sexta-feira, 4 de abril de 2025

Tim-Tim e O Mistério das Laranjas Azuis


Folha de catálogo nº 912 (imagens cedidas por Fernando Marques)

ALEGRIA PARA TODOS!

Eis a sensação para as festas!

Filmes Castello Lopes

apresenta

TIM-TIM E O MISTÉRIO DAS LARANJAS AZUIS

(Tintin Et Les Oranges Bleus)

com todos os famosos personagens criados por Hergé, numa nova e exitante aventura...

Capitão Haddock, Prof. Tournesol, Dupont e Dupond e Milu

HOJE (21/12/1964) ESTREIA NO CONDES

às 15.15 18.15 (p.red) e 21.30

COLORIDO POR EASTMAN COLOR

PARA TODOS MAIORES 6 ANOS

O mais belo filme para a mais bela quadra do ano!

O nome do filme foi "Tim-Tim e O Mistério das Laranjas Azuis". A edição em livro pela editora brasileira Record, na década de 1970, trazia o nome "Tintim e As Laranjas Azuis".

TIM-TIM E O MISTÉRIO DAS LARANJAS AZUIS (Cinema, 1964)

AS AVENTURAS DE TINTIM NO CINEMA - TINTIM E AS LARANJAS AZUIS (Record, 1975)

Passaram-se três anos até que Tintim regressasse às telas em carne e osso. Aconteceu finalmente em 1964, em Tintim e as Laranjas Azuis, mais um argumento escrito directamente para o cinema, tal como já havia sucedido em O Mistério do Tosão de Ouro. Para o assinar, René Goscinny e Philippe Condroyer juntaram-se ao trio original formado por Hergé (que, a exemplo do primeiro filme, tinha direito de vetar a história), Remo Forlani e André Barret. Jean-Pierre Talbot, entretanto, tinha começado uma carreira de professor, e por isso teve que pedir uma licença especial para poder fazer o filme. 

Tirando Talbot, os outros actores principais mudaram quase todos, tendo Jean Bouise substituído Georges Wilson na figura de Haddock. Uma produtora espanhola participou também na produção de Tintim e as Laranjas Azuis, que foi realizado por Philippe Condroyer. Ao contrário da primeira, esta segunda aventura de Tintim em imagem real não entusiasmou o público, e o projecto de um terceiro filme foi posto de parte. Saiu também um álbum fotográfico.

DN, 12/12/2009

https://www.dn.pt/gente/nova-aventura-em-imagem-real--1445256.html/

O Mistério das Laranjas Azuis - 21/12/1964

http://casacomum.org/cc/diario_de_lisboa/dia?ano=1964&mes=12

https://tintinemportugal.blogspot.com/2014/10/estreia-em-portugal-do-filme-tim-tim-e.html

https://tintinemportugal.blogspot.com/2014/10/tintim-e-o-misterio-das-laranjas-azuis.html

quarta-feira, 2 de abril de 2025

Os Charutos do Faraó (versão fac-similada)

Os Charutos do Faraó (edição fac-similada) - Hergé (Difusão Verbo)

É o facsimil da versão original de “Os Charutos do Faraó”, que reproduz as 124 pranchas a preto e branco, tal como foram publicadas nas páginas do jornal “Le Petit Vingtième”, a partir de 8 de Dezembro de 1932. Para além de cenas omitidas na versão colorida, apresenta pela primeira vez os detectives Dupont e Dupond, aqui ainda sob o nome de código de X33 e X33bis, Rastapopoulos e o nosso compatriota Oliveira da Figueira.

Pedro Cleto, JN, 10/01/2004



Tintim à moda antiga em "Os charutos do faraó"

A Editorial Verbo, responsável pelas edições Tintim em Portugal, resolveu assinalar o 75º aniversário do herói com uma iniciativa bem original: lançou a versão facsimilada de “Os Charutos do Faraó”. Esta história chega assim às nossas mãos tal como saiu originalmente no “Petit Vingtième” entre 1931 e 1934.

É um verdadeiro regresso ao passado de Tintim, já que o reencontramos a preto-e-branco e com um desenho bem mais simples do que surgiria anos mais tarde. Trata-se assim de uma excelente oportunidade para revisitar uma história marcante na série Tintim pois foi a primeira em que houve um argumentos com verdadeira intriga, ao contrário dos mais simples Tintim na América ou no Congo.

Tem ainda um significado especial para nós já que é a primeira aventura em que aparece o senhor Oliveira da Figueira, um vendedor português que mereceu outras atenções em álbuns posteriores. Também surgiram em estreia os polícias gémeos Dupont e Dupond e o milionário Rastapopulos.

Droga, maldições...

Em “Os Charutos do Faraó” Tintim e Milu caem sem saber no meio de uma história de tráfico de droga, quando estava envolvido na descoberta de uns túmulos egípcios. Do Egipto até à Índia, provando a sua vocação de viajante, vai enfrentar diversos perigos, como maldições mortais, clãs secretos e traficantes sem escrúpulos.

“Os Charutos do Faraó” são a quarta aventura de Tintim, depois das histórias na Rússia, no Congo e na América. O álbum custa cerca de 18 euros.

Rui Azeredo, Comércio do Porto, 10/01/2004


Tintim nos anos 30

A obra de Hergé é o mais próximo que em banda desenhada se pode encontrar do work in progress. Vários títulos foram sendo retocados, mais ou menos profundamente, ao longo dos anos, sobretudo após a editora Casterman iniciar o lançamento da série em álbuns de 64 páginas a cores, nos primeiros anos da década de 40, optando por um formato que se mantém até aos dias de hoje. Essa decisão conduziu Hergé a reformular todas as aventuras iniciais de Tintim, excepto o mal amado Tintim no País dos Sovietes, que ele entendeu ser demasiado ingénuo e preferiu deixar cair.

Aliás, foi por causa desse ambiciosíssimo projecto de reformulação das aventuras iniciais do pequeno repórter que o caminho de Hergé se cruzou com o de Edgar Pierre Jacobs, autor essencial na reelaboração da mise en scène e na transformação de histórias de centena e meia de páginas em álbuns de 62 pranchas. Esse trabalho, sempre supervisionado pela mão férrea do criador de Tintim, seria posteriormente continuado pela equipa que viria a constituir os Studios Hergé, já na década de 50. E é esse processo hercúleo que permite a constituição do próprio conceito de linha clara - uma legibilidade e elegância extrema de traço; uma planificação cinematográfica com enorme atenção ao detalhe; uma coerência de estilo, enfim, que percorre todas as 22 aventuras canónicas de Tintim.

Com as revistas originais onde Tintim foi publicado antes das várias operações plásticas transformadas em valiosíssimos itens de colecção, a Casterman acabou por se decidir a lançar, na primeira metade dos anos 80, edições fac-similadas das versões originais de Tintim, de forma a satisfazer os admiradores mais ferranhos da série. Ao todo são nove os títulos fac-similados, de Tintim no País dos Sovietes a O Caranguejo das Tenazes de Ouro. A aventura de Tintim na União Soviética já estava editada entre nós pela Verbo, mas a publicação em Portugal da versão original de Os Charutos do Faraó é um marco: o público português pode finalmente comparar as duas versões da história e entreter-se a detectar as suas imensas diferenças.

Os Charutos do Faraó, quarta aventura de Tintim,é um bom modo de iniciar a edição dos livros originais (embora não se saiba se a Verbo está decidida a publicar os restantes sete tomos, já que só tem previsto para 2004 o lançamento de Tintin et l'Alph-Art, a obra inacabada de Hergé), porque se trata do primeiro grande trabalho do autor belga. Não é tão bom quanto o álbum que se seguirá - a obra-prima O Lótus Azul -, mas está já a anos-luz de Tintim no Congo e Tintim na América, obras ainda a tactear a linguagem da BD, e onde o que sobra em preconceitos falta em documentação.

