terça-feira, 28 de maio de 2024

Brindes Olá Grátis


Brinque com Tin-Tin e os seus 20 companheiros de aventuras!

Brindes Olá grátis

Colecção de 20 miniaturas de 2 cm de altura em plástico monocromático mas em várias cores (rosa, amarelo, azul, branco, vermelho ?).

Photo album "FIBDA 2007 - As 10 BD do séc. XX (Tintin)" Tintin News, 2019  · FIBDA 2007 - As 10 BD do séc. XX (Tintin) © Jorge Macieira www.facebook.com/Tintin.News/videos/726249467418109/

Nos anos 70 do século passado, os gelados Olá ofereciam, com os seus produtos, miniaturas das personagens das aventuras do Tintin em plástico monocromático, numa produção da fábrica Tito.

A colecção é de 20 miniaturas de 2 cm de altura, a saber:

- Faquir Cipaçalouvishni (O Lótus Azul)

- Coronel

- O Emir Mohammed Ben Kalish Ezab

- Zorrino (O Templo do Sol)

- Ab Dallah (Tintin no País do Ouro Negro)

- Allan (Os Charutos do Faraó)

- Professor Girassol

- Nestor

- Wang Jen-Ghié (O Lótus Azul)

- Dupond

- Dupont

- Tintin

- Milou

- Capitão Haddock

Serafim Lampião Oliveira da Figueira

- Doutor Finney (Os Charutos do Faraó)

- Philémon Siclone (Os Charutos do Faraó)

- Rastapopoulus

- Rackam, o Vermelho

- Castafiore

https://tintinemportugal.blogspot.com/2011/06/brindes-dos-gelados-ola.html

Também há bonecos monocromáticos no estrangeiro (Stenval, Esso) e em outras cores (vermelho, verde, roxo, azul, branco)

sexta-feira, 24 de maio de 2024

Ver E Saber (Voir et Savoir)

Tintin - Cromos Ver e Saber - Aviação e Marinha

Os Estúdios Hergé editaram as colecções de cromos Voir et Savoir: A história do Automóvel, A história da Aviação e A história da Marinha. Em Portugal, esses cromos foram editados pela Editorial Íbis, sendo os cromos da História do Automóvel editados em livro pela Editorial Pública em 1982. 

Actualmente, estes cromos são uma raridade para os tintinófilos mundiais. (...) colecção de 32 da História da Aviação - Origens a 1909, que acompanhavam as embalagens da Tulicreme no ano de 1970. 

[Há também uma outra coleção sobre a Marinha mas que não tem caderneta]

https://biblobd.blogspot.com/2010/01/tintin-cromos-ver-e-saber-aviacao.html

CROMOS / CADERNETA

HISTÓRIA DA AVIAÇÃO ORIGENS A 1909 - 32 cromos (Editorial Ibis / Tulicreme)


Caderneta "Tintin em aviōes", 32 cromos Ver & Saber da série « Aviação origens a 1909 », edição Tulicreme - editorial Ibis, Portugal, ano de 1970


Para obter a caderneta era preciso enviar o nome e morada, com a importância de 3$00 em selos de correio,  para a Editorial IBIS Rua Henrique de Paiva Couceiro, 11 - Venda Nova, Amadora.

Os selos S.C. Orey Antunes deveriam ser colados no impresso destacável da caderneta.

Os cromos eram um pouco menores em relação aos cromos originais e também eram em menor número (32/60).

Duplo concurso Tulicreme (1970)

Sorteios Mensais

Todos os meses - 02/09/1970 - 07/10/1970 - 04/11/1970 - 02/12/1970 - eram sorteadas 10 bicicletas EFS

Devia-se recortar o triângulo EFS que estava impresso no envelope, colar num postal e enviar para a FIMA Fabrica Imperial de Margarina, Lda, Apartado 2481, Lisboa 2

Sorteio final

Os três principais prémios eram viagens de 7 dias para três pessoas a três destinos diferentes: Londres, Palma de Maiorca e Madrid (que deveriam acontecer ainda durante o ano de 1970).

