O Carnaval de Torres Vedras de 2008 foi dedicado à banda Desenhada.
Dupondt - estão a ler o jornal "Freladas do Oeste" que tem uma notícia do Tintin como enviado especial
Foguetão
Foliões preparam poção mágica
Preparem-se super-homens e super-mulheres, Manchas Negras e Madames Min, Zés Cariocas e Tios Patinhas, Rucas e Puccas, Patetas e políticos. É hora de sátira, alegria, folia e fantasia. O “Carnaval Mais Português de Portugal” arranca amanhã. Suas Majestades assumem o trono, o presidente da Câmara vai a banhos e vale tudo menos beber em copos de vidro. Suas Altezas Dom Sódigo ONomeAmanhã e Dona RealConfraria NãoSe Descose já anunciaram o tema para 2008: A Banda Desenhada. Na aldeia torriense todos correm aos baús, surripiam fatiotas às irmãs e aos avós e obrigam mães de família a autênticas maratonas de costura. A poção mágica está pronta para ser dada a quem não caiu à nascença no caldeirão do Carnaval. A festa está prestes a levantar voo só ainda não sabe onde irá aterrar. Mas será, com certeza, em algum aeroporto onde seja permitido fumar.
Por enquanto ainda é tempo de martelos e não de martelinhos; do som das máquinas de costura e não do batuque dos saltos altos das míticas matrafonas; do cheiro das colas e vernizes dos estaleiros e não dos perfumes de marca ou de bafio que se soltam das coloridas máscaras e cabeleiras; de cores feitas a tinta para madeiras e não de tintas para o rosto.
É tempo de preparativos e de contagem decrescente para os foliões.
É tempo de contra-relógio nos bastidores do Carnaval de Torres Vedras. Aqui não há tempo para pensar na folia até ao início da história que, este ano, será feita aos quadradinhos com a Banda Desenhada a dar o tema ao “Carnaval mais Português de Portugal”.
Soma a centena os homens e mulheres sem rosto e sem direito a figurar na ficha técnica deste “livro” que trabalha com afinco desde Dezembro para a festa que a Promotorres, empresa municipal, pretende transformar num produto de “marketing territorial”.
Pintores, escultores, carpinteiros, designers, electricistas, motoristas, bilheteiros, cozinheiros, seguranças, polícias, autarcas e técnicos camarários trabalham com afinco na construção dos carros alegóricos, na iluminação e instalação sonora das ruas cidade e na organização dos corsos carnavalescos.
No total são 500 mil euros de orçamento, o maior investimento de sempre para o Carnaval de Torres Vedras. “Os territórios hoje precisam de uma imagem de diferenciação em relação aos restantes, ou seja, do seu marketing territorial”, diz António Esteveira, presidente do conselho de Administração da Promotorres. “O Carnaval tem essa potencialidade e para ser um instrumento visível tem de ter qualidade”, reforça justificando o investimento. Meio milhão de euros, dos quais 280 mil euros são destinados aos oito carros alegóricos e ao monumento que figura, desde dia 19, na Praça da República. Mais de metade do investimento (52 por cento) para a “face mais visível” desta festa.
Assumida, até à data, pela Câmara Municipal como uma festa que dá prejuízo aos cofres do município, o Carnaval 2008 poderá ser a excepção. Além da duplicação do subsídio camarário para 200 mil euros, há uma aposta assumida nos patrocínios iniciando um caminho que António Esteveira pretende incrementar nos próximos anos: obter receitas cada vez mais através da publicidade e menos das bilheteiras, estas últimas dependentes das condições climatéricas. Este ano, se S. Pedro ajudar, “as contas ficarão equilibradas”, acredita a Promotorres. O novo cocote transformado este ano em cubo de esponja com 6 faces vendáveis será um dos trunfos para obter mais proveitos. As quatro ruas do corso e as entradas no recinto do corsos passam a ter patrocinadores. Para o ano, a estas apostas irá juntar-se um patrocinador do monumento.
“É preciso termos uma pessoa a vender Carnaval o ano inteiro”, acrescenta Sérgio Lopes, secretário-geral da Promotorres.
CARNAVAL TODO O ANO
A profissionalização cada vez maior da organização do Carnaval de Torres Vedras, tem repercussões também nas empresas que trabalham para a festa. A Guliver, empresa de animação visual, é um dos exemplos. Bruno Melo é o responsável da equipa que projectou e executou o monumento, assim como sete dos oito carros alegóricos. Uma equipa de 60 pessoas assegura, desde Setembro, o trabalho para o Carnaval de Torres e para as encomendas da empresa. No “pico” dos trabalhos, em Janeiro, 70 por cento da equipa da Guliver, está dedicada ao Carnaval torriense.
