domingo, 20 de dezembro de 2015
quinta-feira, 10 de dezembro de 2015
domingo, 22 de novembro de 2015
Desenho de livro de Tintim vendido por mais de 700 mil euros
O desenho a lápis e guache, concebido por Hergé para o álbum de 1937, estava avaliado entre 300 mil a 500 mil euros, segundo a casa leiloeira, e foi comprado por um licitador na sala, depois de uma disputa, ao telefone, entre dois colecionadores europeus.
Uma edição original do álbum “O caranguejo das pinças de ouro”, de 1942, também da série “As aventuras de Tintim”, foi vendida por 25.200 euros.
No total, as obras do autor belga de banda-desenhada que foram hoje leiloadas renderam 1,1 milhões de euros.
In Observador
sábado, 7 de novembro de 2015
Quim e Filipe nos blogues O Gato Alfarrabista e Largo dos Correios
sexta-feira, 6 de novembro de 2015
Uma casa para o Tintim
Uma casa para o Tintim
quarta-feira, 4 de novembro de 2015
sexta-feira, 30 de outubro de 2015
Johan
Johan de Moor pour une expo au Portugal. link, 27/02/2015
Em 2008 passou por Lisboa tendo sido entrevisto por Carlos Pessoa.
P - O que é preciso para ser um bom cartoonista?
- Trabalho para diários, o que exige um training especial com os textos. Investi nisso e cheguei a ganhar o prémio para o melhor desenho de imprensa da Bélgica. Como o cartoon é feito por uma ou duas imagens, é necessário concentrar, sintetizar um acontecimento. É um pouco como o trabalho do jornalista, que tem de sintetizar a informação disponível. Mas é fascinante!
P - E na banda desenhada?
É diferente. Pode trabalhar-se num quadradinho durante um dia e no seguinte durante uma hora... E depois vem alguém que, perante o quadradinho que levou uma hora a fazer, diz que é uma obra-prima, porque é mais gráfico ou outra coisa qualquer! É normal. Quando já se anda nisto há muitos anos, é necessário manter sempre a calma e estar descontraído, sem cair na tentação de forçar as coisas. Cada autor tem o seu próprio código de leitura e de desenho e é necessário não o violentar.
P - No começo de tudo esteve a continuação das peripécias de Quick e Flupke.
- Sim. Deu-me a possibilidade de entrar pela porta grande na banda desenhada e constituiu também uma grande escola prosseguir a obra de Hergé, mesmo sendo uma série de segunda linha.
FIBDA 2004
Em Abril de 2002, foi anunciado o regresso de Lucky Luke, após a morte do criador Morris, a 17 de Julho de 2001. Morris deixou bem expressa a vontade de que a série tivesse continuidade após a sua morte, e a editora Dargaud, já responsável pelo bem sucedido regresso de Blake e Mortimer (em 1997, após a morte do criador Edgar-Pierre Jacobs em 1987), aceitou este desafio.
A escolha de autor para dar continuidade às aventuras do cowboy que dispara mais rápido que a própria sombra recaiu sobre a dupla Laurent Gerra (argumentista) e Achdé (desenhador). Os dois autores estiveram presentes no primeiro fim-de-semana do Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora (FIBDA), com o lançamento da edição portuguesa do novíssimo álbum de Lucky Luke (pelas Edições Asa).
Nesse mesmo fim-de-semana, estava também no FIBDA Johann de Moor, convidado no âmbito da exposição da nova BD flamenga. Johann é o filho de Bob de Moor, que terminou o segundo volume de “As 3 Fórmulas do Professor Sato” após a morte de Jacobs, e que foi sempre apontado como o continuador de Tintin após a morte de Hergé (se Tintin continuasse). O próprio Johann assegurou durante algum tempo a continuação de Quim e Filipe, outra série de Hergé (publicada em Portugal pela Verbo).
Nessa medida, juntaram-se os três autores no auditório para uma conversa sobre “O Regresso dos Clássicos”.
A questão da possibilidade de regresso de Tintin foi colocada, em jeito de recolha de opinião, aos três autores. E foi entendida como uma questão pertinente. Daqui a alguns anos, Tintin poderá parecer um discurso menos actual, e poderá levantar um problema de perda de leitores. Nesse momento (ainda distante), o regresso de outros clássicos (como Lucky Luke) poderá pesar, assim como o facto de o desejo de Hergé para que não houvesse continuidade da personagem após a sua morte não ter sido tão explícito como o desejo de Morris para que Lucky Luke continuasse, por exemplo.
(...)
Johan de Moor chegou a Quim e Filipe pela via da animação. Pouco tempo depois da morte do criador de Tintin, numa altura em que Johann trabalhava no Estúdio Hergé, teve o consentimento da viúva de Hergé e da editora Casterman para avançar com o projecto de adaptação ao cinema de animação da dupla Quim e Filipe. Terminada a série animada, Johan de Moor assinou ainda um álbum com 23 histórias. Foi então que a viúva de Hergé repensou a ideia, e parou o projecto da continuidade de Quim e Filipe.