Devia colar-se na folha destacável da caderneta o selo SC Orey Antunes que estava impresso no folheto. Quando os 16 espaços estivessem preenchidos deveria colar-se a folha num postal com nome, morada e idade e enviar para a FIMA Fabrica Imperial de Margarina, Lda. Apartado 2481, Lisboa 2

1-3 - Viagens; 4-12 - Bicicletas EFS; 14-33 - Coleções de livros juvenis; 34-40 - Conjunto de construções juvenis; 41-60 - Assinaturas da revista Tintin

Colaboração: Agência de Viagens Orey Antunes, Fábricas de Bicicletas EFS, Editorial IBIS

HISTÓRIA DA MARINHA - Pelo menos 21 cromos (Editorial Ibis / Tulicreme)



Não se conhece caderneta para a coleção da Marinha.

(Imagens de Fernando Marques)

HISTÓRIA DO AUTOMÓVEL

Foi editado em livro, no ano de 1982, pela Editorial Pública.

Tintin raconte - Voir et Savoir

Uma das vertentes pedagógicas da banda desenhada é, sem dúvida, a didáctica. Aproveitando o sucesso do Tintin, o atelier de Hergé, com a ajuda preciosa de Bob de Moor, Jacques Martin e Edgar Pierre Jacobs, editou a colecção Voir et Savoir que reunia colecções de cromos desenhados com a presença de Tintin e Milou e retratava a evolução histórica dos diversos meios de locomoção (Comboios, Barcos, Automóveis e Aviões).

A primeira colecção que surgiu foi «Le chemin de fer», que reuniu unicamente seis cromos e que marcou significativamente o fim da colaboração de Jacobs com Hergé.

Posteriormente surgiram sob a direcção histórica e técnica de Jacques Martin o volume «L' histoire de l'aviation - des origines a 1914», que contém 60 cromos. O segundo volume sobre a história da aviação cobre o período de 2ª Guerra Mundial (1939-1945) com também 60 cromos.

O balonismo também teve uma edição específica de 60 cromos com a «L' histoire de l'aérostation - Des origines a 1940», que teve a direcção técnica de Edgar Pierre Jacobs.

Os volumes seguintes foram dedicados à marinha. O primeiro volume «L' histoire de la marine - Des origines a 1700» teve a direcção histórica e técnica de Georges Fouillé e do banda desenhista Bob de Moor. O volume teve os mesmos 60 cromos com a particularidade de retratar diversas caravelas do período áureo dos descobrimentos portugueses. O segundo volume foi editado mais tarde e cobre o período de 1700 a 1850 com a quantidade de cromos, tendo a direcção técnica da responsabilidade de mais um elemento, Marjolaine Mathikine.

Finalmente, a história do automóvel com um volume de 60 cromos e a direcção técnica de Jacques Martin: «L' automobile - Des origines a 1914». 

Este volume teve uma edição portuguesa da Editorial Pública em 1982 com o título «A história do Automóvel» inserido na colecção Pequena Enciclopédia Tintin.


Livro. História do automóvel com desenhos de Tintin e Milou por Jacques Martin. Editorial Pública, Lisboa - 1982, 63 páginas, Cor, Cartonada, 320x235 mm 

História do automóvel : das origens até 1900 - Hergé, Jacques Martin, Tradução de Ricardo Alberty,
COLECAO: Pequena enciclopédia Tintin


Zetantan, Over Blog, 09/09/2006

Há uma colecção de calendários da Ilanco (Porto, 1986) denominada "Desenvolvimento Histórico do Automóvel" mas que não tem os desenhos de Hergé.

Todos os cromos da colecção original podem ser vistos nos seguintes links:

- Album Chromos Voir et Savoir

- Tintin passion: Tintin raconte...

páginas Fb «Chromos S&V» e « Troc Tintin »:

Plusieurs critères déterminent le prix d’un chromo V&S :

- le thème de la collection (6 chromos Chemin de fer seulement et 36 Aérostation), les autres collections comprennent 60 chromos.

