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domingo, 29 de abril de 2018

Sarmento de Matos, o padrinho da Expo

O Parque das Nações tem 199 ruas e quase todas têm nomes ligados ao mar. Só que em vez das escolhas tradicionais, tiradas das listas de gente famosa que inspiram a Câmara de Lisboa, os nomes das ruas na antiga Expo homenageiam heróis da banda desenhada ou livros dedicados às aventuras náuticas. O autor foi o olissipógrafo José Sarmento de Matos, o Marquês de Pombal do Parque das Nações. A Renascença recorda a Expo com 20 histórias da maior intervenção na cidade de Lisboa desde o terramoto de 1755.

Corto Maltese, o marinheiro das mil aventuras, Sandokan, o pirata conhecido como Tigre da Malásia, ou Sindbad, o herói das sete viagens e das mil e uma noites, são alguns dos vizinhos do náufrago Robinson Crusoé. Estes aventureiros dos mares e da imaginação juntaram-se há 20 anos, nas ruas do Parque das Nações, por escolha de José Sarmento de Matos, o olissipógrafo que batizou as 199 ruas nascidas no bairro herdeiro da Expo 98. A missão ficou concluída numa semana. Já a polémica gerada pela ousadia dos nomes escolhidos prolongou-se.

“Na altura houve quem dissesse que eu me tinha passado da cabeça", recorda o olissipógrafo. "É verdade que brinquei um pouco, despertei algumas gargalhadas, mas também me preocupei em dar uma certa lógica aos nomes das ruas e, sobretudo, em criar empatia entre os moradores e os nomes das ruas onde moravam.”

Em vez de viverem em ruas com nomes de gente famosa que ninguém conhece, Sarmento de Matos quis dar aos moradores da Expo ruas que homenageiam heróis da banda desenhada que todos lemos em criança, como o Popeye ou o Gulliver. Mas não só. Aos heróis da imaginação, juntam-se os grandes rios, todos os mares e oceanos, as especiarias que despovoaram o reino no século XVI e os escritores que se inspiraram no mar.

A guerra entre a Parque Expo e a Câmara de Lisboa

As escolhas de Sarmento de Matos não agradaram à Câmara de Lisboa, habituada a ter o monopólio do batismo das ruas. Neste caso não tinha poderes, já que a Sociedade Parque Expo gozava de autonomia total, e por isso o olissipógrafo conseguiu levar a sua avante em quase tudo. Tal como o Marquês de Pombal, que inaugurou a tradição de dar nomes às ruas, Sarmento de Matos inaugurou uma nova lógica para a toponímia da cidade.

 Mesmo assim, teve que respeitar alguns constrangimentos. Por exemplo, no caso dos escritores ainda vivos, teve que seguir um caminho alternativo já que a tradição impede que alguém ainda vivo possa ter o seu nome numa rua.

Ora, Sophia de Mello Breyner, David Mourão Ferreira e José Saramago, por exemplo estavam, nessa altura, vivos e de boa saúde. Daí que, nas placas, os seus nomes tenham sido substituídos por títulos de obras suas como “A Menina do Mar”, ou a “Jangada de Pedra”.

Outro constrangimento teve a ver com os nomes dos navegadores portugueses. A maioria já tinha rua própria, sobretudo no bairro do Restelo. Daí que poucos navegadores tenham ficado na Expo. A regra determina que, na mesma cidade, não podem haver duas ruas com o mesmo nome e Sarmento de Matos respeitou o princípio, com uma exceção. Fernando Pessoa já tinha uma pequena rua na Ameixoeira. O olissipógrafo decidiu, mesmo assim, que o poeta merecia uma grande avenida e deu-lhe uma.

Outras personagens, reais ou imaginadas, que tiveram um papel fundamental na história de Lisboa ganharam também o direito a uma rua. Ulisses, o fundador da cidade, a deusa romana Cibele, e até o Palhaço Luciano, chefe dos Faz-Tudo do Coliseu dos Recreios de Lisboa durante mais de três décadas.

Dina Soares, RR, 23/04/2018

https://rr.pt/extralarge/pais/2018/04/24/sarmento-de-matos-o-padrinho-da-expo/111433/

Curiosamente Tintin poderá ter sido um dos nomes propostos embora não concretizado. Pelo menos foi referido nos jornais:

"(...) floresce a fantasia lusitana. O historiador José Sarmento de Matos pretende baptizar as ruas de um imaginário bairro nos terrenos da putativa Expo' 98 com nomes de personagens de banda desenhada: rua Asterix, rua Tintin, rua Corto Maltese e por aí fora. A Europa sem dúvida pasmará." 

Vasco Pulido Valente, INDEPENDENTE, 29/12/1995 - "O mundo está perigoso"


quarta-feira, 25 de abril de 2018

Figuras de Tintin #56: Tintin com a mala

A entrega desta quinzena retrata Tintin com a mala e o seu sobretudo na aventura Tintin na América. A referência da figura está na vinheta C2 da 2º prancha dessa aventura de Tintin.

