segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Jornal Abarca - Oliveira de Figueira, de Lisboa


Orlando Ferreira, administrador da RN Tejo, publicou um arigo no jornal ribatejano ABARCA nº 270 (XX ano) , onde aborda a temática de Oliveira de Figueira.


1) Oliveira da Figueira, de Lisboa, comerciante invulgarmente esperto, consegue até vender areia em pleno deserto! Os seus dotes de persuasão são tais que nem as vítimas/clientes notam! Apesar da sua aparência - chapelinho, careca e bigode de pontas retorcidas - Oliveira da Figueira revela uma rara destreza e o bom lado português: é um rei do "desenrasca", do improviso e da arte de dar a volta em situações complexas.

2) Tintin, jornalista que nunca escreveu uma única notícia, é considerado um herói e um símbolo de generosidade e abnegação. No entanto, para fazer ressaltar as suas qualidades, Hergé, o seu criador, enriqueceu-lhe a personalidade de uma forma inteligente e subtil colocando ao seu lado personagens pitorescas. Sem elas, Tintin não teria o indispensável contraponto. Milu, o Capitão Haddock, o Professor Tournesol e os Detectives Dupond e Dupont, com as suas fraquezas, movimentos desastrados e constantes complicações que engendram, fazem-nos sorrir (com simpatia) e não conseguem evitar-nos uma boa gargalhada. Oliveira da Figueira de Lisboa é um desses personagens. Um comerciante dotado de uma grande facilidade para vender tudo e mais alguma coisa, designadamente, objectos inúteis ou não necessários para os seus compradores. Hospitaleiro, está sempre pronto servir “um copo de vinho de Portugal, do sol do meu país”, nas suas próprias palavras.

3) Foi muito interessante a "vinda" de Tintin para Portugal. "Tim-Tim na América do Norte" foi o primeiro a aparecer, em 1936, com uma tradução que, tendo sido efectuadada nos anos 30, se pode considerar aceitável à luz da cultura de então e do hábito que havia de tudo aportuguesar. Nessa primeira aparição, os protagonistas chamavam-se Tim-Tim, Capitão Rosa e Pom-Pom, mais tarde Rom-Rom (Tintin, Capitão Haddock e Milu, respectivamente) sendo Tintin apresentado como um português, repórter de "O Papagaio", revista juvenil da Rádio Renascença que comprara os direitos sobre estas aventuras. Esse aportuguesamento do herói levou a que o português Oliveira da Figueira, passasse a Olivera de Málaga, "caixeiro-viajante fugido aos horrores da guerra de Espanha".

4) Tendo em vista a liberalização do sector dos transportes, foi recentemente aprovado o regulamento comunitário - (CE) Nº1370/2007 - que fará com que, até 31 de Dezembro de 2019, acabem todas as concessões dos operadores rodoviários. Inclusivé as nossas, as da Rodoviária do Tejo. Com este novo regulamento pretende-se garantir serviços de transporte de passageiros seguros, eficazes e de elevada qualidade num ambiente de concorrência regulada que garanta a transparência e elimine todas as disparidades existentes entre empresas de transporte dos diferentes Estados-Membros susceptíveis de falsear substancialmente as condições de concorrência. Estamos, de facto, perante um novo e muito diferente desafio… Concluindo: Quando descemos ao terreno da maioria das organizações portuguesas o que encontramos é um “híbrido difuso”. Mantém-se ainda o paradigma histórico - somos mais comerciantes do que empreendedores - mas continuamos a revelar uma arte que nos diferencia - o improviso. O nosso verdadeiro desafio é saber se somos capazes de tornar virtuosa esta coabitação entre a capacidade de improviso e o crónico arquétipo empresarial que ainda tem como herói o Oliveira da Figueira.

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