quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Hergé e a grandeza da arte maior que é Tintin e a BD

As extensas filas que se acumulam à porta do Grand Palais, em Paris, parecem querer dar razão a Hergé, quando o criador de Tintin dizia esperar, em 1969, que "no ano 2000" a banda desenhada fosse ela própria um meio de expressão tão considerado "como a literatura ou o cinema". É essa também a ideia-chave com que abre a exposição que as Galerias Nacionais francesas dedicam pela primeira vez à banda desenhada, 16 anos depois do início do milénio, numa sala que apresenta "a grandeza da arte menor".

Puro engano: o que esta mostra - em exibição até 15 de Janeiro de 2017 - nos traz é uma arte maior em que a vida e a obra do belga Georges Rémi, que todos conhecem por Hergé, vai para além do universo da sua emblemática criação que é o repórter Tintin, mesmo que, ao longo de dez salas, se centre neste universo de 24 álbuns.

Logo a abrir há uma dimensão pouco conhecida de Hergé: a de amante de pintura abstrata e pintor, em que as suas referências são reconhecíveis nos quadros por si pintados, seja Miró ou Dubuffet. No diálogo interativo que a exposição apresenta com a obra de Hergé, é possível descobrir como o autor belga transportou essa sua admiração para as pranchas da BD, como no álbum Tintin e os Pícaros.



Todos os álbuns estão impregnados de referências da pintura neoclássica, surrealista ou do japonês Hokusai, como também do cinema de King Kong ou as personagens Bucha e Estica, de Stan Laurel e Oliver Hardy, que influenciaram as criações de Dupont e Dupond, como sinaliza o comissário da exposição, Jérôme Neutres, no catálogo da mostra. É Jérôme Neutres que nota que, "para alimentar o seu imaginário, Hergé, que raramente saiu da Bélgica e seus arredores, viajou essencialmente por outros imaginários". É essa viagem deste "romancista da imagem" que nos transporta também para a Lua e mergulhamos numa sala em que o centro é a maqueta da nave espacial dos álbuns de Tintin Rumo à Lua e Explorando a Lua, ao som da voz de David Bowie, em Space Oddity, com o Major Tom a chamar o ground control.

A acompanhar cada uma das etapas da obra de Hergé, o visitante pode observar esboços, trabalhos originais, reproduções do Le Petit Vingtième, no qual eram publicadas as histórias de Tintin, cruzando-se com a história. É assim que, num período de sucesso das obras publicadas no suplemento infantil do jornal Vingtième Siècle, a II Guerra Mundial obriga à suspensão deste diário. Na capa desse último Petit Vingtième Hergé desenhou o doutor Müller pronto a atacar Tintin, no momento em que a Alemanha invadia a Bélgica.



Tintin continuará nas páginas do diário Le Soir, sob controlo alemão, o que angustia Hergé quando da libertação do país do jugo nazi, mas não será acusado de nada. O estilo da linha clara que Hergé vem ensaiando nas pranchas de Tintin é ainda mais depurado com a publicação de As 7 Bolas de Cristal nas páginas do jornal.

A fama de Tintin que tantas vezes eclipsou a obra de Hergé atirou para a gaveta muito do seu trabalho. Antes de Tintin, o belga criou e desenhou em 1926 Totor, um jovem escuteiro, mas também daria vida em Dezembro de 1935 a Les Aventures de Jo, Zette et Jocko, numa publicação francesa Coeurs Vaillants, uma lança num país onde o número de potenciais leitores era bem mais vasto.

Autodidata, o desenhador tomou o nome de Hergé, um pseudónimo que nasceu da troca das iniciais do seu nome de batismo Georges Rémi ("r" e "g"). Fazendo uso de uma montagem inteligente entre os vários elementos iconográficos e cénicos, a exposição leva-nos ainda aos trabalhos que foram emergindo dos Studios Hergé, nomeadamente na publicidade.

