De Pedro Brás Marques recebemos um email, referindo-se aos ‘comentários’ trocados no post “Gémeos”. Dado o interesse, transcrevemos as partes mais significativas:
“(…) Segundo os estudiosos da obra de Hergé, que já se contam às dezenas, os Dupont não são gémeos: não têm nome igual, nem são iguais. O nome já o sabem; quanto às diferenças, elas encontram-se no desenho do bigode, como adiante se explicará.
Foi o próprio Hergé quem assim estabeleceu o par de detectives, logo na sua primeira aparição, no álbum “Os Cigarros do Faraó”, em 1934, ainda no “Le Petit ‘Vingtiéme’”, com os nomes de X33 e X33bis. Repare-se no que diz Benoit Peeters, em “Le Monde D’Hergé” (Casterman, 1983, pag. 96), “Se ressemblant de manière hallucinante (quoique n’étant nullement parents), les deux représentants de la P.J. ne peuvent être distingués que par un seul trait : le style de leur moustache”. Mas, o mesmo autor, na biografia “Hergé-Fils de Tintin” (Flammarion, 2002, pag. 105) admite que o par de detectives possa ser visto como “un echo probable de son pére et de son oncle, les jumeaux inséparables”, mas continua a afirmar que não são gémeos.
No fantástico “Tintin chez Jules Verne” (LeFranq, 1998, pag 43 e ss.) onde se conclui que Hergé terá ido buscar inspiração (demasiada, até, basta ver…[aqui e aqui]) ao visionário romancista francês, escrevem J.P. Tomasi e M. Deligne, que “cês jumeux-lá ne le sont en fait pás du tout”. Para estes autores, Hergé ter-se-á baseado na dupla de detectives Craig e Fry, do livro, de J. Verne, ‘As Atribulações de um chinês na China’. Mas as semelhanças físicas são, claramente, as dos personagens Arminius e Sigimer, de “Cinq Cents Millions de la Bégum”, um com a barba arredondada e outra cortada em triângulo, como se pode ver nas páginas web indicadas.
No site oficial também pode ser encontrada explicação idêntica: “Leur ressemblance est extraordinaire: bien qu'ils ne soient ni jumeaux ni même frères, rien ne les distingue à première vue. Seule la forme de la moustache diffère. Comme l'expliquait Hergé, Dupond avec "d" a les moustaches droites, alors que Dupont avec "t" a les siennes un tantinet tire-bouchonnées”.
Assim, espero ter esclarecido as dúvidas aos Dupont(d).”
Pedro Brás Marques
Depois de lermos, e relermos, este texto, ficamos perfeitamente siderados. A partir deste momento, a nossa vida fraternal ficou irremediavelmente comprometida, como os leitores poderão ver pela imagem.
Já não olhamos um para o outro como irmãos. Vidas desfeitas, foi o que Pedro Brás Marques conseguiu. Porventura, o melhor é convidá-lo para vir para ‘O Vilacondense’, uma vez que parece saber tanto da nossa “família”. Poderia ser, por exemplo… o Milu.
Dupond & Dupont
https://arquivo.pt/wayback/20050621223045/http://ovilacondense.blogspot.com/2003/10/gmeos-falsos-ou-falsos-gmeos.html
30/10/2003
Mas, contrariando essa habitual ideia, na minha opinião os Dupondt não são gémeos.
Vou reproduzir a argumentação que expus no meu fanzine Efeméride (nº4, Janeiro 2009) dedicado ao tema "Tintim no Século XXI", que foi a seguinte:
"(...) os aparentemente gémeos Dupond e Dupont nem sequer irmãos são.
Como justificar a afirmativa? Porque as pessoas da mesma família têm apelidos iguais, tão simples quanto isso.
Nesse caso, qual a explicação para a incrível e rigorosa semelhança (excepto, claro, no bigode)?
Mera coincidência física, reforçada pelos fatos iguais - quiçá farda à paisana fornecida pela polícia belga, outra hipótese inédita - ou, em última análise, fruto da liberdade artística em prol do humor. (...)"
Geraldes Lino, Divulgando Banda Desenhada, 07/09/2015