segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Tertúlia BDzine #29


A capa e as quatro páginas do nº 29 (Janeiro 2000) do fanzine Tertúlia BDzine, mais uma separata a cores, exemplar dedicado ao tema Super-heróis no Ano 3000, com uma banda desenhada da autoria de Mota (Pedro Mota, sim, o mais activo colaborador do Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora)

http://fanzinesdebandadesenhada.blogspot.com/2010/03/

março 25, 2010

Tintin é um dos nomes representados na página 3 do TBDz nº29. 

Na página 4 (devem seguir o link acima indicado para ver as outras páginas) vêem-se duas personagens: uma delas é Geraldes Lino (1936-2019); a outra é João Paulo Cotrim (1965-2021), na altura director da Bedeteca de Lisboa.

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

A Exposição Hergé no Jornal I


Da exposição sobre Hergé (nome artístico de Georges Remi, 1907-1983), que esteve patente na Fundação Gulbenkian, fica um catálogo, que é basicamente um roteiro da mesma, concebido pelas Éditions Moulinsart, no formato de um álbum de Tintin. Inclui um texto de apresentação de Guilherme d’Oliveira Martins – aliás, um reconhecido bedéfilo – e, como bónus, um outro livro, coordenado por António Cabral, precioso pelas informações que compila a respeito da presença das personagens do autor belga no nosso país e, principalmente, pela documentação que reproduz, cremos que inédita: um desenho original e correspondência.

Quanto ao original, destacado na capa, um bacalhau entre Tintin e Oliveira da Figueira, orgulho dos portugueses no mundo de Hergé, que ainda nos presenteou com um anónimo jornalista do Diário de Lisboa, em Tintin no Congo, e o Prof. Pedro João dos Santos, da Universidade de Coimbra, um dos cientistas da expedição de cientistas de A Estrela Misteriosa. Este desenho foi motivado por uma visita de Francisco Hipólito Raposo e Pedro Emauz Silva aos Estúdios Hergé, em 1958. Na ausência do autor, deixaram um cartão de visita impresso, em que se lia: “SENHOR/ OLIVEIRA DA FIGUEIRA / (ANTIQUAIRE, BIJOUTIER ET BRIC-À-BRAC) / LISBOA / AFRIQUE DU NORD”. Mais tarde, Hergé enviará uma reconhecida carta de agradecimento e este desenho com a dedicatória aos seus amigos fiéis em Portugal – tal como “Tintin a pour fidèle dans le monde, le Senhor Oliveira da Figueira”... 

Muito interessante é o resgate da figura do Padre Abel Varzim (1902-1964), o primeiro tintinófilo português e o responsável por o nosso país ter sido também o primeiro não-francófono em que as aventuras de Tintin se publicaram – em 1936, nas páginas de O Papagaio, revista dirigida por Adolfo Simões Müller, propriedade da Igreja – e pioneiro na colorização das histórias. Doutorando na Universidade de Lovaina e assinante do Vingtième Siécle, em cujo suplemento infantil se publicavam as aventuras do jovem repórter, entrou em contacto com Hergé por intermédio do jornal. A reacção deste aos primeiros exemplares publicados na revista portuguesa foi ambivalente. Numa carta muito cordata, chamava a atenção para a supressão de vinhetas, truncando a narrativa, mas mostrava-se entusiasmado com a circunstância de ter as sua personagens coloridas: “estou encantado por ver aparecer os meus desenhos a cores.

Informa-nos António Cabral que enquanto O Papagaio publicou Tintin, a colorização foi sempre feita cá, mesmo quando os álbuns da Casterman já continham a cor original. Outros assuntos nos traz esta correspondência, como o conhecido episódio do pagamento em géneros, durante a ocupação da Bélgica na II Guerra, e o conflito entre Varzim e Simões Müller, quando este, despedido de O Papagaio, funda O Diabrete, pretendendo levar consigo Tim-Tim – como então era grafado – e as restantes personagens, que entre nós se estrearam com nomes (e sexo) diferentes: a cadela Rom-Rom (!), o Capitão Rosa, (Professor) Pintadinho de Fresco e os inefáveis X33 e X33 aspas aspas...

in Jornal I de 17.01.2022

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Hergé Em Portugal


 https://tintinemportugal.blogspot.com/2021/10/catalogo-da-exposicao-herge-em-portugal.html

A capa apresenta um desenho de Hergé oferecido a Francisco Hipólito Raposo e Pedro Emauz Silva

A coordenação da obra foi de António Cabral. A primeira edição (setembro de 2021) foi de 1100 exemplares e a segunda (Outubro 2022?) foi de 2000 exemplares.

Textos de Amadeu Lopes Sabino, António Araújo, António Cabral, António Monteiro, João Paulo Paiva Boléo, José Azevedo e Menezes e José Vitor Silva.

