sábado, 30 de dezembro de 2023

O meu objeto: o foguetão de Toli César Machado

“O foguetão do Tintin faz parte do meu homestudio há mais de 15 anos. A minha mulher comprou-o no Museu Hergé, na Bélgica, para me oferecer numa data especial.

Sou fã do Tintin desde miúdo, colecciono os livros todos e estou sempre atento às edições especiais e comemorativas. Passei muitas horas a ver os desenhos animados na RTP2, e lembro-me de esperar que a revista Tintin dos 7 aos 77 chegasse às bancas. Curiosamente, há dias vi que vai sair uma edição única desta revista, para assinalar o 77.º aniversário da editora Éditions du Lombard.

Este foguetão é uma peça em resina muito bonita, o único objeto de design que tenho no estúdio porque é, realmente, simbólico para mim.

O foguetão surge no 17.º volume das Aventuras de Tintin, ‘On a marche sur la Lune’, um dos mais populares de sempre, editado em 1953. Trata-se da primeira missão de foguete tripulado, da humanidade à Lua, com o Tintin, o Snowy, o Capitão Haddock, o Professor Cálculo e Thomson e Thompson a bordo.”

Toli César Machado, 62 anos, fundador, músico e compositor dos GNR, acaba de lançar “Noir”, o seu segundo álbum a solo, que será apresentado a 18 de Fevereiro de 2024 na Casa da Música, no Porto, e a 24 de Fevereiro de 2024 no Cinema Roma/Fórum Lisboa.

In Notícias Magazine

PS: O foguetão surge, pela primeira vez, no 16º volume "Objectif Lune". Na notícia, alguns dos nomes dos personagens estão em inglês. Em português têm os nomes de Professor Girassol (Professor Cálculus), Milou (Snowy) e Dupond e Dupont (Thomson e Thompson).

sábado, 23 de dezembro de 2023

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Chocolates Regina


O chocolate de leite produzido pela Fábrica de Chocolates Regina chegou a ter uma embalagem com Tintin e seus companheiros.

Com a compra dos chocolates eram oferecidos autocolantes. E quem recortasse os selos das embalagens tinha direito a um brinde que não sabemos se seria o jogo dos flippers. 


Agradecimento a Fernando Marques


(oferta de autocolantes)

https://tintinemportugal.blogspot.com/search?q=natal

Já tinha uma embalagem da Regina no cartaz https://tintinemportugal.blogspot.com/2018/10/mercado-de-coleccionismo-tintim.html


quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Retrato da semana - Sócrates


A primeira vez que o vi, de trajes desportivos, transpirado ma non tropo, com ar sorridente mas esforçado, calmo, rodeado de assessores e seguranças, algures entre Central Park, o Alto da Pimenteira e a Praça de Tiananmen, pensei imediatamente: "É o Tintim"! Basta levantar ligeiramente os cabelos da frente, de modo a fazer jeitosa poupa, e logo teremos o herói da banda desenhada que nos acompanha desde pelo menos os anos quarenta. Aquele ar a meio caminho entre o angélico e o determinado fica-lhe a matar. É um bom ícone eleitoral. Ainda por cima, seguido por uma trupe de pessoas que podem muito bem ser equiparados aos impagáveis companheiros do jornalista belga.

SÓCRATES ESTÁ FORA E acima dos seus ministros e dos seus problemas. Reserva para si o lado heróico. Denuncia privilégios, ameaça médicos, atinge juízes, aponta aos professores, acusa funcionários públicos, deixa organizar as emboscadas aos dirigentes desportivos e concebe o cerco aos autarcas. Depois, os ministros que resolvam. Tal como Tintim, tem apenas de tratar de algumas trapalhadas que os seus colaboradores inventam dia após dia. Quem não recorda os sarilhos que o Capitão Haddock (antigamente, no meu tempo, Capitão Rosa), os estúpidos detectives Dupont e Dupond (antes Zigue e Zague) e o formidável Professor Trifólio Girassol (anteriormente Professor Pintadinho de Branco...) lhe preparam todos os dias? Parece brincadeira, mas é muito sério. Pedra a pedra, imagem a imagem, Sócrates e os seus conselheiros construíram uma personagem, talvez a mais bem conseguida e mais artificial de toda a política democrática portuguesa. Nessa personagem, o jogging, o caderno Moleskine ou o tele-pronto transparente, introduções suas na política nacional, são apenas peças de mais vasto desígnio. Estão de parabéns os seus consultores: ninguém, até hoje, fez melhor. No que são ajudados pelos talentos do interessado, pois claro. Mas atenção! A repetição da imagem, devidamente preparada e solicitamente anunciada à imprensa, acaba por matar.

