quinta-feira, 26 de junho de 2025
Tuntun, repórter do "Sem Vintém"
sexta-feira, 20 de junho de 2025
H de Haddock
Dicionário de Literatura Infantil e Juvenil
Personagem secundária de um incontornável universo imagético literário, visual e cultural do século XX: a internacionalíssima coleção de banda desenhada Tintin, a preferida do seu genial criador Hergé (Georges Remi, 1907 / 1983). Talvez inspirada em Edgar P. Jacobs (autor de Blake & Mortimer), em Bob de Moor ou num irmão militar de Hergé, nem os críticos e especialistas estão de acordo quanto às origens deste anti-herói que tantas vezes rouba protagonismo ao jovem repórter. Apesar de ter nascido na 15ª edição da revista Le Soir Jeunesse (2 de janeiro de 1941), apenas na nona aventura, "O Caranguejo das Tenazes de ouro" (1941), assume as funções de capitão do cargueiro Karaboudjan, sofrendo com delirium tremens e com alucinações em formato de garrafas de whisky Loch Lomond. Só em "Tintim e os pícaros", em 1976, ficamos a saber que o seu nome próprio é Archibald.
Personagem complexa e controversa, a merecer a atenção prolífera, muitas vezes acusatória, de especialistas das mais diversas áreas (médicos, psiquiatras e psicanalistas, filósofos, linguistas, biógrafos, críticos e tintinófilos), o Capitão Haddock sofre de múltiplas patologias: alucinações, falhas de memória, perturbações de visão e alcoolismo. Tem propensão para o acidente e é irascível e temperamental. Mas, com mil milhões de macacos, Haddock é também a personagem mais deliciosamente malcriada e cavalheiresca, generosa, mal humorada, leal, distraída, cómica, corajosa, viciada, rude, nobre, paternal, fanfarrona, imaginativa, poética, bondosa, humana, pluridimensional e inesquecível do universo da banda desenhada (enquanto literatura, ilustração e texto contando uma história, em inextricável ligação).
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O registo discursivo haddockiano gora sistematicamente as expetativas do desprevenido leitor: à rudeza convencional do linguajar dos marinheiros sobrepõe-se a mestria das imprecações mais enfáticas, dos mais bizarros palavrões, de científicos insultos, de invetivas eruditas e musicais, de injúrias operísticas, de ofensas misteriosas e sofisticadas; cultor da arte do insulto, em explosões intrincadas, criador de neologismos, arcaísmos e de outros termos merecedores de rigorosa exegese e investigação comparativa em estudos de tradução. Os diálogos magistrais, de uma expressividade vigorosa e cénica, os júbilos imagéticos, as sonoras onomatopeias barrocas e as inesperadas metáforas, em nuances surrealistas, tornaram desafiadora a tarefa de tradução, hoje em dezenas de línguas, mas expandem o longo e fabuloso glossário.
Nota: dedicamos esta entrada aos ectoplasmas, protozoários, mamelucos, zuavos, fariseus, catacreses, anacolutos e apotegmas, bibelôs, cataplasmas, brontossauros, canibais emplumados, polichinelos grotescos, extratos de hidrocarboneto, piratas de água doce e afins que porventura dúvidas possam ter acerca dos benefícios linguísticos, nomeadamente sobre o impacto da leitura da obra de Hergé, no desenvolvimento da consciência fonológica e interlinguística, ou sobre os contributos da leitura de banda desenhada para a ampliação do léxico de crianças, jovens e adultos.
Paula Pina, Professora universitária, co-autora do blogue Cria-Cria
versão integral de um texto originalmente publicado na revista Blimunda n.º 27, de agosto 2014
quarta-feira, 18 de junho de 2025
Lego
sexta-feira, 13 de junho de 2025
Luis Diferr (1956-2025)
Luis Filipe Diferr lançou em 1991 o álbum "O Homem de Neandertal" que foi o primeiro volume de "As Aventuras de Herb Krox".
O álbum "Os Deuses de Altair - I", o segundo volume das aventuras de Herb Krox, foi lançado em 1998.
Em 2003 tivemos "As Aventuras do Capitão Hackrox e Jinjin" na BD "Corina Alpina Bonina" incluída no álbum colectivo "Vasco Granja, uma vida... 1000 imagens".
Corina Blitz surgiu ao público no álbum “O Homem de Neandertal” (1991, Edições ASA), 1º das Aventuras de Herb Krox.