“Sempre defendi que o investimento nos carros de Carnaval era um desperdício”, diz o criativo torriense. “São milhares de euros de investimento e horas de trabalho para oito horas de desfile (4 horas no domingo e 4 horas na terça). Daí que, este ano, comecem a ser dados os primeiros passos de um Carnaval que Bruno Melo defende que deve “interagir com os torriense mais tempo”. Além do monumento, a Guliver engendrou uma espécie de “dois em um” com o “conteúdo” de dois carros alegóricos a figurar em permanência na cidade até à data dos corsos em dois locais distintos: rotunda na confluência da Avenida 5 de Outubro e R. Henriques Nogueira (carro “Nas Teias da Justiça”) e cruzamento R. Henriques Nogueira e R. José Lopes Junior (carro Capitão América).
Este ano, também, é ambição da Promotorres dedicar uma rotunda ao Carnaval de Torres Vedras transformando a festa num “produto de marca da cidade o ano inteiro”.
MATRAFONAS MAIS VAIDOSAS
O ano inteiro é quanto esperam os foliões torrienses pela festa que decorrerá de 1 a 6 de Fevereiro, embora na cidade já se “respire” Carnaval desde a passagem do ano… pelo menos.
Na cidade não há costureira que escape aos foliões, ou mãe de família que consiga fugir às linhas e agulhas. No atelier Alda Faria, os pedidos começaram em Dezembro, mas foi no início de Janeiro que o trabalho chegou em força, obrigando a equipa de três costureiras fazer serões e a pedir reforços. “Surpreendentemente são os homens que dão mais atenção aos pormenores”, revela Alda Faria que pode ser das poucas costureiras do país a viver o insólito de hoje poder estar a medir umas pernas peludas para fazer uma mini-saia, ou um peito para um top de lantejoulas. “Uns querem soutien, outros não”. É à vontade da matrafona.
Mas o Carnaval torriense atinge todos de igual forma sejam homens ou mulheres, crianças ou seniores. No grupo da Associação da Orjariça, vencedor de vários concursos de máscaras, são quase 80 os elementos com idades entre os três meses (sim, meses) e os 56 anos que irão desfilar pelas ruas torrienses.
Além da vontade de “divertir e dar boa imagem ao Carnaval de Torres Vedras” todos têm um denominador comum: não revelar as máscaras aos jornalistas. Afinal, nunca se sabe quem, nesta história aos quadradinhos, vai sair satirizado.
CARNAVAL EM NÚMEROS
Orçamento: 500 mil euros
Livre trânsito: 10 euros (acesso aos três corsos de Carnaval).
Ingressos: 5 euros para cada um dos corsos (sábado à noite, domingo e terça-feira à tarde).
Corso escolar: 6.500 alunos
Concurso Grupo de Mascarados: mais de 3 mil participantes
Cavalinhos e grupos de animação musical: 300 participantes
Tripulantes de carros alegóricos – 60
NOVIDADES
- Substituição dos tradicionais cocotes por cubos de esponja.
- Proibição da comercialização e consumo de bebidas em garrafas e copos de vidro.
- Animação na zona do corso na tarde de sábado, 2 de Fevereiro. Acesso condicionado a portadores de bilhetes ou livres trânsito ao recinto a partir das 16h00.
- Abertura do Baile Tradição à população, na segunda-feira, no pavilhão Multiusos, pelas 15h00.
- Concurso de mascarados aberto a um mínimo de 20 participantes por grupo.
PROGRAMA OFICIAL
- Sexta-feira, 25 de Janeiro, 21h30 - Festa de Apresentação do Carnaval 2008 pela Real Confraria do Carnaval, no Teatro-Cine.
- Sexta-feira, 1 de Fevereiro, 09h30 – Corso escolar; 21h30 – Chegada dos Reis do Carnaval aos Paços do Concelho.
- Sábado, 2 de Fevereiro, 16h00 – Tocandar; 21h30 - Corso nocturno/concurso de mascarados.
- Domingo, 3 de Fevereiro, 14h30 – Corso diurno.
- Segunda, 4 de Fevereiro, 15h00 - Baile Máscaras Tradição; 21h00 - Corso Trapalhão.
- Terça-feira, 5 de Fevereiro, 14h30 – Corso Diurno.
- Quarta-feira, 6 de Fevereiro, 21h00 – Enterro do Entrudo com cortejo da Praça da República ao Tribunal e fogo de artifício.
Em todas as noites haverá animação feita por disc-jockeys na Praça da Batata e no parque de estacionamento dos Jardins de Santiago.
Os Tocandar assumem a animação de todos os corsos da cidade.