A separata "Hergé em Portugal" está a ser oferecida gratuitamente com a venda da versão portuguesa do Catálogo da exposição que tem um PVP de 15€.

A compra pode ser efectuada nas lojas da Fundação Calouste Gulbenkian (Av. de Berna, 45).

A montra online encontra-se encerrada para remodelação mas poderá adquirir-se o livro por correspondência. Deve ser feito um pré pagamento e é necessário facultar os seguintes elementos: nome, morada e n.º de contribuinte.

O livro fica em 15,00 € mais 1,00 € de portes num total de 16,00 €. Como é uma edição limitada convém confirmar se a separata ainda se encontra disponível.

Nota: as vendas são realizadas apenas para Território Nacional

vendas@gulbenkian.pt

No site tintim.pt as obras apresentam os seguintes preços: catálogo (19.99€) e separata (9.99€)


terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Visita virtual à Exposição Hergé na Gulbenkian

A exposição Hergé chega ao fim; queremos, no entanto, com esta visita guiada online, dar uma oportunidade a quem não a conseguiu visitar e a quem quiser rever a história e o trabalho do autor de Tintin.

Com os dois curadores da Exposição – Nick Rodwell, administrador da Moulinsart, e Ana Vasconcelos, curadora da Fundação Gulbenkian – vamos percorrer cada núcleo da exposição e ouvi-los falar sobre o multifacetado Universo Hergé.

https://gulbenkian.pt/agenda/herge-visita-guiada-online/


sábado, 8 de janeiro de 2022

Diário de Notícias - 08.01.2022




Com poucas mudas de roupa, mas muitos recursos mentais, Tintin já andou pelo país dos sovietes, pela China e até pisou a Lua antes da tripulação da Apollo XI. Enfrentou vilões mal-encarados, aturou o mau feitio do Capitão Haddock, a morte do seu criador e até as mudanças de gosto e hábitos dos leitores. Em plena pandemia, a exposição Hergé, que termina a sua carreira lisboeta na próxima segunda-feira, 10, levou perto de 50 mil visitantes à Fundação Gulbenkian. Um número muito bom, segundo a curadora da exposição, Ana Vasconcelos: "Embora imaginemos que poderiam ser muito mais se não houvesse restrição do número de visitantes na sala, creio que podemos dar-nos por satisfeitos."

Mas se a popularidade mundial do repórter tão eternamente jovem como o seu cão Milou é o grande isco para o público de várias gerações, Ana Vasconcelos considera que um dos méritos da exposição foi ter mostrado que o criador, o belga Georges Rémy, vulgo Hergé (1907-1983) não se esgotou nesta personagem que, de algum modo, "o engoliu": "Creio que se conseguiu pôr o Hergé no mesmo plano que outros grandes criadores europeus do século XX, que ele indiscutivelmente foi. Tintin está lá, como não podia deixar de ser, mas está também um Hergé fascinante que trabalhou em publicidade, que era colecionador e estudioso de Arte (conhecia bem e frequentava galerias com regularidade), que chegou a pintar para depois compreender que não poderia viver em exclusivo da pintura. Era também um homem que se documentava muito bem para o seu trabalho, a tal ponto que podemos dizer que as aventuras do Tintin constituem uma boa abordagem aos principais problemas mundiais do século XX."

Organizada em colaboração com o Museu Hergé da cidade belga de Louvain-la-Neuve, Hergé (que já esteve patente no Grand Palais, em Paris, no Outono de 2016, e posteriormente no Quebec, Coreia do Sul e Xangai, China, sempre com grande sucesso) trouxe ao conhecimento do público português uma importante seleção de materiais (pranchas originais, pinturas, fotografias e documentos de arquivo) e obras criadas pelo autor. Ao longo de nove núcleos, foi proporcionada uma visão poliédrica do trabalho de Hergé, mas também de toda a complexidade da sua biografia e dos tempos conturbados em que viveu. "Como atesta o êxito que teve noutras paragens - diz ainda Ana Vasconcelos - esta é uma exposição transnacional, muito democrática porque se destina a pessoas de todas as idades e pode ser vista e compreendida com diferentes níveis de profundidade. Pessoalmente, como curadora de arte contemporânea, senti que tratava de temas que não me são habituais e isso foi muito enriquecedor. Fiquei, por exemplo, a saber coisas sobre a vida na Bélgica durante a 2ª Guerra Mundial que ignorava totalmente."

