sábado, 27 de janeiro de 2024

O Mundo fascinante de Tintin

A propósito, o Grémio do Comércio abriu uma subscrição pública a favor das vítimas do terrorismo em Angola, a exemplo do que tem acontecido um pouco de Norte a Sul do país.

Amanhã, vou acompanhar uma visita que o Turismo oferece à imprensa local. Vai ser um Domingo interessante, sem dúvida, mas calha-me mal por causa de ter de estudar para os exames cada vez mais próximos.

O presidente da República assistiu em Fátima à grande peregrinação nacional de 13 de Maio, presidida por um cardeal italiano.

Diz o Diário de Lisboa que terminou em Angola a época das chuvas e que as estradas vão agora permitir uma mais fácil deslocação das colunas militares que se dirigem para as regiões onde a sua presença se impõe. Houve entretanto novos ataques a Mucaba

Na Argélia, o clima político e social ainda está muito agitado, a crer nas notícias que de lá chegam.

O suplemento Magazine do Diário de Lisboa de hoje - 13 de Maio de 1961 - traz dois temas em grande destaque. Um destes é sobre as triunfantes proezas de Gagarine e de Shepard que abriram novos horizontes à ambição do homem. O outro intitula-se O mundo fascinante de Tintin.

Este artigo não está assinado mas deve ser de algum autor português porque conhece a estreia nacional do Tintin nas páginas do jornal infantil Papagaio pela mão de Adolfo Simões Müller, amigo de Hergé. Fez-me lembrar a minha descoberta do Tintin, precisamente nas páginas do velho Papagaio, que eu encontrei há uns vinte anos, no sótão da casa da família Maldonado, nos altos do Café Luso ao Rossio, quando a minha mãe ia visitar a sua amiga D. Judite.

O artigo depois fala em vinte e cinco álbuns mas a conta deve estar mal feita porque tenho a certeza de que não são tantos, pois tenho todos os publicados até agora, no original em francês, e são apenas dezanove, desde Tintin no Congo até Tintin no Tibete, que saiu o ano passado. Se calhar foram contadas as histórias do Jo, Zette e Jocko, mas isso não é Tintin!

Diz o artigo, a terminar, que vai haver um filme do Tintin com actores de carne e osso, sem serem desenhos animados. Deve ser giro.

A. Martinó (1961)

ler o artigo do DL Magazine

http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06542.080.17299#!17

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sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

A descoberta do Tintin


Conheci "Tintin au Congo" bem cedo. Pelo início dos anos 40, tinha para aí uns cinco ou seis anos, ainda não sabia ler e frequentava então em Portalegre alguns sítios fascinantes como a Pensão Vinte e Um, na Rua dos Canastreiros, a quinta do Eng. Maldonado, na Fontedeira, e a casa deste, ao Rossio.

Era precisamente no sótão desta casa mágica, nos altos do Café Luso, onde também havia passagens secretas e outras maravilhas sem conta para um miúdo como eu, que aí me encontrava com jornais e revistas, como O Papagaio. Eram exemplares avulsos, alguns sem capa ou apenas páginas e capas soltas, mas que deixavam adivinhar histórias fabulosas. Foi entre estas que me encontrei, e para o resto da vida, com Tintin.

Muito mais tarde conheceria a interessante crónica das relações de Adolfo Simões Müller, director da publicação, com Hergé, “pai” de Tintin. A verdade é que, poucos anos depois do nascimento do famoso jornalista belga, os portugueses tiveram a sorte de poder conhecê-lo, nas páginas coloridas de um famoso jornal infanto-juvenil da época. É certo que havia umas “pequenas” diferenças, mas não demos conta delas, nessa altura das nossas vidas.

Por exemplo, entre nós Tintin fora rebaptizado como Tim-Tim e Milou dava pelo nome de Rom-Rom, talvez - quem sabe!? - devido à versão do “acordo ortográfico” então em vigor… Mais, o título da aventura em causa mudara para "Tim-Tim em Angola", imagine-se! Congo ou Angola eram para nós mais ou menos o mesmo; ficavam lá para as Áfricas, terras misteriosas e distantes, cenário, apenas cenário, das mais mirabolantes aventuras… e isto era a única coisa verdadeiramente importante.

