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segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Esquimós


Homens e Mar

Amar é gostar de todas as maneiras, em qualquer situação. Como diz o ritual católico, amar e respeitar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. Amar é sermos nós, indissociáveis, é não sermos um sem o outro. É definirmo-nos por essa pertença. A uma pessoa ou a uma ideia, a um espaço ou a uma instituição.

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Pertenço também, de um modo muito diferente, ao Mar, ainda que nunca tenha estado embarcado por mais de algumas horas. Mas, desde miúdo, sei que, se tivéssemos várias vidas, a do mar, apesar de todos os medos que desperta, seria uma das minhas escolhas. Bastaria que, nesse regresso, Deus me apetrechasse de uma dose de coragem bem superior à que agora tenho. Porque, não restem dúvidas, os homens do mar são, em maior ou menor medida, verdadeiros heróis.

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Um homem do mar que muito aprecio é – não podia deixar de ser – o Capitão Archibald Haddock, companheiro de Tintim, fumador de cachimbo, herdeiro inverosímil do Palácio de Moulinsart, grande bebedor, praguejador de bom coração e lágrima tão fácil quanto a ira. Com as suas forças e fraquezas, Haddock personifica, para mim, a bondade humana – what you see is what you get.

Ora, nas guardas de alguns livros de Tintim, Hergé colocou – só os mais atentos terão reparado – um desenho do protagonista e do seu cão, Milú, vestidos de esquimós, situação que não integra nenhuma das estórias por ele publicadas.

E tenho pena, porque acontece que os povos da América árctica, da Gronelândia às Ilhas Aleutas, genérica e abusivamente chamados Esquimós (pois alguns destes autodenominam-se iúpiques, inupiates, inuítes, unangans, etc), os seus artefactos (as roupas, o calçado, os óculos de neve, as armas de caça), os seus ritos e a sua música são outra das minhas paixões, embora esta ainda insuficientemente investigada.

Um dia, assim a vida me conceda tempo e vagar, estudarei com mais afinco a vida destoutros homens do Mar.

E é tão rica e longa a História dos que, por esse mundo fora, ao Mar se fizeram, buscando alimento, comerciando, guerreando, em lazer ou em busca de ciência!

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Miguel Martins, Hoje Macau, 27/11/2017

Nota: Aparecem apenas em algumas guardas dos livros!

Há também uma revista Tintin nº 28 de 22/11/1980 com desenhos alusivos ao tema.


Trata-se da utilização parcial da figura de Tintin da coleção de cromos Aérostation n° 51: 1926. Dirigeable Nobile "Norge" (Noruega) na capa da revista Tintin, edição portuguesa, n° 28, de 22/11/1980 (13º ano).


Chromos Voir Et Savoir, 11/10/2024




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