domingo, 22 de novembro de 2015

Desenho de livro de Tintim vendido por mais de 700 mil euros

Um desenho do livro de BD “Tintim no Congo” foi hoje vendido por 700.600 euros, num leilão em Paris, França.

O desenho a lápis e guache, concebido por Hergé para o álbum de 1937, estava avaliado entre 300 mil a 500 mil euros, segundo a casa leiloeira, e foi comprado por um licitador na sala, depois de uma disputa, ao telefone, entre dois colecionadores europeus.

Uma edição original do álbum “O caranguejo das pinças de ouro”, de 1942, também da série “As aventuras de Tintim”, foi vendida por 25.200 euros.

No total, as obras do autor belga de banda-desenhada que foram hoje leiloadas renderam 1,1 milhões de euros.

In Observador

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Duas páginas de Tintin vendidas por mais de 1,5 milhões de euros


Duas páginas originais do álbum "O ceptro de Ottokar" de Tintin, publicado em 1939, foram hoje leiloadas em Paris por mais de milhão e meio de euros, anunciou a leiloeira Sotheby's.

Segundo a Sotheby's o valor da venda, 1.563.000 euros, é "um recorde mundial", sendo que o preço base de licitação estava situado entre os 600.000 e os 800.000 euros.

Com um tamanho entre 40 a 60 centímetros e desenhadas a tinta-da-china, as 14 vinhetas das duas páginas leiloadas mostram o ataque militar sofrido pelo avião onde seguiam Tintin e o seu cão, Milou, publicadas na revista belga "Le Petit Vingtième".

Esta foi a "peça estrela" do leilão da vasta coleção do belga Jean-Arnold Schoofs, considerada uma das maiores do mundo dos quadradinhos, das quais 132 lotes foram vendidos por um total de 2,7 milhões de euros.

In Lusa

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Desenho de Tintin leiloado por 1,1 milhões

Um desenho inédito das aventuras de Tintin foi leiloado esta semana em Hong Kong por cerca de 1,1 milhões de euros. O trabalho, assinado pelo autor belga Hergé, pertence ao livro ‘O Lótus Azul’, lançado em 1936, cuja ação passa por Xangai. "‘O Lótus Azul’ é considerado pelos especialistas a obra-prima de Hergé. Além disso, era raro falar da China na Europa dos anos 30", afirmou Eric Leroy, perito em banda desenhada da leiloeira francesa Artcurial, responsável pela venda daquele que é, também, o único original do livro ainda na posse de um particular, neste caso um colecionador asiático. Em maio, a Artcurial vendeu uma capa de ‘Tintin In America’, desenhada à mão, pelo valor recorde de 2,6 milhões de euros.

http://www.cmjornal.xl.pt/cultura/detalhe/desenho_de_tintin_leiloado_por_11_milhoes.html

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

A propósito de Oliveira da Figueira


O vice-primeiro-ministro Paulo Portas comparou-se recentemente ao personagem das aventuras de Tintin, Oliveira da Figueira, como aquele homem, simpático, capaz de vender seja o que for, mesmo as maiores inutilidades. Portas achou piada à imagem e não hesitou em apresentar-se publicamente como um exemplo do moderno Oliveira da Figueira. Acontece que o líder do CDS fez uma leitura redutora da importância da personagem portuguesa inventada por Hergé.
O vice-primeiro-ministro não pode “vender” Portugal de uma forma básica. Falta-lhe cultura para perceber o que realmente representou Oliveira da Figueira nas aventuras de Tintin e, em última análise, na vida pessoal do próprio Hergé. Se soubesse, Portas poderia ir muito mais longe. Portugal poderia ir muito mais longe.
É essa pequenez de espírito que nos reduz e faz ser cada vez mais pobres. Vamos então tentar educar os nossos atuais governantes. É que a frase é mesmo esta: educar. E a melhor forma de o fazer é mostrar factos que eles parecem ignorar, mas estão lá para quem os quiser e souber ler.
Oliveira da Figueira surgiu pela primeira vez nas aventuras de TintinOs Cigarros do Faraó”. É uma obra editada originalmente entre 8 de Dezembro de 1932 e 8 de Fevereiro de 1934. Se formos a ver, o português mais famoso nessa altura era o ditador que, em 1933, criou o Estado Novo: António de Oliveira Salazar. Chamar a um português “Oliveira da Figueira” era então um jogo de palavras com o nome de duas árvores – uma indicação também de um judeu convertido a novo-cristão – e o nome do ditador.
Aliás, anos mais tarde, quando Hergé cria a figura do ditador sul-americano Alcazar, tal soa também ao nome do ditador Salazar. Não sei ainda se Paulo Portas sabe que Portugal foi o primeiro país do mundo a traduzir para outra língua as aventuras de Tintin. Adolfo Simões Muller, que tem um busto no Jardim das Amoreiras, foi o responsável pela introdução das aventuras de Tintin em Portugal. Durante a Segunda Guerra Mundial, quando o irmão de Hergé esteve preso num campo de prisioneiros, o autor de Tintin foi pago por Simões Muller com o envio de latas de sardinha para o irmão. Um segundo detalhe sobre a importância de Oliveira da Figueira e que Paulo Portas, caso tenha a coleção completa de Tintin lá em casa, pode confirmar. Na aventura “Tintin no País do Ouro Negro”, obra publicada originalmente entre 1939 e 1940, o personagem Oliveira da Figueira volta a surgir. Só que, desta vez, tem um protagonismo que vai muito mais além do simples vendedor de banha da cobra, com o qual Portas se quer hoje comparar. Nessa aventura, Tintin tem de se infiltrar na casa do Dr. Muller – mais um nome com ligação a Portugal, pois era o do editor português. Então, o repórter assume uma falsa identidade e muda o seu nome. Passa a ser um sobrinho órfão de Oliveira da Figueira, que chegou de Lisboa. E Tintin chama-se Álvaro, um nome português – será que Hergé já tinha ouvido falar de Álvaro Cunhal? Pois bem, graças à cumplicidade do comerciante português, o belga consegue resgatar o pequeno Abdallah, o filho traquina do Emir Kalish Ezab. Oliveira da Figueira desempenha assim, na aventura “No País do Ouro Negro” uma importância que supera o simples vendedor. E revela-se essencial para o triunfo do herói.
Ora, enquanto tivermos políticos que não conseguem revelar-se essenciais para o triunfo das ideias e dos valores que defendemos, ficamos reduzidos à imagem de um estereótipo. É isso que Paulo Portas quer? Eu acho que ele quer o mesmo que eu, mas a diferença é que eu conheço melhor as aventuras de Tintin do que ele.

