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sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Primeiras versões de Tintin e Popeye passam a domínio público em 2025


A partir de 1 de Janeiro de 2025, as icónicas personagens Popeye e Tintin passarão a estar em domínio público nos Estados Unidos. Isto significa que qualquer pessoa poderá criar conteúdos baseados nestas figuras animadas sem necessidade de autorização ou pagamento aos detentores dos direitos de autor.

Até agora, a utilização de qualquer obra que incluísse imagens ou referências às personagens exigia autorização e implicava o pagamento de licenças aos respetivos proprietários dos direitos.

Há cerca de um ano, foi anunciado que as versões originais de Mickey e Minnie também entrariam no domínio público. Esta iniciativa inclui não só criações da Walt Disney, mas também obras de artistas reconhecidos, como Virginia Woolf e John Steinbeck.

Contudo, apenas as versões mais antigas das personagens poderão ser usadas livremente. No caso de Tintin, o domínio público só se aplicará aos Estados Unidos, uma vez que a propriedade intelectual em muitos outros países só se torna pública 70 anos após a morte do criador. Georges Prosper Remi, conhecido como Hergé, morreu em 1983.

O domínio público de 2025 abrangerá também várias composições musicais. Entre elas, destacam-se clássicos como “What Is This Thing Called Love?” de Cole Porter (1929) e “Ain’t Misbehavin” de Fats Waller e Harry Brooks (1929). Estas obras serão apenas dois exemplos de um conjunto mais vasto que passará a estar disponível para utilização livre.

in NIT

quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

A Ilha Negra

 Lançamento em Portugal das Aventuras de Tintim.

Ano de 1988.



quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Anúncio ao número duplo

Na página 3 da Revista Tintin (Portugal) nº 17/1972 (5º ano) anuncia-se para a semana seguinte a edição do número duplo "Super" correspondente a esse semestre. O mais curioso neste anúncio é a utilização de vários desenhos de Tintin e Milu iguais aos da colecção ver E Saber.


Dados sobre os desenhos (informação fornecida por Chromos Voir et Savoir):

Cromo Ver e Saber, coleção automóvel n°40: 1894. Phaëton elétrico de Jeantaud (França)· 


Cromo Ver e Saber, coleção automóvel, n°15 : 1834. Carro a vapor de Scott Russel (Grã-Bretanha)


Cromo Ver e Saber, coleção aerostation n°2 : 1783. La Montgolfière (France)


Cromo Ver e Saber, coleção aviação guerra 1939-1945, n°44: 1942. Douglas A-26/ B-26 " Invader " (U.S.A.)


Cromo Ver e Saber, coleção aerostation n°10: 1794. Ballon «L'Entreprenant» (França)·


Mais informações na página FB Chromos "Voir et Savoir"

https://www.facebook.com/chromosvoiretsavoir/



segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Da BD à História: túmulo de figura ligada ao Capitão Haddock entra na lista de património da Historic England

O túmulo histórico de uma figura ligada ao Capitão Haddock, amigo inseparável de Tintin, foi recentemente incluída na lista de património da Historic England. Situado em Leigh-on-Sea, Essex, é agora oficialmente reconhecido e oferece uma ligação única entre a ficção da banda desenhada e a história real.

Em 2024, a Historic England incluiu na sua lista de património 17 locais e entre eles destaca-se o túmulo de Mary Haddock, situada no cemitério da igreja de St. Clement, em Leigh-on-Sea, no condado de Essex, conta o The Guardian.

Esta descoberta é um verdadeiro tesouro para os fãs de Tintin, pois a personagem do Capitão Haddock foi inspirada pela figura histórica de Richard Haddock, filho de Mary, um destacado marinheiro e figura central da família Haddock, conhecida pelo seu legado naval.

O túmulo de Mary Anna Haddock, datado de 1688, é considerado pelos especialistas em património uma obra notável, não só pela sua qualidade arquitectónica, mas também por ser um dos raros monumentos dedicados a uma mulher durante uma época de profunda desigualdade de género. Além disso, a sua ligação à famosa personagem dos quadradinhos de Hergé torna-a ainda mais intrigante para os entusiastas da obra de Tintin.

O nome Haddock é célebre entre os fãs de Tintin, pois foi a inspiração para o temperamental e alcoólico Capitão Haddock, amigo e protetor do jovem repórter.