- le texte au verso (les versions promotionnelles «spécimen», «cadeau d’abonnement», les versions publicitaires «Prinsor», «INA», «Shell italia», «Tulicreme») sont plus rares et plus recherchées…

https://www.facebook.com/chromosvoiretsavoir/

COLECÇÃO VER E SABER

Tintin em aviões. Caderneta flexível agrafada, destinada a acomodar os 32 cromos da série «Aviação origens a 1909», edição promocional da Tulicreme - editorial Ibis, Portugal, anos 1970 (1971? )

A coleção da série "Aviação origens a 1909" tem 32 cromos (mesma numeração do álbum). O verso inclui o nome e a descrição sobre o avião, os direitos autorais Casterman e o nome da editora portuguesa Ibis.

Para a série "Marinha", o verso inclui uma descrição do barco, autorização das editions lombard, direitos autorais da Casterman e o nome da editora portuguesa Ibis. Os números nestes cromos são diferentes do álbum (por exemplo o n° 24 original passa a ser o nº 14 na coleção portuguesa).

Hergé, pequena enciclopédia tintin, história do automóvel, editorial pública, Lisboa, outubro 1982. 63 p. 32 x 23 ,5 cm.

GH

terça-feira, 21 de maio de 2024

Hergé colaboracionista?

Em finais de 1944, após a libertação da Bélgica, Hergé foi preso, sob a acusação de colaboracionista, pelo Mouvement National Belge e também pela Front de l'Indépendence. Mas nada se tendo provado, foi sempre posto em liberdade pouco tempo depois.

Apesar disso. há quem mantenha a suspeita de que Hergé tenha sido, a certa altura da ocupação alemã, influenciado por algumas personalidades com quem contactou, designadamente Léon Degrelle, que lhe fez a proposta de ele passar a ser o desenhador do movimento rexista, uma organização fascista financiada por Mussolini, o que Hergé recusou formalmente.

Ainda a propósito da posição ideológica de Hergé (que, partindo de uma atitude inicial conservadora, racista e reaccionária, foi evoluindo ao longo da vida e da obra até olhar o mundo de um ângulo mais independente e humanista), será interessante registar um pequeno excerto de um texto escrito por José Augusto França no jornal Diário de Lisboa, em 24 de Março de 1983, referindo-se ao autor belga que falecera há três semanas:


"(…) Um velho amigo a quem sempre estive anonimamente agradecido pelos pequenos prazeres que me deu com as aventuras do Tintin por esse mundo fora, em prol dos justos e para castigo dos maus – que tinham sempre certa duvidosa cor vermelha, desde a primeira das histórias, passada no «país dos sovietes», em 1929…

A ideologia era com o autor, e a verdade é que o Balzac também era reaccionário e não deixa, por isso, de ser quem é (…)".

José Augusto França também poderia ter falado do anti-americanismo de Hergé, muito em voga na época, latente em Tintin na América.

E sobre a sua evolução política, será justo recordar a figura de um tal Mussler que aparece n'O Ceptro de Ottokar (1938). Na vida real, a Áustria tinha sido anexada pela Alemanha. Em paralelo, no reino imaginário da Sildávia, o rei está ameaçado pelo ditador militar que domina a Bordúria, cujos soldados vestem à maneira nazi. E na própria Sildávia há um conspirador, o tal Mussler (mistura de "Muss", como Mussolini, e "ler", última sílaba de Hitler) que trabalha em prol do ditador. Bastante sintomático da posição ideológica que já começava a caracterizar Hergé. Mas voltando à acusação que sobre ele ainda hoje pende de colaboracionismo, e a favor da tese da sua inocência, é de realçar a consideração demonstrada por Hergé pelo membro da Resistência, Raymond Leblanc, ao convidá-lo para colaborar na tal nova revista Tintin.

As atitudes fundamentalistas tomadas por algumas forças políticas, após a libertação da Bélgica foram ao ponto, como já disse anteriormente, de interditar o exercício da profissão a todos os jornalistas que tivessem participado na redacção de qualquer jornal durante a ocupação.

