sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Etiquetas escolares

Mão amiga fez-me chegar estas etiquetas escolares autocolantes editadas pela Almeida e Leal nos anos 70 do século passado.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

O site do livro Tintin - Bibliographie d'un mythe

Recentemente foi editado o livro em epígrafe que recencia a bibliografia acerca de Tintin e do seu autor, Hergé. De forma, a actualizar a obra, os autores, Oliver Roche e Dominique Cerbelaud, criaram um site onde se pode descarregar toda a bibliografia tintinófila encontrada até ao momento. De notar que as obras portuguesas relacionadas com Hergé e a sua obra constam da lista.
Deixo-vos o link: http://www.bibliographiedunmythe.com/

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Tintin Akei Kongo


Tintim no Congo (1931) é o segundo álbum da famosa série de BD do autor belga Hergé. Foi-lhe encomendada pelo jornal conservador Le Vingtième Siècle e conta a história do jovem repórter Tintim e o seu cão Milou enviados para o Congo belga para escrever sobre acontecimentos nesse país. Embora tenha reconhecido sucesso comercial e tornado-se derradeiro para definir a indústria de BD franco-belga, este álbum tem recebido duras críticas pela sua atitude racista e colonialista perante os congoleses, retratando-os como atrasados, preguiçosos e dependentes dos Europeus. Embora Hergé não fosse mais racista que qualquer outro cidadão belga, é sobretudo acusado de persistentemente alinhar a sua visão com o mais baixo denominador comum sem se questionar do racismo explícito ou das políticas coloniais que já eram criticadas por artistas e intelectuais francófonos do seu tempo.

Tintin Akei Kongo é uma tradução de Tintin au Congo em lingala, a língua oficial do Congo. A tradução foi comissariada por um artista e foi feita em colaboração com um tradutor oficial durante a sua residência artística na ilha de Ukerewe na Tanzânia. Esta tradução faz parte da linhagem de "detournements" como Katz [livro destruído por alterar o famoso Maus de Art Spiegelman], Noirs [os Estrumpfes Negros ficam todos azuis] ou Riki Fermier [em que o Petzi desaparece da sua própria BD], livros apontados de autoria provável ao grego Ilan Manouach. O artista, consciente das propriedades materiais da edição original, cheia dos seus potenciais significados, tornou explicita os aspectos formais do objecto: o novo livro é um fac-simile da edição original e manteve os padrões de produção industriais das BDs "clássicas". O objectivo desta aventura não é simplesmente a reinterpretação do trabalho do autor para reinventar as intervenções possíveis sobre uma obra usando comissariando uma tradução, nem enfatizar a importância do discurso e da auto-referência para indicar a BD simultaneamente como linguagem e lógica de sistema.

O objectivo é não só reparar um erro Histórico tornando acessível este trabalho na língua daqueles que lhes interessa, os oprimidos, os insultados. Revela as escolhas tácticas de quem traduz obras. Não é de surpreender que afinal na África pós-colonial ainda se usa o francês ou o inglês como línguas oficias para questões de Educação, Legislação, Justiça e Administração? Tintin au Congo reflecte as opinião da burguesia bela dos anos 30. Esta concepção do povo do Congo ou pura e simplesmente de qualquer negro visto como uma grande criança é uma parte da História do Congo tal como Os Protocolos dos Sábios de Sião fazem parte da falsa propaganda anti-semita na História dos Judeus.
Tintim no Congo deveria ser traduzido para lingala.

Uma identidade nacional não é só criada por um processo interno de cristalização, da consolidação constante do que é a sua cultura nacional, mas também é definida pelas pressões oferecidas pelo exterior. Tintim no Congo, a versão original na língua francesa é ainda uma das BDs mais populares na África francófona. O facto de ainda não existir uma edição congolesa, fará lembrar ao leitor de Tintin Akei Kongo que a promoção cultural não é só governada por lucro ou outros valores de mercado. Ao juntar lingala às 112 línguas traduzidas no Império Tintim, Tintin Akei Kongo revela pontos cegos na expansão dos conglomerados da edição.

Tintin Akei Kongo será apresentado no Festival de BD de Angoulême.

domingo, 25 de janeiro de 2015

Personagens inspiradas em figuras reais

Entre centenas de personagens que evoluem pelas histórias de Tintin, quantas surgiram exclusivamente da cabeça de Hergé? Poucas, pois a maioria inspira-se em gente das relações do criador belga, em figuras históricas ou em celebridades da época em que as aventuras foram publicadas.