É também neste livro que surgem pela primeira vez três das personagens mais emblemáticas da série: o temível Rastapopoulos e os detectives Dupond e Dupont, que aqui ainda se chamam X33 e X33 bis, são ligeiramente mais inteligentes do que se revelarão no futuro e ainda não dizem as frases em eco. Já agora: é também aqui que aparece o comerciante lisboeta Oliveira da Figueira, e há uma frase de Milu que se perderá na versão de 1955: «Um português? Os portugueses estão sempre bem-dispostos! Boa! Vamo-nos divertir.»

Seria impossível listar aqui todas as diferenças entre edições, de tantas que são - 116 pranchas passam para 62, e o original tem por página cerca de metade das vinhetas -, mas vale a pena realçar que não se trata apenas de uma melhoria gráfica. A própria história tem alterações significativas, sempre para melhor. Afinal, quando Os Charutos do Faraó foi reformulado Hergé era já um mestre incontestado da banda desenhada.

João Miguel Tavares / Diário de Notícias. 02/02/2004

Aventuras originais de Tintin chegam a Portugal : Versão facsimilada de “Os Charutos do Faraó” já disponível

A Editorial Verbo, detentora dos direitos das aventuras de Tintin para Portugal, acaba de editar o facsimil da versão original de “Os Charutos do Faraó”, com 124 pranchas a preto e branco, tal como foram publicadas nas páginas do jornal “Le Petit Vingtième”, a partir de 8 de Dezembro de 1932.

Estas edições, iniciada há alguns anos no mercado franco-belga, permitem aos admiradores da obra de Hergé - e não só - a descoberta das versões originais das histórias que têm encantado gerações de leitores em todo o mundo. As principais razões para a existência de duas e, nalguns casos, três versões da mesma aventura são a pressão, a partir de 1940, por parte da Casterman, a editora original da obra, para que Hergé uniformizasse as aventuras de Tintin em álbuns coloridos de 62 páginas, e a constante busca da perfeição e da autenticidade por parte do autor, o que o levou a redesenhar diversos álbuns para os actualizar ou expurgar de aspectos menos conseguidos ou capazes de ferir eventuais susceptibilidades.

“Os Charutos do Faraó”, é o quarto álbum protagonizado por Tintin, e foi “construído semana após semana, sem sombra de um argumento pré-concebido, representando a quinta-essência do registo folhetinesco, no qual encontramos numerosos temas chave do romance popular: uma maldição misteriosa, uma temível sociedade secreta, um génio do mal de identidade desconhecida, o veneno que enlouquece e tráficos de todo o género”, escreveu Benoit Peeters, um estudioso da obra de Hergé. Nele surgem pela primeira vez os detectives Dupont e Dupond, aqui ainda sob o nome de código de X33 e X33bis, e também o malvado Rastapopoulos e o nosso compatriota Oliveira de Figueira.

Na transição do preto e branco para a cor, as diferenças mais significativas entre as duas versões agora disponíveis em português passam pelo desaparecimento dos textos de apoio, pela correcção das incongruências em termos de sentido do movimento, pela maior dinâmica e equilíbrio da narrativa, devido à remontagem que a redução do número de páginas implicou, pela perda de ingenuidade e apuramento do humor, pela perda de protagonismo dos Dupond/t e pela alteração ou mesmo corte de algumas cenas, nomeadamente as duas em que Tintin era ameaçado por serpentes. Como curiosidade, refiram-se dois “anacronismos” da versão colorida: o primeiro, a homenagem a E.P: Jacobs, presente num dos sarcófagos na pirâmide, que Hergé ainda não conhecia em 1932; a segunda, o álbum “Rumo à Lua” que o xeque mostra a Tintin, escrito apenas em 1950!

Pedro Cleto, JN, 25/10/2003


imagens https://www.bedetheque.com/BD-Tintim-As-aventuras-de-Fac-simile-Os-charutos-do-farao-424270.html

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Há muito tempo, queria mostrar esta versão de As Aventuras de Tintin: Os Charutos do Faraó que saiu apenas em Portugal, no ano de 2003.

A publicação traz a versão fac-simile que reproduz a edição de 1934 que foi publicada no suplemento infantil Le Petit Vingtième, parte integrante do periódico belga Le Vingtième Siècle.

São incríveis 129 páginas em preto e branco, mostrando uma história diferente daquela colorida que está à venda, hoje em dia, nas livrarias de todo o mundo.

Nesta aventura, Tintin se encontra envolvido, à revelia, com o tráfico de drogas. Isso o levará a enfrentar perigosos bandidos, passando pelo Egito e Índia. Tintin encontrará figuras mais tarde vistas em outras de suas empolgantes narrativas, como: o vilão Rastapopoulos, os atrapalhados detetives Dupont e Dupond, o português Senhor Oliveira da Figueira, entre outros.

A HQ tem a marca do antigo editor lusitano do personagem, a VERBO, que perdeu os direitos do herói para a ASA. Este luxuoso Os Charutos do Faraó (Les Cigares du Pharaon).

E me desculpem por não escrever Tintin com a letra M no final, como está impresso na capa da HQ, mas simplesmente, não consigo! Sigo o nome, de acordo com o original.

Se a crise brasileira não te afetou ainda, vale a pena comprar o livro, se conseguir achá-lo!

Por PH / Tujaviu, 2016/07

Nota: Curiosamente foi um dos 3 volumes fac-similados lançados em 2016 pela Globo Livros


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Tintin #4 – Os Charutos do Faraó

Hergé (argumento e desenho)

Edições ASA (Portugal, Setembro de 2010)

160 x 220 mm, 142 p., cor, cartonado

4 (ou talvez mais...) +1 Razões para ler este álbum [na nova versão da ASA]

1. A longa sequência inicial (até à página 32!), plena de movimento, acção, perseguições, mistério, suspense e humor! A mestria de Hergé no seu melhor no que à legibilidade e sequência narrativa diz respeito.

2. Duas sequências notáveis que fazem parte do melhor que Hergé fez em Tintin:

2a. O percurso no túmulo do faraó Kih-Oskh (pp.7-9), no qual Tintin descobre o seu próprio sarcófago e tem uma horrível alucinação provocada pela droga que o fazem inalar. Uma (curta e inesperada) mas autêntica sequência de terror!

2b. A bem construída cena da reunião da sociedade secreta (pp. 53-56) pelo elevado suspense criado e pela forma simples mas brilhante como é resolvida.

3. Pelas três cenas invulgares e de todo inesperadas no Tintin (sóbrio e mais adulto) que (mais tarde) nos habituámos a (re)conhecer (e a admirar):

3a. Tintin a “falar” com os elefantes (pp. 34-37);

3b. O artificio utilizado pelo herói para saltar o muro do hospício (p. 46);

3c. A forma como o repórter domina o tigre que ataca o marajá de Rawhajpoutalah (p. 51).

4. Porque, apesar de algumas derivações, esta é a primeira aventura de Tintin que segue uma linha condutora sólida e bem desenvolvida, desde o início até ao final.

Pedro Cleto, 11/11/2010

sexta-feira, 28 de março de 2025

As Aventuras Perdidas de TinTin



Sikoryak, R. (2003). 
As Aventuras Perdidas de Tintin: Perdidos em Marte
A versão em português foi publicada em "À Volta do Sol", Guia de Actividades publicado pela Fundação Navegar para o Centro Multimeios de Espinho. Na versão em português  aparecem os nomes TinTin, Milu, Professor e Capitão  por isso não foi seguida a ideia original na totalidade.

Sikoryak, R. (2003). As Aventuras Perdidas de TinTin: Perdidos em Marte, À Volta do Sol: Guia de Actividades, Fundação Navegar, Pág. 15.


A revista Wired publicou em Julho de 2001 uma paródia a Tintin: "Prisoners of the red planet" (Prisioneiros do Planeta Vermelho).

