quinta-feira, 26 de abril de 2012

OS HERÓIS QUE HERGÉ CRIOU POR ENCOMENDA – Eurico de Barros no Q.I. do DIÁRIO DE NOTÍCIAS

Em 1936, a revista católica 'Coeurs Vaillants' pediu ao 'pai' de Tintin uma série para-as crianças e as famílias da classe média belga. E assim nasceu 'Jo, Zette et Jocko', que Hergé abandonaria apos três aventuras, divididas por cinco álbuns. Uma edição integral da Casterman junta-os.

No início da década de 60, Hergé pediu ao seu colaborador e distinto autor de banda desenhada Bob de Moor que transformasse o argumento de Tintin, et le Thermozéro, uma aventura de Tintin que abandonara e que tinha a assinatura de Michel Greg (1), numa história da série Jo, Zette e Jocko, que se chamaria simplesmente Le Thermozéro. Hergé tinha vontade de retomar a série, cujo último álbum, La Vallée des Cobras, tinha saído em 1957, mas o projeto acabou por ser posto de parte porque Bob de Moor (2) teve de ajudar o criador de Tintin, a modernizar o álbum A Ilha Negra, e Hergé nunca mais voltou a pegar em Jo, Zette e Jocko.

Os cinco álbuns da série, que correspondem na realidade a três aventuras, já que as duas primeiras histórias foram remontadas, coloridas e divididas em quatro álbuns por razões editoriais, foram finalmente reunidos num só volume pela Casterman, intitulado Les Aventures de Jo, Zette et Jocko, e que inclui Le Testament de M. Pump e Destination NewYork (sob o titulo geral Le StratonefH 22), Le "Manitoba" ne Répond Plus e L’Eruption du Karamako (sob o titulo geral Le Rayon du Mystère) e La Vallée des Cobras (esta chamou-se originalmente, nos anos 30, Jo et Zette au Pays du Maharadjah e a sua publicação ficou incompleta na altura). A esta edição falta, no entanto, o aparato histórico e crítico, bem como o material de arquivo que habitualmente encontramos nas "integrais" dos heróis da banda desenhada franco-belga, o que a empobrece aos olhos do leitor e do colecionador.

Ao contrário de Tintin, e de Popol e Virginie e Quick et Flupke, a série Jo, Zette e Jocko foi a única criada por Hergé que resultou de um pedido. Em 1936, os diretores da revista católica para jovens Coeurs Vaillants solicitaram a Hergé que pensasse na criação de uma aventura cujos protagonistas não vivessem, como Tintin, num vácuo familiar, biográfico e profissional, e com os quais as famílias e as crianças da classe média belga se pudessem identificar. Hergé recordou a Numa Sadoul (3), no seu livro de entrevistas Tintin et Moi, a génese de Jo, Zette e Jocko: "A direção da revista [Coeurs Vaillants] disse-me mais ou menos isto: 'Sabe, o seu Tintin não está nada mal, não senhor. Gostamos todos muito dele. Mas não ganha a vida, não vai a escola, não tem pais, não come, não dorme... Não é muito lógico. Não podia criar uma personagem cujo pai trabalhe, que tenha uma mãe, uma irmã, um animalzinho de estimação?".

Nessa altura, Hergé estava a fazer um trabalho publicitário para uma firma de brinquedos e tinha vários em casa para se inspirar. Entre eles estava um chimpanzé de peluche chamado Jocko. E foi a partir dele que o autor criou a família Legrand, composta pelo pai, engenheiro de profissão, pela mãe, dona de casa, pelos irmãos Jo e Zette, de 11e dez anos, respetivamente (vestem-se sempre da mesma maneira, a exemplo de Tintin e das outras personagens da sua "família"), e pelo chimpanzé Jocko, que fala consigo mesmo, tal como Milou, mas não com os humanos. Jo e Zette tiveram como antecedentes um duo de irmãos, Antoine e Antoinette, que Hergé criou para serem os heróis de seis pranchas publicitárias da marca de chocolates belgas Antoine, que não foram assinadas pelo autor nem datadas. Curiosamente, esta aventura publicitária levava como titulo... A Bola de Cristal. Antoine e Antoinette tinham também animais de estimação, um cão, Plouf (no qual se reconhecem traços de Milou), e um papagaio chamado Dropsy.

Segundo conta Benoît Peeters (4) no seu monumental Le Monde d'Herge, "apesar de toda a sua boa vontade, Hergé nunca se sentiu muito confortável com esta série, por causa da multiplicidade de constrangimentos que lhe eram impostas e da artificialidade da construção do conjunto". Hergé explicou assim a situação a Numa Sadoul, no livro citado: "Foi preciso antes de mais arranjar uma profissão ao pai, uma profissão que o fizesse viajar: muito bem, engenheiro servia bem. Mas, além disso, o papá e a mamã passavam a maior parte do tempo a soluçar e a interrogar-se sobre a sorte dos seus queridos filhos que desapareciam em todas as direções. Era então preciso fazer viajar toda a família: era uma maçada! Decidi então desistir... Tintin, pelo menos, é livre! Feliz Tintin! Recorda-me a frase de Jules Renard (5): 'Nem toda a gente tem a sorte de ser órfão'.