Viajei nessa altura com Tim-Tim por sítios que nunca mais esqueci. Alguns destes, apenas alguns, já depois os conheci “ao vivo”; quanto a outros, andei pelas suas “bandas” próximas; aos restantes, nem sequer isso, mas um deles, a Escócia, está ainda na minha agenda pessoal de passeios pelo Mundo…

Estes lugares mais ou menos míticos (talvez até exóticos!) correspondem aos cenários onde decorriam as tais aventuras ao tempo transcritas nas páginas soltas de O Papagaio a que tinha acesso: "Tim-Tim na América" (3 – Tintin en Amérique, 1931-32), "Tim-Tim no Oriente" (5 – Le lotus bleu, 1934-35), "Novas Aventuras de Tim-Tim" (4 – Les cigares du pharaon, 1932-33), "Tim-Tim em Angola" (2 – Tintin au Congo, 1930-31), "O Mistério da Orelha Quebrada" (6 – L’oreille cassée, 1935-37), "A Ilha Negra" (7 – L’Île noire, 1937-38), "Tim-Tim no Deserto" (9 – Le crabe aux pinces d’or, 1940-41), sem título (10 – L’étoile mystérieuse, 1941-42) e "O Segredo do Licorne" (11 – Le secret de la Licorne, 1942-43). A informação complementar, entre parêntesis, contempla o número de ordem, título e datas da publicação original.

Em suma, das 11 primeiras aventuras de Tintin, apenas não foram divulgadas n’O Papagaio a primeira (Tintin au Pays des Soviets, 1929-30) e a oitava (Le Sceptre d’Ottokar, 1938-39), o que constitui uma autêntica proeza editorial para um pequeno país como nós. Disponho de uma segura teoria pessoal para “explicar” a “exclusão” destas duas histórias, mas isto ficará para outra oportunidade…

Entre 1936 e 1949, limites temporais da divulgação da obra de Hergé na revista nacional, foram aqui publicadas essas nove aventuras de Tintin, criadas entre 1930 e 1943, o que significa, em média, um insignificante “atraso” de cinco anos. Notável!

Voltemos ao "Tim-Tim em Angola". As páginas soltas dessa história a que tive acesso, ainda mesmo antes de saber ler-lhes legendas e balões, fascinaram-me. A sua trama, muitas vezes reduzida aos inúmeros episódios (ou gags) inseridos no essencial do seu maravilhoso continuum narrativo, era já perceptível independentemente do fundamental acesso à leitura. Nem dava para percebermos as mutilações derivadas da grosseira remontagem a que os nossos gráficos submetiam as pranchas originais nem sequer o artificialismo do colorido, primário mas sedutor, com que a história “made in Portugal” mascar(r)-ava a produção “naïf” de Hergé, criada a preto e branco.

O meu reencontro seguinte com esta história remonta aos anos 60 - uma geração depois! - quando fui adquirindo, pouco a pouco, as aventuras de Tintin na sua edição francesa, da Casterman. Do "Tintin au Congo" consegui comprar o álbum relativo à história redesenhada em 1946, resumida a 62 páginas em vez das 110 originais e já devidamente colorida pelo autor e pela sua equipa.

Quanto a revistas portuguesas, teríamos de esperar pelos inícios de 1981 para que a versão nacional da revista Tintin recordasse novamente entre nós a história congolesa. O jornal Público, que à causa da difusão da BD de qualidade tem dedicado uma louvável atenção, editou e distribuiu em 2004 o álbum "Tintin no Congo", correspondente à história de 1946.

A esta relação resta acrescentar uma edição “histórica”, que também possuo: a dos "Archives Hergé", da Casterman, cujo 1.º volume (1973) é consagrado à reprodução fac-similada das três aventuras iniciais de Tintin (…au Pays des Soviets, 1929; …au Congo, 1930; …en Amérique, 1931) nas suas versões originais, a preto e branco e em mais de cem páginas cada uma.

Ao revelar assim todo este elevado grau pessoal de interesse, e até de fascínio, pela personalidade criativa de Hergé/Tintin, sinto-me no papel, quase surrealista, de um árbitro que, antes do decisivo encontro, se declarasse incondicional adepto de uma das equipas…

Proponho-me apresentar aqui, com o detalhe possível, o vasto, complexo e até melindroso “dossier” que alia o racismo à obra do autor belga. Poderei, após esta necessária “confissão”, manter-me isento e imparcial?

Apenas posso prometer nada ocultar do que sei e penso, do que muita gente sabe e pensa, sobre o tema em apreço e, sobretudo, comprometo-me com o uso da máxima objectividade possível nas citações, nas fontes e nos testemunhos. De um e de outro lado da barricada…

No entanto já revelei, com assumida lealdade, onde estou.