E repetindo o argumento que já defendi noutro texto: segundo tal premissa, isso poderá significar que toda a gente que escrevia, ou desenhava, ou fotografava nos jornais, para se sustentar, estava nas mesmas circunstâncias.

Mas assim como os jornalistas, também médicos, professores, arquitectos, autores de banda desenhada – caso de Hergé, o mais conhecido autor belga – operários e agricultores, tinham continuado a lutar pela subsistência.

E poder-se-á acusar todos os belgas, – excepto os que tinham "corajosa e patrioticamente" emigrado – de terem sido colaboracionistas?

Todos nós, portugueses, que continuámos a viver neste país durante a ditadura salazarista, fomos coniventes com o fascismo?

Geraldes Lino, Divulgando BD, 27/09/2007

https://nonas-nonas.blogspot.com/2007/03/degrelle-tintin-e-herg.html



segunda-feira, 13 de maio de 2024

As crianças e as suas histórias


Últimos dias para visitar a exposição PAULA REGO: O GRITO DA IMAGINAÇÃO, patente na Casa de Serralves até 28 de junho. A Obra do Dia é a gravura CHILDREN AND THEIR STORIES [As crianças e as suas histórias] (1989), de Paula Rego (Lisboa, 1935). Mostrando como também no campo da gravura a artista explorou o universo dos contos infantis, pode ver-se um grupo de crianças que dançam de mãos dadas, numa roda oval; em primeiro plano surge uma miscelânea de personagens retiradas de lenga-lengas e histórias célebres, incluindo Alice no País das Maravilhas, Tintin, o Gato das Botas e Pinóquio.

Fundação de Serralves⁠, 15/07/2020

Foto: Filipe Braga © Fundação de Serralves⁠

https://place-des-arts.com/en/artist/Paula-REGO/djQjWvPJToFCR5kcP/Children-and-their-stories/5c93c358d0184516405fee54

Paula Rego é uma reconhecida pintora Portuguesa que foi condecorada pelo Governo Português e pela Rainha Isabel II. 

A gravura foi apresentada, pela primeira vez, na Biblioteca de Serralves na exposição PRIMEIRA VISTA: COLEÇÃO DE LIVROS E EDIÇÕES DE ARTISTA DA FUNDAÇÃO DE SERRALVES (2017/18) e, na Casa de Serralves, na mostra PAULA REGO: O GRITO DA IMAGINAÇÃO (2019/20), e depois apresentada no Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso, em Chaves.

sexta-feira, 10 de maio de 2024

Nuno Saraiva



"A rentrée está a chegar"

Conjunto de várias ilustrações incluindo capa, para o suplemento Ipsílon do PÚBLICO, 2011. A rentrée estava a chegar com Woddy Allen, Patti Smith, Britney Spears, Tintim, Tom Waits, Amadeus, António Lobo Antunes e Valter Hugo Mãe. … A rentrée é também agora, Fónix!


A [exposição] Fónix pode ser visitada até 31 de Outubro de 2016 e está integrada na 7º edição do Bairro das Artes. A organização foi repartida entre a abysmo, a DDLX Design Comunicação Lisboa, o Município de Setúbal e Casa da Imprensa - Associação Mutualista. exposição na Casa da Imprensa, r. da Horta Seca 20 (Lg Camões)

FÓNIX! - Exposta inicialmente em Setúbal em Junho de 2016, passando por Lisboa no Outubro seguinte, "Fónix!" chega em Janeiro de 2017 a Almada, cidade onde cresceu e deu os primeiros passos em riscos e pinceladas.

«"As Aventuras de Tintim: O Segredo do Licorne", filme tão longamente anunciado, de Steven Spielberg, eis o dito motivo de interesse. E é Tintin, lui même, que surge em grande plano, tanto na capa do "Ípsilon" como na ilustração de página dupla no interior daquela publicação.»

https://divulgandobd.blogspot.com/2011/08/ilustracao-por-autor-de-bd-ii.html

Antevendo a estreia das aventuras de Tintin no cinema no próximo mês de Outubro, a edição do jornal Público de 26 de Agosto de 2011 publica na sua primeira página um desenho de Nuno Saraiva, onde reconhecemos a figura do Tintin. 

