quarta-feira, 30 de outubro de 2024

TinTin e eu

Tintin é uma das raras personagens da BD cuja fama atravessou várias gerações ao longo de quase cem anos, êxito e conhecimento talvez ultrapassado pelo universo de Walt Disney.

Pessoalmente, o meu primeiro contacto com Hergé fez-se, não pelas aventuras de Tintin, mas de outra das séries da sua autoria, quase esquecidas pelo êxito do célebre “repórter”, os trapalhões Quick e Flupke, traduzidos para português como o Quim e o Filipe, cujas tropelias foram publicadas em Portugal na revista Diabrete, entre 1941 e 1943, sob a designação de “Tropelias do Trovão e do Relâmpago”,  e que eu descobri no espólio da minha mãe, que possui 4 álbuns encadernados dessa revista, que eu desfolhei avidamente durante a  minha infância.

Encontrei as primeiras imagens do Tintin num número solto do suplemento Pajem, da revista Cavaleiro Andante, onde se publicou a aventura “O templo do Sol”, a mesma aventura que acompanhei de forma mais continuada na revista Foguetão (*), editada em 1961, cujos 13 exemplares publicado cheguei a receber, quando tinha os meus 5 anos, mas cuja aventura nunca se completou nessa revista de curta duração.

Ainda antes de começar a conhecer as aventuras completas de TinTin, conheci as aventuras de uma outra série de Hergé, Jo, Zette e Jocko, publicada noutra das minhas revistas de infância, o “magazine para a juventude” Zorro, série publicada entre 1962 e 1966 nesta revista, exactamente nos anos em que ela me foi oferecida.

Só mais para meados dos anos 60 comecei a ler histórias completas do TinTin, umas em álbuns, de edição brasileira, que me eram emprestados pelo amigo “Zico”, lidos avidamente nas tardes de Verão na praia de Santa Cruz e, pouco depois, quando, a partir de 1969, o meu avô me começou a oferecer, semanalmente,  a revista TinTin, fundada em Portugal em 1968.

Lembro-me, igualmente, de ter recebido o meu primeiro álbum de TinTin por essa altura, em 1968 ou 1969, o “Voo 715 para Sidney”, que me foi oferecido na 1ª edição em francês, com o objectivo pedagógico de aprofundar o meu francês, álbum editado em 1968 e hoje muito valorizado no mercado franco-belga.

Nesses anos pensava que as aventuras de TinTin eram recentes, só mais tarde descobrindo que a série tinha sido criada quase 30 anos antes de eu nascer. Também não tive a noção, na altura, da ordem cronológica dessas aventuras.

Penso que entre as primeiras aventuras que li de TinTin, estiveram o “TinTin no Tibet” e o “Caso Tornesol”, esta última aventura, curiosamente, editada em álbum em França no ano do meu nascimento.

Se me perguntarem quais as aventuras de que mais gostei, a escolha é difícil, mas penso que o “Objectivo Lua” e “TinTin na Lua” foram marcantes, pela actualidade do tema na década de 60, embora ambos tenham sido escritos e desenhada na década de 1950, ainda antes do meu nascimento. Pela originalidade, penso que a melhor história da série tenha sido, quanto a mim, “As Jóias de Castafiore”, original de 1963.

Pessoalmente, sempre preferi as séries Blake e Mortimer e Astérix, pois considerava TinTin um personagem muito certinho. Penso que o interesse da TinTin está mais relacionada com a profundidade psicológica de personagens “secundárias”, como o Capitão Hadock, o meu preferido, ou o professor Tournesol, entre tantas outras, e, muitas vezes, foram os pequenos apontamentos humorísticos, colocados por Hergé no meio da história principal, que mais as valorizaram. 

Venerando António Aspra de Matos, Blog BêDêzine

(*) No Foguetão apenas foi publicada a versão em francês de Tintin au Tibet. Zorro foi publicada de 1962 a 1964

Nasceu em Torres Vedras em 1956, é licenciado em história pela Faculdade de Letras de Lisboa, Mestre em história social contemporânea pelo ISCTE, e docente na Escola Henriques Nogueira, em Torres Vedras.