NA MESMA SEMANA EM QUE o Primeiro-ministro vai à China, logo a seguir a ter ido à Europa, e enquanto se prepara para ser o Presidente da União, as notícias portuguesas continuam a mostrar os desastres caseiros. O caos judicial e a degradação do sistema de justiça prosseguem diante de todos, mas o herói nada tem a ver com isso. São publicados os resultados da avaliação do ensino básico e secundário, que revelam a calamidade instalada, visível nas taxas de insucesso e de abandono a oscilar entre os 30 e os 50 por cento, mas o impoluto combatente não é tido nem achado. Apesar de o Sistema Nacional de Saúde não parecer ameaçado nos seus fundamentos, a verdade é que, com as taxas moderadoras em intervenção cirúrgica ou internamento e os aumentos de medicamentos que devem pagar os doentes idosos, há qualquer coisa que não está certa na administração da saúde, mas esses aspectos do economato não interessam particularmente ao cavaleiro andante. Os capitalistas portugueses zangam-se, associam-se a grupos internacionais, quase se insultam e procuram morder as jugulares uns dos outros, mas evidentemente nada disso diz respeito ao seráfico maratonista. Os preços dos bens de serviços básicos, como a electricidade, o gás e os combustíveis, aumentaram duas a três vezes mais do que a inflação e quatro a cinco vezes mais do que os salários, mas, uma vez mais, essa minudência não perturba o sono etéreo do nosso valente líder. O paralelo com o popular Tintim é gritante: o jovem militante das boas causas derrota impiedosamente os inimigos. Mas há diferenças: a Tintim, ninguém lhe pedia para depois administrar a casa ou o país. Mais: Tintim não ia a votos. Sócrates, mais tarde ou mais cedo, terá de ir.

JÁ SE PERCEBEU QUE SÓCRAtes vai querer alicerçar uma reputação internacional. Como Tintim. Por brio pessoal, com certeza. Por orgulho e curiosidade, como acontece sempre. Mas também, como é frequente, para trazer mais-valias pessoais e políticas para o país. Ou antes, para si, cá dentro. A visita à China não lhe saiu muito bem (as declarações disparatadas de Manuel Pinho não ajudaram muito). E a presidência da União, ponto alto desta sua estratégia, já se anuncia cinzenta. A cimeira entre a Europa e a África está difícil e, mesmo que se faça, dela já nada se espera de importante, a não ser uns apelos à paz e à generosidade. A senhora Merkel já lhe tirou todas as hipóteses de brilhar: será ela e a Alemanha que se ocuparão da questão constitucional e das instituições. A ideia de ir ao estrangeiro buscar méritos é sempre tentadora. Dá menos maçadas, não há sarilhos, custa mais barato e fica-se com a impressão de que basta dizer umas palavras bem colocadas para se obter êxitos rápidos. Há muitos exemplos de políticos que foram ao estrangeiro buscar algo que lhes faltava dentro do país. De Gaulle fez isso. Fidel Castro também. Margaret Thatcher não dispensou. Acontece que as circunstâncias é que mais ordenam. A inteligência, a encenação, a fotografia e a palavra não chegam. É preciso mais do que isso. É preciso um país, força, poder, uma grande querela ou aliados.

