segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Quick e Flupke nasceram há 93 anos



Quick e Flupke nasceram há 80 anos (2010)


Se é normal associarmos o nome de Hergé a Tintin, a sua obra maior e uma das bandas desenhadas mais celebradas de sempre, o autor criou outros heróis, entre os quais Quick e Flupke, que há exactamente 80 anos eram vistos pela primeira vez em papel impresso.

Tratava-se de dois pequenotes de Bruxelas - revisão ficcionada da própria infância de Hergé - juntos pela amizade, pela vontade de experimentar coisas novas e pela especial queda para provocar pequenos desastres.

A estreia ocorreu no "Le petit vingtiéme" de 23 de Janeiro de 1930, pouco mais de um ano depois de Tintin, e as diferenças entre as duas criações eram significativas. Enquanto o repórter viria a ter longas aventuras, viagens, exotismo, justiça e ordem, Quick e Flupke não saíam da sua Bruxelas natal e viviam um quotidiano igual ao dos outros miúdos, mas as suas partidas provocavam o caos e desesperavam o Guarda 15, vítima recorrente das diabruras em duas pranchas.

O humor em Quick e Flupke, mais tarde decalcado em Tintin para os "gags" com Haddock ou Tournesol, raia muitas vezes o "nonsense", pode ter conteúdos sociais ou politizados (como quando satirizam Hitler e Mussolini), representa-os como diabos (literalmente) e levava-os mesmo a chocar com os limites físicos das vinhetas ou a interagir com o desenhador. E se o traço é o mesmo de Tintin, sente-se uma maior liberdade criativa e o privilegiar da eficácia estética e narrativa.

Com cerca de 250 pranchas publicadas (de forma irregular) durante uma década, Quick e Flupke tiveram nova vida nos anos 80, em versão animada e em álbuns redesenhados e coloridos pelos Estúdios Hergé, a partir das histórias originais.

Esta edição foi lançada em Portugal pela Verbo, com os heróis rebaptizados como Quim e Filipe.

F. Cleto e Pina, JN, 23/01/2010

http://tintinofilo.over-blog.com/article-quick-flupke-nasceram-ha-80-anos-43736512.html

Dois miúdos com 75 anos (2005)

Tinha Tintin comemorado um ano de vida há dias (10 de Janeiro) quando nasciam nas páginas do "Le Petit Vingtième" n.º 4, Quick e Flupke (Quim e Filipe na versão portuguesa). Eram dois "ketjes" (miúdos de rua em flamengo) do Marolles, um dos bairros populares de Bruxelas, simpáticos e agradáveis mas também capazes das maiores tropelias. "Quick era o apelido de um dos meus amigos. Para Flupke, usei o 'Flup' - Philippe - e o 'ke', que em flamengo significa 'pequeno'", explicou Hergé em "Entretiens avec Hergé" (Casterman).

"Les exploits de Quick e Flupke" foram publicadas semanalmente até 1935, depois de forma mais irregular até 1941, ano da sua última aparição, no "Soir Jeunesse". Na época, "produzia duas pranchas por semana de Tintin, mais uma de "Joana, João e o Macaco Simão", por isso, adeus Quim e Filipe", explicou o desenhador.

Embora o traço de Hergé seja próximo do utilizado em Tintin - mas menos pormenorizado -, as histórias de Quim e Filipe são, de certa forma, o oposto das aventuras do mais célebre repórter dos quadradinhos. Em Tintin a ambição do autor vai bem mais além do simples entretenimento, com histórias consistentes e bem engendradas, um suspense sabiamente mantido, o exotismo de muitos dos locais onde decorre a acção e, mesmo, um certo acompanhamento da actualidade - ou até a sua antecipação.

Nas explorações de Quim e Filipe, o cenário é, quase sempre, a rua ou as próprias casas dos miúdos, e o objectivo das duas páginas que constituem quase todos os gags é divertir. Venha a acção de onde vier da vontade de os dois serem úteis ou, até, do questionamento das regras de leitura da própria BD, com os heróis a chocarem contra os limites das vinhetas, a visitarem o autor ou, mesmo, a substitui-lo na autoria das histórias. Como escreve Benoit Peeters em "Le Monde d'Hergé" (Casterman), "em Tintin, a desordem é sempre exterior, os heróis agem para colocar tudo em ordem. Em Quim e Filipe, pelo contrário, o problema é, de cada vez, causado pelas personagens, que parecem ter como único objectivo causarem a maior perturbação possível num universo à partida estável".