Frederico Duarte Carvalho

Jornalista e escritor

In Oje

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Quem é quem? As personagens de Tintim da política portuguesa!

Marinho e Pinto
Capitão Haddock

É o mais bruto dos políticos no activo, à imagem do capitão Haddock. Embora ninguém o tenha ouvido dizer “com mil milhões de mil macacos” nem chamar a nenhum adversário “ectoplasma”, andou lá perto. Haddock é corajoso (Marinho e Pinto também), mas contraditório (idem). Não vive no castelo de Moulinsart, mas não larga o conforto de Bruxelas.

Cavaco Silva
Professor Tornesol 
O professor Tournesol é desastrado – como Cavaco Silva sempre foi – e muitas vezes diz coisas incompreensíveis. Mas, por muitas trapalhadas em que se tenha metido ao longo de todas as aventuras de Tintim (como Cavaco durante toda a sua vida política), todos lhe reconhecem sabedoria. Na realidade, não reconhecer sabedoria a Cavaco, que está no poder há mais de 30 anos, seria um erro de análise. Mas Tournesol poderia falar do sorriso das vacas nos Açores...

Passos Coelho/Paulo Portas
Dupont/Dupond 
Passos Coelho é primeiro-ministro e é o gémeo liderante da coligação. Durante muito tempo, principalmente nos primeiros dois anos e até à crise da demissão irrevogável de Portas, PSD e CDS distiguiram-se notoriamente, com o CDS a pedir crescimento e Vítor Gaspar a enfurecer os centristas. Mas as coisas mudaram: hoje Passos Coelho e Paulo Portas actuam como Dupont e Dupond. E assim será até 4 de Outubro. 

Paulo Portas
Dupond 
Quem conhece Paulo Portas sabe que ele não gostaria de estar no papel em que está: no Dupond, que praticamente se limita a repetir as frases já utilizadas previamente pelo gémeo Dupont. Mas foi o que se passou nos últimos dois anos e agravou-se ainda mais nos últimos tempos, desde que PSD e CDS decidiram concorrer em coligação. Se houver derrota, Portas pode deixar a posição de Dupond – até pode ser libertador... 

Durão Barroso
Nestor 
Quem pode ser o mordomo do Castelo de Moulinsart, residência do capitão Haddock nas aventuras de Tintim? Afinal foi Durão Barroso que teve o papel de receber os grandes líderes nos Açores antes de partirem no dia seguinte para a invasão do Iraque. Foi aí que ficou conhecido como o “mordomo” das Lajes, o que lhe permitiu o salto para Bruxelas, onde na realidade quem manda é a Alemanha e Angela Merkel

Ricardo Salgado
Rastapopoulos 
É um dos vilões das aventuras de Tintim. Rastapopulos é um milionário que se envolve em negócios pouco claros. No momento em que se prepara a venda do Novo Banco – que ainda pode vir a custar muito dinheiro aos contribuintes –, é claro que a figura da vida pública portuguesa só pode ser Ricardo Salgado, o outrora dono disto tudo, que neste momento está preso em casa vigiado pela polícia. 

Ana Gomes
Bianca Castafiore 
Bianca Castafiore, “o rouxinol milanês”, tem uma legião de admiradores em todo o lado por onde passa, mas aparece muitas vezes na hora errada e diz as coisas mais inconvenientes para o establishment do momento. Ana Gomes não é uma cantora lírica, mas muitos no PS olham-na como uma mulher excessivamente interventiva, que vem estragar os momentos consensuais.