Na capa do suplemento Ípsilon, também temos um trabalho de Nuno Saraiva, onde mais uma vez nos aparece o herói criado por Hergé.


http://tintinofilo.over-blog.com/article-pastiche-do-tintin-no-jornal-publico-82592417.html





quinta-feira, 2 de maio de 2024

quinta-feira, 25 de abril de 2024

Diário de Notícias

O "Diário de Notícias" começou a publicar tiras diárias de "As Aventuras de Tim-Tim" a partir de Dezembro de 1971.



Em 25 de Abril de 1974 estava a ser publicado o episódio "A Ilha Negra" que foi publicado entre 01/02/1974 e 07/06/1974. Curiosamente a revista Tintin começou a publicar esta aventura, na sua terceira versão, em 18/05/1974. 

O jornal "O Comércio do Porto" publicou as aventuras lunares entre 24/02/1974 e 05/06/1975.

https://tintinemportugal.blogspot.com/2011/06/tintin-no-jornal-diario-de-noticias.html

https://tintinofilo.weebly.com/diaacuterio-de-notiacutecias.html

TINTIN NOS JORNAIS PORTUGUESES 

Não será novidade para ninguém que muitas personagens célebres da Banda Desenhada tiveram os jornais a apoiá-los e a divulgá-los de uma forma mais ou menos intensa. Os norte-americanos sempre foram especialistas nesse campo e seriam nos seus jornais que apareceriam inicialmente muitas aventuras de heróis que acabariam por alcançar grandes sucessos. Com o Tintin não aconteceria isso, já que em Portugal as suas aventuras publicadas nos jornais iniciaram-se em tiras (o que provocaria muito impacto junto do público, pois as suas aventuras foram criadas em pranchas e é assim que deverão ser lidas). No entanto, seria o jornal "Diário de Notícias" a publicar essas mesmas tiras a partir de 08/12/1971 até 11/08/1975, tendo apresentado 10 histórias desde ‘O Mistério da Orelha Quebrada’ até ‘O Mistério das Latas de Conserva’, passando pelas aventuras de ‘A Estrela Misteriosa’, ‘A Ilha Negra’, ‘O Templo do Sol’ e outras. "O Comércio do Porto" também arriscaria em publicar de 24/02/1974 a 05/06/1975, mas desta vez em meias pranchas e pranchas, algum material, mas com muitas falhas na sua periodicidade. Mais tarde e de novo “O Diário de Notícias” publicou de 08/03/1981 a 30/05/1982 a história ‘Tintin na Lua’, igualmente em pranchas.

(...)

Carlos Gonçalves

Uma revolução desenhada


UMA REVOLUÇÃO DESENHADA: O 25 DE ABRIL E A BD

 A década de 70, que possibilitou em Portugal, com um certo desfasamento, o desencadear de transformações profundas que vinham, a nível internacional, da década anterior (para não falar numa recuperação do tempo perdido que vinha de muito mais longe, claro), foi também, curiosamente, um período charneira na história da BD europeia - e da BD em Portugal, que o 25 de Abril vai naturalmente potenciar e influenciar.

E a década de 70 é também uma época de transição na progressiva mudança dos hábitos de distribuição e consumo da BD. É neste período que as revistas de BD, que haviam marcado gerações desde pelo menos os anos 20 (e antes delas as publicações de caricatura e desenho satírico, mas num contexto diverso), vão começar a desaparecer, sendo substituídas pelos leitura directa em álbum, salvo cada vez mais raras excepções. Embora tenha havido, como ainda hoje, outras experiências, é precisamente da época que abrange o 25 de Abril a última revista de BD -- a versão portuguesa de "Tintin" (1968-1982), que, entre muitas outras coisas importantes, apresentou Corto Maltese em 1975 e abriu as suas páginas a Fernando Relvas, cujo Espião Acácio ficaria como marco de uma nova BD portuguesa cujos reflexos e pujança são hoje, até, mais evidentes.

