sábado, 24 de novembro de 2018
Figuras de Tintin #66: O coronel Sponsz contrariado
terça-feira, 20 de novembro de 2018
Diabrete
Com a lamentável caligrafia que jamais consegui corrigir, escrevi numa carta datada de 23 de Agosto de 1948, em Ermesinde, quando aí passava férias com o avô e o irmão, em casa da Tia Aurora: “Minha querida Mãezinha. Agora é a minha vez de escrever, mas não sei o que hei-de dizer. Há tanto tempo já que não vejo nem Mosquitos, Diabretes e Camaradas. Mande dizer se já começou alguma história nova ou qualquer coisa engraçada que tenha vindo”…
Creio que este banal escrito resume com rigor as vivências pessoais dominantes. Os quadradinhos continuavam a marcar a minha vida.
Como que premiando esta fidelidade, O Diabrete devolver-me-ia em Março de 1949 o contacto com Tintin. Em vez de fragmentos soltos das suas aventuras nas Américas do Norte e do Sul, na China, no Oriente, em Angola e cá pela Europa, em especial na Escócia, agora viajaria com ele pela Bordúria e pela Sildávia, por terra e mar na busca do tesouro de Rackham, o Terrível, e envolvido no mistério das 7 Bolas de Cristal… Tinha perdido o vibrante colorido d’O Papagaio mas conquistado o direito às histórias continuadas semana a semana. Tim-Tim era o mesmo mas Rom-Rom tinha passado de cadela a cão… Pormenores, apenas.
(...)
António Martinó de Azevedo Coutinho
Os quadradinhos continuaram a dominar a minha despreocupada existência. O Diabrete, “o grande camaradão de todos os sábados”, como se auto-intitulava, era o companheiro semanal sempre aguardado com enorme expectativa. Ao meu irmão, como compensação, começaram a comprar-lhe O Mosquito, apanhado já a meio do seu percurso de vida, no entanto “picando” duas vezes por semana. Eram jornais diferentes, mas ambos transbordando de interesse.
Ainda não tinham sido inventados os álbuns, com histórias completas, onde a gente acharia pouca piada ao instantâneo passar das folhas, roubando-nos a prazer da antiga e criativa impaciência de dispor apenas de uma página de cada vez e com uns dias de intervalo…
Passou por aqueles anos um outro jornal que só durou de Março de 1943 a Dezembro de 1944, mas que ainda assim também marcou esse meu tempo. Foi O Faísca, talvez por ter sido um “relâmpago”, por acaso mais brilhante e colorido do que os seus colegas.
(...)
António Martinó de Azevedo Coutinho