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Paulo Portas compara-se a personagem portuguesa de Tintim que vendia tudo

O vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, comparou-se a Oliveira da Figueira, o personagem português criado por Hergé na série Tintim, que se tornou célebre por vender qualquer coisa em pleno deserto através da persuasão.


"Senti-me uma espécie de Oliveira da Figueira. Lembram-se de uma personagem do Tintim que vendia tudo nos mercados externos, tinha uma pasta e vendia uma série de produtos? Eu lembro-me do azeite português", afirmou Portas esta segunda-feira, durante a inauguração da Feira Internacional de Maputo (Facim), quando se referia, em declarações aos jornalistas, à sua assiduidade em eventos deste género.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Um documento com 73 anos redefine quem tem a custódia de Tintin

Afinal, os direitos de Tintin não têm como única morada Moulinsart, a localidade e castelo ficcionais da série de BD que é também o nome da sociedade belga que gere o legado de Hergé. Uma pequena associação de fãs holandesa conseguiu uma vitória judicial baseada na revelação um documento assinado por Hergé que pode redefinir a custódia de Tintin.
As aventuras do jornalista criado pelo belga Hergé e que tem como famoso amigo o Capitão Haddock, dono do castelo de Moulinsart, são um império valioso que até aqui é gerido pela sociedade Moulinsart SA, que se dedica à gestão dos direitos de publicação e exploração da “marca Tintin”. A Fundação Hergé, criada em 1987 pela viúva do desenhador, é por seu turno uma organização sem fins lucrativos e gere o museu dedicado à personagem e seu universo em Bruxelas.
Ora em 2012, a Moulinsart processou a Association Hergé Genootschap, um clube de fãs do autor belga que publica uma revista/fanzine trimestral que não é vendida, a Duizend Boomen (em holandês, mil árvores) em que reproduz algumas tiras de Tintin, argumentando que a associação não tem direitos sobre a obra. Esses direitos de reprodução e uso custariam à associação de fãs belga cerca de um milhão de euros. Mas o caso chegou este fim-de-semana a um desfecho que muitos admitem ser inesperado – o tribunal de recurso de Haia não só deu razão à associação como abriu um precedente quanto à possibilidade de a Moulinsart cobrar pela reprodução e uso de excertos de tiras de Tintin.
Isto porque o advogado da associação holandesa apresentou em tribunal um documento assinado por Hergé – o seu verdadeiro nome era Georges Remi (1907–1983) – em que este entregava todos direitos de Tintin (publicado entre 1929 – 1976) à editora Casterman. O documento em causa data de 1942, foi entregue por um perito na obra que quis manter-se anónimo e, aceite em tribunal (a sua validade não foi contestada por qualquer uma das partes nem pela família do desenhador belga), estabelece que a Moulinsart não tem poder absoluto sobre Tintin.
“Parece que a Moulinsart não é aquela que decida quem pode usar material dos livros”, lê-se na decisão do tribunal, citada pela AFP. “A grande questão é agora saber se outros [clubes de fãs] têm de continuar a pagar à Moulinsart” quando usam material dos livros de Tintin, comentou o presidente da associação belga que saiu vencedora deste caso, Stijn Verbeek. O El País abre também a porta à possibilidade de outras publicações que usaram excertos de livros de Tintin e que pagaram por elas poderem exigir agora o seu dinheiro de volta.
"A decisão holandesa é surpreendente”, disse ao diário francês Le Figaro Didier Pasamonik, chefe de redacção do site especializado em BD ActuaBD, que detalha que no passado houve tensões e discussões mais acaloradas entre a Casterman e a Moulinsart sobre o assunto mas sempre vencidas pela Moulinsart.
“Estou incrédulo”, diz por seu turno ao mesmo diário Numa Sadoul, autor do livro Tintin et moi. Entretiens avec Hergé (1975). “Isto significa que agora é Casterman que irá gerir os direitos de Tintin. Isso vai mudar completamente o jogo e melhorar significativamente as relações dos jornais, fanzines e editoras com Tintin.”
Didier Pasamonik chama a atenção para a especificidade da lei holandesa neste caso. “O que é interessante neste momento é que o tribunal em Haia oferece uma nova interpretação da relação entre a Casterman e a Moulinsart, uma leitura dissonante do que havia sido feito pelos tribunais belgas. No que se refere esta decisão, é sobre citações de imagens de Hergé numa revista de fãs. Em França, o direito de citar uma imagem não existe. No entanto, na Holanda, há”, explica o perito, que considera mesmo que se levanta uma questão mais ampla: “que tal uma harmonização europeia?”  

A opinião geral parece ser de que é necessária ainda alguma cautela perante a decisão até se perceber o seu verdadeiro impacto. Nem a Casterman nem a Moulinsart comentaram ainda publicamente a decisão. 