Mas alguém imaginaria que, nos anos 70, em Portugal, reflectindo ou não as mudanças na sociedade, com os mais diversos graus de qualidade, e para além de toda uma produção vastíssima em revistas, jornais, boletins, folhetos, etc., se publicaram mais de 300 álbuns de autores estrangeiros e cerca de 100 portugueses?!

É neste contexto que o 25 de Abril vai encarar e utilizar a BD com um olhar novo. Se na memória das pessoas é natural que predominem alguns cartoons, particularmente de João Abel Manta, logo desde a altura (e retomando também experiências que vinham de trás, nalguns casos produzidas na clandestinidade), a BD vai surgir como um meio vivo e adequado para a intervenção política e cívica.

Intervenção tão actuante que na sua urgência e identificação com o próprio pulsar da Revolução, se integraria nas mais diversas formas de engagement da época, e hoje está esquecida. E a sua presença foi muito mais vasta e com assinalável frequência de muito maior qualidade do que se possa imaginar e recordar.

Muito sinteticamente, a BD que Abril trouxe, e no que diz respeito à produção portuguesa, pode ser agrupada em dois grandes núcleos: por um lado, a BD mais directamente politizada, que se ramificou essencialmente em duas tendências complementares: a BD de empenhada intervenção política com uma forte componente satírica, e a BD de formação cívica, de doutrinação política. Por outro lado, a BD já não tanto como instrumento mas como linguagem ficcional autónoma, mas abordando temas impensáveis, ou impossíveis antes do 25 de Abril devido à censura, a par de mais arrojadas pesquisas gráficas, de que o exemplo mais desenvolvido e paradigmático foi a revista "Visão".

Nos jornais, a produção foi vastíssima. É importante não esquecer, desde logo, que faz parte do universo da BD a tira desenhada, a história breve mas sequencial de que o exemplo mais emblemático no acompanhamento dos acontecimentos vertiginosos a seguir ao 25 de Abril foi o Guarda Ricardo de Sam, com o seu humor subtil, muito pessoal, que acabou por fazer um dos mais atentos diários da Revolução, e dos que mais convidam à reflexão - e não está ele, apesar do prestígio de que gozou, esquecido?

De tantos outros, recordem-se apenas, pela sua qualidade, intervenções como as de António e o seu Kafarnaum, nestas mesmas páginas do EXPRESSO, António que, de tão genial cartoonista em que se tornou, a maioria já se terá esquecido que foi também, depois do 25 de Abril, em diversas publicações, um importante autor de BD, e um daqueles que recorreram igualmente à BD de uma das formas mais engraçadas e eficazes desta época - utilizando satiricamente algumas das personagens mais famosas e populares da BD internacional. Ou as intervenções de José Paulo Simões que, na óptica do PCP, com a sua Direita de cara à banda, assinaria notáveis páginas satírico-políticas, que também dariam origem a um dos melhores álbuns de BD desta época. Ou as deliciosas desmistificações de F. Relvas na "Gazeta da Semana"...

Num duplo registo, outro dos nomes de maior qualidade seria Carlos Barradas, que além de presença assídua em publicações satíricas relativamente efémeras mas excelentes como "Pé de Cabra" ou "O Coiso", desenharia uma notável adaptação em BD do "Capital"de Karl Marx que é um dos exemplos mais conseguidos de BD didáctico-política.

Sem esquecer intervenções de qualidade como as de Cid, ou as de Marcelo Moraes na "Rua", numa perspectiva marcadamente de direita, seria obviamente no fervilhante universo da esquerda e sobretudo da extrema esquerda, nos meios operários, sindicais, partidários, estudantis, que a produção de BD seria imensa, servindo como símbolo entre todos uma história sobre a mais-valia, concluindo que os patrões não são precisos para nada, que teve as mais varias utilizações e reproduções, incluindo em murais de rua. Assim como seria o álbum "A Comuna de Paris de 1871", ligado à "Spartacus" (OCMLP) que daria um dos exemplos mais expressivos do espírito da época, pelo trabalho colectivo, a 4 mãos, empenhado, educativo e anónimo (hoje sabe-se que por trás estavam Elisabete José, Jorge Pé Curto, Nuno Pacheco e Rui Pimentel). Seriam, aliás, as correntes maoistas que tornariam familiares as bandas desenhadas chinesas como exemplo da verdadeira e boa BD.