Mesmo assim, Hergé ainda desenhou cinco aventuras de Jo, Zette e Jocko entre 1936 e 1954, sendo que a versão para álbum da última, La Vallée des Cobras, foi em grande parte da responsabilidade de Jacques Martin, o criador de Alix, com uma ajudinha de Bob de Moor. Apesar de ter sido criada para a Coeurs Vaillants, a série passou depois para o suplemento juvenil Le Petit Vingtième, do diário Le Vingtième Siécle, a "casa" de Tintin, sendo mais tarde também publicada nas páginas do Tintin belga. Mesmo tendo em conta o enquadramento convencional em que surgiram, Jo, Zette e Jocko apresentam varias características interessantes, e as suas aventuras são uma combinação de elementos, personagens e situações feitas clássicas das histórias juvenis de banda desenhada da sua época, e do génio criativo de Hergé e das estruturas narrativas que ele privilegiava, e que se harmonizam de forma bem mais feliz do que alegam alguns dos que menosprezam esta série como sendo menor na obra do "pai" de Tintin.

 'Les Aventures de Jo, Zette et Jocko' de Hergé Casterman, 272 págs. TSBN-978-2-203-01611-8 23,75 euros, na amazon.fr

Notas:
(1) Michel Greg (193l-1999) foi um dos maiores argumentistas e autores da banda desenhada franco-belga, chefe de redação da revista Tintin e criador de personagens como Achille Talon. 
(2) Colaborador muito próximo de Herge, Bob de Moor (1925-1992) era o pseudónimo do desenhador Robert Frans Marie de Moor, que terminou o álbum inacabado de E. P. Jacobs Mortimer contra Mortimer, da série Blake e Mortimer. 
(3) Numa Sadoul (n. 1947) é o autor de vários livros de entrevistas com grandes autores de banda desenhada, caso de Hergé, Uderzo ou Franquin, bem como de obras sobre Gotlib e Moebius. 
(4) Romancista, crítico e argumentista de banda desenhada, Benoît Peeters (n.1956) é o especialista na obra de Hergé, a que já dedicou vários livros. 
(5) Jules Renard (1864-1910) foi um escritor e dramaturgo francês, cofundador da revista literária Mercure de France.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Tintin no Alentejo Popular

Luiz Beira, conhecido crítico e dinamizador da banda desenhada, possui uma rubrica semanal no «Alentejo Popular», intitulada «Através da banda desenhada».
Luiz Beira também é conhecido por ter entrevistado Hergé para a extinta revista Plateia. Apreciador da obra do criador de Tintin, por vezes, publica algumas notícias relacionadas com o universo hergeniano. Assim, podemos ler os seguintes artigos na secção do jornal alentejano:

Episódio em cinema de animação das Aventuras de Quim e Filipe em versão portuguesa



Pastiche de Nuno Duarte


O episódio O Amok do Capitão Hadock foi publicado no fanzine Efeméride (#4 de janeiro de 2009).

Tintin no Alentejo Popular de 21.10.2010 por Luiz Beira

Se bem que mestre Hergé nunca tenha chegado a visitar Portugal, ele nutria uma grande simpatia pelo nosso país, onde até tinha vários amigos pessoais.
Nas aventuras de Tintin, há alguns personagens de «nacionalidade portuguesa», o que é uma gentileza de Hergé. Destes, o mais famoso e popular é o «senhor Oliveira da Figueira».
É um gorduchito muito afável, que terá nascido em Lisboa e não na Figueira (da Foz?!...) e com um talento espectacular para vender tudo e mais alguma coisa... No entanto, sendo português, parece que não canta o fado. Reside, teoricamente, num fictício país árabe, o Khemed. Bom conversador e quase tagarela, é prestável, generoso, extremamente amável e está sempre pronto a ajudar.
Aparece pela primeira vez na aventura «Les Cigares du Pharaon» (Os Charutos do Faraó). Aqui, do encontro um tanto burlesco com Tintin, nasce uma amizade entre ambos. Depois, reaparece em «Tintin au Pays de l’Or Noir» (Tintin no País do Oiro Negro), onde salva o jovem repórter mascarando-o e fazendo-o passar pelo «sobrinho Álvaro», acabado de chegar de Portugal para passar umas férias com ele. A terceira e última intervenção de Oliveira da Figueira acontece em «Coke en Stock» (Carvão no Porão).
No entanto, Hergé não o arrumou para o «sótão». Em «Les Bijoux de la Castafiore» (As Jóias da Castafiore), Oliveira da Figueira é um dos primeiros a felicitar o comandante Haddock pelo seu anunciado casamento com a tão exibicionista soprano Bianca Castafiore.
Mas este «português hergeano» figura ainda em algumas ilustrações soltas (mormente em cartões de Natal) e num belo e grande mural com todo o «mundo de Hergé».
Aplausos, pois, ao seu criador e a este seu personagem!

