quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Tintinófilo


Ser tintinófilo é uma missão

Ser tintinófilo é uma missão. Ser tintinófilo, é tentar preservar a nostalgia dos «velhos» tempos em que os quadradinhos eram a nossa forma de nos transformarmos em heróis e levar-nos em mirabolantes aventuras por esse mundo fora. Tintin foi para mim o meu parceiro de várias viagens, lutando contra os «maus», elevando os «bons», fazendo-me crescer numa sociedade pouco materialista e muito mais humanista. Claro que com o passar dos anos, pude ver que os augúrios de uma sociedade quase perfeita nunca passavam o imaginário dos rectângulos de Hergé.

Ser tintinófilo é uma «bênção» porque me refugia num universo de cor e mocidade. É uma «maldição» porque me vicia em tintinofilia, adquirindo muito merchandising a ele ligado. Por outro lado, ser tintinófilo é fazer parte de uma grande equipa mundial, cuja paixão é estudar e preservar a obra de Hergé . Diariamente contactamos com vários amigos portugueses ou de outros países (franceses, belgas, espanhóis, suíços, argentinos, alemães, brasileiros, etc) partilhando opiniões e objectos tintinófilos e depois procuramos novas notícias, actualizando o blog Tintinófilo http://tintinofilo.over-blog.com/ e o site www.tintinofilo.info

Depoimento de José Vítor Silva (Professor e Economista, responsável pelo site www.tintinofilo.info)

É gostar de ler

Ser "tintinófilo", ser apreciador da obra de Georges Remi, mais conhecido por Hergé, é, antes de tudo, saber conservar da infância a capacidade de se entusiasmar, de se deslumbrar, com a narrativa de aventuras empolgantes. É manter, em qualquer idade, uma aceitável dose de ingenuidade que nos permita apreciar o conto e aceitar a fantasia. É gostar de ler.

Esse apreço que ainda hoje tantos e tantos leitores sentem pela obra de Hergé - acerca da qual, de resto, se têm escrito muitos e bons trabalhos - só é possível, como é evidente, pela elevada qualidade da mesma.

Hergé faz parte da verdadeira época de ouro da banda desenhada franco-belga, escola que - com outras, é claro - cedo elevou os "quadradinhos" à condição de arte, usualmente referida como a nona. Foi um dos seus inventores, um dos seus criadores. Só por isso o seu mérito seria já grande.

Mas para além disso, a obra em si - traduzida fundamentalmente nas aventuras de Tintin, mas também nas histórias ultra-curtas de Quick e Flupke e ainda na menos conseguida, logo menos popular série Jo, Zette e Jocko - é de uma riqueza extraordinária, única mesmo em todo o panorama da BD com que se possa comparar.

Em primeiro lugar, pela diversidade e, ainda mais, pela actualidade dos temas tratados. Depois de esforços iniciais, quase diríamos embrionários, desenvolvidos nos primeiros álbuns de Tintin, eivados de vícios porventura inevitáveis, à época, o rol das histórias do popular herói da poupa no cabelo trazem-nos quadros da política mundial (das revoluções sul-americanas às tensões entre a China e o Japãp, por exemplo), preocupações de índole social (veja-se a luta contra o esclavagismo ou a protecção de minorias étnicas), antevisões científicas (onde, evidentemente se destaca a viagem à Lua), etc.

Em segundo lugar, pela notável galeria de personagens, na qual, de resto, a figura de Tintin, que dá nomeà série, quase se vê relegada a uma posição de inferioridade, tal a riqueza de outras, como o Capitão Haddock, o Professor Tournesol, os agentes Dupond e Dupont ou a cantora Bianca Castafiore. Nestes "bonecos" consegue o autor resumir um leque vasto de qualidades e defeitos que nos permitem rever-nos em todas ou em cada uma, criando uma empatia inigualável com todas elas.

Em terceiro lugar, pela sábia articulação de dois aspectos quase contraditórios: a aventura pura e simples do herói sem medo e sem mácula - Tintin - e o humor, a roçar por vezes a farsa. No primeiro aspecto, as histórias idealizadas por Hergé são comparáveis às dos grandes romancistas da especialidade que o antecederam, como Edgar Rice Burroughs, Ryder Haggard, Robert Louis Stevenson ou Emilio Salgari (para citar apenas alguns dos que mais acalentaram os sonhos de gerações e gerações de jovens). Das selvas africanas e indianas às crateras lunares, das areias escaldantes do deserto aos picos gelados dos Himalaias, das profundezas dos mares às ilhas escocesas, por todo o Mundo os nossos heróis enfrentam perigos diversos, lutando contra os mais sinistros facínoras e defrontando mesmo seres mitológicos como o Abominável Homem das Neves ou os extra-terrestres. No entanto, tudo isto é entremeado por episódios humorísticos, tão bem articulados com a aventura propriamente dita que nos não distraem dela a atenção. Nisso, foi Hergé um autor praticamente único, pois os que se lhe poderiam equiparar num aspecto frequentemente omitiram o outro, optando quase em exclusividade pela aventura - Edgar P. Jacobs é o primeiro nome que nos acode à ideia nesse campo - ou pela comédia - casos de Goscinny e Uderzo ou de Morris.