A BD teria também uma importante utililização cívica, cujo exemplo mais feliz e vistoso foi "Vão à escola? Não, vão votar!", do MFA, e invadiria igualmente o ensino em várias vertentes, com aplicações excelentes e alguns abusos.

Mas há muito por onde escolher perder tempo, desde «A Palavra e a Mão», de Joaquim Brito, João Rodrigues e João Botelho, que ironiza sobre a crise académica de Coimbra de 1969, a "Contra a Escravidão pela liberdade", «História Ilustrada» do MPLA; da campanha eleitoral de Pinheiro de Azevedo desenhada por Victor Péon à campanha do Imposto Complementar desenhada por António Alfredo para o Ministério das Finanças. Só uma conclusão é possível: a BD teve, nesta época, uma importância sem par.

A experiência mais significativa de renovação da BD viria a ser, no entanto e de facto, a revista "Visão", em 1975/76. Nos seus efémeros 12 números, mostrando que a BD tradicional ainda era dominante nos gostos e hábitos, trouxe uma lufada de ar fresco através de uma renovação temática e estética que envolveu nomes como Victor Mesquita, Pedro Massano, Carlos Barradas, Isabel Lobinho, Zé Paulo Simões, Carlos Zíngaro, Zepe, Nuno Amorim, Duarte, etc., e que trouxe, além do humor, o erotismo de raiz literária, a guerra colonial, etc.

Todo este universo, brevissimamente evocado através das principais linhas de força, ainda precisa de ser muito mais amplamente estudado e recordado. Mas neste momento já não está esquecido.

Promovida pelo Centro de Documentação 25 de Abril, com a colaboração do Centro de Estudos Sociais e da Bedeteca de Lisboa, e contando com o alto patrocínio da Comissão Nacional para as Comemorações Oficiais dos 25 anos do 25 de Abril, a exposição Uma Revolução Desenhada: O 25 de Abril e a BD, inaugurada a 15 de Abril, em Coimbra, evoca a vitalidade da BD neste período nas mais diversas facetas.

Comissariada por João Miguel Lameiras, João Paulo Paiva Boléo e João Ramalho Santos e com cenografia da Antevisão, a exposição pretende mostrar a intensa produção de BD surgida na época (ou mesmo algo posterior, desde que relacionada com o tema) e que, dos álbuns às revistas, dos panfletos aos jornais, dos cartazes aos murais, ajudou a traçar a própria imagem da revolução dos cravos. Uma componente documental, caracteriza os oito núcleos que constituem a viagem pelas imagens de Abril. Viagem essa que se inicia com os acontecimentos do dia 25 de Abril revisitados pelos autores de BD nacionais e estrangeiros (cuja visão mais completa, e cepticamente lúcida, é sem dúvida "O País dos Cágados", de Artur Correia e António Gomes de Almeida, numa pérola a (re)descobrir), para prosseguir com a abordagem das lutas operárias e estudantis e a resistência às brutalidades da Pide. A um terceiro núcleo, dedicado à Guerra Colonial, onde encontramos também trabalhos produzidos em Angola e Moçambique, segue-se "A BD como ferramenta de comentário político-social", que é o núcleo mais extenso, onde é também dada uma certa atenção às campanhas eleitorais. Parte-se em seguida para a utilização didáctica da banda desenhada, quer no ensino, quer enquanto instrumento de educação cívica ou de doutrinação política. Depois de se ver a forma como a popularidade dos personagens de BD era utilizada como arma de propaganda política e traçar o panorama da banda desenhada em Portugal durante os anos 70, a primeira parte da exposição termina com o núcleo dedicado à revista "Visão".

Uma mostra apoiada sobretudo em reproduções e que, por uma questão de filosofia, mais do que mostrar pranchas originais, privilegia o suporte impresso em que essas histórias chegaram ao público da altura.