António Martinó de Azevedo Coutinho, 07/06/2010

O blog do autor tem várias crónicas sobre essa aventura.

https://largodoscorreios.wordpress.com/page/3/?s=congo&submit=Procurar

Em 2021 escreveu um novo artigo, aquando da exposição da Gulbenkian, com base neste de 2010.

https://largodoscorreios.wordpress.com/2021/10/10/do-leste-ao-oeste-setenta-e-tres/

«(...) a minha descoberta do Tintin, precisamente nas páginas do velho Papagaio, que eu encontrei há uns vinte anos, no sótão da casa da família Maldonado, nos altos do Café Luso ao Rossio, quando a minha mãe ia visitar a sua amiga D. Judite.»

terça-feira, 9 de janeiro de 2024

2019 - Data redonda com arestas

Horta Seca, Lisboa, 2 Janeiro de 2019

Contagem, agora mesmo que nos fixamos no calendário, na tentativa de melhor o ver. Cem crónicas sem que a dúvida se dissipe: em negro pano de fundo, aquilo que aqui se vem desenhando chega a ser espelho?

Horta Seca, Lisboa, 3 Janeiro de 2019

Mau e frio, este tempo. O [José] Bandeira, há tantas décadas a fazer-nos pensar de sorriso nos lábios, foi posto fora das páginas do Diário de Notícias em silêncio. Merecia suplemento especial, que assinalasse devidamente o seu contributo, mas nem falo nisso; eu, leitor, pedia apenas um obrigado. O [Paulo] Barriga, que fez do Diário do Alentejo um jornal atento e criativo, singular, acaba de ser saneado de modo vil. Ele há frios mais gélidos que outro
s, que nos encolhem, nos tolhem.

Horta Seca, Lisboa, 10 Janeiro de 2019

Só mesmo Tintim saberia resolver este enigma: Quem é Tintim? O seu nome está algures entre a alcunha e um erro infantil de dicção. Não tem apelido, veio ao mundo despido de família. E de infância: nasce a 10 de Janeiro de 1929, logo como repórter aos quadradinhos do Petit Vingtième, suplemento infantil de um jornal conservador belga que levava o nome do século. Tinha 14 anos. Cinquenta anos mais tarde não passava dos 17. «C’est bizarre, mais c’est comme ça !…», confirmaria, Georges Prosper Remi Remi, o jovem belga que, aos 22 anos e sob o pseudónimo de Hergé, assinava aquele traço tosco que compunha um rosto com três pontos, enquadrados por um pequeno nariz e duas orelhas interrompendo um círculo. A popa era ainda mais cabelo que personalidade. Naquela aventura no País dos Sovietes, a primeira de 23, foi jornalista, mas nunca mais se lhe viu estilo ou texto ou reportagem.

Quem é esse, então, risco tosco que, em 1930, Bruxelas em êxtase esperava como se fora herói de carne e osso? Quem foi o único rival confesso do general De Gaulle e inspirador de Warhol e de tanta arte moderna? Quem é esse nome sem sentido que continua a ser pronunciado em mais de 45 línguas e a brilhar na capa de mais de 170 milhões de álbuns de banda desenhada? Quem é esse pseudo-jornalista que desperta vocações e é das figuras da cultura popular mais estudadas?

Tintim é perfeito. Destemido e incansável, o seu coração é tão grande como puro. Foi, à razão folhetinesca de duas páginas por semana, colonialista quando a Europa o era, mas nutria simpatia pelos índios pele-vermelha. Procurava a verdade a qualquer custo, o que, está visto, acaba sendo inocência simpática. O seu paternalismo equilibrava-se com forte disponibilidade para o outro. Não deixou nunca de defender os fracos e de combater as injustiças, mas sempre do lado do poder legítimo. No último dos álbuns, Tintim e os Pícaros, o ditador derrotado lamentava-se ao ditador vitorioso por não cumprir a tradição de fuzilar os vencidos, a pedido do nosso herói: «Um idealista, não é?… Infelizmente essa gente não respeita nada! Nem mesmo as mais antigas tradições!», responde-lhe o reposto Alcazar: «Sim, triste época esta…» Uma ironia, está bem de ver, que Tintim foi respeitoso da sua época, embora desconfiado de ideologias. Só um fortíssimo desejo de vergar o mal o fez cruzar a Terra, do Ártico à Indonésia, do Médio Oriente à Suiça, da América do Sul à África Negra, de Chicago ao país dos Sovietes, da China ao Tibete, de países inventados como a Bordúria a uma Lua tão premonitória que até tinha água. E nesse afã aventuroso de salvar amigos usou todos e cada um dos meios de transporte, do avião ao foguetão, embora tenham sido os barcos e o mar palcos especiais. Tornou-se nómada, mas por muito que viajasse, regressaria sempre a um apartamento incaracterístico que, apesar de tudo, não ficava longe do palácio de Moulinsart, onde um tesouro repousava escondido em globo terrestre. O dinheiro não entrou na vida de Tintim, cujos inimigos principais acabaram sendo os capitalistas, maquiavélicos manipuladores de políticos e causadores de guerras, patéticos génios do mal que enriqueciam com o tráfico de armas, drogas ou escravos.