O próprio Hergé não resistiu, como o cineasta Alfred Hitchcock, a representar-se em Tintin no Congo, em O Caso Girassol ou O ceptro de Ottokar. São sempre presenças discretas que desafiam a perspicácia dos leitores... Tintin, por seu lado, apresenta algumas curiosas semelhanças com Paul Remi, irmão mais novo de Hergé, que, aliás, reconheceu essa influência nas primeiras aventuras do herói. Outra presença evidente é o seu amigo e, durante algum tempo, colaborador Edgar Pierre Jacobs, que aparece representado em Os Charutos do Faraó como E.P.Jacobini.



Quanto a Girassol, é uma espécie de irmão gémeo do físico suíço August Piccard, que, entre outros contributos, esteve na origem do primeiro batíscafo - o submarino de bolso de Girassol usado em O Tesouro de Rackham o Terrível não é, por isso, uma ideia disparatada.


Onde foi Hergé desencantar o "rouxinol milanês", cognome de Bianca Castafiore, que surge pela primeira vez em O Ceptro de Ottokar? A resposta passa pela soprano italiana Renata Tibaldi, a grande rival de Maria Callas, na qual Hergé se inspirou para criar a Diva.

Outras duas personagens secundárias devem ainda ser referenciadas. Uma delas é o autoritário, batoteiro e avarento Laszlo Carreidas (Voo 714 para Sidney), que evoca, sem grandes dificuldades, o célebre aviador e empresário aeronáutico Marcel Dassault.


E sob os traços sorridentes do capitão que recolhe Tintin a bordo em Os Charutos do Faraó podemos identificar Henri de Monfreid, um conhecido escritor, artista e aventureiro francês.

Carlos Pessoa in Público de 14-07-2005

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Museu Hergé cancela homenagem ao Charlie Hebdo

Director do museu belga dedicado ao criador de Tintin diz que a decisão de avançar com a homenagem “foi um pouco ingénua” e que decidiu suspendê-la para não colocar em risco os funcionários da casa e os habitantes de Lovaina-a-Nova.

O Museu Hergé, na povoação belga de Lovaina-a-Nova, decidiu cancelar uma exposição de homenagem ao jornal satírico francês Charlie Hebdo, cuja inauguração estava prevista para esta quinta-feira. O director do museu dedicado ao criador de Tintin, Nick Rodwell, esclarece que a decisão foi tomada por razões de segurança, e admite que a exposição poderá ainda vir a abrir, “se o nível de alerta diminuir nos próximos dias ou semanas”.
O anúncio do cancelamento foi feito na sequência de uma reunião de Rodwell com o presidente da Câmara de Lovaina-a-Nova, Jean-Luc Roland, e responsáveis da polícia, que expuseram as medidas de segurança excepcionais que seria necessário pôr em marcha se a exposição abrisse na data prevista, e que alertaram ainda para os riscos que o pessoal do museu e os próprios munícipes correriam.
Já depois do ataque de dia 7 ao Charlie Hebdo, que fez 12 mortos, as forças de segurança belgas desmantelaram no dia 15 uma célula jihadista (sem ligação conhecida aos irmãos Kouachi, autores do atentado em França), que incluía alguns elementos acabados de regressar da Síria e que pretenderia cometer vários atentados no país. A operação policial decorreu simultaneamente em Bruxelas e noutras localidades belgas, designadamente Verviers, onde dois jihadistas foram mortos num confronto com a polícia.
A ideia de fazer esta exposição, “uma homenagem de Hergé, que foi também caricaturista, aos caricaturistas assassinados”, surgiu “espontaneamente”, conta Rodwell, logo após o massacre de 7 de Janeiro. Mas o director do museu reconhece agora que foi “um pouco ingénuo” e agradece à polícia e ao autarca de Lovaina-a-Nova que o tenham alertado para os perigos que a exposição poderia implicar. “O Museu Hergé não existe para atiçar o fogo”, diz Rodwell, acrescentando que “seria inconcebível expor ao mínimo risco” tanto os funcionários da instituição como os habitantes de Lovaina-a-Nova.
Um desenhador que estaria representado na exposição, Nicolas Vadot, concorda que houve “precipitação” do museu e que este “não escolheu o melhor momento”, quando o país acabara de aumentar o nível de alerta. Mas também acha que, não existindo uma ameaça concreta, a solução agora encontrada pode comprometer a imagem do museu.

