Existe em Tintim algo que desafia o tempo, as línguas e as culturas. Como é possível que este repórter, nascido nos finais de 1920, se mantenha de tão boa saúde no virar do milénio? A qualidade dos desenhos e dos cenários não são a única explicação para o sucesso de Tintim. Tal como nos melhores romances, a história entronca solidamente numa realidade verificável, fruto do perfeccionismo de Hergé, que juntou ao longo da vida documentação de uma riqueza e variedade extraordinárias, metodicamente classificada, arquivada e registada. Os engenhos mecânicos, as cidades e o campo, a linguagem, as roupas, todo o ambiente projecta uma imagem do mundo à época em que se passa cada aventura. Os múltiplos níveis de leitura são outra característica essencial da obra de Hergé. Os jovens são seduzidos pela aventura, a comédia e a farsa; os adultos atentam mais na sátira política, na paródia da realidade, nos jogos de palavras, na arte da antecipação. As aventuras de Tintim, à semelhança do seu herói, são inesgotáveis.
Difusão Verbo - Lisboa, 2005 - 206 páginas, Michael Farr, Cartonado, Cor, 215x340 mm
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