeira vez em Portugal

A Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, vai acolher, a partir de dia 1 de outubro, uma exposição dedicada ao criador de Tintin, intitulada "Hergé".

Natural de Etterbeek, na Bélgica, onde nasceu a 22 de maio de 1907, Georges Prosper Remi ficou mais conhecido pelo pseudónimo de Hergé, obtido com a inversão das iniciais do seu nome, um R e um G. Foi com ele que, a partir de 10 de janeiro de 1929, assinou uma das séries de banda desenhada mais famosas de sempre: "As aventuras de Tintin". Protagonizadas por um repórter que raramente foi visto a escrever para jornais, até 3 de março de 1983, data de falecimento do autor, contabilizaram 23 álbuns, mais um incompleto. Graças ao talento narrativo de Hergé, um verdadeiro romancista em banda desenhada, à extrema legibilidade do seu estilo, designado por "linha clara", aos valores da amizade e da entreajuda que sempre defendeu, à aventura em estado puro que predomina nos álbuns, à magnífica galeria de personagens e à diversidade dos relatos, que fizeram Tintin percorrer quase todo o planeta e chegar mesmo à Lua, mais de duas décadas antes de Neil Armstrong, os álbuns de Tintin fizeram sonhar sucessivas gerações, um pouco por todo o mundo.

A partir de dia 1 de outubro, numa colaboração com o Museu Hergé, em Louvain-la-Neuve, em França, será possível visitar em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian, uma exposição que revela as diversas facetas do autor, da ilustração à banda desenhada, passando pela publicidade, a imprensa, o desenho de moda e as artes plásticas.

Será a primeira vez que pranchas originais de Hergé poderão ser vistas no nosso país, bem algumas das suas pinturas e diversa documentação do arquivo que utilizava como base para a criação dos livros.

A mostra está dividida em nove núcleos: "Grandeza da arte menor", "Hergé, o amante de arte", "O romancista da imagem", "O êxito e a tormenta", "Uma família de papel", "Hergé e a revista 'Coeurs Vaillants'", "A arte do reclame", "A lição do Oriente" e "O nascimento de um mito".

Através deles, o visitante será guiado não só pela obra do mestre dos quadradinhos, mas também pelas suas influências externas, da pintura à arte moderna, passando pelo importante encontro com Tchang Tchong-Jen que mudou a sua forma de encarar a produção. Neles, será igualmente possível revisitar uma parte da História do século XX, através das aventuras de Tintin, do seu nascimento em "Le Petir Vingtième" ao período conturbado da ocupação da França pelos nazis, da passagem dos álbuns a preto e branco para os coloridos ou da criação da revista com o seu nome.

O olhar de Hergé sobre a forma como as suas bandas desenhadas eram reproduzidas noutros países - e Portugal foi o primeiro a publicar Tintin a cores, no "Papagaio" -, a família de papel que ele criou e as suas facetas menos conhecidas de publicista e desenhador de moda poderão também ser apreciadas nesta mostra que ficará patente até dia 10 de janeiro de 2022.

No dia 1 de outubro, aquando da inauguração, terá lugar a conferência "O futuro de Tintin", com a presença de Nick Rodwell, marido da viúva do desenhador, diretor dos Studios Hergé e responsável pela gestão do seu legado, que poderá esclarecer o que está previsto para o preservar e manter vivo, sabendo-se que Hergé recusou que os seus heróis fossem retomados por outros após a sua morte.

in Jornal de Notícias

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