Páginas

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Spielberg

Os 24 volumes (um inacabado) das aventuras de Tintin são o legado mais importante do belga Hergé, de seu nome verdadeiro Georges Prosper Remi. O seu impacto transcendeu o domínio das histórias aos quadradinhos, transformando o autor num verdadeiro símbolo nacional da Bélgica. Curiosamente, e apesar de falecido há quase 30 anos, Hergé não é estranho ao facto de, agora, Steven Spielberg surgir a realizar As Aventuras de Tintin. De facto, no começo dos anos 80, Hergé confessou-se admirador de Spielberg (que tinha acabado de lançar Os Salteadores da Arca Perdida, primeiro título da saga de Indiana Jones), considerando mesmo que, em cinema, ele seria o único a poder "fazer justiça" ao seu herói. Por essa altura, já Spielberg adquirira os direitos de adaptação de Tintin. No começo de 1983, estando em Londres para a rodagem de Indiana Jones e o Templo Perdido, Spielberg programou uma viagem à Bélgica para se conhecerem: o encontro nunca se realizou, já que Hergé veio a falecer no dia 3 de Março desse ano, contava 75 anos.

-

Aliás, foi o próprio Steven Spielberg que admitiu a ligação entre o jovem repórter e o experiente arqueólogo, uma vez que o realizador se tornou fã da obra de Hergé nos anos 1980, quando preparava as aventuras de Indiana Jones. A adaptação da banda desenhada de Tintin para cinema é, por isso, um sonho antigo de Spielberg.

Nos anos 1980, o realizador ainda chegou a marcar um encontro com Hergé, mas o autor belga morreu sem que Spielberg tivesse conseguido garantir a compra dos direitos. Só em 2006, depois de longas negociações, é que a viúva de Hergé autorizou a adaptação. Todo este tempo de espera - durante o qual outras adaptações foram surgindo para cinema e televisão - serviu para um desenvolvimento da tecnologia cinematográfica, que permite agora a Steven Spielberg alegar que se mantém mais próximo e fiel da obra de Hergé.

(LUSA-2011)

Quase no fim da vida, Hergé encetou uma negociação duríssima com o realizador Steven Spielberg com vista a adaptação das histórias de Tintin ao cinema. Desse choque entre advogados europeus e norte-americanos resultou um livro prático de Direito de Autor que até ensina a fazer contratos. Afinal o Direito pode ser belo e prático. Ora, como é óbvio, os nossos livros de Direito que os pobres alunos "estudam" não têm nem Hergé, nem Spielberg, só têm o António e o Bento, às vezes a Maria também entra neste mundo sectário... É uma pena mas é verdade e por favor não culpem os professores mais velhos, há novos muito piores!

Manuel Lopes Rocha, 09/12/1996

https://arquivo.pt/wayback/20000608200940/http://www.ip.pt/top5webzine/asphalt_jungle/a_000001.html

O CAMINHO PARA EL DORADO de Eric «Bibo» Bergeron e Don Paul

NO JÁ habitual duelo entre a Disney e a DreamWorks no campo da animação (pelo menos entre nós pois os seus filmes aparecem geralmente em simultâneo na quadra do Natal), a primeira ganhou desta vez de forma clara. Veja-se o caso de Dinossauro: uma história clássica do estúdio, que se serviu dela para algumas inovações técnicas que deram nova vida a temas conhecidos. O Caminho para El Dorado é também uma história com a «marca» do estúdio de Spielberg, mas parece, formalmente, uma obra de rotina, isto é, que se limita a usar métodos já provados para contar uma história igual a muitas outras. Certamente que isto não é problema de maior (por vezes pode mesmo ser uma virtude) mas neste caso a comparação impõe-se desfavoravelmente para a DreamWorks.

De qualquer modo O Caminho para El Dorado é um filme de aventuras divertido, cheio de ritmo e acção, dirigido para um público juvenil e para outro, mais maduro, que conhece bem a obra e os interesses culturais e cinematográficos do mentor da DreamWorks. De facto, este filme de animação é, em certa medida, uma espécie de «balanço» desses interesses e obra, e revelador também dos métodos de produção e pesquisa de temas do estúdio.

Em época ainda próxima da comemoração da descoberta da América há cinco séculos, O Caminho para El Dorado retoma o tema da exploração do Novo Mundo, acompanhando a expedição de Hernan Cortez, e segue na pista do trabalho do estúdio rival com Pocahontas. Quanto ao argumento ele revela também uma série de marcas e estereótipos que caracterizam a DreamWorks, da mesma forma que os que se encontram em Dinossauro mostram os da Disney. Desde logo as marcas de um cinema que desde sempre marcou Spielberg: o de aventuras e de grande espectáculo à Cecil B. DeMille.

(...)

Mas a influência maior que passa por A Caminho de El Dorado é um velho projecto que Spielberg parece ter desistido de levar a cabo: a adaptação do álbum de Hergé Tintin e o Templo do Sol, que os estúdios belgas da Belvision levaram a cabo há cerca de duas décadas, no que foi um dos seus melhores trabalhos embora de forma um pouco rudimentar.

A influência encontra-se não só na recriação da selva atravessada pelos heróis, como em vários episódios facilmente identificáveis, em particular a descoberta da entrada para a cidade dourada, atrás de uma queda de água, e, no interior, o encontro com os aztecas (maias no caso de Tintin).

MANUEL CINTRA FERREIRA, Expresso, 08/12/2000

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Marcelo Rebelo de Sousa

«A ponto de o sr. Marcello Nuno Duarte Rebello de Souza ser insistentemente acordado, altas horas da noite, no Monte Estoril, por telefonemas do célebre soprano dramático Bianca Castafiore que lhe faz. de (...)»

Página 14 "A Funda" volume 6 de Artur Portela Filho (1975)

+

Revista Imprensa (2002)

«Tu tens oito, dez, doze anos...

Não perdes um livro do Harry Potter e já estás à espera do próximo.

Gostas de heróis da tua idade, gente mexida, com ideias, atrevida, que arrisca e quer mudar o mundo.

Achas que consegues meter nesse grupo de amigos, que admiras, o Jaime?

Ele tem a tua idade mais ano, menos ano, é português e tem tudo para ser mais um dos teus heróis. E usa uma arma poderosa, tão poderosa que todos já a provaram um dia, para tirar uma dor, fazer esquecer um problema, colar uma cadeira, até remendar um buraco: uma pastilha elástica.

Isso mesmo! O Jaime quer ser o teu herói com uma pastilha elástica. Conseguirá?

Tu é que decides se ele merece ser, para ti, o que foram para mim muitos que já não chegaste a conhecer, ou que hás-de ouvir falar qualquer dia: a Mafaldinha, O Astérix e o Obélix, e especialmente o Tintin. O Tintim era endiabrado. Só que demorou muito tempo a gostar de pastilha elástica.»

Marcelo Rebelo de Sousa

2002 -  Apresentação do novo livro de Manuel Arouca

Segunda aventura de Jaime, o Pastilha Elástica, uma vez mais contra o terrível Cabeça de Abóbora e a sua trupe de animais ao serviço do mal. Entre castelos assombrados, aviões da Segunda Guerra Mundial, grutas profundas de vulcão, terras maravilhosas onde todos são felizes ou cenários gelados da Antártida, desenrola-se uma aventura durante a qual a sobrevivência de grandes áreas do planeta Terra é posta em risco, incluindo Baía, a terra do nosso herói e da sua família