João Amaral Cardoso em Público.pt

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Avião do Tintim retido em Lisboa devido a colisão com manga de embarque

F

O A320 'Rackham', decorado e baptizado em homenagem à criação do belga Hergé, foi obrigado a passar uma noite na Portela, o aeroporto de Lisboa. Não são conhecidas as causas do acidente, que não provocou feridos.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Dodo Nita em Portugal

O tintinólogo romeno Dodo Nita, autor da monografia Tintin en Roumanie, vai estar em Portugal, mais propriamente, no XI Festival Internacional de BD de Beja. Será uma conversa com Pedro Mota no sábado, 30 de Maio, na Casa da Cultura de Beja. À tarde, no memo local, estará Stanislas, o desenhador da biografia desenhada de Hergé, publicada em Portugal pela Mundo Fantasma com o título As aventuras de Hergé.

sexta-feira, 20 de março de 2015

Avião que homenageia Tintin aterra em Lisboa


Aterrou hoje, em Lisboa, o novo avião da Brussels Airlines que faz homenagem ao herói de Banda Desenhada Tintin. A companhia tem três aviões pintados com os tesouros belgas. Os outros dois representam a selecção do país e um festival de música.




sábado, 14 de março de 2015

As imprecações do Capitão Haddock

É frequente os mais carismáticos heróis da Banda Desenhada terem um parceiro, um inseparável amigo e companheiro de aventuras, que serve quase sempre de seu contraponto, distinguindo-se por possuir outros dons e outras características (que também caem no goto dos leitores), mostrando uma faceta mais humana, com defeitos e virtudes — o que contribui para elevar o padrão das suas aventuras, sem prejuízo do estatuto mítico do herói principal. Isto tanto nas séries realistas como nas humorísticas…
Nesta peculiar categoria de personagens secundárias que rapidamente ascendem também ao “estrelato”, vem-nos de imediato à memória a incontornável figura do Capitão Haddock, talvez o mais famoso de todos os comparsas que enriqueceram criações emblemáticas, onde a aliança entre duas personagens, mesmo que diametralmente opostas, pede meças aos heróis solitários… embora já sejam poucos os que seguem por este caminho.
Tintin conheceu-o na aventura “O Caranguejo das Tenazes de Ouro”, em que Haddock fazia o papel de um marinheiro alcoólico e embrutecido, com frequentes acessos de cólera, alucinações e perdas de memória, mas que graças à amizade com o jovem aventureiro conseguiu regenerar-se, passando a ter hábitos mais moderados. Excepto quanto à linguagem… que, pelo contrário, se tornou ainda mais irascível, recheada de extravagantes expressões oriundas de um copioso “jargão” que o velho marinheiro se compraz em refinar, somando-lhe novas injúrias, como uma espécie de glossário que não se cansa de rever e enriquecer.
Mais tarde, ao desvendar o segredo da “Licorne”, Haddock herdou um nome aristocrático e um sumptuoso palacete em Moulinsart, onde habita, em boa paz e harmonia, juntamente com Tintin, o professor Tournesol e o mordomo Nestor… mas nem por isso aprendeu a refrear os seus excessos de linguagem.
Aqui têm mais um hilariante exemplo (à boa maneira de Hergé) dessas intempestivas manifestações de mau humor — quase sempre provocadas por peripécias que bulem com os seus sentimentos e a sua noção de justiça, mas também, sob o efeito do álcool, com o seu vício e o seu feitio brigão —, extraído igualmente do episódio “O Caranguejo das Tenazes de Ouro” (Le crabe aux pinces d’or), que é um autêntico festival de impropérios!
Ninguém consegue ter como Haddock, na ponta da língua, um vocabulário tão truculento, tão vivo, tão espontâneo, de tão grande riqueza e variedade verbal, lembrando uma torrente que jorra de um geiser fumegante ou uma cascata que rola fragorosamente por uma encosta, abafando todos os outros ruídos. Sobretudo quando ele usa um megafone, como na cena seguinte, a todos os títulos memorável, de Coke en stock.

Esta página foi publicada no Cavaleiro Andante nº 405, de 3/10/1959, revista onde Haddock ficou conhecido como Capitão Rosa, nome que o Diabrete tinha sido o primeiro a consagrar entre os leitores portugueses.


Jorge Magalhães in Blogue O Gato Afarrabista

terça-feira, 10 de março de 2015

Hergé em versão animada

A vida e obra do criador de Tintin, Georges Rémi (1907-1983), mais conhecido como Hergé, vão ser tema de uma série animada que deverá estrear dentro de dois anos.
A concepção está entregue ao estúdio de animação francês Normaal, já responsável pelas recentes versões em desenhos animados de Gaston Lagaffe e de Snoopy.

Segundo Alexis Lavillat, um dos responsáveis do estúdio, foi estabelecido um acordo com a sociedade Moulinsart SA, que gere os direitos da obra de Hergé, para a realização de uma obra de ficção, que abordará não apenas a vida do desenhador belga mas também as suas principais criações em banda desenhada. Assim, para além de Tintin, poderão também ser recordados Quick et Flupke (Quim e Filipe na versão portuguesa) ou Jo, Zette et Jocko (Joana, João e o macaco Simão).

