Tudo neste livro é um music-hall, uma banda-sonora-desenhada para se ouvir, lendo.
Um contínuo namoro entre uma peixeira e um pescador. Uma criança que foge para ouvir cantar um Rei. Um homem na cidade. Um malcriadão que nem gostava de laranjas. A rua que embora suja bordava os temas ascendentes do desejo. O último copo na hora da despedida que foi também de reencontro. Um cantar que a deixou levar. Uma corrida de táxi até ao passado. Uma poética aos poetas. Dois ou três traços aos desenhadores. Um japonês que quer uma guitarra morta mas vivida. Um filme que dança em Angola, no Brasil, em Espanha e aqui. E ele que não chega e depois não a larga mais. E tudo isto é Fado. Até um Tuk tuk feito mensageiro intermitente de paixões é aqui Fado antes de deflagrar em praga pelas ruas de Lisboa. Até a Ginjinha do senhor António é Fado. Ou o Tintin passeando na Feira da Ladra. Atrevo-me mesmo a dizer que até o pincel de Carlos Botelho, que odiava o Fado, era em si Fado. Tudo isto é Fado!
(prefácio do livro Tudo Isto É Fado de Nuno Saraiva - Uma produção Sol/Egeac/Museu do Fado, 2500 exemplares, 64 pág,)
TUDO ISTO É FADO!...
...nasce de parto induzido. Nem um teaser, nem um lançamento ou festarola, para já. Nasce de parto induzido e devido às inclemências dos tempos que forçaram a administração do grupo de media Newshold a comunicar na redacção do jornal Sol, co-editor deste livro, um selvagem despedimento colectivo. Com tantos camaradas com a vida a prazo não é razoável dar lugar a festas, não seria Fado mas enfado. No meio disto tive sorte, este livro nasce de parto induzido mas saúdavel e deu entrada antes de tudo desmoronar.
Nuno Saraiva, 17/12/2015
O livro "Tudo isto é Fado!" (Museu do Fado) foi galardoado com o prémio Melhor Livro de BD 2016 (FIBDA).
Existe uma edição em polaco.
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