Johan de Moor orgulha-se do trabalho que fez com Quim e Filipe, mas não lamenta a decisão da viúva de Hergé, que lhe permitiu avançar para projectos mais pessoais. Primeiro com Gaspard de la Nuit (quatro álbuns de 1987 a 1991, em colaboração com Stephen Desberg), e depois com a hilariante La Vache (oito álbuns a partir de 1992, de novo com Desberg), numa paródia impiedosa ao estilo James Bond. Com a mudança de editor, La Vache passa a Lait Entier (dois álbuns desde 2001).
(...)
A banda desenhada flamenga reflecte uma realidade cultural, da Flandres e também de Bruxelas, distinta e independente da francófona, ainda que complementar.
A questão linguística é fundamental. Com as portas dos editores francófonos fechadas a quem não falava fluentemente francês, os autores da Flandres viram-se obrigados a criar a sua própria BD.
Ao contrário da banda desenhada francófona, a BD flamenga não se afirmou nos jornais e revistas especializados (Tintin, Spirou, etc.), mas na imprensa quotidiana. Esta diferença histórica fundamental veio acentuar determinadas características únicas ao nível da forma: na BD flamenga trabalha-se muito o formato da tira, e não há uma preocupação tão grande no detalhe (já que tanto o ritmo de produção como o ritmo de leitura são mais rápidos, e a má qualidade do papel também não permitia grandes riscos ao nível da técnica). Com o tempo, a BD flamenga começou a reflectir sobretudo a realidade da Flandres, enquanto a BD francófona começa a projectar-se para o exterior. A BD flamenga começa a ter géneros preferenciais, com destaque para a aventura humorística, privilegiando as séries.
Em termos históricos, a BD flamenga representa um gigante escondido na identidade cultural da Flandres: quem conhece a série Jommeke (Gil et Jo), de Jef Nys, com mais de 45 milhões de álbuns vendidos? Quem conhece as colecções Suske en Wiske (Bob et Bobette), Nero (Néron), Bessy ou De Rode Ridder (Le Chevalier Rouge), que, tal como Jommeke, contam com mais de duzentos títulos?
Já os autores que se integram na BD francófona beneficiam da projecção internacional característica desta forma de BD: Morris (o criador de Lucky Luke, primeiro convidado internacional do FIBDA), Berck, Vance, ou Bob de Moor são conhecidos autores flamengos que se integraram no modelo francófono na sua produção ao nível da BD.
Nos últimos anos, a BD flamenga tem sofrido transformações importantíssimas. Como explicou Johan de Moor, a oferta editorial concentrou-se num único grande editor, exclusivamente vocacionado para a BD infantil de grande público. A exposição que foi apresentada no FIBDA 2004 é uma forma de mostrar que existem autores que querem (e são capazes de) fazer outros tipos de BD, com uma criatividade narrativa e no tratamento da imagem que desafia limitações de género. Johan de Moor é um bom exemplo.
Pedro Mota, Noticias da Amadora nº 1597, 09/12/2004
Johan de Moor é filho de um "clássico" da BD europeia (Bob de Moor) que começou a trabalhar com o pai na fabricação convencional das histórias curtas de Quick e Flupke (de Hergé) antes de se afirmar, no final dos anos 80, como o artista original e criador que é.
terça-feira, 27 de outubro de 2015
Duas páginas de Tintin vendidas por mais de 1,5 milhões de euros
Duas páginas originais do álbum "O ceptro de Ottokar" de Tintin, publicado em 1939, foram hoje leiloadas em Paris por mais de milhão e meio de euros, anunciou a leiloeira Sotheby's.
Segundo a Sotheby's o valor da venda, 1.563.000 euros, é "um recorde mundial", sendo que o preço base de licitação estava situado entre os 600.000 e os 800.000 euros.
Com um tamanho entre 40 a 60 centímetros e desenhadas a tinta-da-china, as 14 vinhetas das duas páginas leiloadas mostram o ataque militar sofrido pelo avião onde seguiam Tintin e o seu cão, Milou, publicadas na revista belga "Le Petit Vingtième".
Esta foi a "peça estrela" do leilão da vasta coleção do belga Jean-Arnold Schoofs, considerada uma das maiores do mundo dos quadradinhos, das quais 132 lotes foram vendidos por um total de 2,7 milhões de euros.
In Lusa
sábado, 24 de outubro de 2015
quinta-feira, 22 de outubro de 2015
quarta-feira, 7 de outubro de 2015
Desenho de Tintin leiloado por 1,1 milhões
http://www.cmjornal.xl.pt/cultura/detalhe/desenho_de_tintin_leiloado_por_11_milhoes.html
sábado, 3 de outubro de 2015
quarta-feira, 30 de setembro de 2015
Até tu, Brutus!
sexta-feira, 25 de setembro de 2015
A Capital da BD
Outras Terras
A capital da BD
TINTIM, Lucky Luke, Gaston Lagaffe, Boule e Bill, Spirou, Fantasio e Marsupilami, Blake e Mortimer, Bob e Bobette, Quick e Flupke, Nero, os Schtroumpfs e tantos outros heróis da banda desenhada são nados e criados na Bélgica, um pequeno país com apenas 170 anos de existência e um terço da dimensão de Portugal. Não admira pois que a Bélgica seja o país com mais desenhadores e argumentistas por metro quadrado e maior número de álbuns vendidos por ano: 40 milhões, dos quais 30 milhões são exportados.