Muito se tem especulado sobre a possibilidade de se considerar a banda desenhada - as nossas estimadas "histórias em quadradinhos" - como uma forma literária de pleno direito. Quem conheça bem a obra de Hergé não tem dúvidas de que disso mesmo se trata. Assim sendo - e para retomar a questão colocada - ser tintinófilo não pode deixar de se considerar uma bênção, pelo prazer que a leitura das aventuras de Tintin - já para não falar, por exemplo, no extraordinário interesse dos álbuns dedicados a Quick e Flupke, como espelho de um tipo de comportamento infantil urbano, num momento preciso da história da nossa civilização ocidental - nos proporciona.

Claro que, no dia a dia, os reflexos desta profunda admiração por um autor e pela sua obra se podem traduzir, para diferentes pessoas, de diferentes maneiras. Na verdade, há admiradores sinceros que não são propriamente coleccionadores e há coleccionadores fanáticos, preocupados com a exaustão das suas colecções. Estes últimos, evidentemente, perseguem com afinco tudo o que se refira aos seus ídolos (de carne e osso ou de papel...), procurando adquirir edições raríssimas, peças exclusivas, manuscritos, pranchas originais, um nunca acabar de objectos que enriqueçam o seu espólio. Os primeiros, por sua vez, contentam-se e completam-se com a obra de Hergé, em boas edições, de preferência, claro, na língua original, mais meia dúzia de obras de referência. Muitos se situarão entre um extremo e outro.

De qualquer modo, com mais ou menos furor coleccionista, o simples facto de uma obra que se iniciou na década de 1920 continuar hoje a suscitar o interesse e o entusiasmo de milhares de leitores, um pouco por todo o Mundo, não pode deixar de indiciar, sem margem de dúvida, o grande valor da mesma, que decerto continuará a aliciar futuras gerações, enquanto todos tivermos a capacidade de nos deixar arrebatar por uma história.

Depoimento de António Monteiro (Professor Universitário)

Artigo de Pedro Cleto, Textos para a secção Cultura de 22 de Maio de 2007 

Os Amigos de Hergé Portugueses (ADHP)

Poucos (para já…) mas bons, os Amigos de Hergé Portugueses (a exemplo dos "Amis de Hergé" belgas) têm-se encontrado em festivas almoçaradas em que Hergé e Tintin constam sempre da ementa, em conversas apaixonadas e testes de conhecimentos. Em Março editaram o primeiro número (electrónico) do seu "Boletim-Tim" que inclui artigos como "Quadradinhos desaparecidos e alterados no Tintin em Portugal", "As finanças de Tintin", "A bebida e a embriaguês nas aventuras de Tintin" e a cronologia das "Histórias de Hergé editadas em Portugal".

Artigo de Pedro Cleto, Textos para a secção Cultura de 22 de Maio de 2007 

António Monteiro, de 63 anos, indica alguns dos motivos que fazem de Tintin uma obra especial: « os argumentos, quase todos bem urdidos enquanto histórias de aventuras, a variedade de tópicos tratados - do tráfico de estupefacientes à espionagem industrial, da conquista espacial à exploração submarina -, a galeria de personagens, a utilização do humor.»

«Em jovem, não tinha propriamente um grupo com quem partilhar o gosto pela banda desenhada, mas tornei-me membro da associação internacional Amis de Hergé, sediada na Bélgica», revela.

Hoje, porém, a história é bem diferente: António integra um grupo de fãs de Tintin que conta com perto de três dezenas de membros.

Além da admiração que nutrem pela obra de Hergé, estes «tintinófilos» partilham ainda o gosto pelo colecionismo, possuindo várias peças, muitas verdadeiras raridades, relacionadas com Tintin. Livros, revistas, réplicas das personagens... é possível encontrar um pouco de tudo nas coleções destes fãs.

O grupo até se reúne algumas vezes por ano para partilhar ideias sobre os vários temas e questões que as histórias do herói colocam.

«Para além destes encontros, o grupo está em contacto permanente por via electrónica, trocando informações e comentários de toda a ordem sobre os temas pertinentes», destaca.

Artigo do site TVI 24 a propósito dos 86 anos de Tintin 

TINTINÓFILO - SITE E BLOG

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http://tintinofilo.over-blog.com/archive/2006-07/

/ / antigo blog no blogs.sapo.pt

https://arquivo.pt/wayback/20070626053112/http://tintinofilo.blogs.sapo.pt/453.html

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