Esta história acompanhava um artigo sobre a futura colonização do planeta Marte. A NASA enviou uma sonda para órbita em Outubro de 2001. Os investigadores começaram a imaginar a vida futura em Marte e a tentar encontrar soluções para os muitos problemas que os primeiros visitantes vão encontrar: temperaturas desumanas, condições meteorológicas terríveis, radiação mortal, uma vida social limitada, etc.

R. Sikoryak, o autor da banda desenhada, optou por parodiar Hergé para ilustrar os problemas levantados no artigo. O foguetão cairá ao aterrar em Marte e o Capitão Haddock morrerá depois de alguns passos no planeta!

Todas as personagens principais estão presentes na história, mas os nomes são diferentes ou não são mencionados. Assim, Tintin é chamado (no título) Tim-Tim, Milu (Milou) transforma-se em Schnowy (ou Shmilou), Haddock e Girassol são citados como o "Capitão" e o "Professor".

TINTIN EST VIVANThttp://naufrageur.com/a-wire.html

https://www.bedetheque.com/BD-Tintin-Pastiches-parodies-pirates-Les-Prisonniers-de-la-Planete-Rouge-467978.html

O artista Robert Sikoryak criou também um Tumblr onde publica uma BD dos termos legais do iTunes

Os termos legais que é preciso aceitar para usar certos serviços tecnológicos são normalmente extensos e aborrecidos - mais fácil é ir até ao fundo da página e carregar em 'Aceitar' sem os ler de todo.

Mas o artista Robert Sikoryak, conhecido por fazer adaptações de grandes obras literárias, criou uma versão dos Termos e Condições do iTunes que talvez ajudassem a ler tudo.

Robert Sikoryak, americano de 51 anos, começou a desenhar versões em banda desenhada de cada parte dos Termos e Condições do iTunes, o programa de gestão e compra de música da Apple. E com mais uma pequena particularidade: em cada uma das 49 páginas da BD, Sikoryak aplicou um estilo de um cartoonista conhecido.

DN, 04/11/2015



quarta-feira, 26 de março de 2025

Arcindo

ARCINDO MADEIRA (1915-2022)

Nasceu em Coimbra onde começou a ser artista fazendo caricaturas para os livros de curso e colaborando na imprensa local.

Colaborou em O Papagaio entre 1936 e 1940 antes de ir para o Brasil. Foi homenageado pelo Amadora BD em 2022 pouco antes de morrer,

 #95; 04 Fevereiro 1937; Capa; Tintim e Milou [mais chefe dos bandidos]


#101; 18 Março 1937; Banda Título; Tintim e Milou - Am


#116; 01 Julho 1937; Banda Título; Milou - Ch

#219; 22 Junho 1939; Banda Título; Tintim e Milou - Co


#261; 11 Abril 1940; Capa; Milou - Or

Fontes:

https://marcadefantasia.com/ego/encartes-qi/edicoes_avulsas/arcindo_madeira/arcindo_madeira.pdf

http://www.guiadosquadrinhos.com/artista/arcindo-madeira/11374

https://www.lambiek.net/artists/m/madeira_arcindo.htm

https://oelucubrativo.blogspot.com/2023/02/arcindo-madeira.html

Viver cultura - Artes - Edição 1527 - 2003-03-27

https://biblioteca.cm-amadora.pt/uploads/9f134daf72e4acc05acdef85c51286a2.pdf anos - 30

Universo Arcindo

A presença de Arcindo Madeira na edição de 2002 do Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora (FIBDA) foi uma agradável surpresa. O facto de o autor português ter nascido em 1915 (em Coimbra, a 7 de Agosto) e, principalmente, a circunstância de ter deixado o contacto regular com o leitor português a partir da altura em que emigrou para o Brasil, em 1941, levantavam algumas interrogações quanto à figura que iria ser homenageada na Amadora, com uma exposição individual na Galeria Municipal Artur Bual e com a elevada distinção do Troféu Honra do Festival.

Arcindo Madeira estreia-se no ABC-zinho em 1930 (com O Automóvel à Vela). Publica ilustrações no Pim-Pam-Pum!, Gazeta do Domingo, Yo-yo, Reporter de Coimbra, Imagem, Paracelso, Sempre Fixe e O Liberal. A partir de 1936, torna-se um dos mais representativos autores de O Papagaio, onde publica sobretudo ilustrações e histórias curtas (publicando uma única história em continuação, Aventuras de Jim Kaco). Permanecendo n' O Papagaio (a revista que estreou o Tintin em Portugal) até 1940, Arcindo Madeira marca definitivamente a imagem da revista na segunda metade da década de trinta, quer pelo belíssimo trabalho de cor, quer pelo estilo muito pessoal do autor, pleno de movimento (um movimento caricatural e característico) e com uma eficaz síntese ao nível do traço, que distingue verdadeiramente as suas personagens de quaisquer outras (o "universo Arcindo", como lhe chama Dias de Deus). Para lá d' O Papagaio, Arcindo continua a publicar ilustrações, caricaturas e bandas desenhadas em diversos jornais e revistas: Ginásio, Renascença, O Canudo, O Século Ilustrado, Diário do Alentejo, Pim-Pam-Pum!, A Risota, Gazeta de Domingo, Diário de Notícias, Diário de Lisboa, O Senhor Doutor, etc.

Em 1941, emigra para o Brasil, passando a colaborar no Suplemento Juvenil de Adolfo Aizen, e noutras publicações. Trabalha também em publicidade e faz cenários para teatro de revista. Em 1944 introduz o sistema de impressão por serigrafia no Rio de Janeiro. Na década de 50, colabora n' O Globo, onde começa a publicar as suas famosas crónicas de viagem (num curioso paralelo com o Grande Concurso das Nações que ilustrou para O Papagaio), e é director artístico do Rio Magazine.

A exposição individual de Arcindo que a Amadora apresentou na Galeria Municipal Artur Bual (e que marcou o arranque oficial do Festival), deixava de fora a "fase portuguesa" do autor, e privilegiava a ilustração sobre a (muito pouco representada) banda desenhada. Com esta abordagem, a grande beneficiada foi a síntese do traço solto e eficaz (fortemente enraizado no desenho do natural) que torna o desenho de Arcindo tão característico. É um tipo de traço que era imagem de marca da época de ouro da BD portuguesa, e que está "em vias de extinção". Os desenhos de Arcindo atravessam décadas sem que haja diferença significativa ao nível da energia e firmeza do traço. Esta energia e firmeza é também a que apresenta Arcindo Madeira no contacto pessoal. Indiferente ao passar dos anos, Arcindo comenta projectos futuros e métodos de trabalhos passados, questiona sobre a vida e obra de outros, tira fotografias e disponibiliza-se para sessões de autógrafos, revelando uma vitalidade maior do que a de muitos jovens autores que a Amadora tem revelado.

Lamentavelmente, o trabalho do autor Arcindo Madeira é pouco conhecido do grande público, evidenciando uma lacuna do revitalizado mercado português da banda desenhada.

PEDRO MOTA, Notícias da Amadora

segunda-feira, 24 de março de 2025

Marte

Hoje destacamos duas capas de Alex Gaspar.

* Tantan - Rumo A Marte

* Tantan - Explorando Os Marcianos


Em Janeiro de 2009 Alex Gaspar volta a colaborar no fanzine Efeméride, no seu quarto número, então dedicado ao tema "Tintim no Século XXI", com o episódio O Caso do Perfume Verde, além de ter realizado uma estupenda ilustração para a respectiva contracapa, de nível escatológico e humorístico em grau elevado, muito de acordo com o seu feitio bem humorado e irreverente.

http://divulgandobd.blogspot.com/2010/10/alex-gaspar-19652010.html 

domingo, 16 de março de 2025

Jornal Blitz

 

No jornal Blitz de 16/03/1993 aparece uma página dedicada a Tintin a propósito do 10º aniversário da morte de Hergé. Destacamos a parte da página onde é referida a edição especial de "A Suivre" de Abril de 1983, uma capa do suplemento "Tele Público", um pin de Milou e a edição da revista Sábado com o ministro das finanças Braga de Macedo na capa.