Tintim foi perfeito, insisto. Além de corajoso, era atlético e inteligente. Não bebia, nunca fumava, jamais vociferou. Para isso se multiplicaram personagens como o Capitão Haddock, esse iconoclasta senhor de gritante vocabulário, ou os gémeos Dupondt, desastrados e vigilantes, direi mesmo mais, vigilantes desastrados. (Na página, o comentário de Pedro Pousada). Sem sombra de pecado, nenhuma mulher conspurcou o seu mundo moralista, herdeiro dos códigos de honra medievais. Mas o cavaleiro solitário teve uma cadela, Milu, a fox-terrier que falava e tantas vezes o salvou quantas lhe fez perigar a vida? De pouco importava, para Tintim a amizade estava no tecto do mundo. Por ela, amizade, verteu a única lágrima, em Tintim no Tibete, quando julgou que o seu amigo Tchang, que não via desde O Lótus Azul, havia morrido.

«Em Tintim pus toda a minha vida», cedia um Hergé de 76 anos, a um par de meses da sua morte, esmagado pelo peso do fenómeno. A perfeição do herói de papel tinha como reverso o humaníssimo percurso do seu autor. Do mesmo modo que a actualidade marcou o ritmo de cada uma das aventuras de Tintim, também a vida de Georges Remi se imiscuiu na obra de Hergé. «Muitos são os pontos que unem Hergé e Tintim», escreve Pierre Assouline, autor de uma biografia, Hergé (ed. Folio, 1998). «A começar pelo principal: são ambos produtos típicos das classes médias. Mas o que os separa é também notável. O repórter mete-se em tudo para o que não é chamado. Tem o carácter, o temperamento, o instinto de Hergé, mas sem as suas ideias. E depois tem um cão, ao passo que Hergé só gosta da companhia dos gatos.»

O pensamento de Hergé tem a cor da sua infância: cinzento. Assumindo como divisa «toda a convicção é uma prisão», tratava-se de uma moral que misturava em doses iguais o espírito cavalheiresco, o gosto da acção e o sentido de humor, valores de um escutismo bem comportado, mas individualista, atento ao mundo, mas preconceituoso, cheio de generosidade ingénua e misógina virilidade. Para Hergé, mestre da «linha clara», a lisura há-de ser sinónimo de limpeza. Ora todo o homem, e o século XX encarregou-se de o escrever em sangue, tem os seus lados obscuros.

George Remi enfrentou os seus demónios com a ajuda de figuras tutelares. Wallez, o padre reacionário e truculento, que se achava co-autor de Tintim, marca o período da formação. Tchang, o artista-estudante que lhe mudará a vida ao apresentar-lhe o Oriente espiritual e artístico é a do período (vermelho) da maturidade, que corresponde a’ O Lótus Azul. A descoberta, em Fanny, da mulher-amante, que o faz divorciar-se, marca um período depressivo (branco) de Tintim no Tibete.

E ergueu uma obra, apesar dos seus tabus, fossem eles a dúvida acerca da identidade do seu avô paterno; ou a sua má relação com crianças e incapacidade física para ter filhos; as suas longas e profundas depressões na fase final da vida, ou o período do colaboracionismo na imprensa pró-alemã durante a Segunda Grande Guerra. De todos, talvez seja este o mais discutido, quando se limitou a sobreviver com algum oportunismo, obedecendo, afinal, à… amizade.

João Paulo Cotrim, Hoje Macau, 16/01/2019

-- Tintin completa 95 anos em 10 de janeiro de 2024.