Só Tintim e Bob e Bobette, por exemplo, já venderam cada um mais de 80 milhões de exemplares. Quando Daniel De Bruycker, poeta e ex-crítico do diário «Le Soir», afirma: «Somos o único país que se interroga sobre se existe realmente», apetece pedir-lhe que «não se preocupe» porque é essa aparente não-existência da Bélgica que lhe dá a criatividade, sentido de humor e irreverência que faltam a muitos países que se arrogam de instituições sólidas e velhas tradições e que vivem à sombra de troféus passados.
Quando o suíço Rodolphe Töpffer, professor num colégio interno, criou em 1827 a primeira série de histórias em imagens para distrair os seus alunos, estava longe de pensar-se que esta forma de expressão viria a ser considerada a nona arte e para muitos a mais universal de todas. Nem mesmo a Hergé passaria pela cabeça que as primeiras aventuras do repórter Tintim e do seu cão Milu, publicadas no «Petit Vingtième» em 1929, um suplemento infantil de um jornal diário de Bruxelas, dariam origem ao maior sucesso editorial de sempre de histórias aos quadradinhos, abrindo caminho a uma importante escola belga de banda desenhada. E se o facto de a Bélgica conviver com três línguas oficiais - francês, neerlandês e alemão - e um sistema político complexo, cria inegavelmente dificuldades de comunicação, tem a vantagem de estimular a imaginação e obrigar a formas de expressão alternativas. E a BD tem essa capacidade, única no mundo das artes, de saber superar, graças ao poder das imagens e à simplicidade dos textos, todas as barreiras: etárias, culturais, linguísticas ou geográficas.
O sucesso de tintim
O êxito imediato de «Tintim no País dos Sovietes», levou Hergé a publicá-la em livro, um ano depois, nascendo assim o primeiro álbum de BD. Em 1938, Rob-Vel funda o jornal «Spirou», que começa por publicar autores americanos, mas a II Guerra Mundial interrompe a importação de histórias americanas e os criadores belgas entram em cena, dando origem à escola de Charleroi, caracterizada por um estilo mais humorístico e uma linguagem mais desbocada do que a escola de Hergé. Entre eles estão Jijé, que desenvolve a personagem Spirou e acrescenta Fantasio; André Franquin, que retoma estas personagens, acrescentando-lhes o Marsupilami, e que mais tarde cria o hilariante Gaston Lagaffe; Roba, o autor de Boule e Bill; Morris, que cria Lucky Luke, e Peyo, o pai dos Schtroumpfs. Do lado de Hergé, que em 1946 criou o Jornal «Tintim», inteiramente dedicado à divulgação de autores belgas, estão E.P. Jacobs (Blake e Mortimer), Paul Cuvelier (Corentin), Jacques Martin (Alix), Vandersteen (Bob e Bobette), Tibet (Ric Hochet), entre outros. Nos anos 70 surgiram novos movimentos, nomeadamente as bandas desenhadas para adultos - a revista «A Suivre» divulga muitos deles - mas nessa altura já os velhos heróis infantis tinham sido lidos e amados por várias gerações de crianças e estavam irremediavelmente entranhados no imaginário dos leitores.
Uma visita a Bruxelas tem muitos pontos de interesse, mas em nenhum caso e sob nenhum pretexto poderá ser esquecida a arte maior dos belgas - a BD - presente em todos os cantos da cidade: murais, livrarias, lojas de objectos BD e o Centro Belga da Banda Desenhada, ponto de partida ideal para iniciar o roteiro. Este museu abriu ao público em 1989, nos antigos armazéns Waucquez, uma casa «Arte Nova» desenhada por Victor Horta e salva «in extremis» da demolição e transformação em parque de estacionamento. O edifício foi fielmente restaurado e hoje integra a maior bedeteca do mundo, o museu do imaginário, que conta com 650 autores, o espaço Saint-Roch, onde são mostradas pranchas originais (o museu possui cerca de 1500), exposições permanentes e temporárias (está a decorrer uma retrospectiva da obra de Roba, o autor de Boule e Bill) e ainda uma videoteca, a livraria Slumberland e o restaurante Victor Horta.
Os murais foram uma ideia de um grupo de autores de BD, que no início dos anos 90 decidiram pintar uma série de empenas e fachadas de edifícios em mau estado, a fim de chamar a atenção do público para o estado de degradação do património arquitectónico da cidade. Desde então, este movimento não parou de crescer e hoje existe já um percurso oficial da banda desenhada. No centro, na zona da Grand Place, é possível observar alguns destes murais, que reproduzem cenas conhecidas da BD belga: Lucky Luke, Rue de la Buanderie, Quick e Flupke, Rue Haute, Victor Sackville, Le Passage e Broussaille, Rue du Marché au Charbon, são alguns exemplos. Quanto às livrarias especializadas, o problema é escolher; há-as de todas as tendências e para todas as bolsas. Como diria o capitão Haddock, o companheiro de Tintim, «Com mil milhões de macacos!!!»