A inclusão de um local tão peculiar na lista de património de Historic England não é apenas uma homenagem ao passado, mas também uma provocação ao público, convidando as pessoas a explorarem a diversidade e a riqueza histórica do país. No total, 256 novos locais foram adicionados à lista nacional de património da Inglaterra este ano.

in SAPO24

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Sorriso aos quadradinhos

Hoje acordei a sorrir, 

Estava uma noite difícil e desesperada
Quando me decidi juntar às tuas aventuras,
Quando decidi saltar para as tuas páginas,

Espero que não te importes, claro que não te importas,

Contigo subi aos Himalaias, Atravessei as florestas do Peru,
Fui ao fundo do mar, subi ao espaço e pisei a lua,
Descobri tesouros, vi o mundo à beira do fim,
Conheci a Índia, a China, o Tibete, África e Américas,

Bebi whisky às escondidas com o capitão,
Enlouqueci com a surdez e com o "sempre a sul" do professor, Ri e como ri com as trapalhadas dos gémeos,

Obrigado Tintim, Haddock, Girassol, Dupond e Dupont,
Nestor, Abdalah, Rastapopoulos, Tchang,
Serafim Lampião, Bianca Castafiore,

Obrigado a todos,
Obrigado por existirem,

Por me fazerem sonhar e por me trazerem sempre um sorriso 


imagem de João Fazenda / Visão, 2007



sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

As Aventuras de Tintin no Bairro de Benfica, a partir de amanhã

 


A partir de amanhã, 7 de Dezembro, o Palácio Baldaya, em Benfica, passa a ter disponível um vasto acervo literário relacionado com o Tintin, para consulta e leitura:

- Todos os álbuns do Tintin;

- Várias edições da revista portuguesa Tintin, lançada em Portugal a 1 de Junho de 1968;

- Memorabilia das icónicas personagens.

Toda esta colecção, pertencente ao acervo particular de António Costa, ex Primeiro-Ministro, foi generosamente doada pelo próprio, à Junta de Freguesia de Benfica.

In blogue Juvebêdê

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Idade das personagens

Recentemente, perguntava-me Geraldes Lino qual era a idade de Tintin, e se Hergé se teria pronunciado sobre isso. A minha ideia era de que não, mas parece que o terá feito numa carta a um leitor, atribuindo-lhe 15 anos. Independentemente da idoneidade do criador de Tintin, e de outras abalizadas concordâncias, permito-me discordar. Mesmo sem ir investigar qual seria a idade mínima para se poder ser jornalista na Bélgica da época (se é que havia),  o que provavelmente não preocupou  o jovem Hergé, a análise de toda a obra, a psicologia e maturidade de Tintin mas mais variadas circunstâncias, apontam para um mínio de 17/18 anos - e será até mais legítimo pôr-lhe mais uns anitos do que tirá-los. (...)

JP Boléo, Quadrado nº 1  Vol. 3 (2000)

ANTIGA VERSÃO PORTUGUESA DO SITE TINTIN.BE

Bom dia!

Que idade tinha o personagem Tintim nas bandas desenhadas?

Resposta : Para : Client InterLinx, 02:59 pm 23 de Abril 1996

De : info@tintin.be

Caro senhor (...),

Com o intuito de dar resposta à sua questão, pedimos-lhe que leia duas cartas seguintes, escritas pela mão de Hergé a propósito da idade dos seus personagens.

1) Carta de 20 de Abril 1976.

Caro amigo,

As perguntas que me colocou na sua carta do dia 9 do corrente são relativamente embaraçosas pois, ao criar as minhas personagens, não me preocupei em lhes dar uma idade precisa.

Sem garantia alguma, poderíamos dar, aproximadamente:

50 anos ao professor Girassol

45 anos a Rastapopoulos

45 anos à Castafiore

40 anos aos Dupondt

40 anos a Nestor

e 10 anos a Tchang

Quanto à outra questão: Tintim veste um tipo de roupa que não variou durante 47 anos. Foi somente para os PICAROS, album que acaba de sair, que ele trocou as velhas calças de golf por jeans azuis.

Atenciosamente,

Hergé

  2) Carta de 28 de Dezembro 1970

Querida menina,

Estou-lhe a responder à carta que me enviou no dia 17 de Dezembro.

As suas perguntas embaraçam-me um pouco, visto que (salvo Tintim) são perguntas às quais nunca tive de responder até hoje. A sua curiosidade (ou a do seu tio) leva a interrogar-me a mim próprio sobre esses pontos de grande importância!!!...