Mas programar um grande acontecimento relacionado com Hergé e a sua obra significou também estar ciente de que as releituras (sobretudo em tempo de cancel culture) nem sempre são pacíficas, Na berlinda, em vários países europeus e nos Estados Unidos, têm estado as primeiras aventuras de Tintin, publicadas ainda na década de 1930. Recorde-se que em 2007, a Biblioteca Pública de Brooklyn, Nova Iorque, retirou das estantes a segunda aventura de Tintin (Tintin no Congo), passando a sua consulta a estar sujeita a pedido expresso à direção, com justificação do pedido. No mesmo ano, um cidadão congolês interpusera em Bruxelas um processo com vista à interdição da venda da obra, alegando tratar-se de "uma justificação da colonização e da supremacia branca", mas em 2012 o tribunal acabou por rejeitar tal alegação. Independentemente desta decisão judicial, várias vozes se têm levantado para denunciar esta aventura africana de Tintin, considerando-o um veículo propagandístico do colonialismo europeu. Para outras ainda, Tintin no País dos Sovietes não passa de um manifesto anticomunista. Perante isto, o que fazer? Para Ana Vasconcelos, "a exposição constitui uma oportunidade de falar sobre estas questões incomodativas, que não se resolvem nem com o silêncio, nem com uma argumentação bacoca e descontextualizada, que só incita ao ódio. Importa pôr as coisas em contexto e falar sempre. Não gerar tabus."

Hergé e Portugal
Outra das novidades que a exposição (e o catálogo) veio trazer ao público é o realce dado à importância que Portugal desempenhou na mundialização de Tintin e da obra de Hergé, tendo sido o primeiro país não francófono a publicá-lo. A estreia mundial dera-se a 10 de janeiro de 1929, no suplemento infantil Le Petit Vingtième, do jornal belga Le Vingtième Siécle, e Portugal não tardaria a publicar essas primeiras tiras no jornal infantil O Papagaio, graças aos esforços do escritor e grande divulgador de literatura para crianças e jovens, Adolfo Simões Müller (1909-1989). Uma importância reconhecida ao DN pelo tintinófilo francês Albert Algoud, autor de um monumental Dictionnaire Amoureux de Tintin (éditions Plon): "Quando Adolfo Simões Müller, editor português pediu autorização para publicar as suas aventuras em Portugal, Hergé deve ter ficado muito contente, já que era a primeira vez que Tintin seria publicado e traduzido para outra língua que não o francês. Mesmo na Bélgica, ainda não fora traduzido para flamengo ou neerlandês. Pode-se considerar que estas publicações em Português deram luz verde às inúmeras traduções noutras línguas que se seguiram." Sendo decisiva, esta difusão nem sempre deixaria Hergé muito confortável: "A respeito da coloração das aventuras de Tintin feita em Portugal, cito no meu livro o comentário que ele escreveu a um amigo (comentário descontente mas divertido porque Hergé tinha muito humor) os meus desenhos foram coloridos de forma indescritível, como se fossem pintados por uma criança daltónica. Fartei-me de rir. Mas Hergé não se zangou com os seus editores portugueses porque, durante a Guerra, a seu pedido, como revelo no livro, pagavam-lhe em géneros: latas de sardinha e pacotes de tabaco muito difíceis de conseguir na Bélgica ocupada."

As relações de Hergé com o nosso país passam ainda por uma personagem que aparece em três aventuras de Tintin: Oliveira de Figueira, a que Albert Algoud dedicou o livro Le Sr. Oliveira da Figueira... & les aventures de Hergé et Tim-Tim au Portugal, publicado em Novembro pelas éditions Chandeigne: "Depois de ter publicado o Dictionnaire Amoureux de Tintin pensei que não escreveria mais sobre Hergé e Tintin, mas depois, ao discutir com Michel Chandeigne, na sua Livraria Portuguesa e Brasileira em Paris, começámos a falar do Sr. Oliveira da Figueira, que é uma personagem muito marcante. Convenci-me de que podia descobrir algumas coisas interessantes sobre esta personagem tão simpática... E Michel Chandeigne esclareceu-me sobre as relações de Hergé com Portugal."

Para o efeito, o autor criou um passado para a personagem, mas não foi um passado qualquer, mergulhou na História de Portugal para lhe criar uma árvore genealógica com significado: "Sempre me interessei muito por História e com este livro tive a oportunidade de estudar a História de Portugal do século XVI. E consequentemente sobre a História dos judeus convertidos à força e sobre o seu destino, tanto em Portugal como no estrangeiro...Mergulhei também na História colonial, nomeadamente Angola, que apresenta fortes similitudes históricas com o que se passou no Congo."

A pluralidade de abordagens suscitada pela riqueza do mundo criativo de Hergé é, pois, ilimitada. Dir-se-ia mesmo que a cada geração corresponde uma nova leitura. Uma realidade que Ana Vasconcelos constatou nos três meses que durou a exposição na Gulbenkian: "Tal como aconteceu em 2017 com a exposição dedicada a Almada Negreiros, vieram avós, filhos e netos. Foi, como se podia ler na capa da velha revista Tintin, uma experiência para jovens dos 7 aos 77 anos. "

dnot@dn.pt

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Exposição 100 Anos de Hergé

Em 2007, realizou-se em Cascais uma exposição e um ciclo de conferências dedicado ao Tintin. Também foi oferecido aos participantes um quiz tintinófilo.