Com Quim e Filipe, Hergé mostra um lado menos conhecido, uma certa rebeldia irónica e desrespeitosa - mesmo contra os poderes instituídos, ou não seja o Agente n.º 15 quase sempre a vítima das partidas dos rapazes - parecendo que viveu através das duas personagens a infância que, reconhecidamente, nunca teve. E deu largas a um sentido de humor muito mais contido nos álbuns iniciais de Tintin, que de certa forma recuperaria mais tarde, a um outro nível, com a introdução do Capitão Haddock e do Professor Tournesol.

Em 1984, com autorização da viúva de Hergé, a série foi adaptada para desenhos animados. No total foram feitos 260 filmes de um minuto, tendo os álbuns sido modernizados por Johan de Moor. Foi esta versão actualizada que a Verbo editou em português, em meados dos anos 80, em 12 álbuns de pequeno formato, com 32 páginas, intitulados "Aventuras e Desventuras de Quim e Filipe", reeditados em 2000.

F. Cleto e Pina, JN, 24/01/2005

Quim e Filipe (Quick et Flupke, no original) aparecem no jornal juvenil Le Petit Vingtième, em 1930, fazendo companhia a Tintin. Enquanto o repórter deambula pelo Congo, Hergé oferece semanalmente aos leitores histórias humorísticas de duas páginas, em que os protagonistas são dois garotos de Bruxelas. O seu grande desígnio é comum a todos os miúdos de todas as épocas: passar o dia a brincar, de preferência na rua, se possível com muitos amigos. Meninas, não há; parece que a rua não era lugar para elas nesse tempo, até porque jogar à pedrada, um dos entreténs da rapaziada de várias eras, não parecia ser muito do seu agrado. A comicidade é suave e inofensiva - quem nunca tocou a todas as campainhas de um prédio e depois deu à sola? Nos melhores momentos, reconhecemos o humor de Hergé, dos estatelanços aos quiproquós. 

Série secundária em face da magnitude das aventuras de Tintin, lê-se com agrado pelo valor testemunhal: dos artefactos - quando a tecnologia de ponta se materializava num esplendoroso carrinho de rolamentos, fabrico próprio -, à pedagogia aplicada, a saber, uns açoites bem puxados quando as tropelias passavam das marcas, para não falar da falta de sentido de humor do polícia de giro (Quim e Filipe têm um problema com a autoridade…)

Os episódios cessam em 1941, ano que não é para graças. Numa das longas entrevistas que concedeu a Numa Sadoul, Hergé revelou que estava então assoberbado de trabalho com Tintin e Milou e ainda uma outra série de que também falaremos: Jo, Zette et Jocko.

Aventuras e Desventuras de Quim e Filipe - vol. I

Texto e desenho:Hergé

Editora:Difusão Verbo, Lisboa, 2000

Ricardo António Alves, i, 07/10/2019



A primeira aparição foi na revista «Diabrete», a partir de 19 de Abril de 1941, onde foram baptizados de Trovão e Relâmpago.

A Mocidade Portuguesa estabeleceu contactos, entre o fim dos anos 50 e os anos 60 , com as  Editions du Lombard para poder publicar na sua revista «Camarada» as aventuras de Quick et Fluke. Interessaram-se também por várias séries temáticas sobre a a Geografia da Europa e a História do Mundo. E ainda por histórias curtas em BD surgidas nas páginas do "Tintin".  Acabou por publicar a aventura "Clorophile et les Les Croquillards" de  Macherot, que recebeu o nome entre nós de "O quebra ossos".[t]

Os livros com as Aventuras e Desventuras de Quim e Filipe  começaram a ser editados pela Difusão Verbo em 1982.

Quim e Filipe são os “irmãos mais novos” de Tintim. Nasceram há algumas dezenas de anos e desde então nunca deixaram de ser publicados em todo o mundo, o que reflecte bem a qualidade artística destes desenhos e histórias que resistem à corrosão do tempo e das modas, e são já um clássico da literatura em banda desenhada.

As Aventuras e Desventuras de Quim e Filipe destinam-se primeiramente às crianças, mas não deixarão de comunicar a sua alegria a qualquer adulto que as leia.
 
Não precisam, como cenário das suas proezas, do Tibete ou da Amazónia, basta-lhes uma simples rua de uma cidade sossegada, uma casa como qualquer outra, uma escola ou um jardim. Mas este ambiente só serve para realçar ainda mais a personalidade de Quim e Filipe, sempre prontos a ajudar (ainda que por vezes vítimas do seu altruísmo), imaginativos e engenhosos de primeira água. Contudo, a sua principal «qualidade» é a imensa ingenuidade que invariavelmente os conduz a situações cómicas.

Foram editados 12 volumes.