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 27 de Fevereiro de 2015)

Pedro Cleto em As Leituras do Pedro

segunda-feira, 9 de março de 2015

Cartaz da exposição sobre Vasco Granja


A exposição Vasco Granja e o Cinema de Animação, patrocinada pela Fundação D. Luís I, patente no Centro Cultural de Cascais até ao próximo dia 19 de Abril tem no panfleto de promoção as personagens Tintin e Milou.

domingo, 8 de março de 2015

Capa original de 1938 de Tintim vendida por 453 mil euros

No segundo leilão que a Sotheby's dedica à banda desenhada bateram-se uma dúzia de recordes mundiais.

A prancha original de uma capa de 1938 da revista Le petit Vintième que tinha como protagonista Tintin, criado por Hergé, foi vendida neste sábado em Paris por 453 mil euros, anunciou a leiloeira Sotheby's.
A capa, que comemorava o 10.º aniversário da revista, e em que aparecia Tintin, bem como Milou, Quick, Flupke, Jo, Zette e Jocko, assim como um auto-retrato do próprio Hergé, estava num lote dos 288 que estiveram a leilão, referiu um porta-voz da Sotheby's citado pela agência EFE. O preço final ficou abaixo da estimativa inicial, que era, no máximo, de 480 mil euros.
No total, o conjunto desses lotes de banda desenhada — entre os quais havia muitos outros autores consagrados, como Enki Bilal, Moebius, Hugo Pratt ou Albert Uderzo — foi vendido por um total de 3,8 milhões de euros.
O segundo lote mais caro foi outra obra de Hergé, em concreto uma prancha do seu período preto e branco, em 1939, do álbum intitulado Le Sceptre d'Ottokar, adquirida por 327 mil euros, acima da estimativa de 270 mil euros.
Em terceiro ficou a capa de Corto MalteseLes Celtiques, publicada por Hugo Pratt em 1980, e que as várias ordens de compra fizeram subir o preço até aos 315 mil euros, quando os especialistas tinham calculado um preço de 240 mil euros.
Outra das estrelas da sessão foi uma página original desenhada por Albert Uderzo para Asterix, la grande traversée, publicada em 1975, que se vendeu por 243 mil euros, disparando muito acima dos 155 mil euros estimados.
A Sotheby's destacou que neste leilão, o segundo de banda desenhada organizada pela leiloeira em Paris — a primeira foi em Julho de 2012 —, bateram-se cerca de uma dúzia de recordes mundiais.

O mais elevado desses recordes foi uma prancha original de Winsor McCay de 1907 da sua série Little Nemo, adjudicada por 50 mil euros.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Etiquetas escolares

Mão amiga fez-me chegar estas etiquetas escolares autocolantes editadas pela Almeida e Leal nos anos 70 do século passado.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

O site do livro Tintin - Bibliographie d'un mythe

Recentemente foi editado o livro em epígrafe que recencia a bibliografia acerca de Tintin e do seu autor, Hergé. De forma, a actualizar a obra, os autores, Oliver Roche e Dominique Cerbelaud, criaram um site onde se pode descarregar toda a bibliografia tintinófila encontrada até ao momento. De notar que as obras portuguesas relacionadas com Hergé e a sua obra constam da lista.
Deixo-vos o link: http://www.bibliographiedunmythe.com/

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Tintin Akei Kongo


Tintim no Congo (1931) é o segundo álbum da famosa série de BD do autor belga Hergé. Foi-lhe encomendada pelo jornal conservador Le Vingtième Siècle e conta a história do jovem repórter Tintim e o seu cão Milou enviados para o Congo belga para escrever sobre acontecimentos nesse país. Embora tenha reconhecido sucesso comercial e tornado-se derradeiro para definir a indústria de BD franco-belga, este álbum tem recebido duras críticas pela sua atitude racista e colonialista perante os congoleses, retratando-os como atrasados, preguiçosos e dependentes dos Europeus. Embora Hergé não fosse mais racista que qualquer outro cidadão belga, é sobretudo acusado de persistentemente alinhar a sua visão com o mais baixo denominador comum sem se questionar do racismo explícito ou das políticas coloniais que já eram criticadas por artistas e intelectuais francófonos do seu tempo.

Tintin Akei Kongo é uma tradução de Tintin au Congo em lingala, a língua oficial do Congo. A tradução foi comissariada por um artista e foi feita em colaboração com um tradutor oficial durante a sua residência artística na ilha de Ukerewe na Tanzânia. Esta tradução faz parte da linhagem de "detournements" como Katz [livro destruído por alterar o famoso Maus de Art Spiegelman], Noirs [os Estrumpfes Negros ficam todos azuis] ou Riki Fermier [em que o Petzi desaparece da sua própria BD], livros apontados de autoria provável ao grego Ilan Manouach. O artista, consciente das propriedades materiais da edição original, cheia dos seus potenciais significados, tornou explicita os aspectos formais do objecto: o novo livro é um fac-simile da edição original e manteve os padrões de produção industriais das BDs "clássicas". O objectivo desta aventura não é simplesmente a reinterpretação do trabalho do autor para reinventar as intervenções possíveis sobre uma obra usando comissariando uma tradução, nem enfatizar a importância do discurso e da auto-referência para indicar a BD simultaneamente como linguagem e lógica de sistema.

