As aventuras do herói no ecrã
O interesse do cinema pelas aventuras de Tintim começa a manifestar-se no final dos anos 50, embora tenham sido realizadas antes disso algumas experiências sem interesse ou sem qualidade.
Um herói de carne e osso foi por duas vezes "exportado" para a celulóide, dando lugar a filmes, exibidos comercialmente, que chegaram a Portugal: "Tintin et le mystère de la Toison d'or", realizado em 1960 por André Barret e Jean-Jacques Vierne, com argumento de Remo Forlani; e "Tintin et les oranges bleues", realizado em 1964 por Philippe Condroyer a partir de uma história de André Barret.
Em ambos os casos, o papel de Tintim é desempenhado por Jean-Pierre Talbot. Encontrado um pouco por acaso numa praia de Ostende por uma amiga de Hergé, acabou por ser escolhido devido à sua semelhança física com o herói. Haddock é, sucessivamente, George Wilson e Jean Bouise. No primeiro filme, a acção da história decorre em Istambul e depois na Grécia. No segundo caso, o filme é rodado em Espanha, essencialmente na região de Valência.
No cinema de animação, a carreira de Tintim é mais longa. As primeiras experiências de semianimação - incidindo sobre os álbuns "O Ceptro de Ottokar" e "A Orelha Quebrada" - são feitas em 1956 pela empresa Belvision, sediada em Bruxelas e presidida por Raymond Leblanc, um dos criadores da revista "Tintin". A partir de 1959, começam a ser feitos desenhos animados a cores para a televisão. Seis aventuras são adaptadas (a viagem à Lua, "O Caranguejo das Tenazes de Ouro", "A Estrela Misteriosa", "A Ilha Negra", "O Caso Girassol" e o díptico "O Segredo do Licorne"-"O Tesouro de Rackham, o Terrível"), a partir de uma divisão em curtas sequências de cinco minutos para serem difundidas sob a forma de folhetim diário. Os argumentos são de Greg, criador da série de BD Achille Talon, nem sempre fiéis ao enredo das histórias em banda desenhada.
O sucesso destas experiências encorajou a Belvision a meter mãos à realização de longas-metragens de animação. Assim surge "Le Temple du Soleil" (85 minutos), em 1969, adaptado por Hergé, Eddie Lateste, Jos Marissen e Lazlo Molnar, e desenvolvido durante um ano por cerca de 300 pessoas. A música do filme é de François Rauber.
Em Dezembro de 1972, aparece nos ecrãs uma nova aventura de Tintim (80 minutos), desta vez com um argumento original, assinado por Greg: "Le Lac aux requins".
Carlos Pessoa, Público, 30/01/2004 - Copyright: © 2004 Público; Carlos Pessoa
As aventuras de Tintim no cinema
Steven Spielberg e Peter Jackson estão a tutelar a adaptação ao cinema de vários álbuns de Tintim em 3D digital. O primeiro filme, 'O Segredo do Unicórnio', já está em fase de pós-produção e estreia-se no Natal de 2011. Mas o herói de Hergé já surgiu no cinema antes, em animação e por duas vezes em filmes de imagem real.
54. Em carne e osso pela primeira vez
A estreia de Tintim na imagem real em 1961, interpretado por Jean-Pierre Talbot
Depois de três longos anos de negociações, Hergé aceitou finalmente, em 1960, que Tintim surgisse num filme de imagem real, com actores de carne e osso. A ideia era filmar uma adaptação de O Templo do Sol, mas acabou por ser escolhida uma história original, que foi escrita pelo próprio Hergé, Remo Forlani e André Barret. O principal desafio era encontrar o actor ideal para interpretar Hergé, o que aconteceu na pessoa de um jovem monitor desportivo belga chamado Jean-Pierre Talbot, "descoberto" na praia de Ostende, e sem experiência dramática. Segundo conta o próprio Talbot, Hergé, bastante emocionado, aprovou a escolha quando este lhe foi apresentado nos escritórios da produtora, dizendo: "Sim, é mesmo ele!". Realizado por Jean-Jacques Vierne e estreado em 1961, o filme tem no elenco nomes como os de Georges Wilson (no papel do capitão Haddock), Charles Vanel ou Marcel Bozzuffi), e foi um grande sucesso comercial, nomeadamente na Bélgica e em França. Um ano mais tarde, em 1962, saiu o álbum fotográfico da fita.
