sexta-feira, 22 de março de 2013

Em fascículos

O Tintin, claro: era jovem, tinha um cabelo engraçado e uma profissão que me parecia espectacular. Corria mundo - o que era ainda mais espectacular - e vivia as mais espectaculares aventuras, incluindo ir à lua. Acompanhei algumas destas façanhas através de álbuns que não eram meus, mas lembro-me muito bem do Tintin em versão cinco minutos que dava na RTP depois do Telejornal. Ouvíamos o sinal sonoro - "Les aventures de Tintin, d"après Hergé" - e morríamos para o mundo durante aqueles minutos, que nos pareciam sempre tãaaaaaaaao curtos.

Algures nos anos 90, O Independente fez uma daquelas colecções em fascículos com algumas aventuras do Tintin. Às vezes eu perdia O Independente, por isto ou por aquilo, mas quando começaram a sair os fascículos não perdi um único. (Chamem-me antiquada, jurássica ou coisas parecidas, mas confesso que já tenho saudades de uma bela colecção por fascículos - é mais ou menos a mesma coisa que estar à espera dos episódios semanais da Anatomia de Grey, que é um prazer que eu não dispenso.)

Bom, os fascículos do Tintin: fui dar com eles no escritório lá de casa, já meio amarelecidos, ordenados cronologicamente dentro da capa dura, mas à solta. Pois: eu adorava as colecções de fascículos, mas muito raramente as mandava encadernar.

Já perceberam, portanto, que, não sendo eu uma fanática da BD, tenho um herói preferido. Claro que o Corto Maltese tem muito charme - e não dispensei a Fábula de Veneza numa recente incursão à cidade italiana - mas o Tintin há-de ser sempre o Tintin: foi ele que me levou ao país dos sovietes, ao Tibete, a Sidney e ao Templo do Sol.

Tintin e Corto Maltese serão os heróis que mais dizem ao grande público. Mas Carlos Pessoa - ele sim, um aficionado e entendido em BD - andou a vasculhar os seus álbuns e apresenta-nos na edição de hoje sete grandes viajantes dos quadradinhos. São eles Blake e Mortimer, Johnny Hazard, Max Fridman, Cuto, Jonathan, Tintin e Corto Maltese. "A maior parte dos heróis dos quadradinhos são incansáveis caminhantes que atravessam os continentes enfrentando inimigos, desafios e provações", escreve Carlos Pessoa.

Esta semana, portanto, viajamos aos quadradinhos. E a partir de Junho, cortesia do PÚBLICO, isto é para levar à letra: a colecção Rotas e Percursos da BD vai-nos deixar descobrir as grandes cidades mundiais na companhia dos heróis das pranchas.

Não pode ser em fascículos? Não? Pois...

Sandra Silva Costa, Público,  19 de Março de 2011


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