domingo, 25 de janeiro de 2015

Personagens inspiradas em figuras reais

Entre centenas de personagens que evoluem pelas histórias de Tintin, quantas surgiram exclusivamente da cabeça de Hergé? Poucas, pois a maioria inspira-se em gente das relações do criador belga, em figuras históricas ou em celebridades da época em que as aventuras foram publicadas.


O próprio Hergé não resistiu, como o cineasta Alfred Hitchcock, a representar-se em Tintin no Congo, em O Caso Girassol ou O ceptro de Ottokar. São sempre presenças discretas que desafiam a perspicácia dos leitores... Tintin, por seu lado, apresenta algumas curiosas semelhanças com Paul Remi, irmão mais novo de Hergé, que, aliás, reconheceu essa influência nas primeiras aventuras do herói. Outra presença evidente é o seu amigo e, durante algum tempo, colaborador Edgar Pierre Jacobs, que aparece representado em Os Charutos do Faraó como E.P.Jacobini.



Quanto a Girassol, é uma espécie de irmão gémeo do físico suíço August Piccard, que, entre outros contributos, esteve na origem do primeiro batíscafo - o submarino de bolso de Girassol usado em O Tesouro de Rackham o Terrível não é, por isso, uma ideia disparatada.


Onde foi Hergé desencantar o "rouxinol milanês", cognome de Bianca Castafiore, que surge pela primeira vez em O Ceptro de Ottokar? A resposta passa pela soprano italiana Renata Tibaldi, a grande rival de Maria Callas, na qual Hergé se inspirou para criar a Diva.

Outras duas personagens secundárias devem ainda ser referenciadas. Uma delas é o autoritário, batoteiro e avarento Laszlo Carreidas (Voo 714 para Sidney), que evoca, sem grandes dificuldades, o célebre aviador e empresário aeronáutico Marcel Dassault.


E sob os traços sorridentes do capitão que recolhe Tintin a bordo em Os Charutos do Faraó podemos identificar Henri de Monfreid, um conhecido escritor, artista e aventureiro francês.

Carlos Pessoa in Público de 14-07-2005

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