Informações:
Centro Belga da BD
Rue des Sables, 20 - Tel. 2191980
Percurso da Banda Desenhada
Mapa e informações no TIB
(Turismo de Bruxelas) - Tel. 5138940
Festival do Desenho Animado
Passage 44 - De 29/02 a 11/03 de 2000
Livrarias especializadas
La Bande des Six Nez, a maior e a mais reputada de Bruxelas.
BD's novas e em segunda mão. Chaussée de Wavre, 179 http://www.labandedessixnez.com
Brüsel, bd. Anspach, 100
Sans Titre, Av. de Stalingrad, 8
Ziggourat, Rue Dejoncker, 34
The Skull, Chaussée Waterloo, 336
ISABEL MARGARIDA DE SOUSA, Expresso, 11/12/1999
quarta-feira, 16 de setembro de 2015
Quim e Filipe - Quick & Flupke
As travessuras de Quick et Flupke iniciaram-se no «Le Petit Vingtième» em 23 de Janeiro de 1930.
Os protagonistas são dois garotos das ruas de Bruxelas, que adoram inventar toda a espécie de engenhocas.
Contudo, as suas travessuras só lhes criam problemas, metendo-se em grandes sarilhos com os seus pais e com as autoridades, particularmente com o agente nº 15.
As histórias são apresentadas numa prancha, inicialmente a preto e branco, mas após a Segunda Guerra Mundial foram coloridas e compiladas em álbuns. Os dois primeiros foram editados em Janeiro de 1949 e o 11º em Janeiro de 1969.
Mais tarde, entre 1975 e 1982, foi feita uma nova edição das mesmas histórias, «Les exploits de Quick et Flupke», agora em seis volumes.
Em 1984, a série foi adaptada ao cinema de animação, com 260 filmes de um minuto cada.
Paralelamente, os álbuns foram retocados por Johan de Moor. A colecção foi publicada pela Casterman, em 12 volumes, entre 1985 e 1991.
A Difusão Verbo editou, entre 1982 e 1987, uma colecção de 12 álbuns com as aventuras já retocadas por Johan de Moor, baptizando-os de Quim e Filipe. As Aventuras de Quim e Filipe foram reeditadas no ano 2000.
Também o boletim «Correio Juvenil» da Verbo publicou nos anos 80 e 90 as histórias dos heróis, tendo o calendário de 1986 lhes sido dedicado.
(https://tintinofilo.weebly.com/as-revistas1.html)Tropelias de Trovão e do Relâmpago - Diabrete (1941/1942)
Aventuras e desventuras de Quim e Filipe (1982-1987)
(duas capas onde nas paredes estão imagens de Tintim e Milou)
https://arquivo.pt/wayback/20090427133802/http://br.geocities.com/bdnostagia/Quick_Flupke.htm
ROL DE LIVROS: detalhe da recensão
Aventuras e desventuras de Quim e Filipe. 11
de Hergé
recenseador: Guilherme Castilho (Gulbenkian)
Rol de Livros é o nome pelo qual se designa o vasto conjunto de recensões críticas sobre o que de mais relevante entre nós se edita desde os anos 60 do passado século, quer se trate de originais portugueses, quer de traduções. Actualizada mensalmente, esta rubrica inclui apreciações feitas por quarenta e seis personalidades, cujos nomes poderá encontrar no campo Autor Recenseador, na pesquisa.
Ao efectuar a sua pesquisa, encontrará duas espécies de fichas na base de dados: no formato original; ou em texto digitalizado. Este procedimento resulta da preocupação sentida pela Fundação Calouste Gulbenkian em preservar a autenticidade de cada conteúdo, tendo sido digitalizadas somente as fichas susceptíveis de serem revistas pelos respectivos autores.
https://arquivo.pt/wayback/20070612133123/http://www.leitura.gulbenkian.pt/index.php?area=rol
sexta-feira, 11 de setembro de 2015
Quem é quem. As personagens de Tintim da política portuguesa
Do extrovertido Serafim Lampião/Marcelo ao mordomo Nestor/Durão.
Portas diz-se Oliveira da Figueira. Mas a vida pública portuguesa tem outras pesonagens do Tintim.
Marinho e Pinto / Capitão Haddock
É o mais bruto dos políticos no activo, à imagem do capitão Haddock. Embora ninguém o tenha ouvido dizer “com mil milhões de mil macacos” nem chamar a nenhum adversário “ectoplasma”, andou lá perto. Haddock é corajoso (Marinho e Pinto também), mas contraditório (idem). Não vive no castelo de Moulinsart, mas não larga o conforto de Bruxelas.
Passos Coelho e Paulo Portas / Dupont e Dupond
Passos Coelho é primeiro-ministro e é o gémeo liderante da coligação. Durante muito tempo, principalmente nos primeiros dois anos e até à crise da demissão irrevogável de Portas, PSD e CDS distiguiram-se notoriamente, com o CDS a pedir crescimento e Vítor Gaspar a enfurecer os centristas. Mas as coisas mudaram: hoje Passos Coelho e Paulo Portas actuam como Dupont e Dupond. E assim será até 4 de Outubro.
