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quarta-feira, 29 de abril de 2015

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quarta-feira, 22 de abril de 2015

Estações da vida


Comecei a lê-los bem antes dos sete anos e, se ainda for vivo, espero continuar a leitura depois dos setenta e sete. O meu primeiro contacto com o Tintin/Tintim foi através do DN que editava todas as semanas uma secção de BD. Já agora, seria uma ideia feliz o DN publicar em livro esse trabalho pioneiro na divulgação da banda desenhada belga e portuguesa. 


Para mim, as "Jóias da Castafiore" é o melhor livro do Tintin. Claro que o "primeiro amor" nos marca sempre e o primeiro livro que li chamava-se o "Tesouro de Rackham, o Vermelho".

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Uma história das arábias

Quando o mês de Setembro de 1939 está a chegar ao fim, a última aventura da série Aventuras de Joana, João e do Macaco Simão é bruscamente interrompida a meio. A decisão é do próprio Hergé, que pode consagrar todo o seu tempo e energia a Tintim. No dia 25 de Setembro daquele ano começa uma nova aventura do seu herói nas páginas do "Le Petit Vingtième". Esta história, anos mais tarde intitulada "Tintim no País do Ouro Negro", é hoje distribuída com o PÚBLICO.

Nessa fase final do ano, a iminência da guerra total pesa no quotidiano de todos os europeus. Como os demais concidadãos, o criador de Tintim é mobilizado e parte para um quartel na cidade de Turnhout, no Norte da Bélgica. Para assegurar a continuação da banda desenhada nas páginas do jornal, Hergé organiza-se para fazer chegar todas as semanas à redacção as duas pranchas da história.

Misteriosas explosões estão no centro das atenções dos irmãos Dupond(t), chamados a esclarecer o enigma. Para Tintim, porém, são os inquietantes ecos da actualidade - "A situação é grave", "Teremos guerra?", "Chamada de reservistas", lê no jornal - que o preocupam e lhe chamam a atenção. Poucas vezes a consonância entre realidade e ficção foi tão precisa.

Nos primeiros dias de Abril de 1940, as tropas alemãs invadem a Dinamarca e a Noruega. Hergé consegue a sua desmobilização por razões de saúde. No meio de tanta instabilidade (à cautela, o jornal enviou a todos os colaboradores um pré-aviso de despedimento e o próprio Hergé está tecnicamente desempregado desde Fevereiro), a aventura de Tintim continua a ser publicada há quase oito meses. Em pleno deserto, o herói volta a enfrentar o doutor Müller, mas encontra-se em maus lençóis: o malfeitor derrubou-o e prepara-se para o atingir à queima-roupa quando...

Os leitores não chegarão a saber como é que Tintim sai daquele aperto, pois o jornal "Vingtième Siècle" cessa abruptamente a publicação em 10 de Maio de 1940. Desta vez, não há qualquer golpe de teatro imposto pelo ficcionista, mas a imposição brutal de uma realidade: as tropas de Hitler invadem a Holanda, a Bélgica e a França, lançando estes países no caos. Dois dias mais tarde Hergé apresenta-se às autoridades militares, mas é dado como inapto e volta para casa. Não ficará desempregado muito tempo, pois começa a trabalhar poucos meses depois no jornal colaboracionista "Le Soir", de Bruxelas.

Para voltar a ter notícias de "Tintim no País do Ouro Negro" e saber como o herói sai da situação, é necessário dar um salto no tempo de alguns anos, para nos determos no final do Verão de 1948. Ao regressar de férias, marcadas por mais uma das suas recorrentes crises pessoais, Hergé traz uma insuspeita energia para o trabalho. No Outono, retoma aquela aventura na revista "Tintin" (edição belga), saindo exactamente com o mesmo formato com que será depois publicada em álbum.

Ao longo dos anos, a galeria de personagens tinha sido enriquecida e Hergé não o podia ignorar. É o caso, nomeadamente, de Haddock, cuja ausência terá de ser explicada aos leitores. A solução é eficaz, pois o capitão é mobilizado nas primeiras pranchas e só volta a surgir quase no fim da aventura com os salvadores de Tintim, que estava em mais uma situação de aperto. O artista reordena algumas das sequências da história, faz entrar em cena Girassol e o castelo de Moulinsart, e reintroduz o inefável comerciante português Oliveira da Figueira. Mas as estrelas convidadas são o emir Ben Kalish e o seu irrequieto filho Abdallah, graças aos quais Hergé injecta na narrativa uma deliciosa série de "gags" que põem os nervos em franja a toda a gente.

https://arquivo.pt/wayback/20050701161921/http://www.bedeteca.com/index.php?pageID=recortes&recortesID=1170

Uma história das arábias

Carlos Pessoa, Público, 23 de Janeiro de 2004

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