quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

Eco


Haddock responde a Eco: A imortalidade do pedantismo

Humberto Eco, esse eterno pedante da palavra, esse professor que pensa que é capaz de diluir o tempo em papéis! Então, ele diz que a leitura é uma “imortalidade de trás para frente”? Mas que estupidez gloriosa! Eu, que viajei por mares revoltos e consumi mais garrafas do que qualquer um pode contar, posso lhe garantir: a verdadeira imortalidade não vem dos livros, mas da experiência crua da vida. Aquelas viagens, sim, essas são a verdadeira universalidade. Não é dentro de quatro paredes com páginas e mais páginas amassadas pelo tempo que se encontra a verdadeira eternidade.

Você, Eco, com seu ar de mestre e seu chapéu de sabedoria, pode até falar de imortalidade literária, mas eu prefiro os mares tempestuosos que me ensinaram mais sobre a natureza humana do que qualquer obra de ficção. Eu, ao menos, vivi com os pés na terra (ou no convés!) e as mãos nas cordas. Vi e senti os ventos da aventura. Li alguns livros, claro, mas o que me eterniza são as histórias vividas, não as que alguém escreveu sentado numa poltrona de biblioteca. Ah, sim, e antes que me esqueça, se você acha que a leitura faz alguém viver 5 mil anos, então que me falem de alguma vez que uma garrafa de rum me devolveu a juventude! Quem me dera que Eco tivesse a capacidade de se perder numa noite de tempestade, no meio do oceano, e ver se o fato de ter lido mil livros o salvaria de um naufrágio! Que ele venha ver o que é viver de verdade, em carne e osso, e não como uma sombra entre as páginas.

A leitura pode até multiplicar a vida numa sucessão de histórias fantásticas, mas, meu amigo Eco, é no espólio das garrafas vazias e nas rugas de quem realmente enfrentou a tempestade que se encontra a essência da verdadeira imortalidade. Não, não estou aqui para argumentar sobre quantas vidas se pode viver através de livros. Eu sou a prova de que se pode viver várias vidas sem precisar de páginas. Eu sou um marinheiro, um homem de carne e osso, e o meu eterno é a memória dos mares que percorri, não das palavras que li.

EO, 11/11/2025


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