Paulo Portas / Dupond
Quem conhece Paulo Portas sabe que ele não gostaria de estar no papel em que está: no Dupond, que praticamente se limita a repetir as frases já utilizadas previamente pelo gémeo Dupont. Mas foi o que se passou nos últimos dois anos e agravou-se ainda mais nos últimos tempos, desde que PSD e CDS decidiram concorrer em coligação. Se houver derrota, Portas pode deixar a posição de Dupond – até pode ser libertador...
Cavaco Silva / Professor Tornesol
O professor Tournesol é desastrado – como Cavaco Silva sempre foi – e muitas vezes diz coisas incompreensíveis. Mas, por muitas trapalhadas em que se tenha metido ao longo de todas as aventuras de Tintim (como Cavaco durante toda a sua vida política), todos lhe reconhecem sabedoria. Na realidade, não reconhecer sabedoria a Cavaco, que está no poder há mais de 30 anos, seria um erro de análise. Mas Tournesol poderia falar do sorriso das vacas nos Açores...
Ana Gomes / Bianca Castafiore
Bianca Castafiore, “o rouxinol milanês”, tem uma legião de admiradores em todo o lado por onde passa, mas aparece muitas vezes na hora errada e diz as coisas mais inconvenientes para o establishment do momento. Ana Gomes não é uma cantora lírica, mas muitos no PS olham-na como uma mulher excessivamente interventiva, que vem estragar os momentos consensuais.
Marcelo Rebelo de Sousa / Serafim Lampião
Serafim Lampião é o mais extrovertido das personagens das aventuras de Tintim. Está sempre em casa, em qualquer lado onde esteja, exactamente como o professor e futuro candidato a Presidente da República. Serafim Lampião não é institucional: entra no Castelo de Moulinsart como se fosse a sua casa. É vendedor de seguros e vende-os em qualquer lado. Marcelo vende outras coisas com facilidade.
Durão Barroso / Nestor
Quem pode ser o mordomo do Castelo de Moulinsart, residência do capitão Haddock nas aventuras de Tintim? Afinal foi Durão Barroso que teve o papel de receber os grandes líderes nos Açores antes de partirem no dia seguinte para a invasão do Iraque. Foi aí que ficou conhecido como o “mordomo” das Lajes, o que lhe permitiu o salto para Bruxelas, onde na realidade quem manda é a Alemanha e Angela Merkel.
Ricardo Salgado / Rastapopoulos
É um dos vilões das aventuras de Tintim. Rastapopulos é um milionário que se envolve em negócios pouco claros. No momento em que se prepara a venda do Novo Banco – que ainda pode vir a custar muito dinheiro aos contribuintes –, é claro que a figura da vida pública portuguesa só pode ser Ricardo Salgado, o outrora dono disto tudo, que neste momento está preso em casa vigiado pela polícia.
sexta-feira, 4 de setembro de 2015
A propósito de Oliveira da Figueira
quarta-feira, 2 de setembro de 2015
Quem é quem? As personagens de Tintim da política portuguesa!
Capitão Haddock
Professor Tornesol
Dupont/Dupond
Dupond
Nestor
Rastapopoulos
Bianca Castafiore
segunda-feira, 31 de agosto de 2015
Paulo Portas compara-se a personagem portuguesa de Tintim que vendia tudo
quarta-feira, 19 de agosto de 2015
Spirou & Tintin
Referências: Excelentes Spirou sob o fantasma de Tintin
Blake & Mortimer vive ainda, enquanto uma espécie de criatura de Frankenstein em BD, suspensa no tempo. Porque é que o mesmo não se pode dizer de Spirou & Fantasio? Porque Spirou nunca foi de ninguém. Quer dizer, o melhor Spirou é o de André Franquin, ponto. Mas a personagem sempre teve vários autores que, ao contrário daquilo que sucede no actual exercício necrófilo em torno das personagens de Jacobs, tentaram trazer coisas novas ao universo, não repetir acordes. Parece incrível, mas (alguma) liberdade criativa acaba por dar bons resultados... Não é estranho?
Os dois mais interessantes álbuns deste género que li são Le Groom vert-de-gris de Olivier Schwartz (desenho) e Yann (argumento) e sobretudo Le Journal d'un ingénu de Émile Bravo. Porquê? Porque são excelentes livros, que calharam ser em banda desenhada e protagonizados por Spirou e Fantasio. Claro que esse último facto lhes dá outro poder evocativo, o que não sucederia não fossem os heróis versões de conhecidas personagens da BD infanto-juvenil. E em ambos os casos a presença do humor físico (o bom velho "slapstick" dos filmes mudos) e a essência das personagens para além da caracterização gráfica (o sério Spirou, o trapalhão Fantasio) asseguram que o leitor não se esquece disso. Mas ambos os livros podem ser lidos por quem não conhece muito de Spirou, ou aprecia o género de BD que tende a simbolizar.