55. Nova aventura em imagem real
O fracasso deste, em 1964, levou ao abandono do projecto de um terceiro filme
Passaram-se três anos até que Tintim regressasse às telas em carne e osso. Aconteceu finalmente em 1964, em Tintim e as Laranjas Azuis, mais um argumento escrito directamente para o cinema, tal como já havia sucedido em O Mistério do Tosão de Ouro. Para o assinar, René Goscinny e Philippe Condroyer juntaram-se ao trio original formado por Hergé (que, a exemplo do primeiro filme, tinha direito de vetar a história), Remo Forlani e André Barret. Jean-Pierre Talbot, entretanto, tinha começado uma carreira de professor, e por isso teve que pedir uma licença especial para poder fazer o filme. Tirando Talbot, os outros actores principais mudaram quase todos, tendo Jean Bouise substituído Georges Wilson na figura de Haddock. Uma produtora espanhola participou também na produção de Tintim e as Laranjas Azuis, que foi realizado por Philippe Condroyer. Ao contrário da primeira, esta segunda aventura de Tintim em imagem real não entusiasmou o público, e o projecto de um terceiro filme foi posto de parte. Saiu também um álbum fotográfico.
56. Sucesso animado na televisão leva a 'O Templo do Sol' no cinema
Em 1969, surge a primeira animação de longa metragem baseada num álbum de Tintim
Entusiasmados pela boa recepção feita aos sete desenhos animados realizados para televisão, sob o título-chapéu Les Aventures de Tintin, e que passaram em Portugal na RTP, os estúdios Belvision convenceram Hergé a fazer uma longa-metragem animada, com base num dos álbuns originais de Tintim. A escolha recaiu em O Templo do Sol, tendo Hergé sido o autor do argumento original, no qual trabalharia também Greg, entre outros colaboradores. Os acontecimentos de As Sete Bolas de Cristal, o álbum que O Templo do Sol continua, foram condensados no início do filme e narrados por uma personagem parecida com o próprio Hergé. A Belvision não se poupou a despesas nesta primeira adaptação em longa metragem de animação de uma aventura de Tintim, tendo inclusivamente encomendado uma canção a Jacques Brel. O filme, uma co-produção franco-belga, foi uma boa aposta comercial, pelo que Hergé e a Belvision ainda fariam um segundo , embora já não com base num álbum. Seria Tintim e o Lago dos Tubarões.
57. Segunda longa-metragem de animação com argumento de Greg
Estúdios Belvision produziram, em 1972, uma nova longa animada. Foi a última
Hergé queria evitar as dificuldades e as limitações que estão implicadas na adaptação ao cinema animado de um álbum de banda desenhada, e por isso optou por uma história original em Tintim e o Lago dos Tubarões, a segunda e derradeira longa-metragem de animação produzida pelos Estúdios Belvision tendo Tintim como herói. A realização da fita ficou desta vez a cargo de Raymond Leblanc, o histórico editor da revista Tintim. (O Templo do Sol havia sido dirigido por Eddie Lateste, também um dos autores do argumento). Hergé pediu a Greg que pensasse numa boa história, e o criador de Achille Talon optou por localizar a acção de Tintim e o Lago dos Tubarões na Sildávia, onde decorre também o enredo do álbum O Ceptro de Otokar, e de ir buscar para vilão um dos inimigos de Tintim, Rastapopoulos. Os Estúdios Hergé tiraram um livro de banda desenhada do filme. Esta seria a derradeira manifestação de Tintim no cinema, até ao anúncio das adaptações de álbuns em 3D digital tuteladas por Steven Spielberg e Peter Jackson.
Nos 90 anos do herói criado por Hergé, recordamos as suas (poucas) incursões pelo cinema
A vida cinematográfica de Tintin não é abundante, apesar de Hergé, o seu criador, ter sido apreciador de cinema, e de muitos realizadores serem leitores dos seus álbuns — Alain Resnais, Roman Polanski, Jean-Pierre Jeunet, etc. — e alguns deles terem-lhe mesmo feito alusões aqui e ali nos filmes. No entanto, o imortal herói da banda desenhada europeia já experimentou de quase tudo nos poucos filmes que protagonizou, entre adaptações dos seus álbuns e histórias originais. Temos filmes artesanais de animação imagem a imagem, animações tradicionais, produções em captura de movimento digital e também de imagem real. Variedade não falta.
As aventuras de Tintin no cinema
“Le Crabe aux Pinces d’Or”, de Claude Misonne (1947)
A primeira aparição de Tintin no cinema, logo depois da II Guerra Mundial, é uma verdadeira curiosidade. Trata-se de uma adaptação muito artesanal do álbum O Caranguejo das Tenazes de Ouro com bonecos feitos de gaze, e animados imagem a imagem. O filme teve poucas projecções públicas na altura, e após a falência do seu produtor, em 1948, foi apreendido pela justiça, ficando inacessível até 2008, ano em que foi finalmente lançado em DVD.
