ARCINDO MADEIRA (1915-2022)
Nasceu em Coimbra onde começou a ser artista fazendo caricaturas para os livros de curso e colaborando na imprensa local.
Colaborou em O Papagaio entre 1936 e 1940 antes de ir para o Brasil. Foi homenageado pelo Amadora BD em 2022 pouco antes de morrer,
#95; 04 Fevereiro 1937; Capa; Tintim e Milou [mais chefe dos bandidos]
#101; 18 Março 1937; Banda Título; Tintim e Milou - Am
#116; 01 Julho 1937; Banda Título; Milou - Ch
#219; 22 Junho 1939; Banda Título; Tintim e Milou - Co
#261; 11 Abril 1940; Capa; Milou - Or
Fontes:
https://marcadefantasia.com/ego/encartes-qi/edicoes_avulsas/arcindo_madeira/arcindo_madeira.pdf
http://www.guiadosquadrinhos.com/artista/arcindo-madeira/11374
https://www.lambiek.net/artists/m/madeira_arcindo.htm
https://oelucubrativo.blogspot.com/2023/02/arcindo-madeira.html
Viver cultura - Artes - Edição 1527 - 2003-03-27
https://biblioteca.cm-amadora.pt/uploads/9f134daf72e4acc05acdef85c51286a2.pdf anos - 30
Universo Arcindo
A presença de Arcindo Madeira na edição de 2002 do Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora (FIBDA) foi uma agradável surpresa. O facto de o autor português ter nascido em 1915 (em Coimbra, a 7 de Agosto) e, principalmente, a circunstância de ter deixado o contacto regular com o leitor português a partir da altura em que emigrou para o Brasil, em 1941, levantavam algumas interrogações quanto à figura que iria ser homenageada na Amadora, com uma exposição individual na Galeria Municipal Artur Bual e com a elevada distinção do Troféu Honra do Festival.
Arcindo Madeira estreia-se no ABC-zinho em 1930 (com O Automóvel à Vela). Publica ilustrações no Pim-Pam-Pum!, Gazeta do Domingo, Yo-yo, Reporter de Coimbra, Imagem, Paracelso, Sempre Fixe e O Liberal. A partir de 1936, torna-se um dos mais representativos autores de O Papagaio, onde publica sobretudo ilustrações e histórias curtas (publicando uma única história em continuação, Aventuras de Jim Kaco). Permanecendo n' O Papagaio (a revista que estreou o Tintin em Portugal) até 1940, Arcindo Madeira marca definitivamente a imagem da revista na segunda metade da década de trinta, quer pelo belíssimo trabalho de cor, quer pelo estilo muito pessoal do autor, pleno de movimento (um movimento caricatural e característico) e com uma eficaz síntese ao nível do traço, que distingue verdadeiramente as suas personagens de quaisquer outras (o "universo Arcindo", como lhe chama Dias de Deus). Para lá d' O Papagaio, Arcindo continua a publicar ilustrações, caricaturas e bandas desenhadas em diversos jornais e revistas: Ginásio, Renascença, O Canudo, O Século Ilustrado, Diário do Alentejo, Pim-Pam-Pum!, A Risota, Gazeta de Domingo, Diário de Notícias, Diário de Lisboa, O Senhor Doutor, etc.
Em 1941, emigra para o Brasil, passando a colaborar no Suplemento Juvenil de Adolfo Aizen, e noutras publicações. Trabalha também em publicidade e faz cenários para teatro de revista. Em 1944 introduz o sistema de impressão por serigrafia no Rio de Janeiro. Na década de 50, colabora n' O Globo, onde começa a publicar as suas famosas crónicas de viagem (num curioso paralelo com o Grande Concurso das Nações que ilustrou para O Papagaio), e é director artístico do Rio Magazine.
A exposição individual de Arcindo que a Amadora apresentou na Galeria Municipal Artur Bual (e que marcou o arranque oficial do Festival), deixava de fora a "fase portuguesa" do autor, e privilegiava a ilustração sobre a (muito pouco representada) banda desenhada. Com esta abordagem, a grande beneficiada foi a síntese do traço solto e eficaz (fortemente enraizado no desenho do natural) que torna o desenho de Arcindo tão característico. É um tipo de traço que era imagem de marca da época de ouro da BD portuguesa, e que está "em vias de extinção". Os desenhos de Arcindo atravessam décadas sem que haja diferença significativa ao nível da energia e firmeza do traço. Esta energia e firmeza é também a que apresenta Arcindo Madeira no contacto pessoal. Indiferente ao passar dos anos, Arcindo comenta projectos futuros e métodos de trabalhos passados, questiona sobre a vida e obra de outros, tira fotografias e disponibiliza-se para sessões de autógrafos, revelando uma vitalidade maior do que a de muitos jovens autores que a Amadora tem revelado.
Lamentavelmente, o trabalho do autor Arcindo Madeira é pouco conhecido do grande público, evidenciando uma lacuna do revitalizado mercado português da banda desenhada.
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