O QUE SE PASSOU ESTA SEMAna com os números da educação é talvez o mais importante. Nada demoverá os governantes. E nada os fará ver a realidade. A educação é prioritária, ponto final. A certeza substitui o pensamento. Tem de ter dinheiro. E muitos discursos. Há décadas que isto dura e não se vê resultado à altura da retórica. Mas Sócrates, tal Guterres ou Tintim, não se preocupa com os pormenores. Nem quer saber se os resultados correspondem ao esforço feito. Muito menos se é necessário alterar políticas ou estratégias. O discurso parece bastar. A famigerada TLEBS, já sobejamente condenada, tanto cultural, como científica ou pedagogicamente, permanece viva e não há meio de a liquidar pura e simplesmente dos programas. O problema é que há mais TLEBS. Muitas mais. Vejam-se os programas de quase todas as disciplinas e de quase todos os anos do currículo. Veja-se, por exemplo, como um aluno de 10 anos, do 5º do básico, tem de aprender tudo sobre os ambulacrários dos equinodermes, assim como sobre as palminérveas ou as fasciculadas tuberculosas. Há TLEBS aonde menos se espera. Os programas das escolas e, em consequência, os seus manuais, são desajustados e parecem destinados a provocar o insucesso, a levar à desistência ou, nos casos mais felizes, a serem esquecidos dias depois de terem sido aprendidos. Mas o Primeiro-ministro não quer saber da TLEBS. Tintim também não.

António Barreto, Público, 04/02/2007 - Retrato da semana

(imagem cartoon de Carlos Sêco)

https://tintinemportugal.blogspot.com/2011/06/socrates-no-pais-dos-sovietes-pastiche.html

https://tintinemportugal.blogspot.com/2011/10/socrates-no-pais-dos-sovietes.html

http://tintinofilo.over-blog.com/article-10859740.html


quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

Dicionário ilustrado do Professor Girassol

 

Embora o Professor Girassol seja tão famoso, forçoso é admitir que o seu génio permanece desconhecido. Grandioso cientista, sem qualquer razoabilidade mantém-se ausente dos dicionários, das enciclopédias e, pior ainda, a História da Ciência ignora-o olimpicamente. Este é um livro do seu legado e serve como dicionário a todas as suas invenções e deliberações que aparecem em todo o universo dos livros do Tintin.

Esta obra da ASA, escrita por Albert Algoud em 1994, é a tradução portuguesa de "Le Tournesol Illustré - Éloge d'un oublié de l'Histoire des Sciences".

Dicionário ilustrado do Professor Girassol, Albert Algoud, ASA, 96 pp., cor, capa dura, 16,90€

quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Tintin em Portugal

Para comemorar os 75 anos de publicação de Tintin em Portugal, CARLOS GONÇALVES escreveu um estudo que seria publicado na forma de encarte pela editora portuguesa ASA, acompanhando a nova coleção das aventuras de Tintin lançada por ela. Acontece que a Fundação Moulinsart, dona dos direitos de Tintin, não aprovou a inclusão do encarte junto aos álbuns (...)

AS PERSONAGENS DE HERGÉ

Só em ‘L’Etoile Mystèrieuse’ o Capitão Haddock terá um papel à sua altura, embora em ‘Le Crabe Aux Pinces d’Or’ ele tenha surgido pela primeira vez. Quase acabaria por arrebatar a Tintin o papel principal, no desenrolar da ação de cada história. (...)

A REVISTA “TINTIN” PORTUGUESA

Quando a revista “Tintin” portuguesa surgiu a 1 de junho de 1968, nos escaparates do nosso país, o seu aspecto gráfico logo viria a conquistar inúmeros leitores. A acrescentar a sua beleza de cores e ao seu papel de excelente gramagem, viria o seu leque de personagens apresentadas (algumas conhecidas, outras não), a qualidade dos seus desenhos e os seus excelentes argumentos, além das aventuras de Tintin, que seriam o maior triunfo da publicação. Evidentemente que as outras personagens iriam ajudar igualmente a revista a manter o seu êxito. Era pois uma panóplia de razões para que a longevidade da revista fosse assegurada desde o seu início e os 15 anos que completaria no seu itinerário editorial foi o resultado de um grande sucesso entre todos os leitores portugueses. Claro que para isso contribuiu muito também a orientação de Dinis Machado e de Vasco Granja, mais tarde.

