À semelhança daquilo que acontece com muitas outras personagens de Hergé, há pistas, das mais óbvias às mais obscuras, a articular estas figuras portuguesas com fragmentos da contemporaneidade que assistiu à sua criação.
Como exemplo do tipo de interrogação que desencadeiam, relembre-se uma hipótese levantada por Frederico Duarte de Carvalho na conferência «O Futuro de Tintin» (1 out. 2021), primeira das várias conferências paralelas à exposição, dada em conjunto com Nick Rodwell.
O jornalista questionou, em jeito assumidamente especulativo, se a circunstância de Tintin se mascarar de «Álvaro», fazendo-se passar por sobrinho de Oliveira da Figueira, em Tintin no País do Ouro Negro (1949-1950), não teria ecos da detenção de Álvaro Cunhal e Militão Ribeiro em abril de 1949, uma notícia que terá sido badalada em periódicos internacionais.
Esta referência do jornalista a Cunhal seria depois relembrada num curioso artigo do jornal Tal & Qual (no qual Frederico Duarte de Carvalho colabora), assinado ficticiamente pelo próprio Oliveira da Figueira («Quando Tintin foi Álvaro», Tal & Qual, 13 out. 2021, p. 15).
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