Transportando a linguagem da linha clara para os anúncios, Hergé entendeu desde cedo que a "legibilidade da mensagem e da imagem era primordial". Antes de a BD ocupar os seus dias a tempo inteiro, o criador de Tintin dedicou-se ao grafismo de logótipos, um talento de que se ocupou nos anos 1920 e 1930.

O mito de Tintin nasceria bem depois da publicação das duas primeiras pranchas a 10 de Janeiro de 1929. Hergé dizia que podia abandonar a BD para se dedicar à pintura - não o fez. No final da mostra parisiense, há um painel imenso, uma "multidão de pessoas sozinhas", que foram as suas boas festas de 1973, uma multidão de personagens a deixar-nos os seus votos. Um universo de gentes a mostrar-nos como Hergé é universal.

domingo, 20 de novembro de 2016

Prancha de banda desenhada de Tintin vendida por 1.55 milhões


A prancha foi desenhada a preto e branco, com tinta-da-china e gouache mostra Tintin, Milou e o Capitão Haddock na Lua, contemplando a Terra. Faz parte do mítico álbum de Hergé, "Objectivo Lua'"e atingiu o astronómico valor de 1,55 milhões de euros num leilão promovido pela leiloeira parisiense Art Curial.

Nunca se tinha pago tanto por uma obra original de Hergé, que publicou o álbum em 1953. Não foi revelado quem comprou a prancha, que mede  50 x 35 centímetros.

"Esta é um das obras mais importantes do período do pós-guerra, assim como "Tintin no Tibete" ou "As Jóias de Castafiore"". Tornou-se um álbum mítico para muitos colecionadores e entusiastas de comics ", diz um especialista da casa Artcurial. Antes da venda, o seu valor foi estimado entre 700 mil e 900 mil euros.

sábado, 19 de novembro de 2016

Figuras de Tintin #20 - O rei Muskar calças as luvas

O rei Muskar XII da Sildávia é a personagem escolhida para a 20ª entrega da colecção portuguesa "Figuras de Tintin - A colecção oficial", distribuída em Portugal pela Altaya

Muskar só intervém num único episódio das aventuras de Tintin: "O ceptro de Ottokar". Tintin conhece o monarca na sua deslocação à Sildávia, ajudando-o na recuperação do ceptro, símbolo da independência do país, entretanto roubado por bordurianos que pretendiam anexar a Sildávia à Bordúria.

Esta aventura do Tintin é uma réplica dos acontecimentos reais à época, quando a Áustria foi anexada pela Alemanha ao abrigo do chamado Anchluss.  

A referência da figura encontra-se na vinheta D2, prancha 42 de "O ceptro de Ottokar".

Figuras de Tintin #20 - O rei Muskar calças as luvas, Altaya, Livro de 16 pp.+estatueta+passaporte, 12,99€



sábado, 12 de novembro de 2016

Figuras de Tintin #19: Tchang aponta Hou-Kou

Tchang Tchong-Jen é a figura escolhida para a 19ª entrega desta colecção da Moulinsart, distribuída em Portugal pela Altaya.

Apesar de ser uma personagem emblemática das aventuras de Tintin, Tchang só aparece duas vezes na série ("O lótus azul" e "Tintin no Tibete").

Para Tintin, Tchang é uma alma gémea e um irmão com humanidade, sendo uma homenagem ao verdadeiro Tchang, escultor, quando estudante nos anos 30 na Bélgica, ajudou Hergé na elaboração do episódio "O lótus azul". 

Em 1981, Hergé e Tchang reencontraram-se e o chinês estabeleceu-se na Europa, aceitando o convite do ministro da Cultura francês.

A referência da figura, onde Tchang aponta o caminho de Hou-Kou, encontra-se na prancha 44, vinheta D1 do episódio "O lótus azul".

Figuras de Tintin #19: Tchang aponta Hou-Kou, livro de 16 pp.+estatueta+passaporte, Altaya, 12,99€