OS ÁLBUNS PUBLICADOS EM PORTUGAL

Os álbuns com as aventuras de Tintin chegariam muito tarde ao nosso país, embora inicialmente tivéssemos acesso às edições brasileiras da Flamboyant/Editorial Aster e Record em capa dura e mole. O primeiro álbum de Hergé que seria editado em Portugal seria “O Vale das Cobras” de Jo, Zette et Jocko, em 1981. Posteriormente seriam publicadas as outras 4 aventuras destas personagens. Em 1985, já iremos ter acesso às aventuras de Quick et Flupke e de Jo, Zette et Jocko nas páginas da revista “O Correio Juvenil”, também editada pela Verbo. Só em 1988 apareceriam os álbuns de Tintin lançados por aquela editora. O primeiro seria “A Ilha Negra”, seguindo-se de “O Ceptro de Ottokar”. Depois, ao longo dos anos, seriam lançados todos os títulos das aventuras deste herói, incluindo algumas a preto e branco. Em paralelo a Verbo publicaria 12 pequenos álbuns com os episódios de Quick et Flupke também.

A partir de 19 de setembro de 2003 e até 27 de fevereiro do ano seguinte, numa parceria com o jornal “Público” e da Verbo, foram editadas as 24 aventuras da nossa personagem, a um ritmo semanal, igualmente com êxito. Presentemente a Asa/Leya publica de novo as aventuras de Tintin, desta vez em menor formato, tal como foram de novo publicadas originalmente.

Todos os álbuns de Tintin são e serão sempre um sucesso, já que muitas vezes além de serem lidos por novas gerações, voltarão a sêlo de novo mais uma série de vezes não só pelos mais jovens como pelos adultos.

TINTIN NOS JORNAIS PORTUGUESES

Não será novidade para ninguém que muitas personagens célebres da Banda Desenhada tiveram os jornais a apoiá-los e a divulgá-los de uma forma mais ou menos intensa. Os norte-americanos sempre foram especialistas nesse campo e seriam nos seus jornais que apareceriam inicialmente muitas aventuras de heróis que acabariam por alcançar grandes sucessos. Com o Tintin não aconteceria isso, já que em Portugal as suas aventuras publicadas nos jornais iniciaram-se em tiras (o que provocaria muito impacto junto do público, pois as suas aventuras foram criadas em pranchas e é assim que deverão ser lidas). No entanto, seria o jornal “Diário de Notícias” a publicar essas mesmas tiras a partir de 8/12/1971 até 11/8/1975, tendo apresentado 10 histórias desde ‘O Mistério da Orelha Quebrada’ até ‘O Mistério das Latas de Conserva’, passando pelas aventuras de ‘A Estrela Misteriosa’, ‘A Ilha Negra’, ‘O Templo do Sol’ e outras. “O Comércio do Porto” também arriscaria em publicar de 24/2/1974 a 5/6/1975, mas desta vez em meias pranchas e pranchas, algum material, mas com muitas falhas na sua periodicidade. Mais tarde e de novo “O Diário de Notícias” publicou de 8/3/1981 a 30/5/1982 a história ‘Tintin na Lua’, igualmente em pranchas.

Finalmente o jornal “O Independente”, em 1995, publicaria duas séries de fascículos a cores e em pranchas as seguintes histórias de Tintin: ‘As Sete Bolas de Cristal’, ‘O Templo do Sol’, ‘O Segredo do Licorne’ e ‘O Tesouro de Rackham O Terrível’ na primeira série, e ‘No País do Ouro Negro’, ‘Rumo à Lua’ e ‘Explorando a Lua’ na segunda. Duas capas cartonadas para encadernar cada série foram oferecidas aos leitores do jornal

AS AVENTURAS DE TINTIN EM PORTUGAL POR REVISTA

Títulos Revistas Nºs das Revistas e Datas Títulos Originais

Tintin na América “O Papagaio” 53 (16/4/36) ao 110 (20/5/37) Tintin en Amérique

Aventuras de Tim-Tim no Oriente “O Papagaio” 115 (24/6/37) a 161 (12/5/38) Les Cigares du Pharaon

