sábado, 29 de junho de 2019

7 curiosidades sobre Tintin

No ano em que se comemoram 90 anos da publicação do primeiro volume, recordamos As Aventuras de Tintin e contamos-lhe algumas curiosidades que talvez não saiba sobre a banda desenhada criada pelo belga Georges Remi, mais conhecido por Hergé.
Da ligação a Portugal às acusações de racismo e até à história nunca terminada, as aventuras do jornalista Tintin, que só escreve uma vez em todos os livros, tornaram-se um marco histórico na banda desenhada francófona e conquistaram milhões de leitores nos mais de 50 idiomas para que foram traduzidas.


1. O PRIMEIRO PAÍS ESTRANGEIRO A PUBLICAR
Portugal foi o primeiro país a publicar Tintin numa língua que não o francês. A revista católica O Papagaio – suplemento infantil da Rádio Renascença – publicou Tintin na América a 16 de abril de 1936, na altura com o título Tim-Tim na América do Norte.
Além de ser o primeiro país não francófono a publicar as aventuras do jornalista, Portugal foi também o primeiro país a publicar Tintin a cores, algo nunca feito até então. Só em 1941, quando foi publicado A Estrela Misteriosa, é que Tintin passou a ser originalmente a cores.

2. TINTIN... PORTUGUÊS?
Como havia o hábito de aportuguesar traduções, nas primeiras décadas em que foi publicado em Portugal, Tintin tornou-se um repórter português enviado pelo O Papagaio, onde surgiu primeiro, ou pelo O Diabrete, onde foi publicado depois, para cobrir vários eventos pelo mundo.
O caso mais notório foi a aventura Tintin no Congo, que foi transformada em Tim-Tim em Angola, já que o Congo era colónia belga e Angola era portuguesa. Além disso, na mesma aventura, a aula de Geografia que mostra o mapa da Bélgica foi substituída por uma aula de Matemática.


3. MILOU: CÃO OU CADELA?
Pode parecer óbvio, mas, em Portugal, o género do fiel companheiro de Tintin, o fox terrier Milou, foi algo que despertou algumas dúvidas. Quando as aventuras começaram a ser publicadas por cá, um erro de tradução deu a entender que Milou seria uma cadela.
Como, em português, Milú soaria a nome de mulher e era também nome da cantora e atriz Milú, que cantava nas emissões radiofónicas de O Papagaio, acabaram por mudar o nome para Rom-rom, algo que se manteve durante vários anos.

4. PAGAMENTO EM GÉNEROS
Durante a Segunda Guerra Mundial, O Papagaio e O Diabrete, periódicos portugueses que publicavam Tintin, pagaram a Hergé… em géneros alimentícios. O pedido foi feito pelo próprio e a comida era enviada não só para Hergé mas também para o seu irmão, Paul, prisioneiro de guerra num campo para oficiais na Alemanha.

5. HERGÉ ERA RACISTA?
Em 2007, um congolês chamado Mbutu Mondondo exigiu que as edições de Tintin no Congo fossem retiradas do mercado ou que incluíssem um prefácio que explicasse o contexto político e cultural da altura.
Isto deveu-se ao retrato paternalista que a história dá aos negros, consequente da visão da época, que Mondondo considerava apologista da colonização e da superioridade da raça branca sobre a negra. O pedido foi rejeitado pela Justiça belga.


6. POLÉMICA NAZI
Aquando da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), durante a ocupação da Bélgica pelos nazis, Hergé criou histórias de Tintin para o Le Soir, jornal alinhado com os ocupantes. Esse facto motivou alguma polémica a que Hergé, na altura, respondeu dizendo que se limitou a continuar a trabalhar no seu ofício, a banda desenhada, como qualquer cidadão.
Apesar de não se ter livrado das acusações de colaboracionismo, nenhuma das suas histórias defendeu o nazismo.

7. HISTÓRIA INACABADA
Quando morreu, em 1983, Hergé estava a trabalhar numa nova aventura de Tintin, Tintin e a Alph-Arte, no entanto não chegou a terminá-la. Chegou a ponderar-se que outros artistas finalizassem a história, mas a ideia foi abandonada e a aventura foi publicada tal como Hergé a tinha deixado: sem um fim.


terça-feira, 25 de junho de 2019

Tintin e a Lua

Os dois episódios da aventura lunar imaginados por Hergé (Rumo à Lua e Explorando a Lua) foram publicados em 1953 e 1954, ou seja, quinze anos antes da missão Apollo 11 (1969) e antes mesmo do primeiro satélite Sputnik (1957). 
Ambos se encontram reunidos neste álbum duplo, lançado especialmente por ocasião do 50.º aniversário dos primeiros passos do homem na Lua (20 de julho de 1969).