O interesse passa pelos Grandes Temas que servem aqui de mote, e pelo modo inteligente como os autores os referem de um modo realista sem perder de vista a essência da BD de aventuras juvenil que Spirou & Fantasio representa. Sem perder de vista, mas não se coibindo de a desafiar. Em Le Groom vert-de-gris o fulcro é a obscura relação entre o Colaboracionismo e a Resistência na Bélgica ocupada da Segunda Grande Guerra. Melhor: entres os vários tipos de Colaboracionismo (genuíno, interesseiro, politicamente motivado ou como arma de espionagem), e os vários tipos de Resistência, por vezes antagónicos (comunista, anti-comunista). Um tema que, após décadas de ausência, se vai tornando um pouco menos sensível na Europa, abordado criticamente na sua complexidade, e já não com o maniqueísmo que apenas reconhece heróis e traidores. Em BD podem citar-se as interessantes obras do argumentista francês Philippe Richelle (Amours Fragiles ou Opération Vent Printanier). Já no cinema há outros excelentes exemplos, como o holandês Zwartboek/O Caderno Negro (2006, o filme que "resgatou" Paul Verhoeven), o francês Un Secret (2007, de Claude Miller), ou o dinamarquês Flammen & Citronen (2008, de Ole Christian Madsen).
Em Le Journal d'un ingénu, temporalmente anterior, discutem-se as tensões pré-Guerra que levariam ao estado de coisas retratado em Le Groom vert-de-gris. Mas a obra de Émile Bravo é um livro superior na sua complexidade e subtileza, misturando a geopolítica global, política nacional, e a oposição entre o jornalismo político e o jornalismo cor-de-rosa, sem nunca perder o humor característico da série "normal". Le Journal d'un ingénu usa ainda o esquilo Spip (uma espécie de consciência-Grilo Falante da série) de um maneira muito inteligente, e com um toque de sarcasmo negro notável. Tudo surge no fluir da história, nada é forçado, e variam-se os mecanismo narrativos. As movimentações de políticos Nazis e Polacos na véspera da ocupação da Polónia e início "oficial" do conflito, ou a discussão em torno dos comunistas internacionalistas "ingénuos" e dos estalinistas "duros" são explícitas. Já a questão judaica surge indirectamente através das acções de duas personagens secundárias. E a oposição entre o partido proto-fascista Rexista e os comunistas na Bélgica, ou a importância da Guerra Civil Espanhola, aparecem em diálogos de miúdos que jogam à bola num descampado, profeticamente arbitrados por Spirou.
Por outro lado, o que falta ainda como Grande Tema em ambas as histórias é também claro: para além do colonialismo ausente está a identidade esquizofrénica da Bélgica Multicefálica Flamengo-Valonico-Bruxelense. Pelos vistos este é uma tema ainda mais difícil de abordar....
Há também nestes livros a homenagem à influência maior que é claramente Tintin, até talvez com um rumor de orfandade. Blake & Mortimer continua, Spirou & Fantasio também, constrangimentos legais limitam até as representações-homenagens à personagem de Hergé. O que não impede que em Le Groom vert-de-gris haja inúmeras citações a livros de Tintin ou que nele surjam sorrateiramente Hergé, Tintin, Milou ou Quick & Flupke, outras personagens do autor. Ou Edgar Pierre Jacobs e a sua personagem Francis Blake. Ou inúmeras outras pessoas, personagens e referências (mal) escondidas nos cenários. Só por isso este livro é uma delícia para os aficionados da BD franco-belga, quer para os fãs da mais realista linha-clara de Hergé e Jacobs, quer para os da mais caricatural Escola de Marcinelle, que têm Spirou como referência. Este manancial de "fan-geek" só não se torna limitativo porque a história não cede no realismo que se atribuiu, embora mesmo nas cenas mais violentas, como o ataque falhado da Resistência na estação de comboios, os autores usem vários "gags" visuais, condicionando um pouco o alcance da narrativa. Por entre os Grandes Temas Schwartz e Yann nunca resistem à tentação de acrescentar mais um toque humorístico mesmo que despropositado, parecem uns miúdos.
Mais uma vez em Le Journal d'un ingénu Émile Bravo tinha trunfado o tema da homenagem com a sua subtil "transformação" de Spirou em "Tintin". Uma transformação momentânea, como que a respeitar os limites das personagens e o fulcro da história. Porque há de facto limites que Le Groom vert-de-gris de certo modo transgride ao representar Spirou e Fantasio como claros intervenientes directos que escolheram um lado até às últimas consequências. E, numa boa solução do argumento, cada um ignora as convicções do outro. No anterior Le Journal d'un ingénu os protagonistas ainda não perceberam que há lados e que é crucial escolher um, sabe-lo-ão no final. Até lá mantêm a ingenuidade, a vida dentro de uma redoma que seria a da maioria dos seus concidadãos da época, preocupados com o pessoal, alheados do mundo. Esta é de resto a atitude mais comum na BD/literatura/cinema infanto-juvenil (e não só) de aventuras (e não só), que tende a isolar uma crise/variável, mantendo o resto constante e inquestionado. Usando referências de um género de banda desenhada (sem violência explícita, ou psicologias baratas) Bravo usa-as para contar uma excelente história que o transcende, mas não se coíbe de discorrer sobre as suas limitações. A par das séries de arqueologia mitológica anglo-saxónica como League of Extraordinary Gentlemen de Alan Moore e Kevin O'Neil e sobretudo Planetary de Warren Ellis e John Cassaday esta é uma das mais impressionantes Meta-BDs que tive oportunidade de ler, precisamente porque, ao contrário de outras tentativas (as de Trondheim, por exemplo) não tenta constantemente provar o quão arguto é o autor.