O Lótus Azul “O Papagaio” 166 (16/6/38) ao 205 (16/3/39) Le Lotus Bleu

Tintin em Angola “O Papagaio” 209 (13/4/39) ao 244 (14/12/39) Tintin au Congo

A Orelha Quebrada “O Papagaio” 247 (4/1/40) ao 298 (26/12/40) L’Oreille Cassée

A Ilha Negra “O Papagaio” 301 (16/1/41) ao 359 (26/2/42) L’Ile Noire

Tintin no Deserto “O Papagaio” 366 (16/4/42) ao 426 (10/6/43) Les Crabe aux Pinces

(...)

QI - Quadrinhos Independentes nº 114, Março/Abril 2012

http://www.marcadefantasia.com/revistas/ego/qi/qi111-120/qi114/qi114.pdf





Edição 2019  - 90 anos de Tintin, 112 anos do nascimento de Hergé, 50 anos Apollo 11


versão Largo dos Correios

50 - 1 - https://largodoscorreios.wordpress.com/2018/07/25/a-bd-vista-por-carlos-goncalves-cinquenta/

51 - 2 - https://largodoscorreios.wordpress.com/2018/08/01/a-bd-vista-por-carlos-goncalves-cinquenta-e-um/

52 - 3 - https://largodoscorreios.wordpress.com/2018/08/08/a-bd-vista-por-carlos-goncalves-cinquenta-e-dois/

53 - 3 - https://largodoscorreios.wordpress.com/2018/08/15/a-bd-vista-por-carlos-goncalves-cinquenta-e-tres/

57 - 4 - https://largodoscorreios.wordpress.com/2018/09/12/a-bd-vista-por-carlos-goncalves-cinquenta-e-sete/

54 - 5 - https://largodoscorreios.wordpress.com/2018/08/22/a-bd-vista-por-carlos-goncalves-trinta-e-um/

55 - 6 -https://largodoscorreios.wordpress.com/2018/08/29/a-bd-vista-por-carlos-goncalves-cinquenta-e-cinco/

56 - 7 - https://largodoscorreios.wordpress.com/2018/09/05/a-bd-vista-por-carlos-goncalves-cinquenta-e-seis/

58 - 8 - https://largodoscorreios.wordpress.com/2018/09/19/a-bd-vista-por-carlos-goncalves-cinquenta-e-oito/
 

segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

As Jóias da Castafiore (versão da revista Tintin) visto pel' As Leituras do Pedro

Mal amado por muitos, o álbum As Joias da Castafiore é possivelmente o mais original e desafiador da série. Com ele, nele, Hergé assumiu sempre querer contar uma história em que nada acontece ou, mais exactamente, em que nada do que parece é realmente.

Para mais com toda a acção a ter lugar num espaço fechado, o Castelo de Moulinsart - na acepção ampla de edifício, jardins e terrenos adjacentes, o que não inviabiliza o escrito atrás.

Com o preconceito latente e evidente para com os ciganos, os sucessivos desaparecimentos das jóias da diva do belcanto, as confusões provocadas pela surdez do professor Girassol e as constantes quedas devido ao degrau partido, este é um relato em que todos parecem correr de um lado para outro, como baratas tontas, sem objectivo definido, mas em que o leitor é mantido em suspense página após página, supondo ou adivinhando o que nunca se concretiza, apontando o dedo a (vários) inocentes e pensando antecipar o que nunca chega a acontecer, pois os olhos de quem lê vêem mais do que o autor alguma vez mostra, num exercício de estilo sublime, que deve ser lido de espírito aberto, pela desvio inegável aos outros álbuns da série, sem que de alguma forma, alguma vez, renegue o espírito, a forma ou o modo como sempre encaramos Tintin.

Introduzindo - há mais de 60 anos! - paparazzi e televisão a cores - e hoje, para o bem e para o mal, hoje não vivemos sem eles - Hergé comprovou também ser o autor visionário que sempre foi, para além de um mestre incomparável na eficácia narrativa do seu desenho.

