segunda-feira, 10 de março de 2008

Annualia 2007-2008: uma recensão crítica

Este terceiro volume consecutivo da Annualia é uma pequena preciosidade. A Annualia veio substituir a Enciclopédia Verbo no seu formato clássico e é um achado editorial, como compromisso entre a estrutura enciclopédica do passado e as preocupações de uma publicação anual onde se registam dossiês e factos pertinentes, efemérides, se abordam grandes temas da actualidade ou se evocam figuras prestigiantes que desapareceram durante o período em análise. E, não menos importante, pelo o seu carácter documental, ficam também averbadas as atribuições de prémios em contexto nacional e internacional e passa-se em revista o dossiê do mundo em 2007.

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A Annualia é assim um livro de cabeceira e de consulta a desoras. Hergé teve o seu primeiro centenário em 2007, é um dos sumo-sacerdotes da BD, o genial criador de Tintim, o jovem jornalista exemplar com histórias audaciosas pelo o mundo inteiro. Mas a sua ousadia na BD não se confinou a Tintim, deixou-nos uma plêiade de figuras destinadas à posteridade: o Capitão Haddock, colérico, eufórico e sentimental; o Professor Girassol, o sábio mais distraído do universo; Bianca Castafiore, a caprichosa diva do bel-canto; Dupond e Dupont, os desastrados polícias que muitas vezes triunfam na sombra dos êxitos retumbantes do jovem Tintim... Hergé criou uma vasta galeria de personagens como mordomos, meninos traquinas, um comerciante e um sábio português, um canalha de grande coturno, Roberto Rastapopoulos, o marquês de Gorgonzola, mas também o cão Milu, o General Alcazar, um charlatão sempre á procura de revoluções, gente chata como Serafim Lampião, entre tantos outros. Hergé é um habilidoso anotador de códigos de valores ainda hoje ancorados e apreciados por crianças de todas as idades.

Este ano a Editorial Verbo comemora cinquenta anos. A vida editorial portuguesa teve na verbo uma elevadíssima expressão cultural, na Enciclopédia e nas enciclopédias especializadas, em grandes obras que giraram à volta da arte e do património cultural, mas também do livro infantil, do estudo universitário e até do dicionário.

É a historia de um esforço que merece ser saudado nesta Annualia 2007-2008.

Beja Santos, 20/02/2008