Na aparência Le Groom vert-de-gris parece mais revolucionário, precisamente porque desafia as espectativas do género; apesar do humor inusitado e das citações constantes define-se como um livro "adulto". Ao manter-se dentro das fronteiras Le Journal d'un ingénu encontrou o melhor modo de as tornar irrelevantes.
Spirou et Fantasio: Le Journal d'un ingénu por Émile Bravo. Dupuis, 2008 (19/20).
Spirou et Fantasio: Le Groom vert-de-gris por Olivier Schwartz (desenho) e Yann (argumento). Dupuis, 2010 (17/20).
João Ramalho-Santos, Jornal de Letras, 06/07/2011
Ler mais: http://aeiou.visao.pt/referencias-excelentes-spirou-sob-o-fantasma-de-tintin=f611336#ixzz1X7ThGoge
LE GROOM...
Spirou é um dos heróis mais famosos da banda desenhada belga. Apesar de ter sido criado por Rob-Vel, o seu grande desenhador foi, sem dúvida, Franquin, que lhe deu consistência e uma dimensão acima da média. Depois de muitos outros autores, os quais foram conduzindo Spirou a patamares inferiores, surgiu agora uma nova aventura, Le Groom Vert-de-Gris da autoria de Schwartz (desenhos) e Yann (argumento). Uma nova e imensa lufada de ar fesco surge neste livro, passado em Bruxelas no tempo da ocupação nazi.
Para além da trama e dos excelentes desenhos, esta dupla de autores resolveu prestar homenagem a alguns monstros sagrados da BD belga.
De entres os vários homenageados destaco o incontornável Hergé, o mestre.
Vejamos alguns exemplos:
Quick e Flupke, les gamins de Bruxelles
Le Jeu de Balle, le marché aux puces, a feira da ladra bruxelense, onde podemos ver Hergé tomando notas e, logo atrás, Aristides Filoselle tentando dar uso à sua arte.
Finalmente podemos ver Raymond Leblanc, grande responsável pela criação do Journal Tintin, quando estava preso pelos nazis e demonstrava, já, a sua paixão pelas Aventuras de Tintin!
Uma excelente história, um bom exercício de memórias, uma homenagem merecida a todos aqueles para quem um álbum de banda desenhada, é muito mais que apenas um livro!
sexta-feira, 3 de julho de 2015
As Aventuras de Valentintim Loureiro
terça-feira, 30 de junho de 2015
sexta-feira, 26 de junho de 2015
Papá provoca Caos na Gulbenkian!
Segundo o jornal Público o director actual do Próximo Futuro, António Pinto Ribeiro, irá demitir-se da Gulbenkian e é dado como exemplos do “autoritarismo” a ordem para que não se vendesse na livraria da fundação o álbum de "BD Papá em África", do sul-africano Anton Kannemeyer (cidade do Cabo, 1967), um dos autores que a Gulbenkian recebe a 15 de Maio, num debate promovido pelo Próximo Futuro.
O livro, que o crítico do PÚBLICO José Marmeleira classifica como ácido e feroz em histórias e imagens, começa por parecer um pastiche de Tintin no Congo, de Hergé, mas acaba por se revelar, através de uma sátira mordaz ao autor belga que aqui é representado envelhecido a abater animais e até um africano negro, uma crítica violenta ao colonialismo e à sociedade afrikaner em que o próprio Kannemeyer cresceu.
Elisabete Caramelo, directora de comunicação da fundação, confirmou ao início da tarde que Pinto Ribeiro pediu a desvinculação da fundação, o que foi aceite pela Administração. Quanto ao livro, garantiu que já está à venda e que foi apenas “retirado temporariamente para que se pudesse identificar que se trata de uma Banda Desenhada para adultos”.