Os olhos Fertéis
Dos 7 Aos 77
Viky Sybergirl, Blitz. 16/03/1993


quinta-feira, 13 de março de 2025

Diário de Lisboa


A capa da edição de 16/03/1990 de "A Mosca", suplemento das sextas do Diário de Lisboa, tem imagens alusivas a Tintin com destaque para a presença do representante criado por Hergé.

DL


quarta-feira, 5 de março de 2025

Nuno Roby Amorim


Do Nuno. Foi nas eleições da Madeira de 1996 que o reconheci - não conhecemos pessoas novas quando elas são como nós: reconhecemo-nos nelas. Para além de ser capaz de perceber todos os temas em discussão, havia História nas suas histórias e alegria nas estórias. Havia o sorriso inteligente e matreiro, a vontade de ver acontecer e fazer por isso. Ele estava em vantagem - ou desvantagem, se quiserem ver por outro prisma (o que é sempre possível) - pois tinha a obrigação acrescida de honrar o nome do pai - e por causa dele, do filho Nuno, gostei de conhecer o pai. E a avó. A família. E todas as coisas inúteis que nos ensinou. 

Depois, depois havia outra coisa que nos uniu ainda mais: o nosso gosto pelo Tintin. Sobretudo Hergé, o seu autor.

Em casa do Nuno estava emoldurada a carta que Hergé lhe enviou em 1971: “Será que as crianças portugueses são normalmente precoces como tu?”, perguntava o genial criador do repórter de Bruxelas. A mesma Bruxelas onde, em frente do Palácio Real - Real, real por el-Rey de Portugal! - o Nuno, o repórter Tintin, posou. Só lhe faltava o ceptro de Ottokar. 

Espero que essa carta fique em boas mãos. O Nuno já deve estar, entretanto, com a família e deve estar a contar tudo ao Hergé para que ele faça uma aventura de Tintin ambientada em Portugal.

Boas aventuras, Nuno!

Frederico Duarte Carvalho, facebook, 27/01/2025

Nota: já tínhamos visto no facebook do jornalista Nuno Roby (1962-2025) a história do momento em que decidiu escrever uma carta a Hergé e obteve uma resposta. Acontece que a página do facebook foi apagada mas felizmente que o seu gosto por Tintin foi relembrado por FDC. 


segunda-feira, 3 de março de 2025

Morreu o pai do Tintin

O Diário de Lisboa de 04/03/1983 colocou na capa a noticia da morte do pai de Tintin.

Ao dar a notícia da morte de Hergé, na tarde do dia seguinte, colocaram na capa a vinheta com a referência ao representante do Diário de Lisboa.

Tintim no Congo: no segundo álbum da BD franco-belga, publicado em 1931, Tintim é interpelado por um representante do Diário de Lisboa, que quer publicar em exclusivo a sua reportagem. (a)


https://tintinofilo.weebly.com/outros.html

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Major Alverca

O Major Alverca nasceu como página de BD no caderno Vida 3 d'O Independente, salvo erro em 1990. Juntos, o Manuel João [Ramos] e eu fomos desenvolvendo a personagem, que começou com BD sobre a Guerra do Golfo para se tornar cronista de corpo inteiro. O nome advém de uma banda desenhada da nossa infância, as aventuras do Major Alvega, perdão, o piloto luso-britânico da RAF Jaime Eduardo de Cook e Alvega, como 'Battler Britton' teve de ser renomeado para amaciar a Censura, que não apreciava cá estrangeirices. Houvesse ainda hoje Censura e nasceriam mais bebés portugueses. 


Em cada crónica, ou conto, ou poema vicentino, ou o raio que o parta, o Major Alverca resolvia um problema do mundo ou contava como tinha resolvido um problema do mundo, ou mesmo do universo. 

Como o Major Alverca era um idiota pomposo, quem na verdade fazia tudo era o seu fiel assistente Ângelo, curiosamente muito parecido com o Tintin disfarçado de sobrinho português do senhor Oliveira da Figueira em 'Carvão no Porão'.  De certeza, só uma feliz coincidência. 

O Major Alverca é um poltrão, um fura-vidas, um trapalhão de todo o tamanho, um odre insuflado, um lunático imbecil, um totó, um desmiolado, um ignaro, um insensato, um Dâmaso Salcede, um telecomentador antes de Deus ter inventado os telecomentadores, um idiota chapado, um asno, um mentecapto. 

Em suma, um Bom Portuguez, com olhos no futuro e cérebro no passado. Garboso no gesto, leal na virtualidade, incapaz de formular um pensamento consequente, mas tudo em nome da instauração do V Império e com isso perdoa-se-lhe tudo.

Além disso escrevia belas crónicas das suas aventuras megalómanas e megalácticas. Uma espécie de Guidinha do Sttau Monteiro, só que com melhor pontuação. 

Fiquei sempre com a ideia de que o Manuel João achava que o Major Alverca era eu e o Ângelo era ele, até porque além de co-autorar os textos ainda tinha de desenhar. 

Aos jovens que perguntam como falar com editoras, digo sempre para enviarem tipo armada, em todas as direcções, até que alguém responda. Feitos primeiros cartoons, enviámo-los como amostra médica para os três semanários que na nossa opinião pudessem ter algum interesse. Do Expresso nem responderam, do Jornal (o antepassado da Visão, que ironicamente repegou o nome de uma grande e ambiciosa revista de banda desenhada dos nossos anos 70 pós-25 de Abril) disseram que achavam «alguma graça» mas só podiam pagar cinco tostões. Do Independente ligaram entusiasmados a dizer que fôssemos lá, disseram que «a-do-ra-ram» e ofereceram uma quantia que ainda hoje não posso dizer, porque era várias vezes superiores à dos outros colaboradores todos. Juntos. 

De fora deste livro de 2003 ficou o álbum, ainda por publicar, da BD de 32 páginas. Uma editora ainda estava disposta a fazê-lo, mas só se abdicássemos dos direitos, até porque (cito de cor, foi há trinta anos) «as chapas do Astérix vêm já feitas de França, basta mudar os diálogos nos balões, e com o Astérix as vendas estão garantidas». 

Continua a ser verdade. Um excelente produto vindo de fora (até Goscinny morrer, os livros do Astérix eram geniais) continua a ser mais barato de produzir e tem logo lucro assegurado. Mas então depois não façam o número do defender a Pátria & a Cultura & Etc.  & Tal, ó meus majores!

Rui Zink, Facebook, 04/05/2024

imagens retiradas do novo site da Bedeteca do Porto


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Bedeteca de Lisboa


Em 1999, João Paulo Cotrim pediu ao ilustrador Alain Corbel para criar um cartaz, para promover a Bedeteca de Lisboa, com heróis de BD portugueses, japoneses, franco-belgas e americanos.


A Bedeteca de Lisboa foi inaugurada em Abril de 1996. Cotrim foi o responsável entre 1996 e 2002 e Rosa Barreto esteve depois entre 2002 e 2010. Entretanto em 2011 foi decidida a sua integração, como serviço especializado, na Biblioteca dos Olivais, em Lisboa.

Alain Corbel, FB

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Radar Tintin

No ano de 1987 o grupo Radar Kadafi concebeu um espectáculo de verão à volta de Hergé.

Um dos primeiros anúncios de Radar Tintin ainda não era da autoria de Pedro Morais.


"Uma analogia a todo o mundo de Hergé, a aventura da adolescência. É a simbologia Tim Tim, não óbvia, tratada por nós numa "picadora" especial, e visível em cenários, murais, painéis, projecções e toda uma série de objectos móveis. Há ainda canções e músicas que poderão ser ouvidas no espectáculo e que não voltaremos a utilizar. Quem não vir perde..." (Tiago Faden)

Os malucos da Pátria, 1987 - anúncio publicado no jornal Blitz

Radar TimTim, Radar Tim Tim, Ratar Timtim, Radar Tintin)

https://arquivos.rtp.pt/conteudos/clipomanias-parte-iii-2/

Foram entrevistados na emissão do programa "Clipomanias" de 19/08/1987.