“Uma exposição contra a censura que se autocensura quando não existia uma ameaça, é problemático”, diz Vadot, concluindo: “Isto quer dizer que os terroristas ganharam”. É bem possível que Tintin, o jovem e valente repórter criado por Hergé, sempre pronto a meter-se em arriscadas aventuras para defender a causa da justiça, tendesse a concordar com Vadot.

Luís Miguel Queirós in Público

Desenho de José Carlos Fernandes

Trabalho de José Carlos Fernandes para a livraria Dr. Kartoon.


domingo, 18 de janeiro de 2015

Curiosidades científicas de As 7 Bolas de Cristal

Em As 7 Bolas de Cristal, os mistérios não giram apenas em torno da múmia inca, cuja profecia parece ter-se abatido sobre os sete membros da expedição Sanders-Hardmuth. Pode considerar-se como primeiro enigma da história o truque de transformar água em vinho que um ilusionista apresenta durante o espectáculo no Music Hall Palace. O capitão Haddock, incurável apreciador de bebidas alcoólicas, está desejoso por mostrar a Tintin como é possível realizar tão magnífica transformação. Mas será assim tão fácil realizar o milagre das bodas de Canaã? A resposta científica é não. Apesar disso, um truque de prestidigitação proposto por Tom Tit no seu livro La Science Amusante (1890) parece ser suficiente para criar a suposta transformação. Um copo cheio de água, dois copos de vinho (um cheio e outro semi-cheio) e dois fios de lã são os objectos necessários para a ilusão, que se baseia no facto de vinho ser mais leve do que a água para tornar possível a troca dos conteúdos dos copos.


Mais tarde, enquanto Tintin lê a tradução da profecia encontrada no túmulo de Raspac Capac, entra pela lareira da sala do professor Bergamotte uma bola de fogo que provoca a volatilização da múmia. Apesar de ser um fenómeno raro e imprevisível (segundo os especialistas, apenas um relâmpago num milhão é acompanhado por uma bola de fogo), estima-se que cerca de cinco por cento da população mundial viu, pelo menos, uma vez uma esfera eléctrica semelhante à que surge na história. Com a duração máxima de um minuto (o mais frequente é resistir dez segundos), a sua cor pode ser vermelha, amarela ou azul e, em média, o seu diâmetro tem vinte centímetros, podendo movimentar-se na horizontal, pairar imóvel ou agitar-se num movimento ascensional. Apenas é puramente imaginário o facto de provocar qualquer género de levitação.

Ana Filipa Gaspar in Público de 14.07.2005  

domingo, 11 de janeiro de 2015

A revista Sábado e os 86 anos do Tintin


A revista Sábado disponibilizou no seu site um conjunto de fotografias comemorativas do 86º aniversário de Tintin.

sábado, 10 de janeiro de 2015

86 anos de Tintin: «Tintin não é só Tintin. É muito mais»


Para assinalar os 86 anos da obra de Hergé, a TVI24 foi falar com fãs e colecionadores portugueses.


Já lá vão mais de oito décadas de existência. Aquele que é, muito provavelmente, o repórter mais conhecido do mundo, assinala este sábado mais um aniversário, com a certeza de que continua a seruma das figuras maiores da banda de desenhada. Tintin faz 86 anos, mas continua tão jovem como surgiu ao mundo, em 1929.
«Tintin não é só Tintin. É muito mais. É toda uma galeria de personagens que vamos conhecendo e compreendendo», afirma Alberto Gonçalves.


Livraria Timtimportimtim: Foto: timtimportimtim.com.sapo.pt
Alberto Gonçalves, portuense, 56 anos e «tintinófilo» assumido. Proprietário de uma livraria de banda desenhada na cidade invicta, a Timtimportimtim, explica à TVI24 que começou a ser fã de Tintin quando ainda nem sabia ler e recorda aquele que foi o seu primeiro livro da saga.
«O primeiro livro que tive do Tintin foi o «Tesouro de Rackam, o Terrível». A minha mãe deu-mo numa ida à Confiança, em Lisboa.»
Estes foram os primeiros de muitos quadradinhos que Alberto devorou com afinco. Recorda que comprou a revista das aventuras do repórter desde a primeira à última edição e descreve a ansiedade que vivia, na altura, antes de ir às bancas comprar um novo número.
«Esperava ansiosamente pela sexta-feira para comprar a revista. Formamos mesmo um grupo de leitura, Votávamos nas melhores histórias e dissertávamos sobre o desenrolar das histórias. Mas o mais entusiasta era mesmo eu», admite.


