Três dias antes, já na segunda-feira, o Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, recebe uma ante-estreia muito especial do filme de Steven Spielberg no âmbito da Capital Europeia da Cultura, com a presença de um dos grandes especialistas na personagem de banda-desenhada criada por Hergé. Yves Février, do Museu Hergé de Louvain-la-Neuve, na Bélgica, virá a Guimarães dar uma conferência sobre Tintin, às 18h30, acompanhando a exibição do filme em 3D (na versão dobrada em português às 15h30, na versão original inglesa legendada em português às 21h30). Paralelamente, o universo de Tintin e Milu é alvo de uma iniciativa escolar de desenho que será exposta com as ante-estreias. Realizado inteiramente no método de "performance capture" utilizado por Peter Jackson em "O Senhor dos Anéis" e "King Kong" e por James Cameron para criar os alienígenas Na'vi de "Avatar", "O Segredo do Licorne" é um projecto que Spielberg transportava há 30 anos - mais precisamente desde que lhe apontaram as semelhanças entre o intrépido repórter da banda-desenhada e o seu Indiana Jones, tal como revelado em "Os Salteadores da Arca Perdida" (1981). Com a ajuda de Peter Jackson, co-produtor do filme e responsável pela supervisão de todo o trabalho de pós-produção gráfica, Spielberg abalançou-se finalmente a concretizar o seu sonho em 2009, sobre um argumento dos ingleses Steven Moffat, Edgar Wright e Joe Cornish que usa como centro da narrativa o álbum "O Segredo do Licorne", embora inserindo elementos de "O Caranguejo com Tenazes de Ouro" e uma série de piscadelas de olho a outras aventuras de Tintin. A 40 dias de rodagem com actores num "plateau" virtual na Nova Zelândia seguiu-se mais de ano e meio de trabalho no "revestimento" digital das interpretações dos actores (Jamie Bell, Daniel Craig, Andy Serkis e Toby Jones, entre outros) para criar um universo a meio caminho entre o traço da banda-desenhada e o fotorrealismo da animação digital. O resultado promete dividir opiniões, quer entre os fãs de Tintin quer entre os fãs de Spielberg, que não estão habituados a ver o cineasta a abraçar tão abertamente o "cinema virtual", mesmo que com o seu amor do cinema clássico bem visível. Uma coisa podemos dizer desde já: independentemente dos resultados da adaptação, a fidelidade do filme ao espírito da série é invulgar, e consubstancia-se na extraordinária criação que é o capitão Haddock de Andy Serkis. O actor inglês está, aliás, habituado a estas coisas da "performance capture", ele que foi o Gollum de "O Senhor dos Anéis" e o King Kong para Peter Jackson, e o César de "Planeta dos Macacos - A Origem". Resta apenas saber o veredicto do público e da crítica - a partir de dia 26 na Europa continental, mas só em Dezembro nos EUA e no Canadá, onde a personagem é menos conhecida e o filme vai estrear em simultâneo com "Cavalo de Guerra", a adaptação (em imagem real) do romance de Michael Morpurgo que Spielberg dirigiu durante a pós-produção de Tintin e que apenas chegará à Europa em Janeiro.
in Público-Ypsilon
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