domingo, 29 de maio de 2016

Crónica de Victor Bandarra no Correio da Manhã de 27 de Março de 2016

É uma conversa provável numa esplanada junto ao Tejo. Um cinquentão moreno, fino bigode, displicência britânica, troca impressões com uma portuguesa, Clara, finalista de Comunicação Social. Apresenta-se como Gaudde Mascarenhas, repórter de um grande jornal de Islamabad, Paquistão. Cumpre breves dias de férias em Lisboa. Fala português com sotaque. Gaudde nasceu em Moçambique, filho de muçulmana de origem paquistanesa e de goês católico. Os acasos do destino e do Império levam-no a fazer o liceu em Lisboa e a iniciar a vida adulta no Paquistão. Gaudde narra os horrores dos atentados terroristas, as andanças como correspondente de guerra, no Líbano e no Afeganistão, no Iraque e no Irão, no Paquistão e no Sri Lanka. A jovem bebe da experiência prática de um homem do Mundo. Face à barbárie dos atentados de Bruxelas, vem à baila a personagem Tintin, o repórter lourinho criado pelo cartunista belga Hergé. Tintin é bom pretexto para se falar de repórteres e de terrorismo. – Com os atentados em Bruxelas, lembrei-me logo do Tintin! – aponta Clara. – É lógico! – reconhece Gaudde. – Mas o rapaz tinha uma visão um bocado redutora do Mundo e dos humanos... Em 1931, Hergé lança ‘Tintin em África’, história encomendada pelo jornal conservador belga ‘Le Vingtième Siècle’. A história passa-se no Congo, então belga. Os negros são desenhados todos da mesma maneira, magrinhos, de lábios grossos e pele preta retinta. Na Europa, pensava-se e escrevia-se então: "Os negros são crianças grandes. Felizmente estamos lá..." Anos depois, Hergé acaba por reconhecer os preconceitos e os estereótipos culturais e civilizacionais que lhe povoavam o espírito, ele que nunca tinha posto o pé em África. Quanto às aventuras de Tintin pelas Arábias muçulmanas, Hergé inventa o lisboeta Oliveira da Figueira, vendedor nato e fala-barato, um dos ídolos de Paulo Portas. Personagem hilariante, Figueira até consegue vender patins a um sheik, argumentando em perfeito paleio árabe. – Tenho amigos que se lembram logo do Oliveira da Figueira quando se fala de Portugal! – sorri Gaudde. Hoje, há quem insista em fomentar o secular conflito de civilizações, por interesse, preconceito ou simples ignorância. A Europa política, quiçá por medo, nunca conseguiu criar aos 53 milhões de muçulmanos na Europa uma identidade europeia, menos ainda o orgulho de serem cidadãos europeus. Criaram-se novos ghettos, a melhor fábrica de terroristas que se conhece. O Mundo está a mudar, ou nem por isso. – Sr. Gaudde! E está agora a trabalhar em que país? – Olhe, Clara! – suspira Gaudde. – Fui colocado como correspondente de guerra em Bruxelas!



quinta-feira, 26 de maio de 2016

Primeira obra de Tintim a cores, «Tintin au Congo», de 1948, vai a leilão

A Catawiki (www.catawiki.pt), a maior plataforma de leilões online da Europa, está a leiloar um exemplar das histórias de Tintin, a mais famosa personagem de banda desenhada - «Tintin au Congo», datada de 1948 e no valor estimado de 60 mil euros.

Trata-se de uma cópia conhecida universal (avant la lettre), por não incluir qualquer texto na capa exterior ou nos balões de discurso ao longo da história, para utilização em pré-vendas no estrangeiro.

Segundo Jacques Pels, leiloeiro e especialista em banda desenhada, este é um leilão muito especial: «É um exemplar do final dos anos 1940 utilizado por um representante da editora Casterman para a pré-venda no exterior. A peça não tem título na capa nem nenhum texto nos balões de fala, sendo também o primeiro exemplar de Tintin publicado a cores. Em todo o mundo existem apenas sete cópias deste álbum sem texto, sendo assim uma das mais raras e valiosas peças de Tintin existentes. Esta peça integra um leilão exclusivo de banda desenhada com um conjunto de artigos avaliados em mais de 300 mil euros.»
 
Das sete cópias existentes, esta é a que se encontra em melhor estado de conservação. Estima-se que esta peça possa ser vendida entre 50 e 60 mil euros. O ano passado, a Catawiki leiloou uma edição do primeiro álbum de Tintin, «Tintin au pays des sovietes», autografada pelo cartoonista Hergé, de 1930, no valor de 30 mil euros. O valor das obras mais raras e antigas de Tintin tem crescido exponencialmente ao longo dos anos.

in Diário Digital

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Figuras de Tintin #7 - Tintin com escafandro lunar

O álbum "Explorando a Lua" recorda-nos a aterragem do foguetão lunar e as aventuras dos seus ocupantes no satélite terrestre. TintinHaddock, Milu, Girassol e os irmãos Dupont(d) podem juntar-se aos poucos terrestres que tiveram a alegria de estarem em solo lunar.

A sétima entrega desta colecção da Altaya retrata-nos a figura de Tintin com escafandro lunar retirada da figura 37, vinheta B1 do episódio "Explorando a Lua". A acompanhar a figura de resina, o habitual livro de 16 páginas com curiosidades sobre o episódio e o passaporte que credita a autenticidade da miniatura.


