quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Até tu, Brutus!

O Governo perdeu a voz. E precisa urgentemente de pastilhas para a garganta. Entrou, vestido de Castafiore, aquela que nos livros de Tintin, quando cantava, fazia com que os vidros se quebrassem. Algumas corporações tremeram e taparam os ouvidos, paralisadas de medo.

O Governo perdeu a voz. E precisa urgentemente de pastilhas para a garganta. Entrou, vestido de Castafiore, aquela que nos livros de Tintin, quando cantava, fazia com que os vidros se quebrassem. Algumas corporações tremeram e taparam os ouvidos, paralisadas de medo.

Poucos meses depois tudo mudou. O Governo faz soar a sua voz mas ela perde-se no meio do ruído de todas as oposições possíveis. A oposição ao Governo que menos se ouve é a do PSD.

Pode ser uma táctica. Talvez Marques Mendes acredite que lhe poderá suceder o mesmo que a Sócrates. Que o Governo caia por cansaço, como aconteceu com o equilibrista Santana Lopes. Sem mexer um dedo Sócrates tornou-se o líder maioritário do executivo.

O chefe do PSD muito provavelmente acredita na mesma coisa. Sócrates, sem ter feito qualquer tirocínio como tribuno calejado da oposição, chegou a São Bento. Foi uma viagem à velocidade do TGV. As ideias soltas que tinha para governar ficaram nos apeadeiros onde não teve tempo para ficar.

Marques Mendes ainda precisa um pouco mais da poção da oposição. Mas, com o problema de voz, de transparência e de autoridade de grande parte do Governo, um dia destes Marques Mendes chega ao poder.

Já começam a haver muitos Brutus no círculo de Sócrates.


Comentários

Nunca tinha imaginado o Sócrates vestido de Castafiore. Bela metáfora ! Já agora, o Mendes de Pintadinho de Branco (Tournesol), Soares e Alegre de Zig e Zag (Dupont e Dupond) e Sampaio de Capitão Rosa (Haddock). A "peça" podia ser levada à cena no teatro Maria Matos. Consta que o director artistico, sr Diogo Infante, é um fã da Castafiore !!! 

Se Molière fosse vivo ! - Breogan

Começo a duvidar da qualidade do articulista. Pese embora o agradável e evidente manejo da escrita. Com as suas habituais figuras de estilo. Ou as construções retóricas, incluindo uma ironia quanto baste. O que, na minha humilde perspectiva, geralmente enobrece um texto. Só que, retirado o estilo, a forma é pobre. Ficam apenas as ideias de FS. Brutus de si mesmo? Enfim, isto para refutar duas destas ideias. 1º) Vai sendo cada vez mais óbvio que Sócrates tem mais que «ideias soltas». E já conhecemos algumas. Umas mais miseráveis (nomeações de boys) que outras (plano tecno, "apuramento" do investimento público). Há também "ideias" claramente estruturantes. O exemplo maior será o da normalização de alguns sistemas sociais públicos. Hoje mesmo saiu o modelo para a reestruturação do sector energético. Para já, parece-me bom. E até, nalguns aspectos, surpreendente. Pela inovação em privilegiar o mercado. 2º) Não sei se Marques Mendes chegará, ou não, ao poder. E se o fará tão rapidamente quanto FS, pelos vistos, desejaria. Duvido é que o faça contando «com o problema de voz, de transparência e de autoridade» de Sócrates. "Problemas" que, existindo, não são mais excessivos que o costume. Já com Brutus... talvez. Até porque já não andará de punhal em riste. Consta que o terá trocado por um teclado novo...

ATÉ TU, SOBRAL? - Marx

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