No total foram criadas por Hergé 24 aventuras de TinTin, a última delas incompleta e a primeira, “Tintin no País dos Sovietes”, a única que nunca foi revista e colorida pelo autor, renegada por Hergé que só autorizou a sua edição, como curiosidade, à beira da morte.

Num dos seus blog tem mais posts sobre Tintin e Hergé.

https://bedezine.blogspot.com/2021/10/herge-tintin-por-tintin-1-parte-tintin.html

https://www.blogger.com/profile/14847848207009444566

https://bedezine.blogspot.com/search/label/Herg%C3%A9


sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Os Grisalhos

Os Grisalhos visitaram no museu da Fundação Gulbenkian, em Lisboa, a exposição dedicada ao belga Georges Remi, mais conhecido como Hergé, nascido em 1929 e autor de Tintin, o mais icónico personagem da banda desenhada do século XX. 

Zépestana registou o encontro do casal de aposentados com Tintin e Haddock aquando da visita à exposição de 2021.

Da imaginação fecunda de Hergé brotaram aventuras inesquecíveis, que deliciaram, ao longo dos últimos noventa anos, gerações de leitores, dos 7 aos 77 anos. 

E do seu talento criativo nasceu uma vasta galeria de heróis singulares e de sinistros vilões. 

Para lá do protagonista - o jovem repórter Tintin -, quem não se lembra do capitão Haddock, irascível marinheiro de impropério fácil, dos gémeos detectives Dupond & Dupont, da temperamental diva Bianca Castafiore, do circunspecto mordomo Nestor, do colérico General Tapioca, do absorto Professor Girassol (surdo como uma porta), de Serafim Lampião, angariador de seguros, de Tchang, o amigo asiático, ou até de um nosso compatriota, o lisboeta Oliveira da Figueira, persuasivo vendedor ambulante de quinquilharias inúteis, capaz de vender uma cama de casal ao papa?

Pela mão de Tintin, Hergé levou-me ao fundo dos oceanos e ao espaço sideral, às neves eternas dos Himalaias e aos tórridos desertos das arábias, às ditaduras sul-americanas e à misteriosa selva africana. 

Hergé foi o indiscutível e verdadeiro pai da banda desenhada europeia. Mas não só. Destacou-se ainda, assim o mostra esta exposição, como ilustrador, fino humorista, publicitário e artista plástico de múltiplos talentos.

Os seus 24 álbuns de aventuras do Tintin estão traduzidos em mais de cinquenta línguas. Incluem títulos tão sugestivos como aqueles que se seguem: “Os Charutos do Faraó”, “As Jóias de Castafiore”, “O Tesouro de Rackham, o Terrível”, “Explorando a Lua”, “O Lótus Azul”, “O Ídolo Roubado”, “O Segredo do Licórnio”, “Tintin e os Pícaros”, “O Caso Girassol”, “A Estrela Misteriosa”, “As Sete Bolas de Cristal”, “Perdidos no Mar”, “O Ceptro de Ottokar”, “O Voo 714 para Sidney”, “O Caranguejo das Tenazes de Ouro”, “Tintin no Tibete”…

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quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Tin-tin por Tin-tin


Tin-Tin por Tin-Tin em África - Nuno Saraiva

14/04/2010

Nuno Saraiva, desenhador português de BD, teve no semanário Sol, na sua revista Tabu, uma rubrica semanal de duas pranchas intitulada «Na Terra e no Céu». Na edição de 12 de Março de 2010, Nuno parodiou o Tintin com a história «Tin-tin por Tin-tin em África».



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terça-feira, 8 de outubro de 2024

Uma aventura em portugal



Hergé achou a ideia boa, mas Müller não encontrou apoios

Adolfo Simões Müller tinha "um plano gigantesco" e em Abril de 1939 escreveu uma carta a Hergé com a proposta: fazer-se uma aventura de Tintim em Portugal.