Figuras de Tintin #7 - Tintin com escafandro lunar  (Figura+livro+passaporte), Altaya, 12,99€



sábado, 21 de maio de 2016

Tintin volta a leilão com venda de 180 peças em Paris


A personagem de banda desenhada Tintin volta esta terça-feira aos leilões parisienses com a venda de 180 peças, depois de duas pranchas duplas do autor Hergé terem rendido mais de um milhão de euros em abril.

Desenhos originais, nas cores originais, álbuns assinados, cartazes, serigrafias, as 180 peças serão vendidas pela casa Piasa em parceria com a Moulinsart SA, a sociedade belga responsável pela exploração comercial da obra de Hergé, pseudónimo do desenhador e cartoonista belga Georges Prosper Remi.

Entre as raridades à venda, encontra-se um postal desenhado por Hergé por altura do nascimento – no dia do seu próprio aniversário – do filho de um amigo. “Para Phillippe: Hip! Hip! Hip! Hurra! “, escreve Hergé na carta postal, onde desenha Tintin, o capitão Haddock, a dupla Dupond e um mais raro professor Tournesol. O valor do postal é estimado entre 20 e 30 mil euros.

Uma maquete da capa do “Tesouro de Rackam, o terrível”, trabalho de Hergé e dos seus colaboradores, e o respetivo ensaio de prova da tipografia têm preços estimados entre os 30 mil e os 40 mil euros.

A casa de leilões vai ainda oferecer aos colecionadores e investidores o original “Tintin e os seus amigos nos anjinhos”, um desenho a tinta-da-china dedicado a um amigo e assinado pelo casal “Hergé e Hergé”, com um valor estimado entre os 18 e os 22 mil euros.

Constam ainda do catálogo um álbum de “Tintin no Tibete”, de 1960, dedicado por Hergé a Francis Bayle, filho do conceituado alpinista francês Emile Bayle, assim como edições originais de “Tintin no País dos Sovietes”, “Tintin na América”, de 1932, o protótipo de 1968 de “Voo 714 para Sydney” ou “As aventuras de Tintin no Congo”, de 1931.

Uma prancha dupla d’”O Cetro de Ottokar” vendida pelo cantor Renaud e representando os irmãos Dupond a cair à água e a descer de um hidroavião foi adjudicada no final de abril por 1,046 milhões de euros num leilão organizado pela Artcurial.

Em outubro último, uma prancha dupla do mesmo álbum, com a tentativa de fuga de Tintin a bordo de um avião de caça, foi vendida pela Sotheby’s em Paris por mais de 1,5 milhões de euros.

In Observador

sábado, 7 de maio de 2016

Figuras de Tintin #6 - Mitsuhirato com a pomba

A sexta entrega desta colecção da Altaya é o japonês Mitsuhirato, traficante e espião sem escrúpulos na aventura "O lótus azul", a sua única aparição. Óculos redondos, bigode abundante, sorriso forçado e expressivo, dentes proeminentes e nariz porcino, Mitsuhirato é um espião japonês na China ocupada pelos nipónicos. Mitsuhirato, além de fazer parte da quadrilha de Rastopopoulos, tem a função de provocar incidentes justificativos de uma maior intervenção das tropas japonesas na China.
A imagem da figura entrega, juntamente com o passaporte, é retirada da prancha 48, vinheta B2 do episódio "O lótus Azul".

Figuras de Tintin #6 - Mitsuhirato com a pomba + Figura + Passaporte, Altaya, 12,99€



quarta-feira, 4 de maio de 2016

Obra de Tintin ultrapassa o milhão de euros em leilão

Uma dupla prancha original de Hergé, do álbum o Ceptro de Ottokar de 1939, superou largamente as estimativas iniciais, entre os 600 e os 800 mil euros, atingindo um valor de 1 046 300 euros.



O leilão abriu com a obra a 400 000 euros mas rapidamente se instalou uma feroz batalha entre quatro compradores, dois na sala e dois por telefone, e em menos de um minuto o preço estava já nos 700 000 euros. E não tardou sequer mais um minuto para que a obra fosse arrematada pelos tais 1 046 300 euros, por um dos compradores online (1 192 782 com custos incluídos).

A Fora de Série noticiou o leilão no passado dia 29, como pode ler aqui e entre os nossos destaques estava também uma aguarela e tinta da china do Tenente Blueberry, desenhada por Jean Giraud, para a capa do segundo tomo do álbum a Juventude de Blueberry, publicado em 1973. Estimava-se um valor entre os 55 e os 65 mil euros e chegou “apenas” aos 68 000. Ao contrário de outra prancha sua, do tomo 18, Nariz Partido, que foi vendida por 45 900, o dobro do inicialmente estimado. E isto enquanto mais uma prancha sua, A Feira dos Imortais, publicada sob o pseudónimo Moebius, atingia os 51 000 euros. Já o desenho de Corto Maltese em A Balada do Mar Salgado, de Hugo Pratt, outro dos nossos destaques, triplicava o valor, chegando aos 15 300 euros.

No total, foram vendidas mais de 75% das peças presentes a leilão, atingindo um valor total de 2 825 759 euros. Uma prova de como a Banda Desenhada se está a tornar num assunto muito sério para coleccionadores.

In Económico