Andavam a apresentar o espectáculo Radar TimTim. Estavama fazer mais músicas e ampliar o concerto.

Reunir no palco um ambiente de Hergé com recordações da nossa infância.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

A Gazeta Cru


No espaço "A Gazeta Cru - O Suplemento Ilustrado do Bon Vivant!" do antigo jornal Blitz era publicada a banda desenhada "Superfuzz" mas tinha outras secções como a coluna "Quadradinhos" com notícias de BD, desenhos com os "Cromos do Rock" e também "Lendas da BD" onde foram publicados cromos alusivos a várias personagens de BD com desenhos de Rui Ricardo ou Esgar Acelerado.

Num dos cromos apareceu Tintin com uma braçadeira de nazi e Milu a rosnar os dentes. 

http://esgar-acelerado.blogspot.com/

Edição do Jornal Blitz de 18/05/2004

domingo, 19 de janeiro de 2025

Hergé em formato familiar - 89 anos de Joana, João e o Macaco Simão

O nascimento da série, escrita e desenhada por Hergé, deve-se a um pedido dos responsáveis do periódico católico francês Coeurs Vailants, que, a partir de 1930, já publicava as aventuras de Tintin, que desejavam uma série onde os heróis tivessem uma família, com um pai e uma mãe, ao contrário de Tintin, cujas ligações familiares eram obscuras e desconhecidas.

Assim nasce a série com os personagens Jo e Zette, filhos do engenheiro Legrand, e de Jocko, chimpanzé adoptivo da família. Contudo, Hergé desembaraça-se rapidamente dos pais das crianças, colocando-as como as personagens centrais de rocambolescas aventuras.

A série estreia-se com o episódio "Le rayon du mystére" na Coeurs Vailants nº 3 (8º ano) de 19 de Janeiro de 1936 em pranchas em bicromia. A partir de Outubro de 1936, a série é também publicada no periódico belga  Le Petit Vingtiéme, agora a preto e branco.

Mais tarde, com a colaboração de Jacques Martin, a série é colorida e publicada na revista Tintin. Foram realizadas cinco aventuras. Uma sexta, inacabada, foi realizada por Bob De Moor, que responde a uma solicitação de Hergé para adaptar o argumento "Tintin et le Thermozéro". Contudo, o trabalho de adaptação do episódio de Tintin, "A ilha negra", às exigências do editor britânico, impede que De Moor realize o projecto.

A última prancha da série é publicada na revista Tintin nº 328 de 3 de Fevereiro de 1955.

Em Portugal, a série toma o nome de Joana, João e o Macaco Simão, tendo a Difusão Verbo publicado integralmente a obra. A revista Zorro e o suplemento Quadradinhos (1ª série) do jornal A Capital também publicaram algumas aventuras.

[O «Correio Juvenil», revista dos amigos do Clube Verbo, também publicou algumas pranchas da série.]

Bibliografia portuguesa:

O «Manitoba» não responde (Le Rayon du Mystère 1er épisode, Le "Manitoba" ne répond plus), 1936, Zorro #89 a #140; Quadradinhos (Jornal A Capital) #14 a #39; Álbum Difusão Verbo [1981]

A erupção do Karamako (Le Rayon du Mystère 2ème épisode, L'éruption du Karamako), 1937, Zorro #141 ao #192; Quadradinhos (Jornal A Capital) #40 a #65; Álbum Difusão Verbo [1981]

Destino Nova Iorque (Destination New York), 1951, Álbum Difusão Verbo [1982]

O testamento do Sr. Pump (Le testament de M. Pump), 1951, Álbum Difusão Verbo [1982]

O vale das cobras (Le valée des cobras), 1954, Álbum Difusão Verbo [1982]

Bedeteca Portugal, 19/01/2016

Os 75 anos dos “irmãos mais novos” de Tintin (2011)

Corria o ano de 1936. O sucesso de Tintin – então a viver a sua sexta aventura, “O Ídolo Roubado” – era crescente, mas não fazia a unanimidade. A prová-lo, chegava a Hergé uma carta de França, da revista católica “Coeurs Vaillants” que também publicava as aventuras de Tintin, pondo em causa o repórter de poupa, onde se lia que o herói “não ganha a sua vida, não vai à escola, não tem pais, não come, não dorme… Isso não é lógico”. E, em jeito de encomenda, desafiava Hergé a criar alguém “cujo pai trabalhe, que tenha uma mãe, uma irmã mais nova, um animal de estimação”, contou o desenhador numa entrevista a Numa Sadoul. Em suma, um bom exemplo para os jovens leitores da revista Aproveitando personagens criados para um trabalho publicitário, Hergé daria assim origem a Jo, Zette e Jocko (conhecidos em Portugal como Joana, João e o Macaco Simão), estreados há 75 anos, a 19 de Janeiro de 1936, na “Coeurs Vaillants”.

Juntos, até 1939 viveriam o tempo de três aventuras, entre o preto e branco, a bicromia e a cor, ou melhor, duas aventuras e meia porque “Jo et Zette au Pays du maharadjah”, só seria concluída 15 anos mais tarde, sob o título “O Vale das Cobras”, nos anos 1950, quando as restantes histórias foram remontadas, divididas e coloridas, totalizando assim a série cinco álbuns.

Os seus protagonistas eram dois irmãos, Joana e João, o pai, o engenheiro Legrand, a mãe, doméstica, e Simão, um macaco, o tal animal de estimação da “encomenda”.

Se o traço estava próximo do utilizado em Tintin, embora seja evidente uma menor entrega do desenhador, em termos narrativos a estrutura era também semelhante à dos álbuns de Tintin, com uma boa dose de ficção-científica, fruto da ocupação do pai. Apesar das bases da “encomenda”, em cada aventura a célula familiar era desfeita rapidamente, pois os miúdos metiam-se em enrascadas, geralmente relacionadas com a profissão do pai, deixando os progenitores em casa, aflitos e expectantes, aguardando o seu regresso de algum destino distante e exótico ou não tenham os heróis visitado a Ásia, a África e o Pólo Norte, em aventuras ingénuas e rocambolescas mas bem estruturadas. Apesar de alguns dos feitos destes “irmãos mais novos” de Tintin (especialmente a pilotagem de aeronaves e engenhos estranhos) soarem pouco credíveis dada a sua tenra idade.

O humor, muitas vezes fruto das intervenções bem-intencionadas mas trapalhonas do macaco Simão, está também presente em todos os relatos, em especial no derradeiro álbum, “O Vale das Cobras, no qual ocupa quase a metade inicial do relato, num longo intróito que poderia apontar para uma eventual inflexão narrativa da série que, no entanto, não teve continuidade.

A título de curiosidade, uma leitura atenta revelará uma série de sequências que parecem decalcadas de álbuns anteriores de Tintins, como poderá facilmente comprovar quem quiser perder algum tempo. Ou melhor, ganhar, porque estas histórias resistiram ao passar do tempo e continuam-se a ler-se com bastante agrado.

Em Portugal, Jo, Zette e Jocko estrearam-se na revista Zorro, no número #89, a 20 de Julho de 1964, com “O Manitoba não responde”, que seria publicada até ao #140, iniciando-se no número seguinte “A erupção do Karamako”, que prosseguiria até ao Zorro #192, de 11 de Junho de 1966. As mesmas histórias seriam depois publicadas no suplemento “Quadradinhos” do jornal “A Capital”, a partir do número 14, de 5 de Junho de 1972. Cerca de 10 anos mas tarde, a Editorial Verbo publicaria integralmente a série em cinco álbuns, republicados mais tarde, entre 1997 e 2000.

