sexta-feira, 12 de julho de 2019

Fronteiras

Que é feito da Sildávia e da Bordúria, perguntarão os leitores, que costumam estar tão interessados em assuntos internacionais.

Recapitulemos: a Sildávia, reino centro-europeu de onde foi enviado o primeiro voo tripulado à Lua, é hoje uma próspera república e futuro membro da União Europeia. O rei Ottokar IV foi deposto num golpe militar que (diz-se) teve influência bordúria, mas a democracia regressou depressa, o que permitiu negociações frutuosas com Bruxelas e um rápido processo de adesão comunitária. A Sildávia é uma democracia parlamentar com taxas de crescimento económico a rondar os 6%. O seu rendimento per capita ultrapassou recentemente o português. Klow, a capital, tem meio milhão de habitantes e forte sector turístico, baseado na rica gastronomia. Tem atraído deslocalizações industriais do Vale do Ave.

Durante anos de isolamento, a Bordúria viveu um largo período da ditadura de Plekszy-Gladz e só recentemente alcançou a democracia, na chamada revolução azul-da-prússia. A sua selecção nacional quase conseguiu o apuramento para o mundial de futebol, tendo sido eliminada no play-off pela equipa sul-americana de San Theodoros.

Ao contrário do que se temia, Sildávia e Bordúria nunca chegaram a entrar em guerra uma com a outra.

Bem, isto é o pouco que sei sobre o assunto. Será que os leitores têm mais informações?

Este texto foi publicado em 10/10/2006 num blogue de que fui fundador, Corta-Fitas.

O post está extremamente desactualizado. Como sabem, logo a seguir à sua adesão à UE, a Sildávia foi forçada a pedir um empréstimo ao FMI, devido às dívidas contraídas com o programa espacial, e aplica neste momento um duro pacote de austeridade, após ter sido nomeado um governo de tecnocratas. Todos os dias há manifestações em Klow, a capital, e as agências de rating classificam a dívida sildava com notação de bb-.

A Bordúria teve recentemente eleições e regressou ao poder o partido do velho ditador Plekszy-Gladz, que controlou todo o processo de privatizações e cujos aliados se apoderaram das melhores empresas. A corrupção é generalizada e o país duplicou a sua despesa com armamento, para renovar as fardas dos três ramos das forças armadas (o concurso foi ganho pela empresa Armani). O jornal independente (Independensky) foi encerrado.

https://arquivo.pt/wayback/20140104175054/http://forteapache.blogs.sapo.pt/230003.html

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