Tintin no Alentejo Popular de 07.04.2011 por Luiz Beira



Quando se fala do artista belga Georges Rémi (22 de Maio de 1907-3 de Março de 1983), ou seja, o grande mestre Hergé, «todo o mundo» estremece. A maioria esmagadora, porque o admira em pleno e... alguns «cor de burro quando foge» que, invejosos e plenos de veneno, o deturpam. É esta a sina dos eternos génios!
Certo é que Hergé não era um deus. Era um ser humano. Com virtudes, defeitos, climas de venetas... Tivemos a honra de o entrevistar ao vivo em 1966, em Bruxelas, para a nossa extinta revista «Platei». Ficou-nos desde então, uma enternecedora simpatia pelo modo tão afável como nos recebeu. Alguns anos mais tarde, agora já por correspondência (desde 1966, sempre trocávamos cartões de Boas Festas), houve uma segunda entrevista, que veio a ser publicada em «O Mosquito» (5.ª série).
Hergé é, sobretudo, o seu «herói» Tintin. Ele próprio se identificava como sendo este jovem herói, embora muitos digam que ele se parodiava no pândego Comandante Haddock...
Se bem que tenha afirmado «Tintin, C’est Moi» (Tintin Sou Eu), Hergé foi também, Totor, Quick e Flupke, Jo-Zette-Jocko, etc.. De qualquer modo, é Tintin que o carimba.
Pois muito e muito se tem escrito sobre tamanho mestre da Banda Desenhada. E muito se virá ainda a escrever... Hergé é um verdadeiro «messias» da Banda Desenhada, pois há o antes dele e o depois dele.
E quando nós, os hergeófilos em consciência, pensávamos  que já tudo tinha sido esclarecido (pois há tanta obra afim...), eis que deparámos com uma obra inquietante e pertinente: «La Vie Secrète d’Hergé», por Olivier Reibel, sob edição Dervy. É um volume respeitável, estudo ou ensaio, de 400 e tal páginas.
Terrível! Ponto por ponto, o autor revela-nos em obra admiravelmente exaustiva a personalidade e a obra de Hergé, muito especialmente sobre o herói Tintin. É a reviravolta necessária na consciência dos admiradores do autor e herói em questão! Não é um ataque a Hergé. É apenas o desvendar da personalidade e obra tintinesca deste autor da Banda Desenhada.
E é aqui que as coisas se baralham: tudo isso (a série «Tintin») foi «meramente» criado... ou, sibilinamente, nessa série, existe um brioso código?
O autor do volume «aproxima» Hergé dos Templários, dos Rosa-Cruz, da franco-maçonaria, da Teosofia, das ciências ocultas, etc.. E demarca-o sempre num aspecto: Hergé jamais foi simpatizante a ideias ou regimes totalitários, fossem de esquerda ou de direita, fossem monárquicos ou republicanos.
Esta obra sobre Hergé é, sem dúvida, de obrigatória leitura e análise. Tomara que as edições Asa/Leya tenham a consciência e a coragem de a editar em português, tal como as edições Verbo tiveram  a consciência e a coragem de editar «Hergé, Filho de Tintin», de Benoît Peeters. São duas obras complementares e bastante desmistificadoras.
E no que nos toca, a nós, portugueses: neste volume, das páginas 345 a 349, há um capítulo bem «curioso», com o título: «Oliveira da Figueira et Fernando Pessoa». Ah, pois!... Muito importante lê-lo! Com um curto erro: Reibel indica que «Oliveira», em português, significa o fruto (e não a árvore), quando este, em português, é azeitona (ou oliva, vamos lá...). De resto, é muito interessante esse «jogo» de Oliveira da Figueira-Tintin-Fernando Pessoa... Leiam!

Os «Tintin» incompletos/desconhecidos

Um breve registo para os que ainda não sabiam: o álbum derradeiro com Tintin, que Hergé elaborava, foi «Tintin e o Alph-‑Art», que acabou, mesmo assim, por ser publicado em diversos países, incluindo o nosso. Mas houve ideias e esboços sobre as «aventuras de Tintin», que Hergé «abandonou» (ou adiou?), das quais indicamos o devido registo: «Un Jour d’Hiver Dans un Aeroport», «Le Mystère du Diamant Bleu» (houve depois, uma versão teatral) e «Tintin et le Thermozèro». Por sua vez, «Tintin et Milou Chez les Toréadors», de Jean Roquette (1947), é uma novela com os personagens da série. E, esquecendo «O Lago dos Tubarões» (expresso para Cinema de Animação) e as duas longas metragens com Jean-Pierre Talbolt, há a registar as versões teatrais: «Le Temple du Solei» (versão opereta com um elenco francófono e outro flamengo, na Bélgica) e, em 2002, na Suíça, o tão aplaudido espectáculo adaptado de «Les Bijoux de la Castafiore». e Isolda») e «Charles Brandon» (2007-2010, «Os Tudor»).

