sexta-feira, 6 de junho de 2025

O Oliveira da Figueira

O que vendem os políticos portugueses? Projetos. E apoios. A democracia é isto

Alguém se lembra do senhor Oliveira da Figueira? O rechonchudo que vendia tudo aquilo de que ninguém precisava, o vendedor de banha da cobra que vendia radiadores no deserto? Se quisesse. 

Hergé tentou matá-lo nas histórias do Tintin e foi obrigado a ressuscitá-lo. A personagem era demasiado preciosa. Por razões nunca suficientemente esclarecidas, ou talvez por pensar que a personagem se ajustava à ideia que o criador tinha dos portugueses, grandes comerciantes e aventureiros na versão histórica piedosa, Oliveira da Figueira era um nativo de Lisboa. Ou seja, um português. Um português dotado de uma capacidade sobrenatural para impingir objetos e fantasias materiais. O próprio Tintin, numa vinheta inesquecível carrega às costas mil inutilidades enquanto medita consigo que escapou aos encantos persuasores de Oliveira da Figueira e saiu ileso do encontro. Sem ter comprado, adivinharam, inutilidades. Vergado ao peso, até uma gaiola comprou.

(...)

Clara Ferreira Alves (Escritora e Jornalista), Expresso, 29/04/2025

António Martinó de Azevedo Coutinho fez um post recente, no seu blog Largo dos Correios,  para falar sobre Oliveira da Figueira e sobre este artigo de opinião de Clara Ferreira Alves publicado no Expresso de 02/05/2025.

Sugere-se a leitura do artigo onde é explicado que Oliveira da Figueira apareceu em mais aventuras e não pode ser reduzido a uma simples caricatura.

outros comentários selecionados no site do Expresso.:

Este artigo é uma grave ofensa ao senhor Oliveira da Figueira. Um homem bem intencionado que aparece nos lugares mais inconcebíveis para livrar o Tintim de sarilhos. Felizmente já pude conhecer muitos senhores Oliveira da Figueira. Não há nada mais poético do que comprar um radiador no deserto a quem nos livra do mal. (Jorge M Rocha)

Oliveira de Figueira, de Lisboa, é um personagem simpático. Luís Montenegro não suscita qualquer simpatia. Percebo a ideia de que irá ganhar (ainda que mantenha esperança que não aconteça), mas vai ser massacrado por todos os lados, oposição, sindicatos, jornalistas e opinadores (vejam o JM Tavares - qualquer dia é socialista)... vai ser difícil. Não vai conseguir cumprir o que promete, nem perto, e vão aumentar as desigualdades. Tempos difíceis. (José Pedro Dias) 

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