Figuras de Tintin #56, livro de 16 pp.+passaporte+estatueta, Éditions Moulinsart, distribuída em Portugal pela Altaya, 12,99€


sábado, 14 de abril de 2018

Figuras de Tintin #43 - Wang Jen-Ghié

A presente entrega repõe o número em falta desta colecção da Moulinsart, distribuída em Portugal pela Altaya.

O senhor Wang é um sábio, quase um nego. Possui uma essência oculta que combina bondade e força de carácter, juízo absoluto e profundidade, com o equilíbrio exacto entre serenidade e cautela. No entanto, o cabecilha dos Filhos do Dragão não é um contemplativo, pois, sem falsa modéstia, empenha-se totalmente no serviço dos outros e no combate contra  tráfico de ópio.

A referência da figura encontra-se na vinheta A1 da prancha 23 do álbum "O Lótus Azul".

Figuras de Tintin #43 - Wang Jen-Ghié, figura+livro de 16 pp.+passaporte, Éditions Moulinsart, 12,99€


sexta-feira, 6 de abril de 2018

Figuras de Tintin #51: Didi enlouqueceu

A figura desta quinzena é de Didi Jen-Ghié, que tem por missão proteger discretamente Tintin nas ruas de Xangai. Mas, atingido por um dardo tóxico com o veneno radjaidjah, Didi enlouquece. Armado com um sabre, Didi só consegue pensar em cortar a cabeça aos seus interlocutores para lhes dar a conhecer a verdade, conforme os princípios de Lao-Tsé. Comovido diante do desespero da família do pobre Didi, Tintin enfrentará mil e um perigos para encontrar a forma de libertá-lo da sua loucura.

A referência desta figura encontra-se na vinheta C4 da prancha 57 de O Lótus Azul.

Figuras de Tintin #51: Didi enlouqueceu, estatueta + livro de 16 pp. + passaporte, Moulinsart, distribuição em Portugal pela Altaya, 12,99€ 

quinta-feira, 5 de abril de 2018

Já abriu a primeira loja oficial do Tintin em Portugal

Lisboa acaba de receber a primeira loja oficial do Tintin. Fica na Rua da Junqueira, em Belém, e tem todas peças, livros e acessórios que pode imaginar sobre o mais famoso repórter do mundo. 

A nova loja de Lisboa é uma das 12 oficiais do Tintin e que estão espalhadas pelo mundo. Existem muitas outras, mas não vendem exclusivamente a marca Tintin. Se já passou pelo espaço original em Bruxelas, na Bélgica, vai perceber que muitas daquelas peças também existem por aqui — tal como os preços, que são pouco simpáticos. O famoso foguetão que levou Tintin à lua, por exemplo, custa mais de mil euros. Mas também existem porta-chaves a 3,20€. 

A parede do fundo da loja está forrada com todos os títulos do Tintin e em várias línguas, como inglês, espanhol, francês ou, claro, português.

Nathalie e Louis, proprietários da loja, mudaram-se para Portugal há quase um mês, mas já tinham comprado aquele espaço há um ano. Aquela antiga oficina de carros — que funcionou na década de 60 — estava bastante degradada, por isso, as obras acabaram por se prolongar durante todo este período. 

A ideia de abrirmos esta loja surgiu em Bruxelas, quando nos começámos a aperceber que os portugueses e brasileiros conhecem bastante bem o Tintin, e apreciam muito os seus livros. Mas, na verdade, a relação entre o Tintin e Portugal já é de longa data. Portugal foi o primeiro país no mundo a traduzir as aventuras do Tintin, ainda antes da guerra, por volta de 1936.”

É verdade, os portugueses tiveram o primeiro contacto com o jovem repórter através da publicação portuguesa “O Papagaio”. Essa foi a primeira internacionalização da banda desenhada de Hergé em língua estrangeira. Mais: foi em Portugal que os seus desenhos apareceram pela primeira vez a cores.

A banda desenhada foi originalmente criada em 1929, pelo belga Georges Prosper Remi, mais conhecido por Hergé. A primeira vez que o público teve contacto direto com Tintin foi no “Le Petit Vingtième”, um suplemento do jornal “Le Vintième Sècle”, dedicado aos miúdos.

A série de sucesso começou por ser publicada em semanários de vários países. Mais tarde, cada história foi reunida em livros. Depois, ganhou uma revista própria com grande tiragem – Le Journal de Tintin —, foi adaptada a versões animadas para televisão, para o teatro e, mais recentemente, para o cinema. Hoje em dia, os livros do repórter são traduzidos para mais de 50 línguas e já venderam 200 milhões de exemplares. 

In NiT