O objectivo é não só reparar um erro Histórico tornando acessível este trabalho na língua daqueles que lhes interessa, os oprimidos, os insultados. Revela as escolhas tácticas de quem traduz obras. Não é de surpreender que afinal na África pós-colonial ainda se usa o francês ou o inglês como línguas oficias para questões de Educação, Legislação, Justiça e Administração? Tintin au Congo reflecte as opinião da burguesia bela dos anos 30. Esta concepção do povo do Congo ou pura e simplesmente de qualquer negro visto como uma grande criança é uma parte da História do Congo tal como Os Protocolos dos Sábios de Sião fazem parte da falsa propaganda anti-semita na História dos Judeus.
Tintim no Congo deveria ser traduzido para lingala.

Uma identidade nacional não é só criada por um processo interno de cristalização, da consolidação constante do que é a sua cultura nacional, mas também é definida pelas pressões oferecidas pelo exterior. Tintim no Congo, a versão original na língua francesa é ainda uma das BDs mais populares na África francófona. O facto de ainda não existir uma edição congolesa, fará lembrar ao leitor de Tintin Akei Kongo que a promoção cultural não é só governada por lucro ou outros valores de mercado. Ao juntar lingala às 112 línguas traduzidas no Império Tintim, Tintin Akei Kongo revela pontos cegos na expansão dos conglomerados da edição.

Tintin Akei Kongo será apresentado no Festival de BD de Angoulême.

domingo, 25 de janeiro de 2015

Personagens inspiradas em figuras reais

Entre centenas de personagens que evoluem pelas histórias de Tintin, quantas surgiram exclusivamente da cabeça de Hergé? Poucas, pois a maioria inspira-se em gente das relações do criador belga, em figuras históricas ou em celebridades da época em que as aventuras foram publicadas.


O próprio Hergé não resistiu, como o cineasta Alfred Hitchcock, a representar-se em Tintin no Congo, em O Caso Girassol ou O ceptro de Ottokar. São sempre presenças discretas que desafiam a perspicácia dos leitores... Tintin, por seu lado, apresenta algumas curiosas semelhanças com Paul Remi, irmão mais novo de Hergé, que, aliás, reconheceu essa influência nas primeiras aventuras do herói. Outra presença evidente é o seu amigo e, durante algum tempo, colaborador Edgar Pierre Jacobs, que aparece representado em Os Charutos do Faraó como E.P.Jacobini.



Quanto a Girassol, é uma espécie de irmão gémeo do físico suíço August Piccard, que, entre outros contributos, esteve na origem do primeiro batíscafo - o submarino de bolso de Girassol usado em O Tesouro de Rackham o Terrível não é, por isso, uma ideia disparatada.


Onde foi Hergé desencantar o "rouxinol milanês", cognome de Bianca Castafiore, que surge pela primeira vez em O Ceptro de Ottokar? A resposta passa pela soprano italiana Renata Tibaldi, a grande rival de Maria Callas, na qual Hergé se inspirou para criar a Diva.

Outras duas personagens secundárias devem ainda ser referenciadas. Uma delas é o autoritário, batoteiro e avarento Laszlo Carreidas (Voo 714 para Sidney), que evoca, sem grandes dificuldades, o célebre aviador e empresário aeronáutico Marcel Dassault.


E sob os traços sorridentes do capitão que recolhe Tintin a bordo em Os Charutos do Faraó podemos identificar Henri de Monfreid, um conhecido escritor, artista e aventureiro francês.

Carlos Pessoa in Público de 14-07-2005

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Museu Hergé cancela homenagem ao Charlie Hebdo

Director do museu belga dedicado ao criador de Tintin diz que a decisão de avançar com a homenagem “foi um pouco ingénua” e que decidiu suspendê-la para não colocar em risco os funcionários da casa e os habitantes de Lovaina-a-Nova.

O Museu Hergé, na povoação belga de Lovaina-a-Nova, decidiu cancelar uma exposição de homenagem ao jornal satírico francês Charlie Hebdo, cuja inauguração estava prevista para esta quinta-feira. O director do museu dedicado ao criador de Tintin, Nick Rodwell, esclarece que a decisão foi tomada por razões de segurança, e admite que a exposição poderá ainda vir a abrir, “se o nível de alerta diminuir nos próximos dias ou semanas”.
O anúncio do cancelamento foi feito na sequência de uma reunião de Rodwell com o presidente da Câmara de Lovaina-a-Nova, Jean-Luc Roland, e responsáveis da polícia, que expuseram as medidas de segurança excepcionais que seria necessário pôr em marcha se a exposição abrisse na data prevista, e que alertaram ainda para os riscos que o pessoal do museu e os próprios munícipes correriam.
Já depois do ataque de dia 7 ao Charlie Hebdo, que fez 12 mortos, as forças de segurança belgas desmantelaram no dia 15 uma célula jihadista (sem ligação conhecida aos irmãos Kouachi, autores do atentado em França), que incluía alguns elementos acabados de regressar da Síria e que pretenderia cometer vários atentados no país. A operação policial decorreu simultaneamente em Bruxelas e noutras localidades belgas, designadamente Verviers, onde dois jihadistas foram mortos num confronto com a polícia.
A ideia de fazer esta exposição, “uma homenagem de Hergé, que foi também caricaturista, aos caricaturistas assassinados”, surgiu “espontaneamente”, conta Rodwell, logo após o massacre de 7 de Janeiro. Mas o director do museu reconhece agora que foi “um pouco ingénuo” e agradece à polícia e ao autarca de Lovaina-a-Nova que o tenham alertado para os perigos que a exposição poderia implicar. “O Museu Hergé não existe para atiçar o fogo”, diz Rodwell, acrescentando que “seria inconcebível expor ao mínimo risco” tanto os funcionários da instituição como os habitantes de Lovaina-a-Nova.
Um desenhador que estaria representado na exposição, Nicolas Vadot, concorda que houve “precipitação” do museu e que este “não escolheu o melhor momento”, quando o país acabara de aumentar o nível de alerta. Mas também acha que, não existindo uma ameaça concreta, a solução agora encontrada pode comprometer a imagem do museu.