Corina Liechtenstein (nome de código: Lady Blitz) é uma loura (genuína), explosiva e sensual, que concilia uma fulgurante carreira de top-model com a de espia/mercenária de alto gabarito. Defronta-se frequentemente com Herb Krox, o seu grande rival – que, não obstante, deve nutrir por ela uma contraditória admiração, já que é presidente do Lady Blitz Fan-Club.
Uma espécie de Olrik no feminino? Não verdadeiramente… mesmo se Félix Sartorius, o seu companheiro de aventuras, se parece com o célebre celerado.
O autor trabalhou depois numa edição revista de O Homem de Neandertal" nunca editada.
Comentário de 2018: «A edição revista nunca foi editada; também não foi aumentada. Na verdade, isso só se justificaria se houvesse um novo despertar da série HERB KROX, o que é pouco provável. Estou agora muito mais envolvido com o projeto KALLILEA e com outros ainda inéditos. Mas, no que toca a projetos e intenções, e ao que realmente acontece, nunca se sabe!»
https://luisdiferrart.blogspot.com
https://www.lambiek.net/artists/d/diferr_luis.htm
https://juvebede.blogspot.com/search/label/Lu%C3%ADs%20Diferr
https://divulgandobd.blogspot.com/search/label/Lu%C3%ADs%20Diferr
http://lindagirassol2.blogspot.com/2013/08/a-bd-de-luis-diferr.html
sexta-feira, 6 de junho de 2025
O Oliveira da Figueira
O que vendem os políticos portugueses? Projetos. E apoios. A democracia é isto
Alguém se lembra do senhor Oliveira da Figueira? O rechonchudo que vendia tudo aquilo de que ninguém precisava, o vendedor de banha da cobra que vendia radiadores no deserto? Se quisesse.
Hergé tentou matá-lo nas histórias do Tintin e foi obrigado a ressuscitá-lo. A personagem era demasiado preciosa. Por razões nunca suficientemente esclarecidas, ou talvez por pensar que a personagem se ajustava à ideia que o criador tinha dos portugueses, grandes comerciantes e aventureiros na versão histórica piedosa, Oliveira da Figueira era um nativo de Lisboa. Ou seja, um português. Um português dotado de uma capacidade sobrenatural para impingir objetos e fantasias materiais. O próprio Tintin, numa vinheta inesquecível carrega às costas mil inutilidades enquanto medita consigo que escapou aos encantos persuasores de Oliveira da Figueira e saiu ileso do encontro. Sem ter comprado, adivinharam, inutilidades.
(...)
Clara Ferreira Alves (Escritora e Jornalista), Expresso, 29/04/2025
António Martinó de Azevedo Coutinho fez um post recente, no seu blog Largo dos Correios, para falar sobre Oliveira da Figueira e sobre o artigo de opinião de Clara Ferreira Alves publicado no Expresso de 02/05/2025.terça-feira, 3 de junho de 2025
As Telas de Ana Faria
segunda-feira, 2 de junho de 2025
K7
Animais mesmo são estes tais de DJ Divinal e MC Primitivo que se estreiam com a k7 Destino Hipérborea (Rasga + Rotten \ Fresh; 2025)! Animais niilistas que sabem da sua impotência para mudar o mundinho e preferem estrategicamente acelerar, ir em frente com força para bater contra o muro, espatifando tudo. Ficarão os restos mortais. Devia ser Favela Funk mas facilmente estes boémios entram em Gabber, glitch, fake samples, noise pobreta, electro-metal onde Death Grips largou as botas, tudo num estilo cartoon que será acusado de apropriação cultural e o catano pelo woke-nation. Quisifodam, está aqui mais um passo à frente para o abismo da Humanidade nem que seja porque faz iconoclastia do Tintin!
É o novo single de DJ DIVINAL & MC PRIMITIVO e a primeira amostra de Destino Hiperbórea, álbum que será lançado no dia 25 de abril, fruto de uma colaboração entre a Rotten \ Fresh e a editora Rasga. Composto por 9 temas, o álbum de estreia deste duo ocultista luso-brasileiro alimenta-se do baile funk, ritmos gabba e tonalidades industriais desarmantes. Destino Hiperborea já pode ser comprado antecipadamente no Bandcamp da editora, em cassete [edição limitada a 50 unidades] e formato digital.
Video youtube https://www.youtube.com/watch?v=xoOKbWnW_QU