“As Aventuras de Tim-Tim”, de Jean-Jacques Vierne (1961)
O primeiro filme de imagem real de Tintin é uma história escrita originalmente para cinema, que teve a colaboração de Goscinny. Jean-Pierre Talbot, um jovem monitor desportivo, foi o escolhido por Hergé para interpretar Tintin, pela sua grande parecença com a personagem, e o veterano Georges Wilson é o capitão Haddock. A história gira em redor de um velho navio, ancorado num porto turco, que é legado a Haddock por um amigo que morreu, e que poderá conter um tesouro muito bem escondido. O título original da fita é Le Mystère de La Toison D'Or.
“O Mistério das Laranjas Azuis”, de Philipe Condroyer (1964)
O sucesso de As Aventuras de Tin Tin convenceu Hergé a repetir a experiência, de novo com uma história original. Jean-Pierre Talbot volta a personificar Tintin, tendo Georges Wilson cedido a personagem do capitão Haddock a Jean Bouise. A acção do filme passa-se em Espanha, dado tratar-se de uma produção franco-espanhola e do país vizinho oferecer nessa altura facilidades ideais de rodagem. Tintin e os seus amigos têm que resolver um enigma relacionado com umas estranhas laranjas azuis, uma das quais foi enviada ao Professor Tournesol, e depois roubada de Moulinsart.
“Tim-Tim e o Templo do Sol”, de Eddie Lateste (1969)
Depois de uma série de adaptações animadas para televisão dos álbuns de Tintin pelos famosos Estúdios Belvision terem sido muito bem recebidas pelo público, Hergé decidiu apostar no cinema, com uma longa-metragem de animação baseada em As Sete Bolas de Cristal e O Templo do Sol, que põe a ênfase neste último álbum. O argumento contou com a colaboração de Greg, então chefe de redacção da revista Tintin, e a produção chegou a encomendar a Jacques Brel duas canções para a banda sonora do filme.
“Tin Tin e o Lago dos Tubarões”, de Raymond Leblanc (1972
A segunda longa-metragem animada de Tintin retoma a ideia dos dois filmes de imagem real do herói de Hergé, ao ter um argumento original escrito por Greg. A história passa-se em território conhecido de Tintin, a Sildávia. Tintin, Haddock e Dupont e Dupond vão visitar Tournesol, que faz pesquisas numa vivenda à beira de um lago que os locais consideram ser maldito. A fita conheceu um sucesso colossal, em especial na Bélgica, onde foi apenas batida na bilheteira por O Padrinho e Laranja Mecânica.
“As Aventuras de Tintin – O Segredo do Licorne”, de Steven Spielberg (2011)
Há já muitos anos que Steven Spielberg queria filmar as aventuras de Tintin, de que é ávido leitor, mas só o conseguiu muito depois da morte de Hergé (que era também fã dos seus filmes). Este é o primeiro título de uma trilogia (a segunda fita foi anunciada recentemente). Spielberg queria optar pela imagem real, mas Peter Jackson, seu associado na produção, convenceu-o que só a técnica digital de captura de movimento faria justiça aos álbuns. O argumento inclui elementos de três aventuras de Tintin. Jamie Bell e Andy Serkis são Tintin e Haddock. O filme dividiu radicalmente os fãs de Tintin, com alguns a aplaudi-lo e outros a considerá-lo uma deturpação total das personagens e do universo de Hergé por um cineasta americano incapaz de perceber o espírito da banda desenhada francófona.
Eurico Barros, Time Out, 07/02/2019
ler também artigo de https://bloguedebd.blogspot.com/2013/05/cinema-e-banda-desenhada-1-na-sombra-de.html
(7 BOLAS DE CRISTAL, PRISONERS OF THE SUN)
Tim-Tim E o Mistério do Velo de Ouro (1961) 18/12/1961
As Aventuras de Tim-Tim
Condes - às 15h15 e 18h15 p. red. (M. 6 anos) às 21h30 (M/ 12 anos)
Um grande filme de acção ininterrupta que é a maior aventura do prodigioso TIM-TIM, pela primeira vez no cinema. (Eastmancolor)
http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06544.082.17596#!3
http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06544.082.17601#!3
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O Mistério das Laranjas Azuis - 21/12/1964
http://casacomum.org/cc/diario_de_lisboa/dia?ano=1964&mes=12
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TIM TIM e O TEMPLO DO SOL - 23/12/1970
http://casacomum.org/cc/diario_de_lisboa/dia?ano=1970&mes=12
http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06807.157.25258#!9
Pela 1a vez em Portugal o primeiro grande desenho animado a cores de
TIM-TIM E O Templo do Sol
Condes às 14h15 16h30 e 18h45
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Tim-Tim e o Lago dos Tubarões (1972) - 18/12/1980
Odeon Alvalade
http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06834.184.28734#!19
http://casacomum.org/cc/diario_de_lisboa/dia?ano=1980&mes=12
http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06834.184.28924#!27
SABE QUE SABE 61
http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06543.081.17456#!24
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