Tintim tinha cerca de 14 anos no início; 41 anos mais tarde, tem cerca de 17. É curioso mas é assim... relativamente aos outros, dava 12 anos a Joana e João (bem mais gémeos que os Dupondt), 10 anos a Quim e 8 a Filipe.

Estes últimos nasceram em 1929. O nascimento de Joana e João deu-se aquando da publicação primeiros números da revista "Coeur Vaillants" onde eles apareceram pela primeira vez: acho que foi em 1936. Se Quim e Filipe são claramente belgas, Joana e João são de nacionalidade francesa.

Diga à sua mãe que não sei se o signor Cartofoli voltará a aparecer...

Agradecido pelos seus votos, também lhe endereço os meus com amizade.

Hergé.

tintin. be Traduzido e adaptado do francês por CGM

Infelizmente não existe nenhum newsgroup dedicado ao Mundo de Hergé nos dias que correm. Todavia, inúmeras são as perguntas que nos chegam por correio electrónico que, pelo interesse demonstrado, merecem um tratamento especial. Deste modo, encontrará aqui algumas respostas dadas por Hergé às vossas interrogações.

Para a primeira, escolhemos um tema bem clássico:

Que idade tem Tintim?

E se, em vez de nós, fosse o autor a responder à pergunta...

Pergunta: De : Cliente InterLinx, 08:17 am 21 de Abril 1996

Tintin.be



quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Tintim em Macau


Adquiri, há alguns anos, numa loja da movimentada Rua da Palha, umas camisolas de algodão que tinham estampados quadrinhos tirados dos álbuns de Tintim, ou mesmo, nalguns casos, uma prancha completa. A loja já desapareceu. É agora uma sapataria. E as camisolas do Tintim, diferentes todas elas das versões oficiais vendidas nas lojas que mantém a presença de Hergé um pouco por todo o Mundo, continuam a servir no Verão, sobretudo quando vou a banhos. Sempre que passo na mesma rua, ainda tento descobrir o paradeiro da loja desaparecida, na busca de uma nova peça de vestuário, naturalmente contrafeita, que me lembre o velho e saudoso companheiro dos meus tempos de juventude e que continuo a reviver agora, com o mesmo proveito e a mesma alegria. Ando, por isso, aqui, em Macau, à procura do Tintim. Não, como os Dupond e Dupont, a percorrer, disfarçado, a cidade chinesa. Mas com a plena serenidade de quem está, não obstante a língua e os costumes, numa cidade cristã.

Falar de Tintim nesta cidade pode, à primeira vista, lançar alguma confusão. É que tin-tin era o nome que se dava às lojas de bricabraque chinesas que, no século passado, existiam em vários locais, sobretudo para os lados do Porto Interior, num largo dito “das melancias”, a que os chineses chamavam Lan-Kuoi-Lau, sendo também conhecida como “Feira da Ladra”. Ou aos vendedores ambulantes de ferro-velho que tudo vendiam e, aparentemente, consertavam. O nome, creio, tinha a ver com o barulho que o vendedor fazia batendo incessantemente um prego num pedaço de ferro, para chamar a atenção da interessada clientela. Esses tintins praticamente desapareceram. Hoje falar em Tintim – dingding, em mandarim – é lembrar os seus livros, sobretudo "O Lótus Azul", a mais conhecida aventura do nosso herói na China e o álbum que mais rapidamente se esgota nestas paragens. Nele, como sabemos, é-nos apresentado um jovem chinês, estudante da Academia de Belas Artes de Bruxelas, e cuja história e amizade com Hergé se tornou lendária.

Zhang Chongren (1907-1998), artista e escultor que ganhou merecida fama e tem, em Xangai, sua cidade natal, um museu que lhe é dedicado, deu origem, no álbum, à figura de Tchang (transcrição fonética de Zhang),   grande amigo de Hergé, na vida real, e que reaparece, de forma comovente, em "Tintim no Tibete". Publicado inicialmente na revista Petit “vingtième”, entre Agosto de 1934 e Outubro de 1935, com o título de "Tintim no Extremo Oriente", o álbum "O Lótus Azul" é verdadeiramente inovador, dando-nos uma visão mais correcta e realista da China de então, ainda pouco conhecida no Ocidente. Nele, ao contrário do álbum anterior, "As Aventuras de Tintim, repórter no Oriente", título inicial da versão moderna de "Os Charutos do Faraó", onde surge pela primeira vez o nosso simpático compatriota Oliveira da Figueira, não há qualquer personagem portuguesa. Como sabemos, são apenas três os nossos compatriotas que se cruzam com Tintim. Além de este amigo de toda a hora e dos momentos mais difíceis e inesperados, há o jornalista do Diário de Lisboa, em "Tintim no Congo" – cuja primeira versão entre nós foi "Tim-Tim em Angola", na revista O Papagaio – e o Professor Pedro João dos Santos, o célebre físico da Universidade de Coimbra, em "A Estrela Misteriosa".