Tintin no Alentejo Popular de 22.03.2012 por Luiz Beira


Um álbum (in)acabado
Coragens e alucinações por Tintin
 
As edições Asa «terminaram» as reedições em português das
aventuras de Tintin. A primeira edição foi efectuada pela extinta
Verbo. Anuncia-se como a última aventura de Tintin, embora
salvaguardando que é o álbum inacabado por Hergé. Até aqui,
tudo bem. A Asa seguiu o que a francófona Casterman fez e
acordou, mas tendo sempre na sombra as devidas imposições da
ávida Fondation-Studio Hergé, ou seja, por Fanny Remi (segunda
esposa e viúva de Hergé) recasada com o astuto Nick Rodwell,
que é muito «rastapopouleano»...
A  edição do álbum «incompleto» terá sido aconselhada a Fanny
Rodwell por Benoît Peeters (!!!). Cuidado: a senhora Fanny e o
oportunista do seu actual cônjuge são detentores totais dos
direitos da obra de Hergé, já que os sobrinhos deste há muito se
haviam afastado (parece que nem se falavam) do convívio com o
famoso tio. Por aqui, começamos a topar a engrenagem de toda
uma confusão mal escondida de interesses comerciais, vaidosos e
prepotentes.
Parece que Hergé, já bastante doente, teria sugerido que o seu
amigo e mais estreito colaborador, Bob de Moor, deveria terminar
o álbum «Tintin et l’Alph-Art»... O crítico Numa Sadoul isso deixa
transparecer e Bob de Moor sabia desse desejo de Hergé. Mas
Fanny e Nick recusaram tal hipótese, enquanto o falecido dava
uma cambalhota na tumba!...
 Ora acontece que este álbum não está inacabado. Não, não
está!... Não foi finalizado por Hergé, mas por um atrevido
admirador de Hergé. E é como absoluto admirador de Hergé e da
saga tintinesca, que surge a acção (a louvar sem reservas) do
jovem quebequense Yves Rodier, que, baseado em tudo quanto
Hergé deixou sobre «Tintin et l’Alph-Art», completou e editou no
seu Canadá o álbum em questão, garantindo que era a sua
melhor homenagem a Hergé. Claro que Fanny e Nick
escabujaram. Rodier, com este seu «cartão de visita», abalou-se
ousadamente até à Bélgica. Só lhe valeu o ter conhecido (e
recebido apoios morais) de ex-colaboradores de Hergé. Destes,
Bob de Moor pôs-se mesmo como seu aliado. Ambos foram aos
Estúdios Hergé para uma oficialização da obra. E pode-se dizer
que «levaram com a porta nas ventas»! Que importa agora aos
bedéfilos, especialmente aos tintinófilos, as alucinações de Fanny
e Nick?... Zero!
No entanto, «Tintin e a Alph-Art», não está inacabado. A versão
completa (62 páginas) existe, «clandestinamente» e a preço
quase proibitivo. Sobre Yves Rodier, escreveremos em breve.
Acrescentamos, num apelo directo à Asa, em nome dos bedéfilos
e em especial da extensa legião dos tintinófilos portugueses:
– Uma vez que «Tintin et l’Alp-Art», em edição portuguesa, não é
nem pode ser o fecho da série, há outros três que são
fundamentais. Editou-se  a cara e luxuosa obra  referente ao filme
do senhor Spielberg (que bem admiramos, mas que traiu a obra
de Hergé, «O Segredo do Licorne...»), mas faltam:
– «Tintin e o Lago dos Tubarões», adaptado do filme homónimo
em Cinema de Animação e que a saudosa Verbo editou em
português;
– «Tintin e o Mistério do Tosão de Oiro» e «Tintin e as Laranjas
Azuis» (com Jean-Pierre Talbot no protagonista), à semelhança do
recente «O Segredo do Licorne», com texto e fotos, foram
editados pela Casterman e traduzidos, menos em Portugal (!!!)...
Pois, já que a Asa é atenta e aposta no Tintin, que não seja agora
frouxa e, sem nunca baixar os braços, tenha o firme e constante
denodo de lutar com insistência e sensibilidade, para que estes
três álbuns sejam editados em português. Todos os nossos
tintinófilos (que não são nada poucos) agradecem. E nós próprios,
também!