Livraria Timtimportimtim, Foto: Alberto Gonçalves 

A paixão pelas aventuras de Tintin, sempre acompanhado pelo seu fox terrier, Milu, atravessa o país. Vários quilómetros mais a sul, em Lisboa, a TVI24 encontrou outro «tintinófilo» que também começou a interessar-se pela saga desde tenra idade. 

António Monteiro, de 63 anos, indica alguns dos motivos que fazem de Tintin uma obra especial: « os argumentos, quase todos bem urdidos enquanto histórias de aventuras, a variedade de tópicos tratados - do tráfico de estupefacientes à espionagem industrial, da conquista espacial à exploração submarina -, a galeria de personagens, a utilização do humor.»
«Em jovem, não tinha propriamente um grupo com quem partilhar o gosto pela banda desenhada, mas tornei-me membro da associação internacional Amis de Hergé, sediada na Bélgica», revela.
Hoje, porém, a história é bem diferente: António integra um grupo de fãs de Tintin que conta com perto de três dezenas de membros. 

Além da admiração que nutrem pela obra de Hergé, estes «tintinófilos» partilham ainda o gosto pelocolecionismo, possuindo várias peças, muitas verdadeiras raridades, relacionadas com Tintin.Livros, revistas, réplicas das personagens... é possível encontrar um pouco de tudo nas coleções destes fãs. 

O grupo até se reúne algumas vezes por ano para partilhar ideias sobre os vários temas e questões que as histórias do herói colocam.
«Para além destes encontros, o grupo está em contacto permanente por via electrónica, trocando informações e comentários de toda a ordem sobre os temas pertinentes», destaca.


Coleção de António Monteiro, Foto: António Monteiro 

Alberto e António são apenas dois exemplos que atestam a estreita ligação dos portugueses com a obra criada por Hergé, pseudónimo do belga Georges Rémi. Uma aventura que começou poucos anos depois de as primeiras publicações terem surgido em França e na Suíça. Mais do que isso, Portugal foi mesmo o primeiro país a internacionalizar Tintin. 

O início desta relação remonta aos anos 30 e leva-nos até ao padre Abel Varzim. Quando estudava Sociologia na Universidade de Lovaina, na Bélgica, o sacerdote entrou em contacto com a obra de Hergé, comprou os direitos e vendeu-os aos responsáveis pela revista juvenil da Rádio Renascença, «Papagaio», dirigida por Adolfo Simões Muller. 

Estávamos a 15 de abril de 1936 quando «As Aventuras de Tintin na América do Norte» foi a primeira das histórias publicadas. Pela primeira vez, o repórter ruivo falava outra língua que não o francês ou o flamengo. E também pela primeira vez a obra era publicada a cores - só nos anos 40 é que começou a ser feita a coloração das aventuras. 

Mas se os portugueses receberam com afeição as peripécias de Tintin, Hergé também parece ter correspondido a este entusiasmo, na medida em que até criou personagens que falavam a língua de Camões. 

O Senhor de Oliveira da Figueira é uma das personagens mais caricatas que se cruza com Tintin. Trata-se de um comerciante que vende frigoríficos a pessoas que não têm eletricidade e carros de bebés a pessoas que não têm bebés.  


Coleção de Daniel Sasportes (Foto: Daniel Sasportes) 

Mas agora, com tantas redes sociais, consolas, smartphones, tablets e tantas outras ferramentas tecnológicas que dominam as rotinas, sobretudo as dos jovens,  os quadradinhos tradicionais de Tintin ainda despertam o interesse das gerações mais novas?
«O Tintin ainda hoje cativa jovens leitores. É por excelência o herói do século XX. Acredito que terá um lugar ao lado dos grandes clássicos juvenis como D’Artagnan, Zorro, Ilha do Tesouro, Moby Dick, os romances de Júlio Verne... Todos eles com mais de 150 anos», afirma Alberto Gonçalves.

António Monteiro partilha da mesma opinião e até refere um exemplo concreto.
«Numa iniciativa que organizámos em meados de 2014 e durante a qual tivemos oportunidade de levar cerca de uma centena e meia de crianças (de 5 a 12 anos, na sua maioria) a visitar uma exposição sobre a obra de Hergé, e até a participar num concurso de desenhos inspirados nela, foi possível verificar que as aventuras de Tintin eram bem conhecidas e apreciadas por muitas delas.»


Coleção de Mário Marques (Foto: Mário Marques) 

Mais de 20 álbuns de aventuras, traduzidos em 77 línguas, que já venderam mais de 230 milhões de exemplares em todo o mundo. Uma das referências da literatura infanto-juvenil, que ainda hoje continua a atravessar e a unir gerações. Parabéns, Tintin!