O filho de Simões Müller, Luís Müller, lembra-se do projecto. "Hergé chegou a falar com o meu pai, pedindo-lhe informação sobre a História de Portugal", contou ao P2 (Público).

Também se lembra de ouvir o pai dizer que a ideia era encontrar, para a história, um elo de ligação entre o Brasil, Portugal e a Índia. A resposta do criador belga foi prudente.

Achou boa a ideia, mas manteve alguma distância, pois queria assegurar o controlo das coisas.

Nomeou seu representante Jean-Louis Duchemin, do Syndicat de la Proprieté Artistique (SPA, Paris) que apresentou uma estimativa de custos a Simões Müller e propôs uma repartição dos encargos: 10 por cento do preço de cada álbum teria de ser suportado pelo português, e 40 por cento desse montante entregue directamente ao SPA.

A ideia não teve seguimento porque não houve capacidade financeira para investir no projecto, nem possibilidade de encontrar apoios públicos ou privados.

Carlos Pessoa / Público, 22/05/2007




domingo, 6 de outubro de 2024

Cão ou cadela?

 


Texto de Rui Garcia (RG)

A primeira Bedeteca portuguesa foi inaugurada em 1990, na sede da Comissão de Jovens de Ramalde (CJR), no Porto, como um dos projectos do Comicarte que então também organizava o Salão Internacional de BD do Porto. Com a saída daquele núcleo de BD do seio da CJR, em 1995, a Bedeteca estagnou, apesar do acervo ainda existir. - JN

A Bedeteca do porto voltou a funcionar sendo de destacar também o site.

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

A Ilha Negra



Difusão Verbo - 1988
Depósito legal nº 20314/88
Impresso por Resopal - Mem Martins
Casterman 1956 / Verbo Publicações Periódicas 1988


imagens de José Oliveira



Difusão Verbo - 1989 (Bedetheque)


Boletim nº 1 do Clube Comicarte, Janeiro - 1989

PRIMEIRAS EDIÇÕES

Para quem gosta de colecionar as primeiras edições de qualquer álbum como eu, tentar encontrar as primeiras edições do Tintim em português de Portugal não foi tarefa fácil!!

Como todos sabemos a Verbo foi a primeira a publicá-lo.

Como curiosidade os três primeiros álbuns saíram com o fundo da contracapa em branco. [E a reedição da Ilha Negra saiu ainda com o fundo da contracapa em branco.]

Para chegar a eles foi preciso primeiro tentar descobrir o primeiro de todos publicados e ao saber que saiu em 1988, fui procurar por esse ano no Depósito Legal de cada álbum que eu encontrava e após várias tentativas o primeiro foi a Ilha Negra, o seguinte O Ceptro de Ottokar e o terceiro O Caranguejo das Tenazes de Ouro e depois é só seguir a ordem de publicação original através do título que aparece na contracapa na parte onde diz "A Publicar:".

Se na contracapa o primeiro título que aparece na zona de álbuns já publicados for a Ilha Negra, é garantido que seja uma primeira edição do titulo que está na capa desse álbum. Ou seja, a Verbo começou a publicar a partir da Ilha Negra e seguiu a ordem cronológica de publicação do Tintim a partir daí e sempre aparece nas primeiras edições como sendo a Ilha Negra o primeiro da lista de publicados na contracapa até ao álbum Tintim e os pícaros inclusive. Tendo chegado ao último álbum da coleção, o próximo foi a Orelha Quebrada que é mencionado no "A Publicar:" a seguir foi os Charutos do FaraóLotus AzulTintim na AméricaTintim no Congo e por último o Lago dos Tubarões, este último já com uma contracapa diferente.

Outra dica, se na contracapa tiver os álbuns todos publicados mas tendo fotos das capas, são todos reedições.

José Oliveira, Facebook Bd Rara em Português, 2023