Em 1985 apareceram no suplemento  "Pimba!" do Diário Popular onde apareceram algumas pranchas da série (Desporto de Inverno / Brincar Ao Circo).


O boletim «Correio Juvenil» da Verbo também publicou nos anos 80 e 90 as histórias dos dois pequenos heróis. 

Outras publicações onde apareceram os nossos heróis:


* Correio do Chico Omolete (Correio da Manhã)

Post de junho de 2011

Ensaio de quadriculografia portuguesa

A Verbo Publicações Periódicas começou por lançar os livros com as Aventuras e Desventuras de Quim e Filipe (1982-1987) e as Aventuras de Joana, João e o Macaco Simão (1981-1982). Apenas em 1988 lançaram as aventuras de Tintin.

LANÇAMENTO NO BRASIL

Já está disponível nas melhores livrarias do país o livro As Diabruras de Quick e Flupke, novo lançamento da Globo Livros Graphics, selo da editora Globo dedicado a graphic novels. A dupla de meninos marotos foi criada por Hergé em janeiro de 1930 no Le Petit Vingtième, o mesmo suplemento que lançou a obra mais conhecida do cartunista, e agora faz sua estreia no Brasil em uma edição de encher os olhos.

Tintim Por Tintim, 2013

Chega ao público o volume 2 de As diabruras de Quick e Flupke, pelo selo Globo Livros Graphics. O livro completa a coleção dos quadrinhos da famosa dupla criada pelo artista belga, que ganhou o mundo após o sucesso de seu personagem Tintim. Lançados originalmente em onze álbuns avulsos entre 1949 e 1969, as histórias trazem a essência criativa de Hergé para quem realmente ama o universo das HQs.

Editora Globo (2014)

https://ogatoalfarrabista.wordpress.com/2015/06/13/uma-surpresa-do-santo-antonio/

https://largodoscorreios.wordpress.com/2015/06/14/sob-o-signo-da-borracha/



quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

José Antunes

Por cortesia do amigo Alberto Ferreira, publicamos um desenho de José Antunes publicado no jornal humorístico A Chucha #13 de 8 de Março de 1976, jornal no qual o autor era colaborador.



terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Feliz Aniversário

Há pessoas bem conservadas. Hoje o Tintin completa 94 anos!




Pedro Ribeiro Ferreira

O Tintim está de parabéns!

Nasceu em 1929, no ano da grande crise, pela mão do belga francófono Hergé.

É espantosa a vivacidade que mantém passados estes anos todos. Está muito bem conservado, nem uma ruga para amostra. É a inveja de muitas tias. Sempre que leio os seus livros lá está ele com o seu ar impecável, cheio de genica a resolver mistérios, como se os anos não passassem. É por isso que gosto do Tintim, não envelhece, está sempre na prateleira, à minha espera e as histórias são sempre actuais. Nunca me canso de as ler. Se fosse um faraó levava comigo para o sarcófago toda a colecção.

É provavelmente o principal responsável por me ter desviado para outros caminhos que não uma carreira no mundo da advocacia. Com tantos advogados na família tinha naturalmente o destino traçado não fosse este jovem imberbe com um penacho na cabeça a despertar-me o interesse pelos livros aos quadradinhos. Em termos de BD foi o meu primeiro grande amor e não há amor como o primeiro.

Sempre me intrigou no Tintim a sua pureza moral. Ninguém pode ser assim tão imaculado. Por isso fui tentar descobrir o seu lado mais sombrio, mais perverso, mais decadente, sei lá, uma tara qualquer, um fetiche tipo espancar velhotas.

Procurei, pedi informações, vasculhei nos sítios mais recônditos mas não encontrei absolutamente nada de mal. Antes pelo contrário, o que descobri ainda me fez gostar mais dele. E não é que o Tintim é um fervoroso adepto do Sporting!? Ninguém sabia mas a imagem é peremptória. Além disso também não é grande adepto da ilustração de imprensa, prefere a BD e o cartoon. É cá dos meus!


Pedro Ribeiro Ferreira, 01/02/2009

Tintin no blog «Traços Gerais» - O blog «Traços Gerais», de Pedro Ferreira,  publica um post de homenagem ao Tintim. A ver em http://pedroribeiroferreira.blogspot.com/2009/02/les-aventures-de-tintin.html - Publicado em 02/02/2009 por Zetantan Tintim em Portugal - http://tintinofilo.over-blog.com/article-27486469.html

- O primeiro cartoon (BD) foi feito para a Exposição "80 Anos de Tintim" que esteve no Museu Dr. Louzã Henriques, na Lousã e depois também apareceu publicado no suplemento BronKit.