“Uma exposição contra a censura que se autocensura quando não existia uma ameaça, é problemático”, diz Vadot, concluindo: “Isto quer dizer que os terroristas ganharam”. É bem possível que Tintin, o jovem e valente repórter criado por Hergé, sempre pronto a meter-se em arriscadas aventuras para defender a causa da justiça, tendesse a concordar com Vadot.

Luís Miguel Queirós in Público

Desenho de José Carlos Fernandes

Trabalho de José Carlos Fernandes para a livraria Dr. Kartoon.


domingo, 18 de janeiro de 2015

Curiosidades científicas de As 7 Bolas de Cristal

Em As 7 Bolas de Cristal, os mistérios não giram apenas em torno da múmia inca, cuja profecia parece ter-se abatido sobre os sete membros da expedição Sanders-Hardmuth. Pode considerar-se como primeiro enigma da história o truque de transformar água em vinho que um ilusionista apresenta durante o espectáculo no Music Hall Palace. O capitão Haddock, incurável apreciador de bebidas alcoólicas, está desejoso por mostrar a Tintin como é possível realizar tão magnífica transformação. Mas será assim tão fácil realizar o milagre das bodas de Canaã? A resposta científica é não. Apesar disso, um truque de prestidigitação proposto por Tom Tit no seu livro La Science Amusante (1890) parece ser suficiente para criar a suposta transformação. Um copo cheio de água, dois copos de vinho (um cheio e outro semi-cheio) e dois fios de lã são os objectos necessários para a ilusão, que se baseia no facto de vinho ser mais leve do que a água para tornar possível a troca dos conteúdos dos copos.


Mais tarde, enquanto Tintin lê a tradução da profecia encontrada no túmulo de Raspac Capac, entra pela lareira da sala do professor Bergamotte uma bola de fogo que provoca a volatilização da múmia. Apesar de ser um fenómeno raro e imprevisível (segundo os especialistas, apenas um relâmpago num milhão é acompanhado por uma bola de fogo), estima-se que cerca de cinco por cento da população mundial viu, pelo menos, uma vez uma esfera eléctrica semelhante à que surge na história. Com a duração máxima de um minuto (o mais frequente é resistir dez segundos), a sua cor pode ser vermelha, amarela ou azul e, em média, o seu diâmetro tem vinte centímetros, podendo movimentar-se na horizontal, pairar imóvel ou agitar-se num movimento ascensional. Apenas é puramente imaginário o facto de provocar qualquer género de levitação.

Ana Filipa Gaspar in Público de 14.07.2005  

domingo, 11 de janeiro de 2015

A revista Sábado e os 86 anos do Tintin


A revista Sábado disponibilizou no seu site um conjunto de fotografias comemorativas do 86º aniversário de Tintin.

sábado, 10 de janeiro de 2015

86 anos de Tintin: «Tintin não é só Tintin. É muito mais»


Para assinalar os 86 anos da obra de Hergé, a TVI24 foi falar com fãs e colecionadores portugueses.


Já lá vão mais de oito décadas de existência. Aquele que é, muito provavelmente, o repórter mais conhecido do mundo, assinala este sábado mais um aniversário, com a certeza de que continua a seruma das figuras maiores da banda de desenhada. Tintin faz 86 anos, mas continua tão jovem como surgiu ao mundo, em 1929.
«Tintin não é só Tintin. É muito mais. É toda uma galeria de personagens que vamos conhecendo e compreendendo», afirma Alberto Gonçalves.


Livraria Timtimportimtim: Foto: timtimportimtim.com.sapo.pt
Alberto Gonçalves, portuense, 56 anos e «tintinófilo» assumido. Proprietário de uma livraria de banda desenhada na cidade invicta, a Timtimportimtim, explica à TVI24 que começou a ser fã de Tintin quando ainda nem sabia ler e recorda aquele que foi o seu primeiro livro da saga.
«O primeiro livro que tive do Tintin foi o «Tesouro de Rackam, o Terrível». A minha mãe deu-mo numa ida à Confiança, em Lisboa.»
Estes foram os primeiros de muitos quadradinhos que Alberto devorou com afinco. Recorda que comprou a revista das aventuras do repórter desde a primeira à última edição e descreve a ansiedade que vivia, na altura, antes de ir às bancas comprar um novo número.
«Esperava ansiosamente pela sexta-feira para comprar a revista. Formamos mesmo um grupo de leitura, Votávamos nas melhores histórias e dissertávamos sobre o desenrolar das histórias. Mas o mais entusiasta era mesmo eu», admite.