A ASA, que actualmente está a reeditar As Aventuras de Tintin, ainda não tem prevista uma data para a reedição desta série, que a Casterman recuperou num único volume em 2008.

Pedro Cleto (Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 19/01/2011)

 As "Aventuras de Joana, João e do Macaco Simão" são mais um tijolo no edifício da linha clara erguido pelo mestre belga (2001)

Embora sem grande burburinho, a Verbo tem vindo a editar em língua portuguesa toda a obra de Hergé. Começou, evidentemente, pelas 23 Aventuras de Tintim, publicou em 12 volumes as Aventuras e Desventuras de Quim e Filipe e concluiu, no final do ano passado, a edição das Aventuras de Joana, João e do Macaco Simão. Esta é a mais familiar de todas as obras do mestre belga e a menos extensa das suas três séries, com apenas cinco volumes publicados e reformulados pela editora Casterman durante a década de 50, após a fundação do hoje lendário Studio Hergé.

Tendo em conta a projecção internacional que Tintim obteve, desde que a 10 de Janeiro de 1929 foi lançado no "país dos sovietes", torna-se inevitável que todas as restantes criações de Hergé permaneçam, de alguma forma, na sua sombra. Assim acontece com as Aventuras de Joana, João e do Macaco Simão, que diante de obras-primas da Nona Arte como "O Lótus Azul" ou "As Jóias de Castafiore" fazem modesta figura, mas que, se forem devidamente enquadradas na época e conhecidos os motivos da sua criação, merecem ocupar um lugar de destaque nas estantes dos bedéfilos.

Na verdade, foi o mesmo abade Norbert Wallez que dirigia o Petit Vingtième, onde surgiu o repórter Tintim, que estimulou Hergé a criar as personagens de Joana, João e do macaco Simão (originalmente baptizados como Jo, Zette et Jocko). A razão era simples: educado nos bons preceitos do catolicismo, não agradava particularmente a Wallez o facto de Tintim ser um rapaz solitário, sem pai nem mãe, e pouco preocupado com a propagação dos valores familiares. Assim sendo, convidou Hergé a apostar numa série onde os heróis ostentassem orgulhosamente os seus progenitores e transbordassem de amor filial a cada virar de página.

Num primeiro momento, Hergé parece ter seguido as directivas do devoto abade, ao criar dois irmãos inseparáveis, cujo pai, monsieur Legrand, é engenheiro aeronáutico (embora no último volume da série, O Vale das Cobras, o senhor Legrand deixe os aviões para se dedicar à construção de pontes), e a mãe, como na altura convinha, é uma dedicada dona de casa. O macaco, embora liberte raríssimos pensamentos, serve sobretudo para adornar a acção, dar pancada aos maus e ajudar nos gags físicos, claramente influenciados pelo cinema burlesco, que proliferam pelas pranchas.

No entanto, se a família de João e Joana está presente, Hergé várias vezes a envia para longe, e não pode propriamente ser erguida como modelo de virtude: as crianças estão sempre a meter-se em sarilhos (ainda que para salvar o mundo) e os pais nunca parecem desencorajá-los de entrar nas mais desvairadas aventuras.

A primeira saga da dupla (mais o macaco), O "Raio Misterioso", é publicada em 1936 no semanário francês Coeurs Vaillants. De 1937 a 1939 é a vez de "A Estratonave H. 22". Ambas as aventuras seriam reformuladas no início dos anos 50, à semelhança do que aconteceu com as primeiras aventuras de Tintim, com a entrada em funcionamento do Studio Hergé - por onde passou gente como Edgar Pierre Jacobs, Bob De Moor ou Jacques Martin -, sendo cada história dividida em dois episódios para lançamento em álbum.

Aquele que seria o quinto e último livro da série, "O Vale das Cobras", começou a ser publicado em 1939, com o nome de "Jo et Zette au Pays du Maharadjah", mas foi interrompido após 25 pranchas e apenas retomado 15 anos depois, com a colaboração de Martin.

Este é, naturalmente, o mais maduro dos álbuns de Joana, João e do macaco Simão, sobretudo em termos gráficos, mas não tem a frescura das duas aventuras de maior fôlego, e muito em particular de O Raio Misterioso. Muito antes de Hergé lançar Tintim na sua visionária viagem ao espaço, em "Rumo à Lua" e "Explorando a Lua", já o criador da linha clara dava largas à sua imaginação, criando pequenos gadgets e entretendo-se a exibir o seu fascínio pela tecnologia. As Aventuras de Joana, João e do Macaco Simão não terão o vigor das obras do pequeno repórter, mas podem perfeitamente ser consideradas como pequenos balões de ensaio, através dos quais Hergé pôde apurar a sua linguagem. Pode não parecer muito, mas é mais do que suficiente.

João Miguel Tavares / DN, 30/07/2001


O VALE DAS COBRAS

Autor: Hergé

Editora: Verbo

Páginas: 56

Género: Banda Desenhada

Preço: 2050$00

Classificação: ***

O "MANITOBA" NÃO RESPONDE (O Raio Misterioso)

Autor: Hergé

Editora: Verbo

Páginas: 56

Género: Banda Desenhada

Preço: 2050$00

Classificação: ****

A ERUPÇÃO DO KARAMAKO (O Raio Misterioso)

Autor: Hergé

Editora: Verbo

Páginas: 56

Género: Banda Desenhada

Preço: 2050$00

Classificação: ****

O TESTAMENTO DO SR. PUMP (A estratonave H.22)

Autor: Hergé

Editora: Verbo

Páginas: 56

Género: Banda Desenhada

Preço: 2050$00

Classificação: ***

DESTINO NOVA IORQUE (A estratonave H.22)

Autor: Hergé

Editora: Verbo

Páginas: 56

Género: Banda Desenhada

Preço: 2050$00

Classificação: ***

Direitos reservados

IMAGINAÇÃO. 

Onde está Tintim?...

Aventuras de Joana, João e o Macaco Simão – O Vale das Cobras

Texto e desenhos: Hergé (com Jacques Martin e Bob de Moor) 

Editora: Difusão Verbo, Lisboa, 1981

Na década de 1930, Tintim suscitava reservas ao conservadorismo: não tinha família, não estudava, era demasiado livre. A revista Coeurs Vaillants propõe assim a Hergé uma série com crianças normais, inseridas numa família tradicional. Nascem então Jo, Zette et Jocko – Joana, João e o Macaco Simão, em português –, os gémeos da família Legrand, composta pelo pai engenheiro, a mãe doméstica e um chimpanzé.

O Vale das Cobras, em curso de publicação em 1939, foi interrompido e só retomado na década de 1950 pelos Estúdios Hergé, concluído por Jacques Martin (Alix, Lefranc) e Bob de Moor (Barelli, Cori, o Grumete), saindo o álbum em 1957.

Numa estância de neve na Alta Saboia, Joana, João e Simão cruzam-se com o Marajá de Gopal, rei dum país imaginário nos Himalaias indianos. O marajá merece, por estupidez própria, figurar na galeria das grandes personagens secundárias de Hergé, que o qualificava como um Abdalá (O País do Ouro Negro) adulto. Entra em conflito com os miúdos porque estes ousam ultrapassá-lo no esqui, e como se não bastasse ainda apanha com uma bola de neve em cheio na cara. Qualquer contrariedade tinha como punição mínima o açoitamento do infrator, pelo que as coisas poderiam não lhe correr de feição; mas intervém o pai Legrand. Sanados os hilariantes incidentes, o engenheiro é convidado pelo soberano a construir uma ponte numa região remota do país. O que ambos não sabem é que o seu vizir pretende dar um golpe e ser marajá no lugar do marajá…

Mesmo a seis mãos, trata-se de puro Hergé, dando ideia, ao virar de cada página, que Tintim vai aparecer por ali... 

