O que vendem os políticos portugueses? Projetos. E apoios. A democracia é isto
Alguém se lembra do senhor Oliveira da Figueira? O rechonchudo que vendia tudo aquilo de que ninguém precisava, o vendedor de banha da cobra que vendia radiadores no deserto? Se quisesse.
Hergé tentou matá-lo nas histórias do Tintin e foi obrigado a ressuscitá-lo. A personagem era demasiado preciosa. Por razões nunca suficientemente esclarecidas, ou talvez por pensar que a personagem se ajustava à ideia que o criador tinha dos portugueses, grandes comerciantes e aventureiros na versão histórica piedosa, Oliveira da Figueira era um nativo de Lisboa. Ou seja, um português. Um português dotado de uma capacidade sobrenatural para impingir objetos e fantasias materiais. O próprio Tintin, numa vinheta inesquecível carrega às costas mil inutilidades enquanto medita consigo que escapou aos encantos persuasores de Oliveira da Figueira e saiu ileso do encontro. Sem ter comprado, adivinharam, inutilidades.
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Clara Ferreira Alves (Escritora e Jornalista), Expresso, 29/04/2025
António Martinó de Azevedo Coutinho fez um post recente, no seu blog Largo dos Correios, para falar sobre Oliveira da Figueira e sobre o artigo de opinião de Clara Ferreira Alves publicado no Expresso de 02/05/2025.
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