Tintin e a Lua, Hergé, Edições ASA, capa dura, cor, 19,90€

domingo, 23 de junho de 2019

Porto tem uma nova livraria Tintimportintim

Até aqui podíamos encontrar a livraria Tintimportintim — dedicada à banda desenhada e sobretudo aos livros das “Aventuras de Tintim”, como o nome poderá sugerir — na Rua da Conceição, no Porto. Foi lá que abriu há 16 anos. Agora,  os donos inauguraram o segundo espaço com este nome na Rua de Santa Catarina, numa zona mais central da cidade.

Há várias outras coleções clássicas de BD, de personagens como AstérixCorto MalteseAlix e Blake e Mortimer — mas o grande destaque vai mesmo para o repórter belga que foi criado por Hergé em 1929.

Esta segunda livraria é mais pequena do que a primeira (tem cerca de 30 metros quadrados) mas, além dos livros, tem um enorme catálogo de merchandise. Ao contrário do espaço original, que tem peças clássicas, antigas e raras, esta tem sobretudo produtos novos, lançados recentemente no mercado. A Tintimportintim é representante oficial da marca.


Há sacos de pano, porta-chaves, canecas, puzzles, calendários, despertadores, postais e figuras em resina e PVC. Algumas são edições limitadas, certificadas e numeradas.

Os preços são muito variáveis: podem ir de meia dúzia de euros até cerca de 500€. Os artigos à venda vão mudando regularmente, até porque a comunidade de colecionadores destas peças as vai adquirindo.

A peça mais cara que está à venda é o foguetão vermelho, que custa 495€ — do livro “Destino: Lua” e que parece um farol que existe em Carnaxide, no concelho de Oeiras. Existe ainda um Tintim enorme na montra da loja. Está avaliado em cerca de cinco mil euros, mas esse não está à venda — é só mesmo para decorar o espaço.

A livraria foi aberta pelos mesmos donos da primeira: Alberto Gonçalves e os dois filhos, Alberto e Cláudia Gonçalves.

NiT falou com o filho sobre a ideia de abrir uma nova Tintimportintim, que está a ser gerida por si.

Estou há um ano a trabalhar com o meu pai na livraria na Rua da Conceição e já falávamos em abrir um segundo espaço há algum tempo. Achámos que era bom abrir em Santa Catarina para conseguirmos ter mais clientes turistas, e também atrair outras pessoas do Porto que não conheciam a original. Isso está a acontecer.”

A decoração do novo espaço está mais moderna e clean — em tons brancos —, apesar de continuar a ter algumas das tais peças antigas. A loja era ocupada por uma florista, que abandonou o local em Janeiro.

A nova Tintimportintim está aberta durante a semana, entre as 9h30 e as 19 horas. Ao sábado há uma pausa para almoço, entre as 13 horas e as 14h30. Fecha ao domingo.

in NiT

domingo, 9 de junho de 2019

Desenho da capa do primeiro livro de Tintim foi vendido por 988 mil euros

Ilustração está assinada por Hergé, criador da famosa personagem das bandas desenhadas. Portugal foi o primeiro país não-francófono do mundo a publicar Tintim, em 1936.

O desenho original usado na capa do primeiro livro da colecção de aventuras de Tintim foi vendido, este sábado, num leilão em Dallas, Estados Unidos, por 1,12 milhões de dólares (cerca 988 mil euros).

A ilustração leiloada este sábado está assinada por Hergé — pseudónimo do cartoonista belga Georges Remi, o criador da icónica personagem —​ e integra a primeira edição dos livros, publicada a 13 de Fevereiro de 1930. Citada pela AFP, fonte da empresa que promoveu o leilão disse que a ilustração vendida era “uma das poucas capas raras nas mãos de um privado”, bem como a mais antiga. 

O desenho a lápis e guache mostra o repórter sentado no cepo de uma árvore cortada, utilizando um canivete para moldar o tronco da árvore numa hélice para o seu avião. Milu, o fiel companheiro de quatro patas, observa o dono, completamente envolvido numa ligadura após o desastre de aviação que teve lugar em território soviético. Esta ilustração foi a primeira na série Tintim no País dos Sovietes, que foi publicada em Portugal em 1999. 

Os livros de aventura (que totalizam 24 álbuns) foram traduzidos em mais de 70 línguas, vendendo mais de 200 milhões de cópias. Portugal foi o primeiro país não-francófono do mundo a publicar Tintim, em 1936 (revista O Papagaio). Foi também o primeiro país onde se puderam ler as aventuras do famoso jornalista a cores, ainda antes de isso acontecer na Bélgica ou em França.

Em 2015, um esboço de Hergé para a terceira vinheta do livro Tintim no Congo foi comprada por 770 mil euros em Paris.

In Ipsilon-Público, 08.06.2019