Do Nuno. Foi nas eleições da Madeira de 1996 que o reconheci - não conhecemos pessoas novas quando elas são como nós: reconhecemo-nos nelas. Para além de ser capaz de perceber todos os temas em discussão, havia História nas suas histórias e alegria nas estórias. Havia o sorriso inteligente e matreiro, a vontade de ver acontecer e fazer por isso. Ele estava em vantagem - ou desvantagem, se quiserem ver por outro prisma (o que é sempre possível) - pois tinha a obrigação acrescida de honrar o nome do pai - e por causa dele, do filho Nuno, gostei de conhecer o pai. E a avó. A família. E todas as coisas inúteis que nos ensinou.
Depois, depois havia outra coisa que nos uniu ainda mais: o nosso gosto pelo Tintin. Sobretudo Hergé, o seu autor.
Em casa do Nuno estava emoldurada a carta que Hergé lhe enviou em 1971: “Será que as crianças portugueses são normalmente precoces como tu?”, perguntava o genial criador do repórter de Bruxelas. A mesma Bruxelas onde, em frente do Palácio Real - Real, real por el-Rey de Portugal! - o Nuno, o repórter Tintin, posou. Só lhe faltava o ceptro de Ottokar.
Espero que essa carta fique em boas mãos. O Nuno já deve estar, entretanto, com a família e deve estar a contar tudo ao Hergé para que ele faça uma aventura de Tintin ambientada em Portugal.
Boas aventuras, Nuno!
Frederico Duarte Carvalho, facebook, 27/01/2025
Nota: já tínhamos visto no facebook do jornalista Nuno Roby (1962-2025) a história do momento em que decidiu escrever uma carta a Hergé e obteve uma resposta. Acontece que a página do facebook foi apagada mas felizmente que o seu gosto por Tintin foi relembrado por FDC.
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