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quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Guilherme Lucas

Eu comecei a colecionar os álbuns do Tintin, bem como a revista semanal com o mesmo nome, tinha exatamente 10 anos, em 1974...

O MEU 25 DE ABRIL DE 1974

Não tive noção do que esse acontecimento histórico ia significar para todos os portugueses nesse momento, pois não tinha até então o mínimo de consciência de que vivíamos num regime repressivo, de cariz fascista. A minha família era muito conservadora e sempre fez por esconder da educação e da vivência com os seus filhos qualquer questão política que desse azo a ter essa perceção da situação política nacional. Percebi mais tarde, que houve momentos e assuntos, que eram imediatamente interrompidos pelos meus pais, tia e avós, quando terceiros começavam a falar sobre o Américo Tomás ou sobre Marcelo Caetano. Eu vivia numa bolha onde falar de política era um não assunto. A única coisa que fazia sentido para mim nesse período era comprar semanalmente a revista Tintin e convencer o meu pai para me oferecer mais um álbum do Tintin para ir completando a sua coleção. 

Quando a minha mãe foi-me buscar à escola, foi uma surpresa agradável, porque foi ótimo saber que não ia ter mais aula nesse dia, apesar da preocupação que ela demonstrava, dizendo-me que tinha havido um golpe de Estado e que havia soldados na rua, podendo haver uma “guerra” – nesse momento, enquanto caminhávamos os dois, algo apressados, para casa, procurava ver alguns, mas nada, não vi nenhum, era uma manhã perfeitamente normal até esse momento.

Chegados a casa, passei o dia a reler as revistas do Tintin e a acompanhar na RTP1 o noticiário do que ia acontecendo. Fiquei chateado porque não foram para o ar os habituais desenhos animados diários que nunca perdia de os ver, sendo estes substituídos pelas imagens do que estava a acontecer nas ruas em todo o país. 

Não estava nada preocupado, tinha os Tintins comigo, por isso o resto do mundo podia ir dar uma volta, que era-me igual.



CARTA 1977

Alguém aqui da geração X que na sua adolescência escreveu uma carta ao Hergé? Fiz isso em 1977, e fiquei surpreso por ele me ter respondido. Guardo religiosamente essa carta, pois o Tintin era em termos de BD tudo para mim... ainda é, mas de outra forma. (FB, 2023)

(...) e durante esse tempo, pelo menos até 1977 (ano em que escrevi ao Hergé), não consegui encontrar o "Perdidos no Mar" [Coke En Stock] em capa dura.



                                                                       Psycho Tintin

Desenho de Neno Costa feito ainda nos anos 80. Partilhado no facebook pelo amigo Guilherme Lucas.

CURIOSIDADE

Os Rackham apresentaram-se, na noite de 05/10/2019, no Woodstock 69. Este quarteto instrumental de Monção, cujo nome foi inspirado na personagem de um pirata relacionado a dois álbuns de banda desenhada do meu herói de sempre, o Tintin, (O Segredo do Licorne e o Tesouro de Rackham, o Terrível), ofereceu ao público presente os temas do seu mais recente EP, de nome Tchim Plim! As espadas soam assim, editado em Fevereiro último, bem como um punhado de outros temas que seguramente farão parte do seu próximo registo discográfico.

Os Rackham são um grupo de rock de fusão, para os classificar de forma muito objetiva, formados em 2017. Os seus temas evidenciam uma composição que deriva do rock progressivo e que denota muito bom gosto e competência. (...)

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