Livraria Timtimportimtim, Foto: Alberto Gonçalves 

A paixão pelas aventuras de Tintin, sempre acompanhado pelo seu fox terrier, Milu, atravessa o país. Vários quilómetros mais a sul, em Lisboa, a TVI24 encontrou outro «tintinófilo» que também começou a interessar-se pela saga desde tenra idade. 

António Monteiro, de 63 anos, indica alguns dos motivos que fazem de Tintin uma obra especial: « os argumentos, quase todos bem urdidos enquanto histórias de aventuras, a variedade de tópicos tratados - do tráfico de estupefacientes à espionagem industrial, da conquista espacial à exploração submarina -, a galeria de personagens, a utilização do humor.»
«Em jovem, não tinha propriamente um grupo com quem partilhar o gosto pela banda desenhada, mas tornei-me membro da associação internacional Amis de Hergé, sediada na Bélgica», revela.
Hoje, porém, a história é bem diferente: António integra um grupo de fãs de Tintin que conta com perto de três dezenas de membros. 

Além da admiração que nutrem pela obra de Hergé, estes «tintinófilos» partilham ainda o gosto pelocolecionismo, possuindo várias peças, muitas verdadeiras raridades, relacionadas com Tintin.Livros, revistas, réplicas das personagens... é possível encontrar um pouco de tudo nas coleções destes fãs. 

O grupo até se reúne algumas vezes por ano para partilhar ideias sobre os vários temas e questões que as histórias do herói colocam.
«Para além destes encontros, o grupo está em contacto permanente por via electrónica, trocando informações e comentários de toda a ordem sobre os temas pertinentes», destaca.


Coleção de António Monteiro, Foto: António Monteiro 

Alberto e António são apenas dois exemplos que atestam a estreita ligação dos portugueses com a obra criada por Hergé, pseudónimo do belga Georges Rémi. Uma aventura que começou poucos anos depois de as primeiras publicações terem surgido em França e na Suíça. Mais do que isso, Portugal foi mesmo o primeiro país a internacionalizar Tintin. 

O início desta relação remonta aos anos 30 e leva-nos até ao padre Abel Varzim. Quando estudava Sociologia na Universidade de Lovaina, na Bélgica, o sacerdote entrou em contacto com a obra de Hergé, comprou os direitos e vendeu-os aos responsáveis pela revista juvenil da Rádio Renascença, «Papagaio», dirigida por Adolfo Simões Muller. 

Estávamos a 15 de abril de 1936 quando «As Aventuras de Tintin na América do Norte» foi a primeira das histórias publicadas. Pela primeira vez, o repórter ruivo falava outra língua que não o francês ou o flamengo. E também pela primeira vez a obra era publicada a cores - só nos anos 40 é que começou a ser feita a coloração das aventuras. 

Mas se os portugueses receberam com afeição as peripécias de Tintin, Hergé também parece ter correspondido a este entusiasmo, na medida em que até criou personagens que falavam a língua de Camões. 

O Senhor de Oliveira da Figueira é uma das personagens mais caricatas que se cruza com Tintin. Trata-se de um comerciante que vende frigoríficos a pessoas que não têm eletricidade e carros de bebés a pessoas que não têm bebés.  


Coleção de Daniel Sasportes (Foto: Daniel Sasportes) 

Mas agora, com tantas redes sociais, consolas, smartphones, tablets e tantas outras ferramentas tecnológicas que dominam as rotinas, sobretudo as dos jovens,  os quadradinhos tradicionais de Tintin ainda despertam o interesse das gerações mais novas?
«O Tintin ainda hoje cativa jovens leitores. É por excelência o herói do século XX. Acredito que terá um lugar ao lado dos grandes clássicos juvenis como D’Artagnan, Zorro, Ilha do Tesouro, Moby Dick, os romances de Júlio Verne... Todos eles com mais de 150 anos», afirma Alberto Gonçalves.

António Monteiro partilha da mesma opinião e até refere um exemplo concreto.
«Numa iniciativa que organizámos em meados de 2014 e durante a qual tivemos oportunidade de levar cerca de uma centena e meia de crianças (de 5 a 12 anos, na sua maioria) a visitar uma exposição sobre a obra de Hergé, e até a participar num concurso de desenhos inspirados nela, foi possível verificar que as aventuras de Tintin eram bem conhecidas e apreciadas por muitas delas.»


Coleção de Mário Marques (Foto: Mário Marques) 

Mais de 20 álbuns de aventuras, traduzidos em 77 línguas, que já venderam mais de 230 milhões de exemplares em todo o mundo. Uma das referências da literatura infanto-juvenil, que ainda hoje continua a atravessar e a unir gerações. Parabéns, Tintin!