O CUBO-COCOTE
Caberá à empresa torriense Opio – Objectos de Publicidade e Imagem Organizada a feitura dos cerca de 100 mil cubos de esponja que, este ano, vão colorir os corsos do Carnaval de Torres Vedras.
O fim do cocote tradicional – um pequeno embrulho de papel com serradura – feito manualmente, nos últimos anos, pelos sócios da Associação de Reformados de Torres Vedras, anda a ser ponderado de há dois anos a esta parte e tem dois motivos: “O primeiro tem a ver com a segurança das pessoas pois temos um histórico de registos de alguns incidentes, sobretudo oculares”, explica António Esteveira. Segundo, “o cubo é mais limpo, não deixa resíduo e as pessoas poderão levar como recordação pois haverá um cubo para cada Carnaval”. Os que ficarem, podem ser reciclados.
“Foram apresentadas várias alternativas mas esta acabou por se revelar a mais interessante por possuir faces que podem ser personalizadas por patrocinadores”, complementa Luís Besteiro, da Opio.
O cubos são também uma inovação em termos de objecto publicitário quer para a Opio, quer para a fábrica que efectuou os cortes e empresa que procedeu à impressão das faces. Com todos os testes superados, só falta agora atestar nos foliões.
MONUMENTO À BANDA DESENHADA: É o projecto mais arrojado de sempre da Guliver. Com núcleo na Praça da República estende-se até ao Jardim da Graça e Rua 9 de Abril. São 16 metros de altura, 80 m2 e 55 mil euros de investimento, menos que o Pai Natal Marioneta. Batman, Homem-Aranha, Super-Homem e Hulk são as figuras centrais desta história que conta ainda com um assalto dos irmãos Dalton, dos inspectores Dupont e Dupont disfarçados pelo “Freladas do Oeste” ou do pateta sem licença para pescar nas límpidas água do Obelisco torriense. Pormenores que parecem não ter fim, para ver, ler e rever.
O SENHOR DOS APITOS: Carro da We Dream/Guliver que utiliza duas técnicas inovadoras de impressão e corte digital que permite a transposição mais fiel das caricaturas para grandes formatos. O dirigente do Futebol Clube do Porto surge montado num super-dragão enquanto Carolina Salgado prepara uma poção mágica ao jeito da Madame Min. Maria José Morgado aproveita e dá uma estocada no Dragão… desconhece-se se a figura vai reagir.
O INCRÍVEL MINISTRO DAS FINANÇAS: O Ministro das Finanças surge personificado no Incrível Hulk que persegue pequenos porquinhos mealheiros espremendo-os até ao último cêntimo. Concepção e execução da WeDream/Guliver.
MILLION DOLLAR TOYS: Um carro que mostra o entusiasmo dos políticos portugueses José Sócrates, Cavaco Silva e Paulo Portas a desembrulharem os seus “brinquedos de milhões”: aviões, submarinos e helicópteros. Sofreu as alterações possíveis à última hora devido à mudança súbita de rota do brinquedo do primeiro-ministro. Concepção e execução da WeDream/Guliver.
CAPITÃO AMÉRICA: O gigante super-herói americano Bush aplica um golpe de wrestling ao planeta terra, num carro concebido e executado pela WeDream/Guliver.
CARRO DOS REIS: Concebido pela WeDream/Guliver o Carro dos Reis será dedicado à Banda Desenhada com Suas Altezas a fazerem parte das diversas histórias aos quadradinhos que vão sendo folheadas nas costas.
É o maior carro do corso alegórico que este ano surge com menos carros e de menor dimensão para possibilitar um ritmo mais rápido ao desfile.
ESPÍRITO DOS OCEANOS: Carro concebido e executado pela empresa de animação torriense Impacto Visual, da responsabilidade de Fernando Sarzedas e Hélder Silva. São utilizadas pela primeira vez tintas totalmente ecológicas à base de água. Inspirado no evento Ocean Spirit é dedicado à sátira local. O Rei dos Mares distraiu-se com os líquidos mais festivos, esqueceu-se do vento e das ondas, e deixou em terra o executivo camarário já preparado para as manobras radicais.
NAS TEIAS DA JUSTIÇA: Carro concebido e executado pela WeDream/Guliver datado de 2058, ano em que os Casos Casa Pia, Apito Dourado e Fátima Felgueiras ainda duram perante uma Justiça já envelhecida e coberta de teias de aranha.
BRINCADEIRAS DE JARDIM: Aqui o lendário presidente da Ilha da Madeira é o filho de duas bananas que passeiam o rebento num carrinho decorado com um móbil repleto de políticos do continente, que balançam ao toque do menino… Concepção e execução da WeDream/Guliver.
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