E por que não, pergunto eu ao deambular por esta cidade, onde o Ocidente se cruza com o Oriente, um "Tintim em Macau", como continuação de "O Lótus Azul", passado em pleno período da Segunda Grande Guerra? Nesta cidade que já foi comparada, nesse período, à Casablanca que o cinema mitificou ou à velha capital portuguesa que, quando a Europa ardia em chamas, mantinha uma paz digna e difícil, embora não isenta de muitos sacrifícios. Uma paz de uma enorme grandeza, transformada na extraordinária Exposição do Mundo Português, em que Macau naturalmente participou, e tanto impressionou o criador de O Principezinho, Antoine Saint-Exupéry.

Para a feitura de este álbum podia muito bem contribuir o livro de João F. O. Botas, que o Instituto Internacional de Macau soube, em boa hora, editar. Estudo sério e muito bem documentado, que consegue dar uma boa visão de uma das épocas mais difíceis de este conturbado oásis de paz, entre 1937 e 1945. Oásis de paz, quando à sua volta grassava a guerra, a fome, a doença e a morte, e cujas consequências se faziam sentir também aqui diariamente. Traz-nos este livro figuras dignas de um bom álbum de Hergé e de episódios que dariam magníficas e coloridas pranchas. É certo que a violência parecia correr a par e passo, muitas vezes, com a pacatez do quotidiano. Mas outros álbuns do Tintim, como o próprio O Lótus Azul, já referido, se passam também em plena guerra, com ódios, traições e violências desmedidas. A arte de Hergé saberia, por certo, tudo dosear e fazer de Macau o centro inesquecível de mais uma fabulosa aventura de Tintim.

Fico a pensar em tudo isto quando leio o livro "Macau 1937-1945. Os Anos da Guerra". E nele vejo Tintim a falar com Pedro Lobo e com Monsenhor Manuel Teixeira. Imagino Hergé a relatar a chegada a Macau de várias malas de livros do historiador britânico Charles Boxer, quando os japoneses ocuparam Hong Kong. Como Danilo Barreiros, grande amigo do historiador inglês, possuía a chave de sua casa conseguiu assim salvar a preciosa biblioteca. Impressionante é também a vivacidade e o colorido que o criador de Tintim dá ao quartel-general do pirata Wang Kong Kit, situado na Avenida Horta e Costa. O contraste é Henrique Senna Fernandes – um dos meus escritores da estante reservada – a contar, com toda a graça e encanto que só ele tinha, as trapalhadas dos “detectives” Dupond e Dupont, perdidos entre os refugiados chineses, os macaenses de Hong Kong e os japoneses que se passeiam na cidade. Tudo isto sob o olhar atento do jovem Padre Lancelote Rodrigues, enquanto o pintor russo George Smirnoff tenta transformar rapidamente esta cena numa aguarela. Mas um dos melhores momentos do álbum é, sem dúvida – e penso que o leitor amigo é da mesma opinião -, o episódio, superiormente tratado por Hergé, da intrusão sub-reptícia de Tintim na casa do representante japonês em Macau e, ao sentir-se descoberto, a fuga apressada por um túnel, situado na cave do edifício, que, pensava ele, o traria rapidamente para o exterior. Mas o túnel ligava com a casa do vizinho que era, nem mais, nem menos, a do cônsul inglês em Macau!... Mais a frente, é o espanto de Tintim ao cruzar-se, na Avenida Almeida Ribeiro, com o americano William Gardner, fardado de oficial japonês. Espanto ainda maior, quando na última prancha do álbum, o vê fardado agora de oficial americano e ostentando, garboso, vistosa condecoração.

"Tintim em Macau", afinal, existe. Embora seja apenas na minha imaginação.

António Leite da Costa, 30/03/2013

O Prof. Dr. António Leite da Costa é historiador, Durante algum tempo esteve na blogosgera com o blog Tertúlia Invisível.

https://tertuliainvisivel.blogspot.com/2013/03/tintim-em-macau_30.html

Texto descoberto através do blog Macau Antigo:

http://macauantigo.blogspot.com/2013/10/tintim-em-macau.html