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«Fiquem descansados que outras imagens me atormentaram nos momentos-chave, mas, no caso da banda desenhada, colecciono duas ou três. As primeiras são vinhetas do Tintim, na América e no Tibete. Primeiro a vertigem de atravessar entre dois arranha-céus, num álbum que andou comigo cada segundo de alguns meses da infância. Depois veio o hino à amizade de um nome que, gritado, faz tremer todo o bem-estar pequeno burguês de uma estância de férias. Vertigem e grito perturbador foi o que voltei a encontrar, muitas páginas mais tarde, na prancha de Muñoz e Sampayo, em Viet Blues. Afinal, havia vida e carne e política nos quadradinhos.

É só por isso que os projectos valem a pena: há pessoas por detrás das coisas e das obras. Há vida antes da morte. O gesto estético só me interessa se estiver ligado à vida e à carne dos dias. Não é tanto a questão desirmanada da fantasia escapista contra a força de intervenção rápida do neo-realismo. Trata-se de encontrar a força ténue do acto criativo: uma interrogação que pode explicar; um momento que pode iluminar; uma imagem que pode dar a ver; uma ficção que nos pode mudar a vida. Ou não.

Alguma coisa mudou, entretanto, no horizonte da bd nacional. Começo pelo modo como esse ser viscoso chamado opinião pública olha as histórias aos quadradinhos. Muito preconceito e confusão haverá ainda — o que, segundo os ensinamentos da História, pode ser bastante produtivo —, mas a bd está decididamente na agenda da atenção mediática. A massa crítica aumentou consideravelmente. Mais artigos, mais livros, mais gente a discutir e a fazer.

(...)

João Paulo Cotrim, Hoje Macau, 12/05/2021

«Por causa do Tintim descobri os livros e as imagens. Andei meses, ao que parece, sem largar o mesmo álbum. [Em páginas semelhantes fui vendo como eram os corpos delas, por exemplo, que foram tantas as utilidades.] E depois, certo dia, com a cumplicidade de um político que sabe ler, trouxe a Lisboa José Muñoz, para que o seu trabalho político e artístico perturbasse o museu da cidade. Ora sentar-me à mesma mesa abriu-me a cabeça para a parte oculta de um icebergue chamado banda desenhada. Voando abaixo dos radares e usando as mais belas das artes leva longe o desejo.»

João Paulo Cotrim (Metro, 4 Julho 2014) - Balanço Vital

sábado, 6 de janeiro de 2024

Tintin Lisboa

Loja de culto na qual não faltam os álbuns, as T-shirts e artigos diversos em que figuram o Tintin, Milou, os inseparáveis Dupont e o capitão Haddock. (A-GuiaPV)


Tintin Lisboa
 

Shopping Amoreiras, Lj. 2131 - 1070 Lisboa

10.00 - 23.00h

Telef. (01) 69.20.07

Campo de Ourique

Loja Tintin - Lisboa 

Centro Comercial Amoreiras, Loja 2131 (1º andar, na Rua das Orquídeas,  paralela à Valentim de Carvalho) (linhas)

- antiga loja que existiu no C.C. Amoreiras -

*

JV chegou a trabalhar na loja e fala dessa experiência no seu livro:

«Ainda no primeiro semestre de 1993, com 29 anos e com pouco ou nenhum trabalho, aceitei o convite de uma pessoa belga para ser gerente de uma nova loja no Centro Comercial das Amoreiras: a loja Tintin Lisboa. 

A loja disponibilizava uma grande selecção de produtos relacionados com o mundo de Hergé, desde bandas desenhadas e outros livros, t-shirts, sweat-shirts, peluches, bonecos variados, serviços de chá. etc. A minha função era atender o público e recrutar novos empregados. 

Fiz um estágio de uma semana na loja de Londres, a Tintin Shop, na Floral Street, junto do Convent Garden, onde trabalhei em todas as secções da loja.

Regressei a Lisboa  e trabalhei durante alguns meses. (...) Passados alguns meses, despedi-me. O dono da loja era demasiado arrogante.»

Memória de uma Epifania e outras histórias - Maria João Vaz - 2023 (adaptado)


«Têm existido diversos produtos comercializados utilizando a imagem de Tintim, nem sempre devidamente licenciados, entre roupa e bonecos, merecendo destaque as duas lojas oficiais que, nos anos 90 do século XX, chegaram a existir, em Lisboa (Amoreiras) e no Porto (Via Catarina).» - Infopédia