terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Espólio de Hergé e as visões de Dante segundo Botticelli na Gulbenkian em 2021


Uma mostra de documentos, desenhos originais e obras de Hergé, o criador de Tintin, as visões de Dante, por Sandro Botticelli, e uma retrospectiva da colecção de Arte Moderna, são algumas das exposições previstas para 2021 na Gulbenkian.

A partir de 7 de Outubro, e até 10 de Janeiro de 2022, pode ser visitada na Galeria Principal a exposição “Hergé”, apresentada pela primeira vez no Grand Palais, em Paris.

Esta exposição reúne uma importante selecção de documentos, desenhos originais e várias obras criadas pelo autor de Tintin.

Organizada em colaboração com o Museu Hergé de Louvain-la-Neuve, a mostra revela as múltiplas facetas de uma personalidade artística de referência, da ilustração à banda desenhada, passando pela publicidade, imprensa, desenho de moda e artes plásticas”, explicita a Gulbenkian, destacando que esta é “uma oportunidade única de descobrir os tesouros dos estúdios Hergé: pranchas originais, pinturas, fotografias e documentos de arquivo”.

Lusa

sábado, 19 de dezembro de 2020

Tintin na Juvebêdê


A revista Juvebêdê de Outubro de 2019 publicou um destaque ao álbum duplo das aventuras lunares de Tintin, editado pela ASA, comemorando os 50 anos do primeiro homem na Lua. 

domingo, 6 de dezembro de 2020

Prendas de Natal 2020

Abriu a época das sugestões, dos passeios aos presentes. Se a quadra confina ou desconfina, ainda não se sabe, menina. Não há é como evitar a besta, o assunto-assombração do regime fechado.

Segue, por conseguinte, um combinado de sugestões devidamente ajustado à época, a de 2020. E não se fala mais nisso, no pasa nada.

Também não se passa nada, nada de nada, em As Jóias da Castafiore, a deliciosa -- de todas, talvez a mais deliciosa -- banda desenhada de Hergé. Ao contrário das outras aventuras de Tintim, trepidantes de viagens e vilões, nesta ninguém vai a lado algum, nem acontece coisa alguma. Ou acontece tudo, um tudo que é nada e um nada que é tudo, num delirante novelo de peripécias e mal-entendidos em que toda a gente se agita sem sair do sítio, o castelo de Moulinsart.

Ora esta comédia imóvel, a anti-aventura em huis clos a que até um filósofo famoso consagrou um extenso artigo em torno da impossível comunicação entre os seres humanos, é também uma engenhosa brincadeira inspirada no enredo de La Gazza Ladra (A Pega Ladra), uma ópera de G. Rossini que, essa, não é considerada nem cómica, nem séria, mas sim… “semi-séria”. E chamar a algo “semi-sério” é já por si mesmo, convenhamos, um nadinha cómico.

O que Hergé talvez desconhecesse – mas o acaso faz bem as coisas, como se sabe -- é a pequena história por detrás da própria criação da Gazza Ladra. Consta que o diretor do Scala de Milão, conhecendo como conhecia a incontível alegria de viver de Rossini e temendo não ter a ópera pronta a tempo da estreia, confinou o pobre compositor no quarto. Gioachinno não tinha o direito de sair e atirava as partituras da Abertura pela janela para serem distribuídas pelos músicos da orquestra.

Custa a crer que um tema que tanto nos induz a contemplar o teatro do mundo em modo divertido, a banda sonora que o transfigura, tenha sido composto nestas condições. É fazer a experiência logo na dita Abertura, a partir do minuto 4’20’’.

E as Jóias da Castafiore? Ah... nem tudo o que reluz é ouro. Mas que interessa isso à pega? Só mesmo a Castafiore, o Rouxinol Milanês, é que se aflige -- e nós com ela, mais os castiçais que ela estilhaça nos agudos ao cantar a “Ária das Jóias”, da ópera Fausto, de C. Gounod. Haverá alguém que tenha lido a banda desenhada e não tenha ardido de curiosidade de saber a que soava “AAAAAh je ris, de me voir si belle en ce miroir….”.  Soa assim, a partir do minuto 2’20’’, na voz grande de Anna Netrebko.

Boas compras, como dizem no supermercado.

Manuela Ivone Cunha

in Blogue Malomil

Estojo Tintin da série Almeida & Leal dos anos 70 do século XX