A fúria comemorativa encheu-nos já os dias com um sem número de imagens e memórias e evocações dos acontecimentos de Abril de 1974, com qualidade e interesse variáveis, incluindo novas BDs, evocativas da História ou com visões pessoais. E promete continuar, pelo que convém aos interessados em perceber o seu tempo muita perseverança e discernimento para separar aqueles contributos que trazem alguma coisa de novo e os que apenas nos fazem perder tempo. Se alguma coisa as revoluções nos ensinam é que o tempo é um bem precioso.

Daí que a exposição seja acompanhada por um livro/catálogo com o mesmo título que se revela inovador a vários títulos. Embora se trate aqui mais de um ponto de partida do que chegada, a pesquisa é enorme, seja pela simples recolha, seja pelas inúmeras revelações. Ao que se deve somar aquilo que talvez seja o mais importante: o retrato que esta arte faz do país e do tempo, «documentando os mais variados aspectos, permitindo evocar de forma sugestiva e sintética a multiplicidade de perspectivas e tendências, tanto políticas e sociais como estéticas, de que este período histórico foi feito», não se resumindo os materiais apresentados, como se viu, apenas ao desenho da revolução propriamente dita. O panorama da bd da época é completado por uma excelente (e impressionante pelo número) bibliografia de álbuns dos anos 70, assinada por Carlos Bandeiras Pinheiro.

Com arranjo gráfico de José Miguel S. Reis, cujo importante contributo nunca é demais realçar, a obra pretende estabelecer um diálogo com a exposição, de que funciona como um complemento com vida autónoma.

A segunda parte, intitulada "Visões de Abril", é composta pelos originais de 18 histórias inéditas, integralmente constantes no livro, feitas expressamente para esta exposição por alguns dos mais representativos autores de BD portugueses de várias gerações, que aceitaram associar-se a esta iniciativa, apesar do pouco tempo que lhes foi dado. Assim, os veteranos como Pedro Massano, Luís Diferr, Fernando Relvas, Rui Pimentel e José Pires, as certezas como Filipe Abranches, José Carlos Fernandes, Pedro Cavalheiro, Diniz Conefrey e José Abrantes, e as promessas como Rui Lacas, Rui Ricardo, Victor Borges, Miguel Rocha, Paulo Patrício, António José Lopes, Pedro Brito e Mário Moura, mostram num máximo de quatro páginas, a sua visão particular do 25 de Abril. Visões individuais e distintas, das quais fazem parte metáforas brilhantes de valores confirmados e de belas promessas. Alguns relatos autobiográficos transformam-se pela sua frescura em verdadeiros documentos. Experiências gráficas revelam inesperada consistência. O conjunto revela que continuamos capazes de produzir belas imagens com um perfume algo amargo. O mal, e quem o dia é a personagem de José Carlos Fernandes, «é fazerem-se revoluções com grandes ideais, liberdade, igualdade, fraternidade e coisas assim…».

Esta apresentação tem por base os textos de João Paulo Paiva Boléo (Expresso, 24/04/99), João Paulo Cotrim (Independente, 30/04/99) e João Miguel Lameiras (Selecções BD, nº8, Junho 1999)

Bedeteca

https://arquivo.pt/wayback/20000919175435mp_/http://www.cm-lisboa.pt:80/bedeteca/exposi/abril/rbd.htm

terça-feira, 23 de abril de 2024

Júlio Isidro entrevista Tintin


No programa "jet 7" nº 180, de 15/01/2000, com apresentação de Sofia Sá da Bandeira deu vários depoimentos dedicados a Júlio Isidro e deu uma imagem antiga com um bonito desenho com várias personagens de Hergé e uma referência ao programa "Passeio dos Alegres". 

https://arquivos.rtp.pt/conteudos/jet-7-parte-i-179/


Existe ainda um programa da década de 1990 de Júlio Isidro em que foi convidado John Cale. Nesta  imagem apareciam vários desenhos entre eles um de Tintim. (Imagem em más condições digitalizada de uma revista de televisão da época.)