Ricardo António Alves, I, 25/11/2019

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Oliveira da Figueira


E eis que a páginas tantas, durante o sermão de Santo António aos peixes (e aos polvos, caranguejos e outros animalejos dos mares) na versão de Pedro Vieira de Moura e Bernard Majer, damos de caras com o mais português dos heróis de Hergé...

Pedro Cleto, 03/08/2024

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Tintin nasceu há 96 anos


Tintin e Hergé nomes grandes da BD europeia

Completaram-se, sessenta anos [1929-1989] após ter surgido, pela primeira vez na Europa, um dos heróis mais populares de sempre: Tintin.

O seu autor tornou-se tão famoso como o personagem, mas apenas através de um pseudónimo: Hergé.

A Banda Desenhada vive muito dos seus heróis, figuras que têm ajudado a preencher os sonhos e o imaginário de gerações de apaixonados leitores / visionadores. Tintin é um desses heróis, símbolo de generosidade, coragem e abnegação. O seu criador, Hergé, enriqueceu-lhe a personalidade de forma inteligente e subtil: colocou a seu lado, como amigos, personagens carismáticos cheios de tiques - geralmente humorísticos - e defeitos, que fazem ressaltar, simplesmente por contraste que lhe é favorável, as suas qualidades. Sem dúvida que o Capitão Haddock, o Professor Tournesol, os Detectives Dupond e Dupont são complementos de Tintin; eles fazem-nos rir, com simpatia, das suas fraquezas, dos movimentos desastrados que lhes trazem constantes inconvenientes, das suas quedas, das complicações que engendram. Sem eles, Tintin não teria o indispensável contraponto, o contraste valorizador; sem eles, enfim, é de crer que não tivesse atingido tão grande popularidade. A partir de uma determinada fase, Tintin já não existia como personagem único: ele era, afinal, o somatório das personalidades dos seus comparsas.

O criador de Tintin, Georges Prosper Remi nascera a 22 de Maio de 1907, em Etterbeek (Bruxelas); tinha portanto vinte e um anos quando Tintin dava os seus primeiros passos e sabe-se que a assinatura que se apresentava nesse episódio inicial já era a de Hergé, pseudónimo formado [pela] inversão das iniciais G e R do seu verdadeiro nome (érre, gê).

Antes disso, porém, apenas com dezasseis anos, Hergé havia começado a sua carreira artística na revista Le Boy-Scout. Aqui se encontram as suas primeiras histórias em imagens, cujos protagonistas são escuteiros, tal como o artista fora na sua infância. No inicio, as pranchas não eram assinadas; .apenas em Fevereiro de 1923 é possível encontrar o nome de Georges Remi. Mais tarde, em Dezembro de 1924, surge finalmente a assinatura Hergé que, de então em diante, passaria a identificá-lo.

Depois de terminados os seus estudos, em 1925, Remi começou de imediato a trabalhar no jornal diário "Le XXème Siècle" mas... no serviço de assinaturas! É, portanto, já no ambiente dos jornais que ele irá criar o seu primeiro herói fixo, um escuteiro de nome Totor. E, com o personagem, também a respectiva série "Totor, C.P. des Hannetons", um conjunto de episódios que se prolongarão até Julho de 1930. Registe-se que alguns deles foram publicados na revista portuguesa Tintin, sob o titulo Extraordinárias Aventuras de Totor, C.P. dos "besouros" (inicio no n.º 51 -14.° Ano - 01/05/1982).

Tintin, nasceu depois de Totor, e ambos têm semelhanças inegáveis. Totor terá sido, portanto, o modelo de Tintin; mas o verdadeiro modelo poderá encontrar-se em Paul Remi, irmão de Hergé, cinco anos mais novo. O primeiro episódio do personagem será Tintin no Pais dos Sovietes (Les Aventures de Tintin, Reporter au Pays des Soviets), publicado entre 10 de Janeiro de 1929 e 8 de Maio do mesmo ano, no Petit Vingtième (suplemento semanal, para a juventude, do diário católico "Le Vingtième Siècle"), e constituiu um sucesso; de tal maneira que, no ano seguinte, irá ser publicado em França, no semanário católico "Coeurs Vaillants". Em Portugal tal só viria a acontecer em 1982, na revista Tintin (n.° 12 - 15.° Ano - 31/07/1982), tendo a obra ficado incompleta, devido ao facto de aquela revista ter deixado de publicar-se.

É conhecido o facto de Hergé se ter decidido a prolongar as aventuras Tintin, por se ter dado conta da indiscutível popularidade ganha pelo personagem. Pode dizer-se que os quatro primeiros episódios que criou - Tintin no Pais dos Sovietes, Tintin no Congo (Tintin au Congo), Tintin na América (Tintin en Amérique), Os Charutos do Faraó (Les Cigares du Pharaon) - , não tinham uma verdadeira sequência, eram antes um conjunto de "gags". Isso seria consequência de Hergé conceber as suas histórias em função da publicação num jornal, e não para ser editado, logo à partida, em álbuns. Criar "suspense" diariamente era a preocupação primordial do autor, mesmo com prejuízo da fluidez da narrativa.

Apenas no sexto episódio das "Aventuras de Tintin", A Orelha Quebrada (L'Oreille Cassée), há uma modificação importante: passa a existir um "leit-motif" que percorre toda a obra, um objecto, a estatueta com a dita orelha quebrada, perseguida incessantemente pelos vários protagonistas.

Aliás, é também curioso observar-se a preocupação de Hergé em mudar constantemente o cenário das aventuras de Tintin. Vejamos alguns exemplos: Iniciando-se na U.R.S.S., passara a seguir para África, dai para os Estados Unidos, logo dera o salto para o Oriente - Os Charutos do Faraó, no Egipto, e O Lótus Azul (Le Lotus Bleu), na China -; em A Orelha Quebrada viajara para a América do Sul; seria a Escócia o local da acção de A Ilha Negra (L'Ile Noire); e a Syldavia (pais imaginário, situado algures nos Balcãs) localizar-se-ia o ambiente de O Ceptro de Ottokar (Le Sceptre d'Ottokar).

Outro aspecto interessante, para quem se debruce sobre a obra de Hergé, é detectar o momento em que surgem, pela primeira vez, os personagens de mais alto gabarito. É o caso dos inefáveis detectives Dupond e Dupont que, após uma primeira aparição (anónima) logo na primeira vinheta da edição a cores de Tintin no Congo, surgem em Os Charutos do Faraó, em álbum inicialmente impresso a preto e branco, em 1934 apresentados como X33 e X33 bis. E já que falamos dos dois impagáveis comparsas que, à parte uma pequena diferença nos bigodes, são rigorosamente iguais talvez mais do que se fossem gémeos, conclui-se que, afinal, nem sequer são familiares, pois os apelidos são diferentes!

É ainda neste episódio que se estreia um compatriota nosso, o Senhor Oliveira da Figueira, de Lisboa, tipo de vendedor de banha da cobra, "o branco-que-vende-tudo", capaz de impingir a Tintin desde um regador a um papagaio!

Em O Ceptro de Ottokar, surge uma figura muito conhecida: Bianca Castafiore. Ali começa a tortura de Tintin, ao ser forçado a ouvi-la cantar a sua eterna Ária das Jóias, de "Fausto". Ela é também, como personagem importante, a primeira protagonista feminina da obra.

Haddock, o velho marinheiro, bebedor incorrigível, tonitruante, passou a ser, logo que apareceu em O Caranguejo das Tenazes de Ouro (Le Crabe aux Pince d'Or), um dos mais interessantes personagens da série. O Capitão Haddock, inicialmente uma figura lamentável, totalmente dominada pelo álcool, ira ter, a partir do episódio A Estrela Misteriosa (L'Etoile Mystérieuse), um lugar muito importante na galeria Hergiana.

