Um álbum (in)acabado |
Coragens e alucinações por Tintin |
As edições Asa «terminaram» as reedições em português das aventuras de Tintin. A primeira edição foi efectuada pela extinta Verbo. Anuncia-se como a última aventura de Tintin, embora salvaguardando que é o álbum inacabado por Hergé. Até aqui, tudo bem. A Asa seguiu o que a francófona Casterman fez e acordou, mas tendo sempre na sombra as devidas imposições da ávida Fondation-Studio Hergé, ou seja, por Fanny Remi (segunda esposa e viúva de Hergé) recasada com o astuto Nick Rodwell, que é muito «rastapopouleano»... A edição do álbum «incompleto» terá sido aconselhada a Fanny Rodwell por Benoît Peeters (!!!). Cuidado: a senhora Fanny e o oportunista do seu actual cônjuge são detentores totais dos direitos da obra de Hergé, já que os sobrinhos deste há muito se haviam afastado (parece que nem se falavam) do convívio com o famoso tio. Por aqui, começamos a topar a engrenagem de toda uma confusão mal escondida de interesses comerciais, vaidosos e prepotentes. Parece que Hergé, já bastante doente, teria sugerido que o seu amigo e mais estreito colaborador, Bob de Moor, deveria terminar o álbum «Tintin et l’Alph-Art»... O crítico Numa Sadoul isso deixa transparecer e Bob de Moor sabia desse desejo de Hergé. Mas Fanny e Nick recusaram tal hipótese, enquanto o falecido dava uma cambalhota na tumba!... Ora acontece que este álbum não está inacabado. Não, não está!... Não foi finalizado por Hergé, mas por um atrevido admirador de Hergé. E é como absoluto admirador de Hergé e da saga tintinesca, que surge a acção (a louvar sem reservas) do jovem quebequense Yves Rodier, que, baseado em tudo quanto Hergé deixou sobre «Tintin et l’Alph-Art», completou e editou no seu Canadá o álbum em questão, garantindo que era a sua melhor homenagem a Hergé. Claro que Fanny e Nick escabujaram. Rodier, com este seu «cartão de visita», abalou-se ousadamente até à Bélgica. Só lhe valeu o ter conhecido (e recebido apoios morais) de ex-colaboradores de Hergé. Destes, Bob de Moor pôs-se mesmo como seu aliado. Ambos foram aos Estúdios Hergé para uma oficialização da obra. E pode-se dizer que «levaram com a porta nas ventas»! Que importa agora aos bedéfilos, especialmente aos tintinófilos, as alucinações de Fanny e Nick?... Zero! No entanto, «Tintin e a Alph-Art», não está inacabado. A versão completa (62 páginas) existe, «clandestinamente» e a preço quase proibitivo. Sobre Yves Rodier, escreveremos em breve. Acrescentamos, num apelo directo à Asa, em nome dos bedéfilos e em especial da extensa legião dos tintinófilos portugueses: – Uma vez que «Tintin et l’Alp-Art», em edição portuguesa, não é nem pode ser o fecho da série, há outros três que são fundamentais. Editou-se a cara e luxuosa obra referente ao filme do senhor Spielberg (que bem admiramos, mas que traiu a obra de Hergé, «O Segredo do Licorne...»), mas faltam: – «Tintin e o Lago dos Tubarões», adaptado do filme homónimo em Cinema de Animação e que a saudosa Verbo editou em português; – «Tintin e o Mistério do Tosão de Oiro» e «Tintin e as Laranjas Azuis» (com Jean-Pierre Talbot no protagonista), à semelhança do recente «O Segredo do Licorne», com texto e fotos, foram editados pela Casterman e traduzidos, menos em Portugal (!!!)... Pois, já que a Asa é atenta e aposta no Tintin, que não seja agora frouxa e, sem nunca baixar os braços, tenha o firme e constante denodo de lutar com insistência e sensibilidade, para que estes três álbuns sejam editados em português. Todos os nossos tintinófilos (que não são nada poucos) agradecem. E nós próprios, também! |
quarta-feira, 18 de abril de 2012
Tintin no Alentejo Popular de 22.03.2012 por Luiz Beira
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