Não me quero repetir, por isso remeto ao desenvolvimento do que atrás fica escrito para este outro texto sobre As Jóias da Castafiore, obra-prima da banda desenhada e de um autor genial.

A Edição

Este recurso a versões de revista, álbuns duplos, fac-simils ou livros com novas cores - com as devidas diferenças entre estas opções editoriais, que tanto revelam a forma de trabalhar do autor como traem aquilo que ele fez (ou deixou de fazer…) - não são mais do que a tentativa desesperada que a Moulinsart e, por arrastamento, a Casterman estão a fazer para tentarem colocar no mercado, novidades de um herói que, em boa verdade, já não as tem há quase 50 anos.

No caso presente, a edição abre com uma introdução que contextualiza o álbum na linha cronológica da série e na vida autoral e pessoal de Hergé, apontando algumas das parcas diferenças que a versão mais popularizada tem em relação à que agora é apresentada. Curiosidades sim, mas nada de mais, na verdade - e noutras aventuras a versão revista Tintin fará muito mais sentido - pelo que esta edição será mais para os indefectíveis de Tintin e Hergé, embora possa soar a ‘novidade’ para o leitor comum.

Fica como principal nota distintiva, para lá de uma capa diferente, o aumento significativo da mancha impressa em relação à versão em álbum até agora disponível, o que permite uma maior fruição da obra.

in As Leituras do Pedro

sábado, 2 de dezembro de 2023

A raça do Milou do Tintin está em vias de extinção

Estão a nascer menos de 300 fox terrier por ano. O que coloca a tradicional raça britânica, a do cão Milou, famoso companheiro das aventura do Tintin, em risco.


A 10 de Janeiro de 1929 nascia uma das bandas desenhadas mais icónicas do século XX. E se o rapaz repórter de cabelo ruivo com uma poupa permanente ganhava milhões de fãs, Milou, o seu cãozinho de pelo branco, companheiro de tantas aventuras do Tintin, tornava-se igualmente numa estrela mundial. Não admira pois que cães fox terrier se tenham tornado num “must have”, de aquisição quase obrigatória, nas décadas que se seguiram. Agora, quase 95 anos depois, a raça tradicional britânica pode ter os dias contados, pois estão a crescer menos de 300 por ano no Reino Unido.

As Aventuras de Tintim, do cartoonista belga Hergé, despertaram o interesse pelos fox terrier no país, e não só, que reivindicaram o primeiro lugar no ranking de popularidade canina em 1947. A raça foi historicamente uma das favoritas da família real britânica na era eduardiana, com o rei Eduardo VII e a rainha Vitória a terem um fox terrier. Mas não só: o reputado cientista Albert Einstein também o escolheu para companhia. Mais tarde foi o favorito da não menos célebre escritora Agatha Christie e do conhecido actor e realizador Clint Eastwood.



Flippers Tintim na Lua - Chocolates Regina

(imagem do jogo ainda dentro da caixa)


Os chocolates Regina comercializaram no final dos anos 70 do século XX um pequeno jogo de flippers com o nome "Tintim na Lua". 



A empresa Dinamização foi fundada em 09/11/1976 por J. Sousa Guimarães. Tinha a sua sede na Rua A, à Rua de D. João de Castro, lote 3, frente, freguesia de Lisboa. O seu objecto social era o comércio e fomento de brinquedos, sua dinamização como instrumento pedagógico e até como elemento auxiliar na recuperação de diminuídos físicos. Os sócios eram Maria Manuela da Cruz Florindo Guimarães, Carlos Alberto Florindo Guimarães e Alberto Henrique Martins dos Santos. Este último já tinha saído em janeiro de 1979. A esposa e o filho de J. Sousa Guimarães também eram sócios da loja Modelismo - Comércio de Brinquedo Técnico,Lda [500653852], situada no Centro Comercial do Rossio, Lojas 515 e 516, 5 Piso 1100-200 Lisboa.

Um dos produtos de maior sucesso da Dinamização foi a marca de construções Pino semelhante à Lego.




Se recortassem os selos das embalagens do chocolate Regina tinham direito a um brinde que não sabemos se seria o jogo dos flippers.

agradecimento a Fernando Marques