Tryphon Tournesol, o professor distraído e surdo, inicia a sua participação em O Tesouro de Rackam o Vermelho (Le Trésor de Rackam Le Rouge). É mais uma fonte originadora de cenas hilariantes que Hergé introduz na série. Para além do personagem, um outro elemento importante aparece no mesmo episódio: Moulinsart, a aristocrática moradia da família Haddock, baseado no verídico Castelo de Cheverny.

Hergé, a certa altura, parece ter prazer em juntar algumas destas personagens num só episódio. É o que acontece em Carvão no Porão (Coke en Stock), onde participam Rastapopoulos, Séraphin Lampion, Madame Bianca Castafiore e o senhor Oliveira da Figueira, figuras marcantes de peripécias anteriores.

"Tintin (e todos os outros) sou eu, tal como Flaubert dizia: "Madame Bovary sou eu!". São os meus olhos, os meus sentidos, os meus pulmões, as minhas tripas!... Creio que sou o único a poder animá-lo no sentido de lhe dar uma alma."

Assim falou Hergé. Mas, no que se refere a Tintin, raras são as vezes em que transparecem as suas emoções: talvez naquela cena em que, pela única vez na sua "vida", no episódio Tintin no Tibete (Tintin au Tibet, 4ª prancha), chora ao ter conhecimento do desaparecimento do seu amigo Tchang. Raras são nele, igualmente, as fraquezas humanas, mesmo as mais simples. Beber, por exemplo: somente nos é possível observá-lo, uma vez, de copo de cerveja na mão, em A Ilha Negra.

Quanto a aspectos prosaicos, como seja, ter uma profissão, sabe-se que é repórter, quase só porque assim nos é dito, pois apenas uma vez o vemos a escrever (ou melhor: a tentar escrever) um artigo, logo no episódio inaugural, No Pais dos Sovietes. E também fazendo fé nas suas palavras, quando, em A Ilha Negra, ele próprio se apresenta: "Aqui, o repórter Tintin". Ou Tim-Tim, como foi baptizado em português, na sua estreia entre nós, onde nos é apresentado da seguinte forma:

"O Papagaio", que é, como vocês sabem, a maior revista portuguesa, resolveu enviar a Chicago um dos seus mais hábeis repórteres, O célebre Tim-Tim."

Esta introdução aparecia, em legenda, sob três vinhetas coloridas que compunham a primeira página da revista O Papagaio n.° 53, de 16 de Abril de 1936. Era assim que, há quase cinquenta e três anos [1936-1989], os jovens bedéfilos portugueses tomavam contacto, naquela popular "revista para miúdos", com dois nomes grandes da BD europeia: Tintin, fabuloso herói de papel, sempre vivo nas páginas dos livros de Banda Desenhada, e Hergé, seu talentoso criador, que viria a falecer a 3 de Março de 1983.

Geraldes Lino, Selecções de BD nº 13 (Maio 1989)

Tintin nasceu há 60 anos, Geraldes Lino, Selecções BD n. 13 (1ª série) - 1989

https://arquivo.pt/wayback/20080212122134/http://bdlusa.cidadevirtual.pt/6tintin.htm

https://arquivo.pt/wayback/20020616224145/http://www.terravista.pt/Bilene/1280/tintin-2.htm

Entrada sobre Hergé no blog Divulgando BD (2007)

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Fã de Tintim? 90 anos depois da estreia, é hoje publicada versão original de ‘O Lótus Azul’ com 124 páginas (e a cores)


Uma nova edição de O Lótus Azul, um dos livros mais icónicos de Tintim, chega hoje às livrarias francesas, marcando uma ocasião especial para os admiradores do universo criado por Hergé. Publicada originalmente em 1936 com 124 páginas a preto e branco, esta versão é agora apresentada pela primeira vez completamente a cores, oferecendo uma nova perspetiva sobre esta aventura ambientada em Xangai.

Esta luxuosa edição restabelece a versão original publicada em formato serializado na imprensa da época, antes de ser reduzida para 64 páginas pela editora Casterman, em 1946, para adequar-se ao formato convencional dos álbuns de Tintim. A coloração, com tons sépia e outras nuances cuidadosas, procura manter a autenticidade da visão de Hergé, mas adiciona uma dimensão visual contemporânea que promete encantar tanto novos leitores como fãs de longa data.

Benoît Mouchart, diretor editorial da Casterman, considera esta edição um marco significativo na história do autor. “Esta aventura representa um ponto de viragem cultural porque é o primeiro álbum em que Hergé começa a afastar-se dos estereótipos e preconceitos do seu ambiente”, afirmou. Segundo Mouchart, O Lótus Azul é também “o primeiro grande clássico de Hergé, pois é aqui que a famosa linha clara se começa a afirmar verdadeiramente”.

Anteriormente, os álbuns de Tintim apresentavam cenários que mais pareciam “postais ilustrados” ou “decorações de cinema burlesco”, destacou Mouchart. Com O Lótus Azul, Hergé demonstra uma maturidade artística e narrativa que consolida o seu estilo único.

Um dos aspetos mais marcantes desta história é a introdução de Tchang, personagem inspirado no amigo e mentor artístico de Hergé, o escultor e pintor chinês Zhang Chongren (ou Tchang). Este encontro foi decisivo tanto na vida pessoal como na carreira do autor.

Hergé era autodidata, e com Tchang começou a receber as suas primeiras lições de desenho reais”, explicou Mouchart. Mas a influência foi além da técnica artística: “Ele descobriu uma nova forma de espiritualidade e uma perspetiva diferente sobre o mundo.”

Para acompanhar o lançamento desta edição especial, a Casterman também publica uma biografia de Tchang, que morreu em 1998, em Nogent-sur-Marne, aos 91 anos. A obra explora o percurso de vida fascinante deste artista, desde as suas raízes na China até à sua longa amizade com Hergé, que permaneceu uma fonte de inspiração mútua ao longo das décadas.

Com esta edição restaurada e colorida de O Lótus Azul, os leitores têm agora a oportunidade de redescobrir a riqueza de uma obra que não só é um marco na evolução artística de Hergé, mas também um testemunho da sua capacidade de ultrapassar fronteiras culturais e artísticas. A obra já é considerada um tesouro pelos tintinófilos e promete consolidar ainda mais o legado intemporal de Tintim.

In Executive Digest

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Tim-Tim, O Grande Repórter de «O Papagaio»


Tim-Tim na América do Norte (Tintin na América, #53-#110) #53 de 16 de Abril de 1936 ao #110 de 20 de Maio de 1937

Tim-Tim no Oriente (Os Charutos do Faraó, #115-#161) #115 de 24 de Junho de 1937 ao #161 de 12 de Maio de 1938

Novas Aventuras de Tim-Tim (O Lótus Azul, #166-#205) #166 de 16 de Junho de 1938 ao #205 de 16 de Março de 1939

Tim-Tim em Angola (Tintin no Congo, #209-#244)  #209 de 13 de Abril de 1939 ao #244 de 14 de Dezembro de 1939

Tim-Tim e o Mistério da Orelha Quebrada ([O Mistério da] Orelha Quebrada, #247-#298) #247 de 4 de Janeiro de 1940 ao #298 de 26 de Dezembro de 1940

Tim-Tim Na Ilha Negra (A Ilha Negra, #301-#359)  #301 de 16 de Janeiro de 1941 ao #359 de 26 de Fevereiro de 1942

Tim-Tim no Deserto (O Caranguejo das Tenazes de Ouro, #366-#426) #366 de 16 de Abril de 1942 ao #426 de 10 de Junho de 1943

A Estrela Misteriosa (#435-#540) #435 de 12 de Agosto de 1943 ao #540 de 16 de Agosto de 1945

O Segredo da Licorne (O Segredo do Licorne, #617-#679) #617 de 6 de Fevereiro de 1947 ao #679 de 15 de Abril de 1948

1ª imagem - Tim-Tim e o Mistério da Orelha Quebrada (anúncio de 1940 n' O Papagaio)

2ª imagem - página de 1937 (fb)