Ao final da manhã de hoje, confirmou o PÚBLICO por telefone junto de um funcionário da livraria/loja, o álbum editado em Portugal pela Chile [sic] com Carne.
https://bedeteca.wordpress.com/2015/04/24/copypaste-papa-provoca-caos-na-gulbenkian/
quarta-feira, 10 de junho de 2015
Um documento com 73 anos redefine quem tem a custódia de Tintin
sexta-feira, 22 de maio de 2015
Avião do Tintim retido em Lisboa devido a colisão com manga de embarque
segunda-feira, 11 de maio de 2015
sexta-feira, 8 de maio de 2015
Dodo Nita em Portugal
O tintinólogo romeno Dodo Nita, autor da monografia Tintin en Roumanie, vai estar em Portugal, mais propriamente, no XI Festival Internacional de BD de Beja. Será uma conversa com Pedro Mota no sábado, 30 de Maio, na Casa da Cultura de Beja. À tarde, no memo local, estará Stanislas, o desenhador da biografia desenhada de Hergé, publicada em Portugal pela Mundo Fantasma com o título As aventuras de Hergé.quarta-feira, 29 de abril de 2015
quarta-feira, 22 de abril de 2015
Estações da vida
Comecei a lê-los bem antes dos sete anos e, se ainda for vivo, espero continuar a leitura depois dos setenta e sete. O meu primeiro contacto com o Tintin/Tintim foi através do DN que editava todas as semanas uma secção de BD. Já agora, seria uma ideia feliz o DN publicar em livro esse trabalho pioneiro na divulgação da banda desenhada belga e portuguesa.
quinta-feira, 9 de abril de 2015
Uma história das arábias
Quando o mês de Setembro de 1939 está a chegar ao fim, a última aventura da série Aventuras de Joana, João e do Macaco Simão é bruscamente interrompida a meio. A decisão é do próprio Hergé, que pode consagrar todo o seu tempo e energia a Tintim. No dia 25 de Setembro daquele ano começa uma nova aventura do seu herói nas páginas do "Le Petit Vingtième". Esta história, anos mais tarde intitulada "Tintim no País do Ouro Negro", é hoje distribuída com o PÚBLICO.
Nessa fase final do ano, a iminência da guerra total pesa no quotidiano de todos os europeus. Como os demais concidadãos, o criador de Tintim é mobilizado e parte para um quartel na cidade de Turnhout, no Norte da Bélgica. Para assegurar a continuação da banda desenhada nas páginas do jornal, Hergé organiza-se para fazer chegar todas as semanas à redacção as duas pranchas da história.
Misteriosas explosões estão no centro das atenções dos irmãos Dupond(t), chamados a esclarecer o enigma. Para Tintim, porém, são os inquietantes ecos da actualidade - "A situação é grave", "Teremos guerra?", "Chamada de reservistas", lê no jornal - que o preocupam e lhe chamam a atenção. Poucas vezes a consonância entre realidade e ficção foi tão precisa.
Nos primeiros dias de Abril de 1940, as tropas alemãs invadem a Dinamarca e a Noruega. Hergé consegue a sua desmobilização por razões de saúde. No meio de tanta instabilidade (à cautela, o jornal enviou a todos os colaboradores um pré-aviso de despedimento e o próprio Hergé está tecnicamente desempregado desde Fevereiro), a aventura de Tintim continua a ser publicada há quase oito meses. Em pleno deserto, o herói volta a enfrentar o doutor Müller, mas encontra-se em maus lençóis: o malfeitor derrubou-o e prepara-se para o atingir à queima-roupa quando...
Os leitores não chegarão a saber como é que Tintim sai daquele aperto, pois o jornal "Vingtième Siècle" cessa abruptamente a publicação em 10 de Maio de 1940. Desta vez, não há qualquer golpe de teatro imposto pelo ficcionista, mas a imposição brutal de uma realidade: as tropas de Hitler invadem a Holanda, a Bélgica e a França, lançando estes países no caos. Dois dias mais tarde Hergé apresenta-se às autoridades militares, mas é dado como inapto e volta para casa. Não ficará desempregado muito tempo, pois começa a trabalhar poucos meses depois no jornal colaboracionista "Le Soir", de Bruxelas.
Para voltar a ter notícias de "Tintim no País do Ouro Negro" e saber como o herói sai da situação, é necessário dar um salto no tempo de alguns anos, para nos determos no final do Verão de 1948. Ao regressar de férias, marcadas por mais uma das suas recorrentes crises pessoais, Hergé traz uma insuspeita energia para o trabalho. No Outono, retoma aquela aventura na revista "Tintin" (edição belga), saindo exactamente com o mesmo formato com que será depois publicada em álbum.
Ao longo dos anos, a galeria de personagens tinha sido enriquecida e Hergé não o podia ignorar. É o caso, nomeadamente, de Haddock, cuja ausência terá de ser explicada aos leitores. A solução é eficaz, pois o capitão é mobilizado nas primeiras pranchas e só volta a surgir quase no fim da aventura com os salvadores de Tintim, que estava em mais uma situação de aperto. O artista reordena algumas das sequências da história, faz entrar em cena Girassol e o castelo de Moulinsart, e reintroduz o inefável comerciante português Oliveira da Figueira. Mas as estrelas convidadas são o emir Ben Kalish e o seu irrequieto filho Abdallah, graças aos quais Hergé injecta na narrativa uma deliciosa série de "gags" que põem os nervos em franja a toda a gente.
https://arquivo.pt/wayback/20050701161921/http://www.bedeteca.com/index.php?pageID=recortes&recortesID=1170
Uma história das arábias
Carlos Pessoa, Público, 23 de Janeiro de 2004
Copyright: © 2004 Público; Carlos Pessoa
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